“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Neoclassicismo

segunda-feira, 30 de julho de 2018

A Morte de Sócrates, 1787, óleo sobre tela de Jacques-Louis David (1748-1825). Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA.

O movimento predominante na arte e na arquitetura europeia do final do século XVIII e início do XIX, caracterizado pelo desejo de recriar o espírito heroico, bem como os padrões decorativos, da arte da Grécia e de Roma. Um dos traços distintivos do movimento foi um renomado interesse, de caráter mais científico, pela Antiguidade Clássica, bastante estimulado pelas descobertas de Pompeia e Herculano; o neoclassicismo é visto como parte de uma reação ao despreocupado e frívolo estilo rococó

A ordem, a clareza e a racionalidade das artes grega e romana também exerceram forte apelo na era do Iluminismo, e na França o estilo neoclássico acarretou fortes implicações morais, estando associado a uma mudança na visão da sociedade e a um desejo de revestir a vida cívica de antigos valores romanos. De fato, é nas pinturas de Jacques-Louis David (1748-1825), com sua grandeza antiga e simplicidade de forma, e sua severidade tonal, que o neoclassicismo encontra a sua mais pura expressão, muito embora o estilo tivesse nascido e fosse centrado em Roma, com Anton Raphael Mengs (1728-1779) e Johann Joachim Winckelmann (1717-1768). 

Trabalharam em Roma também muitos artistas norte-americanos - notadamente o escultor Horatio Greenough (1805-1852) - que levaram o estilo neoclássico a seu país. Winckelmann, o maior propagandista do movimento, via a arte clássica como a incorporação de uma "nobre simplicidade e calma grandeza", mas houve grandes variações estilísticas no interior do próprio neoclassicismo; Angelica Kauffmann (1741-1807), por exemplo, pintava num estilo delicado e gracioso. 

Além disso, reconhece-se a inexistência de uma linha divisória clara entre o neoclassicismo e o romantismo, embora as duas tendências pareçam de algum modo situar-se em pólos espirituais opostos. Na retomada do interesse pela arte antiga, o termo "classicismo romântico" é às vezes usado para caracterizar um aspecto do neoclassicismo no qual o interesse pela Antiguidade é revestido de contornos românticos. Na verdade, a antipatia entre clássicos e românticos, era desconhecida antes do século XIX, e foi só na metade desse século, quando o estilo antigo já caíra de moda, que surgiu a palavra "neoclassicismo" - inicialmente um termo pejorativo comportando insinuações de falta de vida e impessoalidade. 

Essas conotações negativas apegaram-se firmemente ao termo, e as ardentes aspirações dos fundadores do neoclassicismo foram obscurecidas pelo fato de que apenas os aspectos mais decorativos do movimento tornaram-se associados ao termo na mente popular, em detrimento das grandes obras-primas de David e Antonio Casanova (1757-1822). 

Embora seja aparentado com o estilo grego, o neoclassicismo pode ser diferenciado deste, o qual foi uma moda completamente superficial da decoração de inspiração grega, e do revivalismo grego, o qual na arquitetura foi um movimento representante de um novo interesse pela simplicidade e pela gravidade das antigas construções gregas. O revivalismo grego teve início na década de 1790 e culminou nos anos 1820 e 1830. 

Adaptado de CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de Arte. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 374.

#15Fatos A Guerra de Secessão

domingo, 29 de julho de 2018

1. Para uma corrente "sociológica", o conflito que ceifou as vidas de 620 mil soldados entre 1861 e 1865 na América do Norte, além de deixar outros 400 mil feridos ou mutilados, foi uma guerra travada em torno de princípios inconciliáveis, isto é, a luta da liberdade contra a escravidão. Para outra corrente, a "geopolítica", a Guerra de Secessão deve ser sumariamente interpretada como uma "guerra entre regiões", na qual o Norte teria lutado contra o Sul. De qualquer modo, esse conflito representa o maior evento da história americana, uma vez que lançou as bases do Estado mais poderoso da Terra. 

2. A década de 1860 foi um grande divisor de águas na história mundial. Em 1861, a Rússia aboliu a servidão e o Japão iniciava a Era Meiji; assim, ambas as nações passaram a industrializar-se. Foi na década de 1860 em que se criou a "sociedade urbano-industrial". Nessa época, não apenas muitas comunidades foram retiradas de seu isolamento, como o conhecimento geográfico melhorou bastante. O ferro, enquanto material industrial básico, passou a ser rapidamente substituído pelo aço. Na geração de força motriz, o vapor aos poucos cederia espaço à eletricidade e aos derivados de petróleo. Em 1850, havia menos de 24 mil milhas de trilhos ferroviários instalados no mundo; em 1880, chegavam a 230 mil milhas.   

3. No início da década de 1860, Nova York já era a terceira maior cidade do mundo e Filadélfia superava o número de habitantes de Berlim. Em todo o Leste do país multiplicavam-se as indústrias, ao passo que no Centro e no Sul a agricultura se desenvolvia rapidamente. Por essa época, o "mito do Oeste" passou a fixar-se no imaginário nacional, colocando os índios como "inimigos da civilização", tentando-se dar coesão no Oeste a uma formação social que cada vez mais se esgarçava no Leste, opondo abolicionistas e escravistas ou nortistas e sulistas.    

4. A oposição entre o Norte e o Sul tinha as suas raízes no passado colonial. Contudo, ela foi aprofundada a partir do Bloqueio Continental de Napoleão - impedidos de importar, os comerciantes do Norte foram induzidos a aplicar seus capitais na produção de manufaturas. Daí em diante, a criatividade do inventor americano foi aplicada na resolução do problema do aumento da produção e, ao mesmo tempo, na falta de braços. As várias máquinas introduzidas no sistema industrial geraram forte aumento na produtividade do trabalho. A sociedade nortista, portanto, passou a atrair grandes levas de imigrantes, os quais iam ocupando os espaços deixados pela saída dos pioneiros para o Oeste. Os sulistas, por suas vez, apegavam-se à escravatura e viam com maus olhos as tarifas protecionistas exigidas pelos industriais do Norte para limitar as importações.   

5. A colonização do Oeste acirrou as disputas em torno de qual modelo deveria prevalecer nas novas áreas que estavam sendo desbravadas: assalariamento ou trabalho escravo. Em 1820, a União contava 22 estados - 11 escravistas e 11 antiescravistas, o que mantinha um equilíbrio de representação no Senado. Na Câmara, os estados nortistas, mais populosos, tinham uma vantagem de 105 deputados antiescravistas contra 85 escravistas. O equilíbrio foi assegurado pelo "Compromisso Missouri" e pelo "Compromisso de 1850", mas a luta política radicalizava-se e as desavenças iam deslocando-se do campo jurídico para o militar. O escravo, por sua vez, se tornava cada vez mais valorizado, sobretudo após uma lei aprovada pelo Congresso em 1808, que proibia a importação de novos escravos. Além de tudo isso, também existia um sentimento nacionalista no Sul.  

