“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

José Monir Nasser (1957-2013)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015




"Uma sociedade não pode ser rica sem antes ser inteligente. Não pode existir uma economia realmente sólida e desenvolvida sem que haja uma elite cultural voltada para os bens espirituais, capaz de guiar, julgar e interpretar os esforços da comunidade." 
Prof. Monir 

Há três anos, aproximadamente, o Brasil perdeu esse grande economista e intelectual. No vídeo acima, uma das primeiras de suas palestras que assisti, o Prof. Monir apresenta o livro Trivium. Mais que isso, faz um diagnóstico do lastimável quadro da educação brasileira. 

Para os interessados, recomendo o blog abaixo. Ele reúne os mais diversos vídeos do professor disponíveis no YouTube: 

http://josemonirnasser.blogspot.com.br/

«A Revolução Industrial», de P. Deane

domingo, 27 de dezembro de 2015

Um ponto importante que se coloca, quando tratamos da Revolução Industrial, é desvendar as suas origens. O livro acima, publicado pela carioca Zahar em 1969, aborda essa e outras questões. No cap. VIII ("A cronologia da inovação"), Phyllis Deane aponta que debates acalorados envolvem esse tema, e as origens de algumas das inovações do período da industrialização podem ser vislumbradas em séculos anteriores. Embora a transformação decisiva da passagem da manufatura para a maquinofatura na Inglaterra tenha ocorrido entre 1750 e 1850, as descontinuidades da história são mais dramáticas do que suas continuidades (p. 139). Cumpre-nos analisar o conjunto de inovações das últimas três décadas do século XVIII (p. 140).

O crescimento econômico moderno depende, mais do que qualquer outro fator, dum processo de mudança técnica. A Inglaterra foi beneficiada porque inovação estava "em grande moda" em meados do século XVIII (p. 143). A primeira década da história inglesa na qual mais de 200 patentes foram concedidas foi a de 1760 (p. 153). 

Um fator importante nas mudanças do mercado interno britânico foram os Cercamentos dos campos. Embora eles já ocorressem há séculos, foi quando o cercamento coercitivo atingiu o seu ápice (entre 1793 e 1815) que os métodos da maioria dos lavradores começaram a ser afetados. Assim, houve uma expansão da economia monetária e, no início do século XIX, o produtor de subsistência foi eliminado (com raras exceções) (p. 144 e p. 151). Além de provocar mudanças no mercado interno, a aceleração no ritmo do crescimento econômico também impactou o mercado externo, na medida em que os preços e os custos declinavam na agricultura e indústria inglesas, impulsionando as exportações (p. 151).

"Na indústria manufatureira, a transformação técnica foi mais evidente e mais completa nas indústrias têxteis, especialmente na algodoeira, e nas indústrias metalúrgicas, especialmente na siderúrgica" (p. 146). Nas outras indústrias manufatureiras, a única mudança técnica relevante do final do século XVIII foi a utilização da força a vapor em lugar da força hidráulica ou da força animal (p. 147). É notável o quão lentas foram as transformações da Revolução Industrial - segundo Deane, no início do século XIX a maioria dos "industriais" ainda era formada por artesãos (p. 148).

Duas circunstâncias forneceram um estímulo da oportunidade econômica, sendo particularmente encorajadoras para a inovação: 1ª) as colheitas extremamente boas do período 1715-1755; 2ª) a posição confortável na qual a Grã-Bretanha esteve entre 1783 e 1815 para explorar os mercados em rápida expansão na Europa ocidental e nos Estados Unidos (p. 152). 

Não devemos imaginar que todas as invenções da Revolução Industrial fizeram um sucesso imediato. A lançadeira de tear de John Kay, por exemplo, difundiu-se lentamente, assim como o tear mecânico de Cartwright. Por outro lado, a spinning jenny, a fiandeira mecânica criada por James Hargreave em 1764, multiplicou a produção do fiandeiro individual em cerca de 16 vezes, difundindo numa rapidez espetacular. Bem-sucedida também foi a fiandeira hidráulica patenteada por Richard Arkwright em 1769 (p. 155). 

