“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Cícero e o Segundo Triunvirato

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Apresento, abaixo, o trecho de uma fonte primária - a biografia de Cícero escrita pelo historiador grego Plutarco (46-120). O relato começa com a ascensão de Caio Júlio César Otaviano (mencionado simplesmente como "César"), herdeiro de Júlio César e, mais tarde, imperador Augusto (27 a.C. - 14 d.C.). 

Como se sabe, Otaviano integrou o Segundo Triunvirato com Marco Antônio (83-30 a.C.) e Lépido (ca. 90-13 a.C.). Segundo Plutarco, no início de sua carreira, o "moço" contou com o capital político do influente senador Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) para se projetar em Roma. Contudo, 

"Uma vez crescida sua autoridade e assumido o consulado, o moço mandou Cícero às urtigas, conciliou a amizade de Antônio e Lépido fazendo causa comum com eles e com eles repartiu a autoridade, como um bem privado qualquer. Alistaram os nomes dos que deviam morrer, acima de duzentos. A proscrição de Cícero, porém, motivou a mais acalorada disputa entre eles; Antônio, irredutível, exigia a morte de Cícero em primeiro lugar; Lépido apoiava a Antônio; César se opunha a ambos. Tiveram eles encontros secretos a sós, durante três dias, perto da cidade de Bolonha, reunindo-se em certo lugar distante dos acampamentos e circundado por um rio. Segundo contam, depois de terçar armas por Cícero nos primeiros dias, César cedeu no terceiro, traindo-o. As transações correram assim: César tinha de abandonar a Cícero, Lépido a seu irmão Paulo, e Antônio a Lúcio César, seu tio por parte de mãe. A tal ponto foram pela paixão e fúria afastados dos sentimentos humanos, ou, melhor, demonstraram não haver fera mais selvagem que o homem, quando nele se aliam o arrebatamento e o poder." 
PLUTARCO. Cícero, 46. In: Vidas. Apresentação, seleção e tradução direta do grego por Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1963, p. 233. 

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