6. A causa abolicionista ganhou um mártir com a execução, em 1º de dezembro de 1859, de John Brown. Em outubro, ele tomara de assalto um arsenal federal na Virgínia, pretendendo armar os negros e provocar um levante nacional contra a escravidão. Com esse herói, faltava uma liderança política que se mostrasse à altura das novas necessidades. Ela surgiu nas eleições de 1860, com o jovem e enérgico Abraham Lincoln - os republicanos então apresentaram um programa firme, embora não radical, contra a escravidão. Eles não pretendiam imiscuir-se nos assuntos dos estados escravistas, mas queriam barrar a expansão da escravidão para o Oeste. Além disso, projetavam incentivar a indústria e integrar o país de costa a costa com ferrovias, iniciativas rejeitadas pelos sulistas.  

7. O Partido Democrata pretendia estender a escravidão para todo o país. No entanto, seu candidato, John Breckinridge, foi derrotado com folga nas eleições pelo republicano Abraham Lincoln. A vitória de Lincoln interrompeu a tradicional primazia dos sulistas sobre o governo federal. Sem aceitar os resultados da eleição, a Carolina do Sul declarou o rompimento em relação à União; na sequência, a Geórgia, o Alabama, a Flórida, o Mississippi, a Louisiana e o Texas se juntaram à secessão. Surgiam os Estados Confederados da América (8 de fevereiro de 1861), presididos por Jefferson Davis. Como julgavam a secessão um direito, não esperavam que a União reagisse militarmente à sua decisão. Entretanto, graças à astúcia de Lincoln, foi o exército confederado que atacou o Forte Sumter, no dia 12 de abril de 1861, dando início à Guerra de Secessão. 

8. Os dois lados lançaram-se à luta esperando que a guerra fosse de curta duração. Jefferson Davis, em particular, esperava uma vitória rápida, o que lhe possibilitaria o reconhecimento internacional, sobretudo da Grã-Bretanha e da França, grandes compradoras do algodão sulista. Porém, as potências europeias mantiveram-se neutras. Por sua vez, como quase toda a marinha e boa parte do exército permaneceram leais à União, Lincoln imaginou que um bloqueio naval imposto ao Sul logo desanimaria os rebeldes. Além disso, o Norte contava com uma economia muito mais dinâmica que a do Sul. Apesar disso, os confederados demonstraram enorme tenacidade e dispenderam maior esforço de mobilização, o que minimizou sua grande desvantagem demográfica em relação aos seus oponentes. Assim, a guerra arrastou-se por quatros longos e terríveis anos.

9. Como o delta do Mississipi estava sob controle dos confederados, a possibilidade de neutralizar os estados nortistas banhados por esse grande rio era considerável. Soma-se a isso o fato de que, por estarem mais acostumados ao ambiente rural, os soldados sulistas eram, em geral, melhores atiradores e cavaleiros que os das tropas unionistas, embora evidentemente entre os "casacos azuis" podiam se encontrar bons soldados. Entre os 620 mil soldados mortos no conflito, 360 mil era nortistas e 260 mil sulistas.    

10. Os sulistas escolheram Richmond, na Virgínia, para sua capital. O distrito de Columbia, onde está Washington, situa-se nas terras do vizinho estado de Maryland. Assim, a distância entre as sedes dos dois governos cobria apenas cerca de 160 km, o que fez com que os combates se concentrassem nessa zona. Para se ter uma ideia, no dia 21 de julho de 1861 foi travada junto ao riacho Bull Run a primeira batalha terrestre da Guerra de Secessão. Ela ocorreu a apenas 35 km de Washington, e foi vencida pelos sulistas.

11. Após alguma hesitação, os unionistas puseram em ação o "Plano Anaconda" - cercar os confederados e apertar o nó pouco a pouco. A consecução desse plano exigiu a abertura de três frentes: uma oriental, dirigindo-se a Richmond; outra, ocidental, visando controlar a bacia do Mississippi; e uma frente meridional, representada pelo cerco naval aos portos sulistas. O cerco naval, no entanto, não se mostrou tão eficiente como se supunha, uma vez que a vigilância de 5.600 km de litoral sulista era problemática e, aos poucos, os confederados desenvolveram uma marinha adaptada às suas necessidades. Além disso, essa estratégia era defeituosa, na medida em que foram concebida nos ensinamentos militares advindos da experiência europeia, e tanto as condições do terreno como a própria natureza da Guerra de Secessão se mostravam muito diferentes de tudo o que se conhecia até então. 

12. Na primeira fase da guerra, a única vantagem significativa dos confederados foi a maior experiência e o ardor dos seus soldados, além da maior capacidade tática de seus comandantes, ainda que não se possa subestimar o preparo dos oficiais nortistas. Sobretudo na frente ocidental, foram inúmeras as vitórias confederadas no primeiro ano de guerra. Por outro lado, com o passar do tempo, as vantagens logísticas da União impuseram-se também no mar; ela acumulava ainda uma capacidade de reposição de perdas materiais, e também humanas, muito superior à dos secessionistas.  

13. Após comandar uma bem-sucedida defesa de Richmond contra as forças unionistas do general McClellan, o general Robert Lee pretendeu invadir o Norte. Assim, em 15 de setembro de 1862, às margens do riacho Antientan, 50 mil confederadores prepararam-se para enfrentar 90 mil unionistas. A demora de McClellan em dar início aos combates permitiu às tropas de Lee reforçarem suas defesas. A batalha começou na alvorada de 17 de setembro, por iniciativa dos sulistas. A vacilação do comando nortista impediu uma vitória decisiva da União, custando posteriormente também o posto de comandante a McClellan. Quando caiu a noite, havia 26 mil baixas de ambos os lados, no dia mais sangrento da história dos Estados Unidos; diante do impasse, Lee retirou suas tropas sem ser molestado pelas forças do Norte.  

14. Os generais que sucederam a McClellan não tiveram sucesso nas duas tentativas que se seguiram de tomar Richmond. Quando o exército de Lee começava a penetrar na Pensilvânia, no início de julho de 1863, as tropas do general Meade os interceptou, na altura de Gettysburg, travando-se aí a maior batalha de toda a guerra. O uso intenso da artilharia nessa batalha deixou claro como seu emprego poderia ser letal: em apenas três dias, os unionistas perderam 23 mil homens, entre mortos e feridos, contra 28 mil dos confederados. Na sequência, as longa guerra de trincheiras que foi o Cerco de Petersburg, entre junho de 1864 e março de 1865, antecipou o que viria a ser a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Com a derrota, Lee tentou retirar-se para oeste, mas sua capital, Richmond, ficou desprotegida e foi incendiada até que rendeu-se, em 9 de abril de 1865. No dia 14 desse mês, Lincoln foi assassinado; no dia 26 de maio, as últimas tropas confederadas renderam-se.    

15. Os Estados Unidos foram preservados e, ao mesmo tempo, profundamente transformados pela Guerra Civil. A 13ª emenda à Constituição garantiu a liberdade aos negros. Ainda que ainda fossem uma potência periférica, relativamente isolada e com reduzido peso nos acontecimentos mundiais, os Estados Unidos mal saíram da grande Guerra Civil e já davam mostras de aspirar à condição de grande potência. Em 1867, compraram o Alasca do czar russo e exigiram a saída das tropas francesas do México. Assim, os estadunidenses deixavam claro que a Doutrina Monroe, de 1823, deveria ser encarada com muita seriedade pelas potências europeias.

