“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Desafios dos Sobreviventes da Shoá

quarta-feira, 31 de julho de 2024

 

Soldados alemães capturados removem corpos de dentro de um quartel em Gunskirchen, campo de concentração austríaco onde Edith Eva Eger e que foi libertado por soldados do 3º Exército dos EUA. 7 de maio de 1945. Créditos do US Holocaust Memorial Museum.

Aprendi a diferença entre liberdade negativa e liberdade positiva em maio de 1945, aos 17 anos. Eu estava caída na lama, junto a uma pilha de pessoas mortas e moribundas, quando a 71ª Infantaria chegou para libertar o campo. Lembro-me dos olhares horrorizados dos soldados, com o rosto coberto por lenço para não sentirem o cheiro de carne podre. Naquelas primeiras horas de liberdade, vi meus colegas ex-prisioneiros - aqueles que conseguiam andar - saírem pelos portões da prisão e, momentos depois, voltarem para se sentar na grama encharcada ou no chão sujo dos barracões, incapazes de seguir adiante. Viktor Frankl percebeu o mesmo fenômeno quando as forças soviéticas libertaram Auschwitz. Não estávamos mais presos, mas muitos não conseguiam reconhecer, física ou mentalmente, a liberdade. Corroídos por doenças, pela fome e pelo trauma, não tínhamos capacidade de assumir a responsabilidade por nossa vida. Mal conseguíamos nos lembrar de como ser nós mesmos.

Tínhamos finalmente sido libertados dos nazistas. Mas ainda não estávamos livres.

Hoje reconheço que a prisão mais nociva está em nossa mente, mas sei que a chave está em nosso bolso. Não importa o tamanho do sofrimento ou do portão das celas, é possível nos libertarmos de qualquer coisa que esteja nos aprisionando.

Não é fácil, mas vale muito a pena.     

EGER, Edith Eva. A Liberdade é uma Escolha. Tradução de Débora Chaves. 1. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2021, Introdução. 

Busto de Santos Dumont

sábado, 20 de julho de 2024

Hoje se completam 51 anos do ato inaugural do busto do Pai da Aviação, no Parque Moscoso, no centro histórico de Vitória, ES. A foto do topo mostra a situação atual do monumento, que está sem a placa de inscrição original (foto de baixo). Seguiremos atentos e cobrando por providências às autoridades municipais.

Justo, o Monge

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Uma ilustração do séc. XII relativa à vida de São Cuteberto (634-687).

Vivia lá [no mosteiro de Gregório, o Grande] um monge chamado Justo, especialista em medicina. Justo caiu doente sem esperança de cura e foi assistido pelo seu irmão carnal Copioso, também ele médico. Justo confessou ao irmão que escondera três moedas de ouro a este mais não pôde fazer do que informar os monges.

Encontraram as moedas de ouro escondidas com os medicamentos. Contaram isto a Gregório que reagiu vivamente, pois a regra do mosteiro estipulava que os monges tivessem tudo em comum. Gregório, perturbado, perguntou-se o que poderia fazer de útil ao mesmo tempo para a "purgação" do moribundo e para edificação dos monges. Proibiu aos monges que respondessem aos apelos do moribundo se este os desejasse junto de si e ordenou a Copioso que dissesse ao irmão que os monges, sabendo do seu ato, sentiam por ele repulsa, até que se arrependesse no momento de morrer. E quando o seu corpo estivesse morto não seria enterrado no cemitério dos monges mas lançado para um buraco do lixo e os monges atirariam para sobre o seu corpo as três moedas de ouro, gritando: "Que o teu dinheiro fique contigo, para tua perdição."

Tudo se passou e foi feito como previsto. Os monges, aterrados, evitaram todos os atos repreensíveis. Trinta dias depois da morte de Justo, Gregório pôs-se a pensar com tristeza nos suplícios que devia estar a sofrer o monge defunto e ordenou que, durante os trinta dias seguintes, fosse celebrada diariamente uma missa em sua intenção. Ao fim de trinta dias, o morto apareceu ao irmão, de noite, e disse-lhe que até àquele dia tinha sofrido, mas que acabava de ser admitido à comunhão (dos eleitos). Foi evidente que o morto escapara aos tormentos graças à hóstia salutar.     

LE GOFF, Jacques. O Nascimento do Purgatório. Tradução de Maria Fernanda Gonçalves de Azevedo. Lisboa: Estampa, 1993, p. 113. 

Recorde de Incêndios na Amazônia

quinta-feira, 11 de julho de 2024

A Privação como Estratégia de Poder

terça-feira, 9 de julho de 2024

Uma população famélica não pensará em outra coisa senão em sua própria sobrevivência. A liberdade, naturalmente, ficará em segundo plano. Em regimes tirânicos, a fome - e outros tipos de privação - sempre é um instrumento de controle da população.

