“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Temas cotados para o ENEM 2014

segunda-feira, 27 de outubro de 2014




Os conteúdos relacionados à História Geral perderam espaço no ENEM, que tem apresentado mais questões ligadas à História do Brasil, particularmente contemporâneas. Esses temas compreendem o período que vai do fim do Império, destacando-se a escravidão, até eventos atuais, como a República Oligárquica (1889-1930) e a Era Vargas (1930-1945). A Copa do Mundo, os movimentos sociais, a questão da água e as doenças que assolam o Brasil e o mundo também poderão ser abordados.

Quanto aos temas de História Geral, poderá ser cobrado tecnologia e sua relação com a Revolução Industrial, correntes ideológicas dos séculos XVIII e XIX e os métodos e abordagens produtivas. Guerras e manifestações são temas que sempre merecerão destaque. Além do fenômeno do Estado Islâmico, bem destacado no vídeo, é possível que seja estabelecido um paralelo entre a Guerra Fria e a atual crise envolvendo a Rússia e a Ucrânia; isso pode ocorrer tanto em questões de História e de Geopolítica, quanto na redação. Vale a pena também estudar temas relacionados à África e à resistência negra. 

Por fim, há que se ressaltar uma tendência à valorização de eventos que aniversariam. Neste ano, os principais são: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918); o suicídio de Vargas (1954); o golpe no Brasil em 1964 e a atuação da Comissão da Verdade; o movimento pelas Diretas Já em 1984; a Constituição de 1934, que trazia mudanças como a introdução da legislação trabalhista, o voto secreto e feminino.



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Com contribuições do jornal A Tribuna (27/10/2014) e da TV Estadão.

«História da Educação na Antiguidade», de H.-I. Marrou

quinta-feira, 2 de outubro de 2014


Um dos livros mais deliciosos que li é, sem dúvida, este. Trata-se de uma obra esgotada, publicada pela Herder em 1969. Jamais foi indicado pelas pedagogas ou pelos professores dos tempos da graduação. Encontrei-o ao acaso, no Estante Virtual, e como já conhecia outros livros do autor, comprei-o certo de que estava fazendo uma boa aquisição. Não deu outra.

Não me alongarei sobre essa obra magnífica. Nada melhor do que a leitura da mesma. Nela vocês conhecerão o longo trajeto percorrido pela educação antiga, de Homero ao surgimento das escolas cristãs de tipo medieval. Tudo no melhor estilo de Marrou, que não se furta a temas espinhosos, como "a pederastia como educação" (cap. III). 

Como se aproxima o dia do professor, em me despeço com uma bela citação (pp. 327-328), sobre esse nobre ofício nos tempos helenísticos:

Exigia-se do filósofo que fosse não apenas um professor, mas também, e sobretudo, um mestre, um guia espiritual, um verdadeiro mentor de consciência; a essência de seu ensino não era prodigalizada do alto da cátedra, mas no seio da vida em comum, que o unia a seus discípulos: mais que sua palavra, importava seu exemplo, o espetáculo edificante de sua sabedoria prática e de suas virtudes. Daí o elo, frequentemente apaixonado, que liga o aluno ao mestre, e ao qual este corresponde por uma afeição terna (...). 


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Imagem: Baixo-relevo encontrado próximo a Trier, retrata um professor romano com três discípulos (180-185 d.C.).