Bibliografia consultada: MARTIN, André. Guerra de Secessão. In: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 219-251.

#15Fatos A República Romana

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Com o penacho transversal no capacete, Kevin McKidd interpreta o centurião Lúcio Voreno na série Roma, da HBO. As legiões foram fundamentais para a extraordinária expansão territorial de Roma, nos anos da República.

1. Sexto Tarquínio, um dos filhos do rei Tarquínio, o Soberbo (535-509 a.C.), violentou a casta Lucrécia. No dia seguinte, ela suicidou-se após contar sua desgraça ao seu pai e ao seu marido, Tarquínio Colatino. Este, então, provocou uma rebelião e o rei Tarquínio precisou fugir e se refugiar na cidade etrusca de Chiuse (509 a.C.). No lugar do rei, criaram-se dois cônsules, magistrados que, por seus poderes e prerrogativas, eram os sucessores dos reis. 

2. Podemos supor que o início da República tenha sido marcado por uma crise bastante longa, que implicou na interrupção de sua expansão e em seu empobrecimento. As cidades latinas aproveitaram as dificuldades de seu vencedor para recuperar a independência e se coligar contra Roma. A batalha, ocorrida na planície do lago Regilo, foi vencida pelos romanos em 496 a.C.   

3. A luta entre Roma e as cidades vizinhas, no entanto, continuou ainda por muito tempo. Os romanos precisaram instalar por toda a parte colônias formadas por cidadãos e ex-soldados. Aos poucos Roma cercou-se de cidades-satélites que assinalavam seu império nascente.    

4. Internamente, porém, a decadência do comércio e o empobrecimento geral aguçaram as lutas sociais. Os plebeus haviam sido os mais afetados e muitos deles acabaram escravizados por dívidas para os patrícios. Como estes resistiam às reformas, os plebeus fizeram uma "secessão" e instalaram-se ao norte de Roma, no Monte Sacro.   

5. Os plebeus arrancaram assim suas concessões - como leis escritas, tribunos da plebe e o fim da escravidão por dívidas. Com o retorno da concórdia, Roma retomou sua política expansionista. As colônias puderam conter a pressão dos équos e dos hérnicos, que cercavam o Lácio a leste e a sudeste. Após um cerco de dez anos, a cidade de Veii foi abatida. 

6. No início do século IV a.C., os gauleses, após transporem os Alpes, chegaram até as proximidades de Roma, num riacho denominado Allia. Devido a uma manobra errada, os romanos não puderam deter os gauleses liderados por Breno. Na sequência, entraram, sem resistência, em Roma. Um grupo resistiu no Capitólio, mas teve que entregar muito ouro para que Breno deixasse a cidade. Roma saiu da guerra arruinada e, ainda que os gauleses tenham sido derrotados pelos romanos e seus aliados posteriormente, os gauleses inspiraram um medo duradouro nos romanos. 

7. As "guerras samnitas" opuseram os exércitos romanos às populações "itálicas" do Apenino central e meridional. Essas populações não haviam conhecido no mesmo grau que os romanos a influência da civilização etrusca e do comércio marítimo. Eram camponeses vigorosos, cheios de determinação e de astúcia. Impuseram uma derrota humilhante aos romanos, mas o Senado recusou-se a pedir a paz. Anos mais tarde, a situação se inverteu e um exército romano apoderou-se de Bovianum. Os romanos, finalmente, tornaram-se senhores de toda a Itália.  

8. A maioria das colônias gregas do sul havia sido conquistada, há muito tempo, pelos montanheses do Apenino, sem a intervenção de Roma. Restava, porém, uma última grande potência de língua e civilização gregas - Tarento. Quando outra colônias grega da região, Thurium, foi ameaçada por um ataque externo, recorreu a Roma. Os romanos aceitaram protegê-la. Assim, enviaram uma frota para a região. Os tarentinos, por outro lado, irritaram-se com a provocação e afundaram quatro navios romanos. Explodia assim a guerra entre Roma e Tarento, mas esta teve que recorrer ao rei de Épiro, Pirro (306-302 a.C. / 297-272 a.C.). 

9. Pirro era parente próximo de Alexandre, o Grande e sonhava em fundar um império na Itália. Instruído pelas campanhas dos reis do Oriente, contava com uma "cavalaria" pesada, formada por elefantes. Numa primeira ocasião, forçou os romanos a recuarem. No ano seguinte, Pirro voltou a lançar mão de seus paquidermes, mas com menos sucesso. A vitória obtida nesse dia foi tão custosa que ele teve que negociar; o Senador de Roma, no entanto, rejeitou suas propostas. Dali partiu para a Sicília, onde se aliou aos siracusanos contra os cartagineses, mas a empreitada não deu certo e a aventura acabou repentinamente. Pirro então retornou à Itália, mas foi derrotado em Benevento e teve que deixar a península. Anos mais tarde, em 227 a.C., Tarento capitulou e os romanos passaram a controlar toda a Itália.  

10. Durante essa longa sequência de guerras, Roma evoluiu e os plebeus acabaram por se equiparar aos patrícios quanto aos direitos civis. Para auxiliar os cônsules, surgiram outras magistraturas, como os pretores, os questores e os censores. Essa multiplicação de magistraturas explica, em boa medida, a razão de os plebeus terem conquistado cargos na administração do Estado. Os patrícios já não davam mais conta de tudo sozinhos. Essa política foi favorável ao sentimento republicano, uma vez que os cidadãos romanos passaram a sentir que participavam mais plenamente da vida do seu país.  

11. Cartago, uma colônia fenícia no norte da África, logo se tornou senhora incontestável de todo o comércio africano. Sua agricultura era uma das mais "científicas" do mundo. Assim, sustentada por sua riqueza, sua marinha e suas feitorias longínquas, Cartago pretendia ditar a lei no Mediterrâneo ocidental. Quando um exército cartaginês ocupou Messina, que até então sofria pilhagens por parte de mercenários que outrora serviam aos tiranos de Siracusa, os romanos intervieram para livrar Messina dos novos ocupantes. Era 264 a.C. e assim se iniciava o primeiro dos conflitos das Guerras Púnicas (264-146 a.C.), entre Roma e Cartago. 

12. No fim, foi a obstinação romana que venceu Cartago nesse primeiro enfrentamento. Foi após a batalha das ilhas Égatas, em 241 a.C., que Cartago pediu a paz e se retirava, assim, da Sicília. Aproveitando-se da fraqueza da rival, Roma ocupou a Sardenha e a Córsega, e a seguir livrou a região de Gênova dos ligúrios e a região da Lombardia ao Vêneto dos gauleses. Temendo que Cartago fosse asfixiada pela mais nova potência do Ocidente, Amílcar obteve do Senado cartaginês a autorização para conquistar o único país do Ocidente ainda disponível - a Espanha. Seu filho e sucessor, Aníbal, atacou Sagunto, aliada dos romanos, provocando o início da Segunda Guerra Púnica.   