"O feito mais importante da revolução industrial foi que ela converteu a economia britânica duma economia baseada na madeira e na água para uma alicerçada no carvão e no ferro" (idem). A força do vapor e o processo de pudlagem de Cort (que produziu um ferro maleável e mais barato) foram invenções decisivas que viabilizaram a Revolução Industrial, assegurando um processo uma industrialização e mudança técnica contínuas, gerando, portanto, crescimento econômico prolongado. O engenho a vapor de Watt (construído pela primeira vez em 1775), ofereceu um amplo campo de aplicações imediatamente viáveis (ibidem).

"(...) Aplicado às ferrovias e aos navios, o ferro foi um material de construção de resistência extremamente elevada e com o auxílio da máquina a vapor revolucionou a indústria do transporte." Essas duas invenções introduziram mudanças tecnológicas radicais nas indústrias que produziram bens de capital (p. 157).

Antes da década de 1820, somente a indústria algodoeira e a indústria siderúrgica experimentaram uma mudança técnica extremamente bem-sucedida e rapidamente difundida (p. 158). Como se vê, os avanços técnicos na chamada "Primeira Revolução Industrial" foram lentos. 

Vamos banir os lucros?

sábado, 26 de dezembro de 2015


«Byron», o filme

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015


Parte 1


Parte 2

A quem dizer a Verdade

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015


Local onde César exterminou germânicos

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Os arqueólogos encontraram numa região da Holanda, próxima de Kessel, os vestígios de um massacre promovido pelas tropas de Júlio César, em 55 a.C. Segundo os pesquisadores, entre 150 e 200 mil pessoas, sobretudo mulheres e crianças de duas tribos germânicas (Tencteros e Usipetes), foram exterminadas no local. 

Fonte: Yahoo  

«Pensamento Pedagógico Brasileiro», de Moacir Gadotti

terça-feira, 22 de dezembro de 2015


O ano está praticamente no fim, e esse é o último livro da área da educação que li. Publicado pela editora Ática em 1991, não é propriamente uma obra que eu ambicionava ler, mas é necessária, sobretudo para relembrar alguns "clássicos" do pensamento pedagógico brasileiro. 

Não vou me demorar muito na descrição desse livro (até porque, como disse, detestei-o). Sua grande virtude é a objetividade com que apresenta as teorias de pensadores celebrados nos cursos de pedagogia, tais como Paulo Freire e Rubem Alves. Seu grande defeito é se assemelhar a um folhetim, uma cartilha de partido político (no caso, socialista). Isso aflora em diversas partes do opúsculo, mas sobretudo no final: "a formação de um educador competente não é suficiente. É preciso que a competência técnica esteja fundamentada num compromisso político, porque a competência depende de um ponto de vista de classe" (p. 124). Esse compromisso político refere-se, naturalmente, ao projeto socialista. 

Gadotti atuou na formação de gerações de professores que passaram pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, pela Universidade Estadual de Campinas e na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Assim, é um dos responsáveis pelo quadro lastimável de ideologização e doutrinação política da educação brasileira. Na falta de competência técnica, só restou aos intelectuais orgânicos do nosso sistema o compromisso político

D. João Carioca

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015


Episódio 1 - Nos tempos de Bonaparte


Episódio 2 - Ir ou não ir, eis a questão


Episódio 3 - Homens ao mar!


Episódio 4 - Venha cá, meu Rei


Episódio 5 - Olha a corte aí, gente!


Episódio 6 - Uma corte brasileira, com certeza!


Episódio 7 - Uma igreja, um jardim e muitos títulos


Episódio 8 - A colônia que virou metrópole


Episódio 9 - Pintando os Brasis


Episódio 10 - Casamento arranjado, sonho frustrado


Episódio 11 - Sem perder a Majestade


Episódio 12 - Adeusinho

EI ameaça o patrimônio histórico líbio

domingo, 20 de dezembro de 2015

Ruínas de Cirenaica, Líbia. Créditos: fotógrafo Apu Gomes.