Orações pelos mortos

domingo, 7 de julho de 2024

O mais importante é que os cristãos adquiriram, parece que muito cedo, o hábito de rezar pelos seus mortos. Em relação à Antiguidade esta atitude era uma novidade. Segundo uma fórmula feliz de Salomon Reinach, "os pagãos pediam aos mortos, enquanto os cristãos pedem pelos mortos" É claro que, como os fenômenos de crenças e mentalidades não aparecem subitamente, a intervenção dos vivos a favor dos seus mortos que sofrem no além encontra-se em certos meios pagãos, sobretudo ao nível popular. Tal foi o caso do orfismo:

Orfeu diz: Os homens... praticam ações sagradas para obter a salvação dos antepassados ímpios; tu, que tens poder sobre eles... tu liberta-los das grandes penas e da imensa tortura.

Estas práticas desenvolveram-se cerca da era cristã e mais uma vez se trata de um fenômeno de época, particularmente sensível no Egito, local de encontro por excelência das nações e das religiões. Diodoro da Sicília, que viajou para lá cerca de 50 a.C., ficou espantado com os costumes fúnebres dos egípcios: "No momento em que a caixa que contém o morto é colocada sobre a barca, os sobreviventes invocam os deuses dos infernos e suplicam-lhes que o admitam na morada reservada aos homens piedosos. A multidão acrescenta isto as suas aclamações acompanhadas de votos por que o defunto goze no Hades da vida eterna, em companhia dos bons."

Deve-se, sem dúvida, recolocar neste contexto a passagem do Segundo Livro dos Macabeus feito por um judeu de Alexandria durante o meio século que precedeu a viagem de Diodoro. Testemunha ele da ausência do hábito de rezar pelos mortos na época de Judas Macabeu (cerca de 170 a.C.), cujas inovações surpreendem, e da realidade desta prática entre certos judeus um século depois. Devemos, sem dúvida, ligar a crenças deste gênero o estranho costume de que fala S. Paulo em I Coríntios (XV, 29-30) onde afirma a realidade da ressurreição: "Se assim não fosse, o que ganhariam aqueles que se fazem batizar em vez dos mortos? Se os mortos não ressuscitam mesmo, porquê então fazerem-se batizar em vez deles?" Este batismo para os mortos não era o batismo cristão mas o batismo que recebiam os prosélitos gregos que se convertessem ao judaísmo.

O enorme processo epigráfico e litúrgico sobre as orações pelos mortos foi muitas vezes explorado para provar a antiguidade da crença cristã no Purgatório. Estas interpretações parecem-me abusivas. As graças que se suplica a Deus sejam concedidas aos mortos invocam essencialmente a bem-aventurança paradisíaca, em todo o caso um estado definido pela paz (pax) e pela luz (lux). É preciso esperar pelo fim do século V (ou princípio do século VI) para encontrar uma inscrição que fale da redenção da alma de um defunto. Trata-se de uma inscrição galo-romana de Briord, cujo epitáfio contém a fórmula pro redemptionem animae suae. Por outro lado, nestas inscrições e nestas preces, não se trata de um lugar de redenção ou de espera que não o tradicional segundo o Evangelho, o "seio de Abraão". Mas é essencial para a constituição do terreno onde se desenvolverá mais tarde a crença no Purgatório que os vivos se preocupem com a sorte dos dos mortos, que para além da sepultura mantenham com eles laços que não sejam os da invocação da proteção dos defuntos mas da utilidade das preces feitas em sua intenção.     

LE GOFF, Jacques. O Nascimento do Purgatório. Tradução de Maria Fernanda Gonçalves de Azevedo. Lisboa: Estampa, 1993, p.64-65. 

Convento de São Francisco

quinta-feira, 4 de julho de 2024

 

O Convento de São Francisco foi construído no final do século XVI. A fachada da Igreja Conventual (acima, na foto tirada ontem) sofreu reformas em 1744 e em 1784. É a única parte original que restou do conjunto que formou o primeiro Convento Franciscano na parte Sul do Brasil Colônia. O monumento foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1984, juntamente com a Capela Nossa Senhora das Neves, erguida na primeira metade do século XIX, no terreno do antigo convento.

Atualmente, o Convento de São Francisco, a Catedral Metropolitana e o Convento do Carmo são os únicos monumentos contemplados pelo Visitar Centro Histórico, da Prefeitura de Vitória. 

Reabertura do Mercado da Capixaba

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Após duas décadas de abandono, o Mercado da Capixaba será reaberto. Mais de R$ 8 milhões foram investidos no restauro pela Prefeitura de Vitória, a partir de amanhã a população poderá usufruir desse espaço dedicado à gastronomia, ao artesanato e à cultura.

A Invasão da Europa

segunda-feira, 1 de julho de 2024

 

O perfil no X @EuropeInvasionn (invasão europeia) tem denunciado aquilo que a velha imprensa se recusa a fazer. A imigração desordenada para o Velho Continente, especialmente por parte de muçulmanos, tem gerado choques culturais, além de problemas sociais e econômicos. Isso explica a ascensão a direita europeia, que obteve mais uma vitória ontem (30/06), nas eleições legislativas da França. Assim, vale a pena seguir a @EuropeInvasionn, ainda que todas as informações precisem ser verificadas e analisadas criticamente.