13. De forma genial, Aníbal conduziu seu exército pelos Alpes até adentrar a Itália. Contudo, apesar de suas vitórias brilhantes contra sucessivas forças romanas, ele encontrou um país cada vez mais hostil à medida que avançava pela Itália. Os soldados que ele recrutara na Gália Cisalpina se cansavam ou desertavam, e o Senado de Cartago recusou-lhe reforços. Apesar disso, conseguiu uma vitória estrondosa sobre Roma em Canas (216 a.C.). Os romanos, no entanto, se reergueram e, comandados por Cipião, derrotaram o exército de Cartago em Zama (202 a.C.). Entretanto, apenas ao final da Terceira Guerra Púnica a cidade de Cartago foi destruída. Roma passou a controlar, de forma absoluta, o Mediterrâneo ocidental.

14. Os despojos de Cartago fizeram de Roma uma potência econômica - todo o comércio do Mediterrâneo ocidental caiu em suas mãos, bem como as minas da Espanha, e novos mercados se abriram à sua agricultura. No entanto, menos de dez anos após ter vencido Aníbal, os romanos voltaram a pegar em armas para resolver, como bem entendessem, os assuntos do Oriente. Em 197 a.C., em Cinocéfalo, Filipe, rei da Macedônia, foi derrotado pelo cônsul Flamínio, uma punição por ter cedido às solicitações de Aníbal. Mas, logo a seguir, o cônsul apressou-se a devolver a "liberdade" às cidades gregas. As últimas décadas do século II a.C. em Roma foram marcadas pelas guerras contra Mitrídates, pelas reformas de Caio Mário, que profissionalizou o exército, e pelas tentativas de reformas sociais dos irmãos Graco.  

15. Cornélio Sula, antigo tenente de Mário, assumiu as operações no Oriente e, após concluir sua missão, retornou à Itália, onde enfrentou uma guerra civil contra os "populares" - em novembro de 82 a.C., mais de 50 mil deles foram mortos em combate, além de 8 mil prisioneiros, mortos a sangue frio. Sula abdicou da ditadura em 79 a.C. Na sequência, as legiões esmagaram na Espanha a revolta de um ex-partidário de Mário, Sertório. Mas o Oriente voltou a se agitar, e para derrotar definitivamente a Mitrídates, Pompeu foi designado. Na própria Itália, uma grande revolta de escravos, liderada por Espártaco, foi derrotada em 71 a.C. O popular Pompeu formou, secretamente, o primeiro triunvirato com Crasso e Júlio César. Com a morte de Crasso em Carras, em 53 a.C., tornou-se inevitável a guerra civil entre Pompeu e César. Este venceu, em 45 a.C., tornando-se dictator. No entanto, foi assassinado em 44 a.C., no Senado. Formou-se o segundo triunvirato (Marco Antônio, Lépido e Otávio), que também se dissolveria. A própria república morreria, na Batalha de Áccio, em 31 a.C., e Otávio viria a ser proclamado o primeiro imperador. 

Bibliografia consultada: GRIMAL, Pierre. História de Roma. Tradução de Maria Leonor Loureiro. São Paulo: Editora Unesp, 2011, p. 35-117.

#15Fatos A Revolução Americana

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Detalhe da obra Washington atravessando o Delaware, 1851, óleo sobre tela de Emanuel Leutze (1816-1868). 
Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA.

1. A Revolução Americana (1775-1783) baseou-se na tradição religiosa puritana e nas ideias de John Locke. Direitos naturais, governo instituído para preservar os direitos naturais e direito à rebelião são princípios básicos que aparecem tanto no Segundo Tratado Sobre o Governo quanto no texto da Declaração de Independência. Assim, durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), Abraham Lincoln (1809-1865) voltou os olhos para a Revolução Americana. Ele sabia que a revolução não apenas criara os Estados Unidos do ponto de vista legal, mas também produzira os grandes valores e as altas aspirações do povo americano.

2. Os mais nobres sonhos e ideais dos americanos - o compromisso com a liberdade, a constitucionalidade, o bem-estar das pessoas comuns e, sobretudo, a igualdade - são fruto dessa era revolucionária. Além disso, Lincoln percebeu que a revolução convencera os americanos de sua natureza especial, um povo cujo destino era liderar o mundo na busca por liberdade. Ainda assim, chama a atenção o conservadorismo do movimento de independência: ele buscou restaurar uma situação anterior dos americanos - a não interferência britânica em seu destino. 

3. Inicialmente, os americanos entenderam a revolução como um grandioso embate moral pela liberdade contra a crueldade da tirania britânica, cujos participantes eram heróis épicos ou rematados vilões. Mais tarde, no século XIX, a revolução perdeu o caráter eminentemente personalista para se tornar o providencial cumprimento do destino democrático do povo americano, uma investidura já reconhecível nos assentamentos coloniais do alvorecer do século XVII.  

4. Essa revolução, como a nação dela nascida, foi excepcional. Ao contrário da Revolução Francesa (1789-1799), causada por reais atos de tirania, a Revolução Americana foi entendida como um evento de uma peculiar motivação conservadora e intelectual, derivado não da opressão em si, mas de uma opressão esperada, guiado pela razão e pela devoção a princípios como "sem representatividade, nada de imposto".  

5. Com o advento da historiografia profissional, no começo do século XX, a revolução passou a ser entendida como algo maior do que uma rebelião colonial e diferente de um movimento intelectual e conservador. Para Carl Becker, a revolução não só estabeleceu as regras da casa, mas definiu quem faria valer as regras da casa. Naquele momento, ela passou a ser vista como qualquer coisa, menos um embate de ideias. A historiografia passou a enfatizar então os conflitos de classe e separatistas.

6. Em meados do século XX, uma nova geração de historiadores redescobriu o caráter constitucionalista e conservador da revolução, e atingiu alto nível de sofisticação na interpretação intelectual do período. Cumpre destacar que tanto a Declaração de Independência quanto a Constituição, elaborada em 1787, são documentos amplos e generosos. O caráter da Carta Magna visa, antes de mais nada, garantir a esfera do privado como espaço do cidadão, em detrimento da tirania externa. O traço dessa constituição que mais se opõe à tradição ibero-americana é a valorização do indivíduo e a desconfiança que se tem do poder político.

7. Em 1791, para consolidar a certeza dos termos em relação a liberdades individuais, os estados votaram e aprovaram dez emendas constitucionais. As emendas consagraram a proeminência do indivíduo sobre o Estado e se tornaram tão importantes quanto a própria Constituição. Assim, os Estados Unidos criaram a mais ampla possibilidade democrática do mundo em fins do século XVIII. Poderes equilibrados, presidentes e outros mandatários eleitos regularmente, uma Constituição com princípios de liberdade muito sólidos foram algumas das principais conquistas legais da Revolução Americana.  