Após arrasar cidades antigas e peças de museu no Iraque e na Síria, o  Estado Islâmico (EI) ameaça agora destruir o patrimônio cultural da Líbia. O alerta foi feito por especialistas que acreditam que os jihadistas já começaram a saquear e a vender no mercado negro antiguidades do país africano. 

O Conselho Internacional de Museus já acionou a Interpol e alertou funcionários aduaneiros e comerciantes de arte sobre o problema. A Líbia está mergulhada no caos desde da queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011; desde então, o monitoramento de esculturas e mausoléus em Cirene, uma antiga colônia grega em território líbio, tem sido impossível. 

Fonte: Veja

«Liberdade a Qualquer Preço», de Ann Vitorovich

sábado, 19 de dezembro de 2015




O falcão de bronze fincado na mão estendida da estátua parecia prestes a voar. Para os irmãos gêmeos Voja e Cevja, o monumento Mensageiro da Vitória se revelava mais do que um símbolo patriótico. Simbolizava o desejo por liberdade. Eles desejavam ser livres para viver sua fé e seus valores em um país no qual suas escolhas fossem respeitadas.

Vítimas do repressivo sistema comunista da antiga Iugoslávia, os gêmeos logo seriam convocados para o serviço militar obrigatório. Mas, antes disso, eles partiram em busca de uma nova vida no mundo livre. Até então inseparáveis, os irmãos precisaram escapar por caminhos diferentes. Em todas as rotas, depararam-se com obstáculos que pareciam intransponíveis. 

Esse livro foi a minha leitura deste sábado e, até agora, estou contagiado com sua história de fé e superação. O relato de Ann Vitorovich, que veio a ser esposa de Voja, quando ele enfim pôde realizar o "sonho americano", é envolvente do início ao fim. Ao mistério, suspense e romantismo da história verídica de seus protagonistas, ela acrescentou uma série de dados históricos e culturais. Assim, podemos ter alguns lampejos da rica história dos povos dos Bálcãs, da Idade Média à Guerra Fria.       

A pior dos piores presidentes do Brasil

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015



"'Dilma conseguiu pegar o pior de cada governo que já tivemos', sentencia o economista Sergio Vale, da MB Associados. 'O excesso de estatismo de Geisel, o voluntarismo e isolamento de Jânio e de Collor, os erros de avaliação econômica e protecionismo de José Sarney, a tentativa de se perpetuar no poder pelo PT, à lá Getúlio. Para gerar a recessão histórica pela qual estamos passando, os erros não foram poucos.'"

Veja, 16 de dezembro de 2015 (edição 2456 - ano 48 - nº 50), pp. 63-64.

A Perseguição Anticristã de Nero

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015


O incêndio de Roma, de 18 de julho 64, óleo de Hubert Robert (1733-1808)


Um dos momentos mais universalmente famosos da história romana, os cristãos sendo devorados pelas feras no Coliseu, acusados de haver provocado o incêndio que devastou Roma no ano 64, perante o deleite das massas e os aplausos de Nero, nunca aconteceu.

O anfiteatro foi construído depois do reinado do último imperador da linhagem de Augusto, que governou durante 14 anos, entre 54 e 68, e que se suicidou diante da certeza de que ia ser assassinado aos 31 anos de idade. Mas, além disso, cada vez se acumulam mais indícios de que, na realidade, Nero nunca perseguiu os cristãos. 

Um estudo recente, publicado no The Journal of Roman Studies, de autoria de Brent D. Shaw, questiona a versão tradicional da perseguição anticristã promovida por Nero. Para Shaw, a única fonte sobre o evento, de Tácito, reflete as ideias e conexões da época do historiador, e não a realidade dos anos 60. “Ao longo da minha carreira como historiador, me deparei muitas vezes com eventos da história romana que são aceitos sem serem investigados a fundo. Dado que esse acontecimento faz parte da história canônica cristã, a Igreja também não tinha muito interesse em analisá-lo desde um ponto de vista crítico”, declara Shaw. 

