“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

A Reforma na Inglaterra: o Anglicanismo

terça-feira, 20 de junho de 2017

A bandeira da Comunhão Anglicana.

Na Inglaterra, a difusão da Reforma foi facilitada pela disputa pessoal entre o soberano, Henrique VIII (1509-1547), e o papa Clemente VII (1523-1534). Apesar de ser um católico fiel aos dogmas da Igreja, o rei Henrique VIII rompeu com o pontífice quando ele se recusou a dissolver seu casamento com Catarina de Aragão, que não lhe havia dado nenhum filho homem. Ignorando a decisão papal, o rei casou-se com Ana Bolena, em 1533, sendo excomungado pelo papa. 

O soberano encontrava, assim, uma justificativa para reforçar seu poder político em detrimento da influência da Igreja Católica. Desta forma, na Inglaterra, a Reforma e a afirmação do poder real, processo que conduziu ao absolutismo, caminharam juntas. 

Com a Reforma, os bens da Igreja foram confiscados pelo rei e distribuídos para a nobreza, grande parte dela identificada com os interesses mercantis. As vastas propriedades da Igreja que foram confiscadas passam a ser administradas dentro da lógica mercantilista. Assim, a produção de lã se intensificou, e essa matéria-prima passou a ser muito procurada pelas manufaturas de tecidos. 

A oficialização do rompimento entre Henrique VIII e o papado se deu quando o Parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia (1534). A religião passou ao controle real. Surgia assim a Igreja Anglicana que, pelo Ato dos Seis Artigos, assinado por Henrique VIII em 1539, manteve todos os dogmas católicos, exceto o da autoridade papal. Essa dubiedade foi atacada tanto por protestantes como por católicos: os protestantes condenavam a fidelidade aos dogmas católicos, os católicos reprovavam o cisma. 

Eduardo VI (1547-1553), filho e sucessor de Henrique VIII, impôs ao país a obrigatoriedade do culto calvinista. Maria I (1553-1558), sua sucessora, tentou sem sucesso restaurar o catolicismo. Sua sucessora e irmã, Elizabeth I (1558-1603), instituiu oficialmente a religião anglicana através de dois atos famosos: o Bill da Uniformidade, que criava a liturgia anglicana, e o Bill dos 39 Artigos, que fundamenta a fé anglicana. 

Adaptado de CARVALHO, Yvone de. et. al. História do Mundo Ocidental. São Paulo: FTD, 2005, p. 164.

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