8. Embora os historiadores americanos tenham divergido bastante ao longo de dois séculos, chegando a distintas interpretações, o valor da revolução raramente, talvez nunca, foi posto em questão. Hoje, entretanto, não só a revolução, mas também a nação que dela nasceu têm sido alvo de pesadas críticas. Atualmente, é moda negar qualquer acontecimento de caráter substancialmente progressista derivado da revolução. Desta forma, muitos historiadores contemporâneos estão mais propensos a apontar os fracassos do esforço revolucionário.

9. Argumenta-se, por exemplo, que a revolução não libertou os escravos, não promoveu igualdade política para as mulheres, não concedeu cidadania aos índios e não conseguiu criar um mundo econômico em que todos pudessem competir em condições de igualdade. Essas exigências anacrônicas sugerem um patamar de sucesso que jamais poderia ser alcançado por uma revolução ocorrida no século XVIII, e muito provavelmente dizem mais sobre as atitudes políticas dos historiadores do que sobre a Revolução Americana em si. 

10. A história da Revolução Americana e a da nação como um todo não devem ser interpretados sob o prisma do certo e do errado, do bom ou ruim. Sem dúvida, essa história daria um bom enredo: é, no mínimo, espetacular que 13 insignificantes colônias britânicas, empilhadas ao longo de uma estreita faixa da costa do Atlântico a quase 5 mil quilômetros de distância dos centros da civilização ocidental, terem se tornado, em menos de três décadas, uma grande república em expansão, com quase 4 milhões de cidadãos protestantes, de mente aberta e sedentos por dinheiro. 

11. Comparadas à próspera e poderosa metrópole inglesa, as Treze Colônias Inglesas da América do Norte de meados do século XVIII pareciam um lugar primitivo, atrasado, turbulento e desorganizado, sem uma aristocracia verdadeira, sem magníficos palácios ou grandes centros urbanos, ou seja, sem qualquer dos atributos do mundo civilizado. 

12. Na década de 1760, a Grã-Bretanha decidiu fazer valer, com intensidade incomum para o século anterior, seu poder sobre aquela região em franca mutação, precipitando a crise de um império cuja organização era então bastante débil. A resistência americana se transformou em rebelião, mas, enquanto os colonos ainda tentavam entender as peculiaridades da sociedade em que viviam, essa mesma rebelião passou a ser justificativa e idealização do modo de vida americano como este se desenvolvera, de maneira gradual e não intencional, durante o século e meio anterior.  

13. Repentinamente, os americanos saíram das sombras da história pra se enxergar como uma nova sociedade, que tinha em mãos todas as ferramentas para construir um futuro republicano. Nesse sentido, John Adams diria posteriormente: "a revolução estava consumada antes do início da guerra." Era a mudança "nos corações e mentes do povo." 

14. Porém, a revolução não foi um mero endosso intelectual a uma realidade social preexistente. Ela também fazia parte do grande processo transformador que conduziu os Estados Unidos à sociedade liberal e democrática do mundo moderno.   

15. As mudanças provocadas pela Revolução Americana foram notáveis e deram ao povo americano uma visão de futuro tão grandiosa e que, até então, nenhum outro grupo de pessoas tivera. Os americanos enxergaram sua nação como líder de uma revolução mundial em prol do republicanismo e da liberdade, e também como o lugar em que todas as artes e todas as ciências floresceriam.

Bibliografia consultada: 
KARNAL, Leandro. Estados Unidos, Liberdade e Cidadania. In: PINSKY, Carla B. & PINSKY, Jaime (orgs.). História da Cidadania. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2005, p. 135-157.
WOOD, Gordon S. A Revolução Americana. Tradução de Michel Teixeira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013, p. 19-24.

Abraham Pether (1756-1812)

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Abraham Pether (1756-1812) foi um pintor paisagista inglês, reconhecido por sua habilidade em retratar cenas ao luar. A pintura acima intitula-se Uma cena de paisagem e rio, e foi compartilhada no Twitter pelo perfil @TheNewPainting .

A Arte de Escrever a História

terça-feira, 24 de julho de 2018

Garoto escrevendo com sua irmã, 1875, óleo sobre tela de Albert (Albrecht) Samuel Anker (1831-1910). Albert Anker foi considerado o "pintor nacional" da Suíça no século XIX.

Que a escrita tem seu futuro assegurado, independentemente de qual seja seu suporte (material, digital), não resta a menor dúvida. Nesse sentido, gostaria de tratar de um tipo especial de escritor - o historiador - e não apenas como cientista da História, mas como artista. Como "artista", refiro-me ao historiador como um escritor criador no mesmo nível do poeta ou romancista. Entenda: não concebo a palavra "artista" como uma forma de louvor, mas como uma categoria, como escriturário, operário ou ator. 

O pensamento aplicado pelo historiador à sua matéria pode ser tão criativo quanto a imaginação aplicada pelo romancista à sua. E, quando se trata da escrita como arte, Edward Gibbon não é um artista das palavras inferior a Charles Dickens. 

George Macaulay Trevelyan, um professor de história moderna da Universidade de Cambridge, disse num famoso ensaio que a história devia ser a exposição de fatos sobre o passado, "em todo o seu valor emocional e intelectual, a um amplo público, através da difícil arte da literatura." Note-se: "amplo público". Trevelyan sempre defendeu a escrita da história para o leitor comum, em contraposição à escrita apenas para a "torre de marfim" dos eruditos. Isso porque ele sabia que quando escrevemos para o grande público precisamos ser claros e interessantes, e esses são os critérios que determinam um bom texto. 

Admito que sempre me senti como artista quando trabalho num texto. Não vejo por que a palavra tenha que se restringir aos autores de ficção e poesia, enquanto que nós outros somos amontoados sob o desprezível rótulo de "não-ficção", como se fôssemos restos. Quem sabe, algum dia, o mercado editorial crie as categorias de poetas, romancistas e realistas. Ficaria melhor. 

Acrescento ainda que discordo da definição do dicionário, de que a ficção é aquilo que se distingue do fato, da verdade e da realidade, uma vez que a boa ficção (que está longe das porcarias), mesmo sem qualquer relação com os fatos, habitualmente "baseia-se" na realidade e "percebe" a verdade - e frequentemente de forma mais lúcida do que as obras de certos historiadores. 

O artista tem uma visão "extra", e uma visão "interior", acrescida da capacidade de expressá-la. Ela oferece uma visão, ou um entendimento, que o observador ou leitor não teria ganho sem a ajuda dessa visão criativa do artista. Nós, realistas, pelo menos aqueles de nós que aspiram a escrever literatura, fazemos a mesma coisa. Assim, os grandes historiadores baseiam-se no estudo, observação e acumulação de fatos, mas sem dúvida também usaram sua imaginação. Foi isso que lhes deu uma visão extra. A imaginação amplia os fatos existentes, extrapola-os, por assim dizer, oferecendo com isso um porquê que faltava sobre o que aconteceu. 

Além disso, o historiador deve nutrir a mais calorosa simpatia humana. Ela é essencial ao entendimento do motivo. Sem simpatia e imaginação o historiador pode copiar números de um rol de contribuintes para sempre - ou contá-los pelo computador -, mas jamais poderá conhecer ou ser capaz de retratar as pessoas que pagavam os impostos. 