In: El País

«Paraíso Perdido», de John Milton

domingo, 13 de dezembro de 2015


A Europa após as Guerras Mundiais

sábado, 12 de dezembro de 2015


Os dois conflitos mundiais, ocorridos no século XX, alteraram profundamente o cenário geopolítico da Europa e do mundo. Se a Primeira Guerra Mundial aniquilou os impérios, a Segunda Guerra terminou lançando as raízes da Guerra Fria.   

Confiram os mapas abaixo:


A Europa em 1918


A Europa em 1945

P.s. Clique nas imagens para ampliá-las.

Dinesh D'Souza explica Barack Obama

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015


Paulo Francis no Roda Viva (1994)

terça-feira, 8 de dezembro de 2015


Quadro Atual da República do Brasil

domingo, 6 de dezembro de 2015




A situação do Brasil está muito difícil.

Consideremos que a presidente Dilma Rousseff  (PT) sofra o impeachment. Neste caso, o vice, Michel Temer (PMDB), assumirá o poder.

Ocorre que a chapa Dilma-Temer está sendo investigada no TSE, e o vice-presidente poderá ter o seu mandato cassado. Se isso acontecer, como eles estão na primeira metade do mandato, o sucessor interino assume o cargo com o dever de convocar eleições dentro de 90 dias.

Neste caso, o sucessor é o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, que também é do PMDB. Ora, Cunha foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por ter recebido R$ 5 milhões do esquema investigado pela Operação lava Jato, e responde a processo no Conselho de Ética da Câmara. Se não for cassado pelos seus pares, provavelmente o será pelo STF.

Se isso ocorrer, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, do mesmo partido de Temer e Cunha, é o próximo na linha de sucessão. Assim como o Cunha, também está implicado na Lava Jato e, por autorização do STF, está sendo investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se o Renan não puder assumir a presidência, Ricardo Lewandowski, presidente do STF, assumirá o cargo máximo da República. Conforme denunciou um jornalista, Lewandowski, no cago em que ocupa, comporta-se como um "procurador dos interesses do PT".

É verdade, contudo, que contra ele não existe qualquer denúncia ou investigação formal. Mas, se vier a assumir interinamente a presidência da República, seu vice será o deputado federal mais votado nas últimas eleições. Quem é ele? Ninguém menos que Celso Russomanno (PRB-SP), condenado recentemente a dois anos e dois meses por peculato.

Chegamos ao fundo do poço.

O Currículo de História na Base Nacional

sábado, 5 de dezembro de 2015



Análise sobre a pedofilia na Igreja

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Bom seria se os pedófilos fossem identificados tão facilmente... 


Em 2010, o Dr. Carlos Alberto Di Franco escreveu um artigo equilibrado sobre a pedofilia entre os clérigos católicos. O artigo não esconde ou minimiza o problema - algo absolutamente impossível, com tantas provas ululantes desse crime abjeto. Contudo, Di Franco escancara as distorções jornalísticas sobre os crimes sexuais cometidos na sociedade e na Igreja Católica. Por exemplo, apenas 0,2% das denúncias contra os abusos feitas na Alemanha a partir de 1995 foram contra sacerdotes católicos. E dentre todos os crimes sexuais denunciados ao Vaticano nos últimos 50 anos, apenas 10% podem ser classificados como pedofilia.

O autor tem ainda coragem suficiente para apontar algo que a imprensa politicamente correta insiste em ignorar: a óbvia relação entre o homossexualismo e a pedofilia. Ele se baseia num estudo de Philip Jenkins para mostrar que a raiz do problema nos Estados Unidos está na tolerância ao homossexualismo nos seminários durante os anos 1970.      


