sábado, 10 de junho de 2017
Martinho Lutero como professor. Lucas Cranach, o Velho (1472-1523), Schlossmuseum, 1529.
"Não, não à autoridade. Não à violência também ou, mais precisamente, não às vias de fato. O povo se agita, os jovens impacientes descem às ruas. Padres são atacados, algumas casas são saqueadas, monges são insultados. É claro que, diante de tudo isso, não há que fingir escandalizar-se com um falso pudor de fariseu. Mas é mau o princípio de tais agitações. De que servem, para destruir o papismo, essas perturbações e violências? Que deixem atuar a Palavra, a única que é eficaz e soberana... O falso zelo dos agitadores não seria inspirado por Satã, Satã tentando difamar os evangelistas? (...)
Para ele [Lutero] pouco importam os fatos. A partir do momento em que esclareceu suas ideias quanto à comunhão sob as duas espécies e à missa privada, que os fiéis tomem do cálice ou atenham-se à hóstia, que os padres celebrem ou deixem de celebrar missas privadas pouco lhe interessa. Não possui, aliás, o fetichismo da uniformidade. Uma vez de acordo sobre o essencial, ou seja, uma vez possuindo sobre a fé uma mesma concepção viva, que duas comunidades se desentendam sobre os ritos, eis aí a divergência sem interesse ou louvável diversidade. Só que isso seus contemporâneos, seus compatriotas, seus discípulos não compreendem. Não desaprovavam sua concepção de uma Igreja inteiramente espiritual, mas tampouco se contentam com ela."
Para ele [Lutero] pouco importam os fatos. A partir do momento em que esclareceu suas ideias quanto à comunhão sob as duas espécies e à missa privada, que os fiéis tomem do cálice ou atenham-se à hóstia, que os padres celebrem ou deixem de celebrar missas privadas pouco lhe interessa. Não possui, aliás, o fetichismo da uniformidade. Uma vez de acordo sobre o essencial, ou seja, uma vez possuindo sobre a fé uma mesma concepção viva, que duas comunidades se desentendam sobre os ritos, eis aí a divergência sem interesse ou louvável diversidade. Só que isso seus contemporâneos, seus compatriotas, seus discípulos não compreendem. Não desaprovavam sua concepção de uma Igreja inteiramente espiritual, mas tampouco se contentam com ela."
FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, Um Destino. Tradução de Dorothée de Bruchard. São Paulo: Três Estrelas, 2012, p. 236-237.
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