O processo criativo tem três partes. Primeiro, a visão extra com a qual o artista percebe uma verdade e a transmite pela sugestão. Segundo, o meio de expressão: a língua para os escritores, a tinta para os pintores e por aí vai. Terceiro, plano ou estrutura. 

Quando se trata da linguagem, as metas, como já disse, são a clareza, o interesse e o prazer estético. Quanto à estrutura, minha forma pessoal é a narrativa - que hoje é vista com desconfiança pelos acadêmicos "avançados". A história narrativa não é tão simples, nem tão direta, quanto poderia parecer. Exige organização, composição, planejamento, tal como uma pintura de Rembrandt. 

A estrutura é sobretudo um problema de seleção, uma tarefa angustiante, uma vez que há sempre mais material do que se pode usar ou colocar numa história. Assim, o problema é como e o que selecionar de tudo o que aconteceu sem, pelo próprio processo de seleção, exagerar ou amenizar, o que seria uma violência à verdade. Não se pode colocar tudo; o resultado seria uma massa sem forma. Há outros problemas de estrutura peculiares ao preparo de um livro de história. Como explicar o pano de fundo, e mesmo assim fazer a história avançar; como criar o suspense e manter o interesse numa narrativa cujo final é, para dizer o mínimo, conhecido. Se alguém disser que isso não requer uma escrita criativa, só posso lhe responder que tente escrever história. 

Adaptado de TUCHMAN, Barbara Wertheim. A prática da história. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991, p. 38-42.    

«O Carisma de Adolf Hitler»

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Baixe esse livro gratuitamente aqui

P.s. Eu escolhi esse livro para ser uma das minhas leituras desse recesso de julho. Trata-se de uma obra incrível, com diversos testemunhos inéditos, e de uma clareza ímpar. Foi a partir de seus primeiros capítulos que preparei o post #15Fatos A Ascensão de Adolf Hitler

#15Fatos Teatro Grego

domingo, 22 de julho de 2018

Teatro de Epidauro, Grécia, em 2004. Esse teatro foi um dos maiores de seu tipo e de seu tempo. Possuía uma acústica considerada perfeita para a época.

1. O teatro é uma das manifestações mais expressivas da civilização grega. Ele surgiu no fim do século VI a.C. ou início do século V a.C., em Atenas, no contexto dos festivais dionisíacos. Dioniso tornou-se, desde a época dos Pisistrátidas (séc. VI a.C.), uma das divindades cujo culto revestia-se de brilho particular.

2. Os festivais das Lenéias (final de janeiro) e das Grandes Dionisíacas (final de março) tinham como uma de suas atrações a apresentação de tragédias e comédias em concursos dramáticos presididos pelos arcontes. Tratava-se de uma grande cerimônia religiosa e cívica, ponto alto das festas em honra ao deus Dioniso.

3. Participavam das Grandes Dionisíacas não apenas os cidadãos, mas também metecos e estrangeiros, bem como representantes das cidades aliadas de Atenas, que iam nessa ocasião levar-lhe o tributo. Ao que tudo indica, as mulheres não eram excluídas do teatro, na medida em que se tratava de uma cerimônia religiosa da qual participavam por direito. Assim, é possível que acompanhassem seus maridos na audiência dos espetáculos.  

4. Na encosta sudeste da acrópole de Atenas estava o teatro de Dioniso. No século V a.C., em pleno apogeu do teatro ateniense, as arquibancadas eram de madeira; apenas no século IV a.C. seriam substituídas por pedra. O teatro comportava até 20 mil espectadores. Um nível abaixo das arquibancadas encontrava-se a orchestra, espaço circular de cerca de 18 metros de diâmetro, onde ficava o coro. Atrás, a skené, uma divisória de madeira vazada por três portas que formava todo o cenário, sendo precedida por uma plataforma, onde ficavam os atores.  

5. Os atores eram todos homens, mesmo nos papéis femininos, e usavam máscaras, geralmente feitas de tecido e encimadas por uma peruca. As máscaras rígidas, assim como os calçados altos (coturnos), parecem só ter surgido com o período helenístico. Os figurinos eram em cores vivas para que pudessem ser vistos de longe. 

6. Desde meados do século V a.C., três atores em cena representavam todos os papéis. Haviam também alguns figurantes mudos. O primeiro ator, o protagonista, desempenhava o papel principal e certos papéis secundários. A mudança de máscaras permitia aos espectadores reconhecer o personagem interpretado pelo ator. 

7. O coro, composto por cidadãos normais recrutados e treinados pelo corego, compreendia entre doze e quinze pessoas. Os coreutas eram também mascarados e carregavam o atributo simbólico do grupo que coletivamente representavam (bengala para os idosos, roupas escuras para as mulheres de luto, etc.). O coro eram acompanhado nas recitações cantadas por um flautista. 

8. O assunto das peças propriamente ditas variava conforme fossem tragédias ou comédias. As comédias recorriam muito à realidade presente da cidade, ainda que o enredo fosse puramente imaginário. Assim, Aristófanes punha em cena, sob disfarces grotescos, políticos, estrategos, filósofos contemporâneos e até mesmo deuses. Do mesmo modo, quando os atenienses não aguentavam mais a guerra, sugeriu a conclusão de uma paz unilateral por parte de seu herói ou a greve de sexo das mulheres de Atenas, estendendo assim à cidade um espelho em que ela se reconhecia. 

9. Os tragediógrafos, por outro lado, com poucas exceções (A tomada de Mileto, de Frínico; Os persas de Ésquilo) buscavam nos relatos míticos transmitidos pelos poetas épicos os temas de suas peças, situadas assim em um passado remoto, ainda que frequentemente as reflexões de um personagem remetessem a preocupações do momento. Isso é particularmente perceptível no teatro de Eurípedes, composto no tempo da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.). 

10. Representando para a cidade um meio de questionar a si própria, a tragédia era, para retomar uma fórmula de Vidal-Naquet, um espelho que a pólis oferecia de si mesma, mas "um espelho quebrado". O herói trágico era a vítima desse questionamento, que culminava no triunfo dos valores cívicos.

11. As peças, em geral as tragédias, eram construídas de acordo com um esquema invariável: um prólogo antes da entrada do coro, que expunha a situação, seguido pelo párodo, a primeira intervenção do coro, alternando-se em seguida as cenas faladas e cantadas até a cena final, ou êxodo.

12. O tema de uma peça em geral consistia num episódio particularmente significativo do mito em que se baseava, no caso das tragédias, que eram agrupadas em trilogias, ou seja, em grupos de três peças. Apenas uma dessas trilogias subsistiu na íntegra, a Oréstia, de Ésquilo, que evoca três momentos importantes do mito dos Átridas: o assassinato de Agamêmnon, o assassinato de Clitemnestra e Egisto e a fuga de Orestes perseguido pelas Erínias e absolvido do crime de matricídio de que era culpado pelo Areópago.

13. O século V a.C. foi a grande época do teatro grego, sintetizada pelos nomes de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes na tragédia e Aristófanes na comédia. No século IV a.C., a produção dramática foi aparentemente menor, uma vez que são reencenadas as peças dos autores do século anterior. Praticamente nada subsistiu da tragédia, e apenas alguns fragmentos de autores da "comédia intermediária" restaram da obra dos cômicos. 

