segunda-feira, 19 de junho de 2017
O casamento do rei Ricardo II (1377-1399) da Inglaterra com Ana Boêmia atraiu muitos estudantes da Boêmia para a Inglaterra. Quando retornavam à sua terra natal, esses estudantes levavam consigo as ideias de Wycliffe. Dentre aqueles que adotaram as ideias desse pré-reformador inglês estavam John Huss, pastor da Capela de Belém (1402 a 1414). Huss estudou na Universidade Praga e chegou a ser seu reitor em 1409. Sua pregação dessas ideias coincidiu com a emergência de um sentimento "nacionalista" boêmio contra o controle da Boêmia pelo Sacro Império Romano.Huss se propôs a reformar a Igreja na Boêmia de modo semelhante a Wycliffe na Inglaterra. Suas ideias suscitaram a hostilidade por parte do papa, e ele foi convocado a comparecer no Concílio de Constança com um salvo-conduto do Imperador. O salvo-conduto, porém, não foi respeitado. Tanto as ideias de Wycliffe quanto as suas foram condenadas. Como se recusasse a se retratar, foi queimado na fogueira por ordem do Concílio. Felizmente, seu livro, De Ecclesia (1413), sobreviveu a ele.
As ideias de Huss foram disseminadas por seus seguidores, e os mais radicais dentre esses ficaram conhecidos como taboritas. Estes rejeitavam tudo da fé e da prática da Igreja Católica que não encontrasse respaldo bíblico. Alguns do grupo taborita formaram aquilo a que veio a ser a Unitas Fratrum (Irmãos Unidos) ou Irmãos Boêmios (meados do séc. XV). Um dos Irmãos foi o grande educador Jan Amos Comenius (1592-1670). Foi desse grupo que surgiu a Igreja Morávia.
Os utraquistas, ao contrário dos taboritas, achavam que tão somente aquilo que as Escrituras proibissem devia ser erradicado e que os leigos deveriam receber tanto o vinho quanto o pão na ceia. Acabaram por se unir à Santa Sé e derrotaram os taboritas na Batalha de Lipany (1434).
Adaptado de CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. Tradução de Israel Belo de Azevedo e de Valdemar Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 227.
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