segunda-feira, 5 de junho de 2017
Busto de Calígula (37-41). Palazzo Massimo, Roma.
"Mesmo nas horas de descontração, quando se entregava ao jogo e aos banquetes, idêntica crueldade se revelava em seus atos e palavras. (...) Num faustoso banquete, pôs-se de súbito a gargalhar; perguntando-lhe os cônsules, que o ladeavam, por que se ria, respondeu: 'Simplesmente porque me ocorreu que, com um simples aceno, poderia mandar degolar vós ambos.'
Calígula era de estatura elevada, tez lívida, corpo malproporcionado, pernas e pescoço muito finos, olhos encovados, têmporas estreitas, fronte larga e disforme. Tinha cabelos raros e era calvo no alto da cabeça, embora peludo no resto do corpo; por isso, quando passava, constituía crime capital olhá-lo do alto ou pronunciar a palavra 'cabra' por qualquer motivo. Quanto ao rosto, já de natureza assustador e repelente, ele próprio se esforçava para torná-lo ainda mais medonho estudando diante do espelho as expressões fisionômicas capazes de inspirar terror e espanto. Sua saúde não foi bem-equilibrada nem no físico nem no moral. Sujeito a ataques de epilepsia durante a infância, mostrou-se, na adolescência, bastante resistente à fadiga, mas às vezes era tomado por acessos de fraqueza que mal lhe permitiam caminhar, ficar de pé, voltar a si e suster-se. Relativamente à sua insanidade mental, ele mesmo se dera conta dela e até projetara retirar-se para desanuviar o cérebro. Crê-se que enlouqueceu por ter bebido um filtro ministrado por Cesônia. Sofria principalmente de insônia, pois não dormia mais de três horas por noite (...)."
SUETÔNIO. Calígula, 32 e 50. In: Os Doze Césares.Tradução de Gilson C. C. de Sousa. São Paulo: Germape, 2003, p. 172-173 e p. 182.
0 comentários:
Enviar um comentário