14. No fim do século IV a.C., o teatro de Menandro levou a comédia a passar por um novo renascimento. Ele conferiu aos "sentimentos", especialmente ao amor, uma importância nova. Ele elaborou uma tipologia que foi herdada pela comédia romana: o velho, o rapaz, a moçoila, a cortesã, o soldado, o parasita, etc.

15. Em relação à tragédia, o problema é mais complexo, pois Clitemnestra, Édipo e Medéia aparecem como personagens excepcionais. Mesmo assim, mais que o desenho dos personagens, é a organização da intriga que lhes confere tal "personalidade" excepcional.

Bibliografia consultada: MOSSÉ, Claude. Dicionário da Civilização Grega. Tradução de Carlos Ramalhete, com a colaboração de André Telles. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2004, p. 265-267 e p. 276.

Pintores Paisagistas Suecos

sábado, 21 de julho de 2018

Simeon Marcus Larson (1825-1864) foi um artista sueco. A pintura acima intitula-se Cachoeira em Småland (1856). Além de um realismo impressionante, a obra revela toda a fúria da natureza, numa cachoeira que arrasta árvores e rochas. Apesar disso, somos atraídos pela beleza da pintura que, de algum modo, nos atrai.

Dentre os artistas paisagistas suecos, também merece menção Josefina Holmlund (1827-1905). A pintura que se segue, uma de suas obras, intitula-se Casa de Campo na Floresta (1879). Diferentemente da obra acima, que enfatiza as forças da natureza, percebemos a singeleza e a paz de uma habitação campestre. Em todo o caso, a natureza constitui, por assim dizer, o tema central das duas obras (no primeiro caso, o tema único, uma vez só ao longe se percebe algumas habitações). 
Essas belíssimas pinturas foram compartilhadas no Twitter por @TheNewPainting, um perfil que recomendo a todos. Lembre-se de clicar nas imagens para melhorar a visualização.

Babilônia

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Porta de Ishtar, atualmente no Museu de Pérgamo, em Berlim, Alemanha.

Babilônia situava-se no vale da Mesopotâmia, e foi uma das primeiras cidades fundadas. Conhece-se pouco de sua história e de suas características no período pré-imperial, uma vez que as escavações descobriram apenas os níveis mais altos, que incluem os do reino neobabilônico.

A cidade tornou-se a capital da primeira dinastia de Babilônia (a chamada dinastia amorreia), à qual pertencia o famoso rei Hamurábi, no século XVIII a.C. Essa importância política foi perdida após a queda da dinastia, mas a cidade continuou a ser muito respeitada como centro cultural e religioso do Mundo Antigo. 

Durante o império assírio, Babilônia tornou-se um reino vassalo, mas rebelava-se frequentemente contra o jugo dos dominadores. Senaqueribe (705-681 a.C.) ficou tão irritado com esses frequentes levantes que destruiu completamente a cidade em 689 a.C., com a intenção de que não fosse reconstruída. No entanto, a "opinião pública", mesmo na Assíria, foi tão contrária a essa ação impulsiva que a reconstrução da cidade começou logo após sua morte. 

Quando Nabopolassar (626-605 a.C.) fundou o reino independente de Babilônia, em 626 a.C., a cidade se tornou a capital da nova monarquia e, portanto, de um império generalizado. Foi a Babilônia desse período que foi revelada pelas escavações de R. Koldewey, realizadas entre 1899 e 1917. A cidade antiga, ou interior, isto é, a parte original da cidade, estava na margem leste do Eufrates e tinha uma extensão de 2,5 quilômetros quadrados. No canto noroeste, estava o palácio real e, ao sul daquele, os limites sagrados de Esagila. 

Nabucodonosor II (604-562 a.C.) reconstruiu e ampliou o palácio, acrescentando, entre outras coisas, uma estrutura abobodada com um jardim no terraço acima dela, chamada de Jardins Suspensos de Babilônia, uma das Sete Maravilhas do Mundo. Ele ainda criou uma nova cidade na margem ocidental do rio e um novo palácio, além de construir um muro duplo que incluía esse palácio e os subúrbios dentro de seus limites. Ele também cercou a Cidade Nova com um muro duplo e um fosso que se juntava ao muro e ao fosso que protegia a Cidade Interior. Com uma circunferência total de 16 km, Babilônia provavelmente foi a maior cidade da Antiguidade, com a possível exceção da egípcia Tebas. 

Quando Ciro, o Grande (555-529 a.C.) tomou a cidade em 539 a.C., ela não sofreu nenhuma violência e foi conquistada intacta pelos persas, que fizeram dela uma das capitais do novo império. Entretanto, várias rebeliões contra o domínio persa sob Dario I (522-486 a.C.) e Xerxes (486-465 a.C.) levaram o último rei a punir a cidade rebelde, destruindo seus palácios, templos e muros por volta de 480 a.C. Além disso, aboliu o título de "rei de Babilônia" que seus antecessores e ele tinha usado até aquele momento, transformando Babilônia numa mera província. Um século e meio mais tarde, Alexandre Magno (336-323 a.C.) planejou fazer de Babilônia a capital de seu império, mas morreu antes de sequer iniciar seus projetos ambiciosos. Nenhum de seus sucessores escolheu a cidade como sua capital e, a partir de então, a outrora grande Babilônia passou a servir como fonte de tijolos para outras construções.        

Bibliografia consultada: Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 154-157.

Assista a um curto vídeo sobre as escavações na Babilônia.

#15Fatos A Ascensão de Adolf Hitler

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Hitler discursando por volta de 1925. Sobre o momento que ele então vivia em sua carreira política, ver o fato 12, abaixo. 

1. Adolf Hitler nasceu em 20 de abril de 1889, em Braunau am Inn, no Império Austro-Húngaro, na fronteira com o Império Alemão. Sua relação com o pai, Alois Hitler, não era boa, uma vez que ele o surrava. De qualquer modo, Alois morreu em 1903. Sua mãe, Klara, faleceu em 1907, vítima de câncer. Assim, órfão aos 18 anos, Hitler perambulou entre Linz e Viena, a capital austríaca. Em 1909, durante alguns meses, passou grandes privações. Aos 24 anos, após receber a modesta herança do pai, deixou a Áustria e se estabeleceu em Munique, no Império Alemão. 

2. Em Munique, Hitler ganhou a vida como pintor de retratos de turistas. Ele morava num quartinho alugado do alfaiate Josef Popp. Ele se vestia de modo conservador, quase desleixado. Seu rosto era fundo, os dentes eram amarelados, o bigode era irregular e os cabelos, pretos e sem vida, caíam na testa. O jovem Hitler achava impossível manter amizades duradouras e jamais teve uma namorada.   

3. De fato, Hitler foi, à primeira vista, o líder mais improvável de um Estado sofisticado, no coração da Europa. Ele era incapaz de cultivar amizades humanas normais, incapaz de discutir intelectualmente, transbordava ódio e preconceito, era um solitário, desprovido de qualquer capacidade real de amar.   

