“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Brasil na Primeira Guerra Mundial

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Notícia do torpedeamento do cargueiro brasileiro Lapa por um submarino alemão, no dia 26 de maio de 1917. Amplie a imagem com um clique. 

Em 1914, os Estados Unidos já eram a maior potência econômica mundial e maior parceiro comercial do Brasil. Apesar disso, os britânicos permaneciam como os grandes investidores em ferrovias, usinas elétricas e indústria manufatureira. O bloqueio britânico redundou na perda da Alemanha como parceiro comercial, e a campanha submarina alemã tornou perigosas as águas da Europa, onde aconteceram quase todos os torpedeamentos de navios brasileiros. Ainda mais a construção de estradas de ferro foi interrompida e a taxa cambial caiu. Como contrapartida, a substituição de importações deu lugar ao nascimento de uma indústria de manufaturados. 

As elites brasileiras, como as de toda a América do Sul, buscavam na França a literatura e a formação artística. O café respondia por mais de 60% das exportações brasileiras, e a opinião pública recebeu bem a neutralidade proclamada pelo governo nos primeiros anos da guerra. 

Em 3 de abril de 1917, um navio mercante americano foi torpedeado e os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com a Alemanha. Nesse mesmo dia, um navio mercante brasileiro foi torpedeado no Canal da Mancha. Uma semana depois, o presidente Wenceslau Braz rompeu relações com a Alemanha, em solidariedade aos Estados Unidos e com fundamento na Doutrina Monroe. Mais navios brasileiros foram torpedeados e a indignação dos jornais e da opinião pública cresceu. A 26 de outubro de 1917, o Congresso brasileiro decretou e o presidente sancionou a resolução proclamando a existência de um estado de guerra entre o Brasil e o Império Alemão. Santos Dumont, um dos pais da Aviação, foi ao Palácio do Catete, então sede do governo federal, oferecer seus conhecimentos profissionais e serviços. Em 1918, mais dois navios brasileiros foram torpedeados nas costas da Europa. 

A participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi modesta, mas estendeu-se além da facilitação do uso de nossos portos por embarcações aliadas e a cessão à França de 30 navios alemães apreendidos. A 7 de maio de 1918, zarpou para Gibraltar, onde se reuniu à esquadra britânica, para participar da guerra anti-submarina, a Divisão Naval de Operações de Guerra. A frota era composta por dois cruzadores e cinco contratorpedeiros, um navio auxiliar e um rebocador. Comandada pelo contra-almirante Pedro Max Fernando de Frontin, a Divisão ficou retida na costa africana pela terrível pandemia da gripe espanhola, e só chegou a Gibraltar em novembro de 1918. 

Aviadores brasileiros combateram ao lado dos pilotos britânicos e franceses. Oficiais do Exército serviram na Frente Ocidental, em unidades do Exército Francês. Oitenta e seis médicos, incluindo dezessete professores de Medicina, quase todos civis, comissionados oficiais, integraram a Missão Médica que particiu do Brasil a 18 de agosto de 1918. 

Com o fim do conflito, o Brasil participou da Conferência de Paz, foi signatário do Tratado de Versalhes, membro da Liga das Nações e aspirou (sem sucesso) a uma vaga em seu Conselho de Segurança. A Grande Guerra influenciou o Brasil no campo militar. O poeta Olavo Bilac despertou o sentimento cívico, liderando a campanha que resultou na instituição do serviço militar obrigatório.   
Bibliografia consultada: ARARIPE, Luiz de Alencar. Primeira Guerra Mundial. In: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 341-343.

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