Fonte: Estadão

«Da Tranquilidade da Alma», de Sêneca

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Após ler o Tratado sobre a Clemência, o Da brevidade da Vida e partes de Cartas a Lucílio, já era hora de ler esses três belíssimos tratados de Sêneca, a saber: Da Vida retirada, Da Tranquilidade da Alma e Da Felicidade.

Sêneca foi um dos maiores filósofos romanos. Seus tratados constituem uma verdadeira medicina da alma. Assim, só me resta destacar algumas "pérolas" desses três tratados, na esperança de que todos venham a lê-los.

"O que se exige do homem é que seja útil ao maior número de semelhantes, se possível. Caso não consiga, sirva a poucos, ou aos mais próximos, ou a si mesmo." Da Vida retirada, II.

"Que ninguém me furte um único dia, já que nunca poderia me compensar tão grande perda." Da Tranquilidade da Alma, I.

"(...) Não é fácil alcançar a felicidade, uma vez que quanto mais a procuramos mais dela nos afastamos." Da Felicidade, I.  

Caça às Bruxas

segunda-feira, 30 de novembro de 2015


São Domingos presidindo a um Auto de Fé (1415). Pedro Berruguete (1450-1504).



Da Idade Média ao século XVIII, a Justiça (civil e eclesiástica) perseguia bígamos, protestantes e homossexuais. A caça às bruxas, porém, tornou-se uma das mais famosas, porque a sociedade relacionava os temores do misticismo a males como miséria, corrupção e às desigualdades sociais que atingiram a Europa na época. Um crise profunda que se abateu sobre a Europa no século XIV fez com que a figura do diabo surgisse com força na sociedade europeia no final da Idade Média. 

Apesar da condenação da Igreja, a população se entregava cada vez mais a práticas populares de cura e a "feitiços" amorosos. Do mendigo ao rei, todos acreditavam no poder superior de objetos como os talismãs. 

Saiba mais em O Globo

A descoberta da múmia de Nefertiti?

domingo, 29 de novembro de 2015



Se comprovada, a descoberta da tumba de Nefertiti será a mais importante deste século e lançará luz sobre um período obscuro da História do Egito antigo.

Saiba mais em O Globo

Um Experimento Econômico Soviético

sábado, 28 de novembro de 2015


A Supremacia Papal - II

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Cardeal Pietro Gaspari, secretário de Estado do papa Pio XI, e o Duce Benito Mussolini assinam o Tratado de Latrão (fevereiro de 1929). 

O século XVIII foi rico em acontecimentos políticos, culturais e econômicos. Pode-se dizer que, nessa época, a secularização da Europa ocidental atingiu o clímax. Concorreu para isso, em primeiro lugar, o Iluminismo, movimento intelectual burguês que buscou estabelecer o primado da razão. Filósofos anticlericais como Voltaire (1694-1798) tornaram-se extremamente populares e influenciaram intelectuais, políticos e revolucionários. 

Outro acontecimento marcante desse século foi a Revolução Industrial, que teve a Inglaterra como nação pioneira. A partir da década de 1760, uma série de invenções provocaram a transição da manufatura para a maquinofatura. Surgia, assim, a fábrica moderna. Apesar dos inúmeros benefícios advindos da maior oferta de bens acabados, as extensas jornadas de trabalho combinadas com a ausência de leis trabalhistas deram grande impulso ao processo de descristianização da Europa, como explica P. Deane no livro A Revolução Industrial.