4. Em 3 de agosto de 1914, Hitler alistou-se como austríaco no Exército da Bavária. Em setembro, ele foi enviado como soldado comum ao 16º Regimento Bávaro da Reserva. Não é de se surpreender que Hitler tenha elaborado a visão da vida como uma luta brutal constante - a vida para um soldado raso da Primeira Guerra era exatamente isso. Hitler foi um combatente corajoso, sempre pronto para se oferecer como voluntário para entregar mensagens nas situações que envolviam grande risco de morte. Ferido na Batalha de Somme (outubro de 1916), e novamente em outubro de 1917, perto de Ypres, foi indicado por um oficial judeu, Hugo Gutmann, a receber a Cruz de Ferrão, Primeira Classe.   

5. No livro Mein Kampf (Minha Luta), Hitler demonstrou acreditar no mito de que foi por trás da linha de combate, na Alemanha, que as tropas haviam sido traídas pelos que queriam lucrar com o sacrifício dos soldados em combate. Na verdade, os alemães foram esmagados pelo peso das tropas aliadas (que passaram a incluir os americanos, após abril de 1917), pela escassez de alimentos provocada pelo bloqueio naval da Alemanha pelos Aliados e pela irrupção da influenza (a Gripe Espanhola), em 1918. 

6. Em 7 de novembro de 1918, dez dias antes de Hitler receber alta do hospital, o socialista Erhard Auer e o judeu e socialista Kurt Eisner estiveram à frente de uma manifestação que tornou Munique uma república socialista. Aparentemente, Hitler aceitou a revolução comunista em Munique, em abril de 1919. Todavia, em setembro daquele mesmo ano, ele escreveu seu primeiro manifesto público antissemita. Ele passou a ligar os judeus aos bolchevistas, o que não chegava a ser uma reflexão original, e foi a origem de boa parte do preconceito antissemita disseminado no rastro da Primeira Guerra Mundial.

7. A liderança carismática de Hitler baseava-se em sua habilidade retórica. Mas ele foi favorecido por lidar com um público que ainda digeria o trauma de uma guerra perdida, a destruição de um antigo sistema político baseado no kaiser, o medo de uma revolução comunista e a hiperinflação, que assolou a Alemanha a partir de 1923. Assim, entre o povo alemão, após a Primeira Guerra, muitos ansiavam pelo surgimento de um herói - um "homem forte".  

8. Desde o início, Hitler desprezava a democracia, ridicularizando a noção de que "o povo governa". Ele dizia que a Alemanha precisava não de uma democracia, mas de um indivíduo que recuperasse a forte liderança do país. Hitler exigia que todos, exceto os "arianos", fossem excluídos da cidadania alemã; assim, o país poderia se tornar uma nação de uma "raça" e, no processo, todas as distinções de classe seriam "eliminadas".

9. Hitler rapidamente dominou o pequeno Partido dos Trabalhadores Alemães e, além de ser seu principal porta-voz, tornou-se responsável por toda a propaganda da agremiação. Junto com Anton Drexler, elaborou os "25 pontos", um "programa" partidário deliberadamente vago que previa a saída da Alemanha dos tratados de paz de Versalhes e de Saint-Germain, a cassação da cidadania alemã dos judeus, a proibição da aceitação de imigrantes, medidas contra o capitalismo e considerar como legítimos cidadãos do país apenas os que tivessem "sangue alemão". Logo após a apresentação dos "25 pontos", o nome do partido foi alterado para "Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães", NSDAP (ou nazista). Em agosto de 1921, Hitler já exercia um poder ditatorial sobre o inexperiente Partido Nazista.

10. Em 8 de novembro de 1923, Hitler e mais uma dezena de apoiadores (incluindo Hermann Göring, Rudolf Hess e Alfred Rosenberg) lideraram o malfadado Putsch de Munique. Detido, julgado e condenado, Hitler aproveitou os meses em que ficou na prisão para escrever o Mein Kampf. O livro foi escrito para provar que ele não era meramente um agitador de cervejaria, mas um pensador político de visão ampla. Mein Kampf apresenta uma visão coerente e horripilante do mundo. Para Hitler, nós vivemos em um universo no qual a única constante é a luta. Nós somos animais e, assim como eles, enfrentamos o dilema de destruir ou de sermos destruídos.   

11. Para Hitler, acreditar que a vida consistia, essencialmente, no forte destruindo o fraco, era algo revigorante. Ele aliava sua visão quase darwiniana à ideia de raça, e defendia não só que um indivíduo forte deveria destruir um indivíduo fraco, mas que grupos raciais inteiros deveriam andar juntos e eliminar outras raças. Nessa luta pela supremacia racial, o oponente-chave era o judeu. Essa visão gélida e violenta derivou da própria filosofia potente e mortal de Hitler com elementos perniciosos dos darwinistas sociais, das ideias de Arthur de Gobineau e de Alfred Rosenberg, e dos acontecimentos no front Oriental, já no fim da Primeira Guerra. Nessa ocasião, a Alemanha tomara - ainda que temporariamente - terras agrícolas da Rússia bolchevique. Assim, Hitler concebeu a ideia de criar um império no Leste.

12. Ao ser libertado da prisão de Landsberg, em dezembro de 1924, Hitler passou a defender que os nazistas deveriam tentar um novo caminho para chegar ao poder - o das urnas. Em maio de 1928, contudo, os nazistas só angariaram 2,6% dos votos. Em outubro de 1929, no entanto, com a quebra de Wall Street, milhões de alemães se abalariam com a nova crise econômica e se mostrariam receptivos à oferta carismática de Hitler.  

13. Nas eleições gerais de julho de 1932, os nazistas se tornaram o maior partido do Reichstag, com 230 assentos e participação de voto de quase 38%. Ainda assim, o presidente Paul von Hindenburg não convidou Hitler a formar um governo (que, desde o fim de maio, estava a cargo de Franz von Papen). Uma vez no poder, a partir de 27 de janeiro de 1933, Hitler usaria a tática de exagerar as ameaças potenciais à Alemanha. Ele notara a falta de desejo da população alemã por outra guerra e, portanto, passou a exagerar o possível perigo dos outros como um motivo para que a Alemanha se preparasse para o conflito.

14. Apesar de ser uma figura humana lamentável, Hitler exerceu o papel mais importante em três das mais devastadoras decisões já tomadas: a invasão da Polônia, o que desencadeou a Segunda Guerra Mundial, em 1º de setembro de 1939; a invasão da União Soviética, em 22 de junho de 1941; e, finalmente, a decisão de exterminar os judeus.   

15. No entanto, o führer não criou todo esse horror sozinho, e junto com suas inúmeras inadequações, seu grande poder de persuasão era inquestionável. Em 1942, o próprio Hitler declarou que toda a sua vida poderia ser resumida ao seu esforço incessante de persuadir outras pessoas. 

Bibliografia consultada: REES, Laurence. O Carisma de Adolf Hitler: o Homem que conduziu Milhões ao Abismo. Tradução de Alice Kelsck. Rio de Janeiro: LeYa, 2013.