sexta-feira, 30 de junho de 2017
Os caracteres mais imediatamente identificáveis do estilo são o interesse pela frágil decoração profusamente colorida, por temas mais triviais que edificantes e por um sentido de poesia pastoral na arte. Foi ao mesmo tempo um desenvolvimento e uma reação ao pesado estilo barroco, do gosto pela complexidade formal, mas à preocupação com a massa veio suceder um delicado jogo de superfície, e as cores sombrias e pesadas dourações deram lugar a claros rosas, azuis e verdes, destacando-se também, com frequência, o branco. A elegância e a conveniência, e não mais a grandeza, eram as qualidades exigidas por uma sociedade cansada dos excessos de Versalhes.
Os primeiros mestres do novo estilo foram gravadores como Audran e Bérain. O primeiro grande pintor rococó foi Watteau. Boucher e Fragonard são os pintores que representam de modo mais completo o espírito do estilo em seu estado maduro, e Falconet talvez seja o seu pintor quintessencial. Apropriadamente, muitas das obras de Falconet foram reproduzidas em porcelana, pois essa forma de arte é muito mais representativa da época que, por exemplo, a estátua heroica.
De Paris, o rococó difundiu-se por meio de artistas franceses trabalhando no estrangeiro ou de publicações de gravuras de composições francesas. Cada país acrescentou ao rococó uma qualidade nacional, dentro das quais muitas vezes distinguem-se diversas variantes locais. Além da França, os solos mais férteis para o florescimento do estilo foram a Alemanha e a Áustria. O rococó perdurou na Europa central até o final do século, mas na França e em outros países a maré estilística foi saindo da frivolidade e leveza para as qualidades mais austeras do neoclassicismo desde a década de 1760.
Adaptado de CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de Arte. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 455-456.