Contudo, o golpe mais duro à supremacia papal foi desferido pela Revolução Francesa (1789-1799), a primeira revolução burguesa inspirada pelos iluministas. No dia 2 de novembro de 1789, os bens do clero foram postos "à disposição da nação" e depois leiloados. Em fevereiro de 1790, o clero regular foi extinto. Ainda nesse ano, no dia 12 de julho (a dois dias da comemoração do primeiro aniversário da Revolução), a Assembleia Nacional aprovou a Constituição Civil do Clero. Ficou determinado que os bispos e os curas seriam eleitos como os demais funcionários públicos. "Os novos eleitos seriam instituídos por seus superiores eclesiásticos, os bispos por seus metropolitanos e não mais pelo papa. A Igreja da França tornava-se uma Igreja nacional" (Soboul, 1979: p. 51). Contudo, embora sem jurisdição, o papa conservava a primazia espiritual sobre a Igreja francesa, e o clero do país dividiu-se entre aqueles que prestaram juramento à Constituição do reino (o que incluía a Constituição civil que se lhe incorporava) e os refratários a tal juramento (Soboul, 1979: p. 52). 

Entretanto, a situação do clero ainda iria piorar muito na França. Com o reinado do Terror, entre agosto de 1792 e julho de 1794, muitos padres foram guilhotinados e procedeu-se à descristianização da França. O culto cívico da Razão procurou substituir a religião revelada, e Bíblias foram destruídas. A escritora Ellen G. White fez um resumo desse período: "O poder ateísta que governou na França durante a Revolução e o reinado do Terror, desencadeou contra Deus e Sua santa Palavra uma guerra como jamais o testemunhara o mundo. O culto à Divindade fora abolido pela Assembleia Nacional. Bíblia eram recolhidas e publicamente queimadas com toda a manifestação de escárnio possível. A lei de Deus era calcada a pés" (O Grande Conflito, p. 273). Após o Terror, entre 1795 e 1799 a política do Diretório oscilou entre a perseguição e a permissão para que os cristãos praticassem a sua religião. 

Seguindo a tendência de afastamento da religião, o governo de Napoleão Bonaparte iniciou-se com relações tensas com Roma. Em 1798, Berthier, um de seus generais, marchou até o Vaticano e aprisionou o papa Pio VI, que faleceu no ano seguinte. Isso ocorreu porque o pontífice não aceitou renunciar aos seus poderes temporais. Vários comentaristas bíblicos enxergam nesse episódio a ferida mortal que foi desferida à Besta, conforme consta em Apocalipse 13, 3. O início da cura, no entanto, não demorou: Napoleão e o papa Pio VII firmaram a Concordata, em 1801. 

Contudo, a "cura" propriamente dita se iniciou em 1929, quando representantes do Estado fascista na Itália firmaram com a Santa Sé o Tratado de Latrão. Encerrava-se assim a "Questão Romana", e o Vaticano passava a ser um Estado soberano. Desde então o papado vem ganhando força, embora tenha tido um papel ínfimo durante a Guerra Fria (dizem que Stalin, tirano soviético, questionava quantas divisões o papa possuía...). Com o colapso do Socialismo Real no Leste Europeu e a desintegração da União Soviética, o papado voltou a ganhar força, na figura do carismático João Paulo II (sobre isso, os livros a serem lidos são O Grande Conflito, de Ellen G. White, e O Dia do Dragão, de Clifford Goldstein). Ora, João Paulo II foi canonizado pelo papa Francisco, outro pontífice carismático que tem dado passos largos rumo ao ecumenismo. 

"Toda a Terra" tem se maravilhado ante à imagem do bispo de Roma.


* Leia a 1ª parte deste artigo AQUI.

* Conheça os Papas do Mal.

Bibliografia consultada:
DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1969.
GILBERT, M. História do Século XX. Lisboa: Dom Quixote, 2014.
GOLDSTEIN, Clifford. O Dia do Dragão. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1997.
SOBOUL, A. História da Revolução Francesa. São Paulo: DIFEL, 1979.
WHITE, E. G. O Grande Conflito. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira [1ª edição: 1858]. 

Componentes da Crise da nossa Época

quinta-feira, 26 de novembro de 2015


Justiça Social: um conceito perigoso


Quem matou as Artes Liberais?


A Europa refém do politicamente correto


O suicídio coletivo forçado das nações europeias


O Stalinismo do Modelo Multiculturalista da Suécia


Uma tragédia silenciada: a Perseguição Anticristã


Fascistas americanos

Sergio Vieira de Mello, herói brasileiro

quarta-feira, 25 de novembro de 2015


Pérola de Monteiro Lobato

terça-feira, 24 de novembro de 2015


Os Governos de FHC e Lula

segunda-feira, 23 de novembro de 2015


Bolívar Lamounier analisa os governos de FHC e Lula 



FHC explica algumas realizações do seu governo

Cartago e os Sacrifícios de Crianças

domingo, 22 de novembro de 2015

Tophet de Cartago

"Assim, com plena consciência os cartagineses ofereciam os seus próprios filhos, e aqueles que não tinham filhos compravam os pequenos de pessoas pobres, e cortavam as suas gargantas, como se fossem cordeiros e aves pequenas." 
Plutarco, Moralia II.171C 

Uma das questões mais debatidas acerca do Mundo Antigo é se os cartagineses praticavam ou não sacrifícios humanos - mais especificamente, o sacrifício de crianças. Plutarco e outros escritores gregos e latinos reportam que os cartagineses ofereciam as suas próprias crianças aos deuses como oferendas sacrificais. A descoberta no extramuros de recintos ao ar livre  - denominados tophets - com urnas contendo animais e crianças cremadas parece corroborar a prática. A ideia de que os cartagineses sacrificavam ritualmente suas crianças era aceita pelos pesquisadores até os anos 1970, quando um número crescente passou a duvidar de tal prática.

Recentemente, contudo, um estudo intitulado Cemetery ou sacrifice? (Antiquity, dezembro de 2013, vol. 87, nº 338) refutou tal posição, fornecendo uma compreensiva evidência de que os cartagineses realmente sacrificavam suas próprias crianças. 

Leia a matéria completa (em inglês) no site Biblical Archaeology

A Virgem Maria no Catolicismo e no Islã

sábado, 21 de novembro de 2015

Papa Francisco e o Grande Mufti Rahmi Yaran em 2014: avanços na agenda ecumênica 

É muito evidente a veneração à Virgem Maria no catolicismo. Apesar de antiga, tal veneração só foi oficialmente incorporada aos dogmas católicos no século XIX. A "Imaculada Conceição" - a crença de que Maria foi concebida e viveu sem pecado - só foi definida como dogma em dezembro de 1854, pelo papa Pio IX (1846-1878) (o mesmo papa que fixou o dogma da infalibilidade papal). Isso aprofundou o fosso entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, separadas desde do Grande Cisma do Oriente, em 1054. 

Contudo, o que poucos sabem é que os muçulmanos também veneram a Virgem. Segundo o historiador Peter Brown, antes de Maomé pregar a sua mensagem já existia uma imagem da Virgem com o Menino na Caaba de Meca, ao lado de diversos ídolos árabes. Com a conquista de Meca por Maomé, em 630, os ídolos foram destruídos, mas a veneração à Virgem permaneceu. Para os muçulmanos ela é considerada a mulher mais pura, e é citada 34 vezes no Alcorão (que lhe dedica um capítulo inteiro); Jesus, que é o segundo maior profeta, recebeu 25 citações; Maomé, que é considerado o maior dos profetas, é mencionado apenas cinco vezes. O Alcorão não é um livro muito extenso, o que torna ainda mais impressionante que Maria tenha recebido tanto destaque. 

Isso explica porque, neste ano, a mais alta estátua de Maria foi inaugurada na Indonésia, o maior país muçulmano do planeta. Além disso, também neste ano foi inaugurada na Síria a Mesquita Al-Sayyida Maryam, a primeira do mundo dedicada a Maria. Outro detalhe da história das duas religiões reforça ainda mais o sincretismo. Maomé teve uma filha chamada Fátima; quando esta morreu, o profeta a considerou a segunda maior mulher no paraíso, logo depois de Maria. Ora, segundo a Igreja Católica, em 1917 a Virgem Maria teria se revelado na pequena aldeia portuguesa de Fátima, dando origem à veneração e ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Assim, a associação entre as duas maiores mulheres do Islã tornou-se mais intensa, e há relatos de muçulmanos que tenham se aproximado e mesmo se convertido ao catolicismo a partir da veneração à Nossa Senhora de Fátima.

Dia da Bandeira do Brasil

quinta-feira, 19 de novembro de 2015



Na ausência da monarquia, a bandeira poderia tornar-se a virtual personificação do Estado, da nação e da sociedade, como nos EUA, onde a prática da veneração à bandeira como ritual diário nas escolas do país se difundiu desde fins da década de 1880, até que se tornou universal. 
Eric Hobsbawn, A Era dos Impérios (cap. 4).

A atual bandeira do Brasil foi instituída no dia 19 de novembro de 1889. Ela substituiu a primeira bandeira do Governo Provisório, que durou apenas quatro dias. Como se vê, esse primeiro lábaro republicano era praticamente um plágio do pendão estadunidense. Nosso modelo de república federativa também se espelhou na república norte-americana, de onde também surgiu a nossa veneração à bandeira (hoje já bem fraca... muitos só conhecerão uma versão forçada da mesma, quando terão que prestar o juramento à bandeira aos 18 anos). 

Em 1906, para homenagear o símbolo da nossa pátria, surgiu o Hino à Bandeira do Brasil. A letra é de Olavo Bilac (1865-1918) e a música é de Francisco Braga (1868-1945). Confira, abaixo, a bela melodia executada pelo Luiz Trevisani:


Terrorismo - uma definição

quarta-feira, 18 de novembro de 2015


Os ataques às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.

Uso de ações violentas e intimidantes para fins políticos. (...) Os principais objetivos do terrorismo são: manter uma causa específica no primeiro plano da consciência pública; pressionar as autoridades políticas para concederem as exigências dos terroristas por meio da indução de um estado de medo; e obrigar o governo a trair seu próprio compromisso com a liberdade e a democracia pela imposição de medidas de segurança não liberais a fim de conter tal violência. 

LAW, Jonathan & WRIGHT, Edmund. Dicionário de História do Mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013, p. 720.

Roger Scruton e o Conservadorismo

terça-feira, 17 de novembro de 2015


FECIARTES do CAV 2015

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

[Clique na imagem para ampliá-la]


No dia 22 de novembro (próximo domingo), o Colégio Adventista de Vitória promoverá a FECIARTES (Feira de Cultura, Ciências e Artes). Nela eu coordenarei um stand com os alunos Issacar e Kêmely (do 3º ano) e Camille (9º B). Será uma oportunidade para promover os trabalhos desses alunos, e incentivar outros a imergirem no mundo da leitura e da escrita.    

Por que Proclamação e não Golpe?

domingo, 15 de novembro de 2015

Proclamação da República, 1893, óleo sobre tela, Benedito Calixto (1853-1927).


Pressionado por setores do Exército e por republicanos a liderar a deposição da monarquia, o marechal Deodoro da Fonseca hesitava. Não queria bater de frente com "o velho" imperador dom Pedro 2º, que respeitava. Falava em um dia poder acompanhar o caixão do monarca. 

Mas Deodoro acabou cedendo às pressões em 15 de novembro de 1889, derrubou o regime, virou o primeiro presidente e o feriado da Proclamação da República está aí. 

Agora, por que o senso comum fala de "proclamação" e não de golpe? Afinal, o Exército derrubou o imperador e o governo constitucional, que ali estava de acordo com a Carta de 1824. Gestado pelas elite econômico-militar insatisfeita com os rumos do país, o movimento não teve participação popular. 

(...) 

"Quem não viu golpe em 1889, 1930 e 1945 tem uma inclinação para apoiar 'golpes do bem'", diz [Elio] Gaspari. 

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