“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

[Live] Ucrânia, Dois Anos Depois

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

 

Disponível AQUI.

150 Anos da Imigração Italiana

sábado, 17 de fevereiro de 2024

 

Comemora-se hoje os 150 anos da chegada do navio à vela La Sofia à capital do Espírito Santo. Ao todo, 388 camponeses - trentinos e vênetos - chegaram a Vitória em busca de oportunidades, inaugurando a imigração em massa de italianos para o Brasil. Eles foram contratados por Pietro Tabacchi, que possuía a fazenda "Monte das Palmas", em Santa Cruz. O empreendimento, que não prosperou, gerou descontentamentos e revoltas. Um grupo seguiu para colônias oficiais da Região Sul, enquanto outros aceitaram a proposta do Governo do Espírito Santo para se instalarem na "Colônia Imperial de Santa Leopoldina", sendo direcionados ao Núcleo de Timbuhy, no atual município de Santa Teresa.

No acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) há centenas de documentos relativos a esse período da história. Dentre eles, está um ofício que mostra a existência de imigrantes na localidade em outubro de 1874. Trata-se de um pedido de ressarcimento feito pelo colono Francesco Merlo, encaminhado no dia 28 de outubro de 1874 ao Presidente da Província. Com base nesse documento, foi publicada a Lei nº 13.617, que reconhece oficialmente a cidade de Santa Teresa como a pioneira da imigração italiana no Brasil.

A Dialética Erística

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

 

A dialética erística é a arte de disputar, mais precisamente, de disputar de modo a ter razão per fas et nefas [por meios lícitos e ilícitos]. Com efeito, podemos ter razão objetiva, na coisa em si, mas estar errados aos olhos das pessoas presentes, às vezes até mesmo aos nossos próprios olhos. O adversário pode refutar minha prova, o que vale como refutação de minha própria asserção, para a qual, entretanto, pode haver outras provas; neste caso, é claro, a relação é inversa para o adversário: ele detém a razão, mas está objetivamente errado. Portanto, a verdade objetiva de uma proposição e sua validade na aprovação dos debatedores e ouvintes são duas coisas distintas. (É para esta última que a dialética se volta.)

E a que se deve isso? - À perversidade natural da raça humana. Se não fosse isso, se fôssemos essencialmente honestos, não buscaríamos em cada debate senão trazer a verdade à luz, totalmente despreocupados se ela está em conformidade com nossa opinião previamente apresentada ou com a do adversário: isso seria indiferente ou, pelo menos, algo completamente secundário. Mas agora é a coisa principal. A verdade inata, que é particularmente irritável no que diz respeito às faculdades intelectuais, não pretende aceitar que nossa primeira afirmação se revele falsa e a do adversário tenha razão. Por conseguinte, teríamos simplesmente de nos esforçar por emitir juízos corretos: para tanto deveríamos pensar primeiro e falar depois. Mas, na maior parte dos homens, a vaidade inata é acompanhada de loquacidade e inata desonestidade. Falam antes de pensar, e, mesmo quando se dão conta de que sua afirmação é falsa e eles estão errados, é preciso parecer como se fosse o contrário. O interesse na verdade, que deveria ser, em geral, o único motivo na exposição da tese supostamente verdadeira, agora dá lugar, por completo, ao interesse da vaidade: o verdadeiro deve parecer falso e o falso, verdadeiro. 

SCHOPENHAUER, ArthurA Arte de ter Razão: 38 Estratagemas. Tradução de Milton Camargo Mota. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017, p. 7-8. 

#HJ30 Ditados Sefaradis

domingo, 11 de fevereiro de 2024

 

                                        Judeus sefaradis. Meramento ilustrativo.


Também os ditados sefaradis refletem este peculiar humor.

Ya no cabo de pie, viene la gata me pare diez: Mal me aguento em pé, vem a gata e pare dez (filhotes). Alusão a algo que é excessivo.

Ten buena fama y pishate na cama: Tem boa fama e urina-te na cama. Se tens boa imagem, pouco importa o que faças quando estás sós.

Al rico, el gayo le mete guevo. Al povre, ni la galina: Para os ricos, até os galos põem ovos; para os pobres, nem as galinhas. Refrão semelhante a "pobre, quando come galinha, um dos dois está doente."

Sosh bien convidados y bien amados; la caza se me corre, lugar onde echar no hay, michor que no vengash. Declaração que começa com votos de boas-vindas e termina dizendo que não há condições nem lugar para hospedar.

FINZI, Patricia et al. (edição, seleção e textos). Do Éden ao divã - Humor Judaico. São Paulo: Shalom, 1990, p. 154. 

#HJ29 Comida Kasher

domingo, 4 de fevereiro de 2024

 

Um certificado de comida kosher ou kasher. Esta piada inaugura uma sequência do humor sefaradi, aqui no blog.


Um judeu chegou, certa vez, morto de cansaço, à casa de um camponês de quem costumava comprar couros, aves e outros produtos. Vendo o judeu tão esgotado, o camponês convidou-o a repousar e ofereceu-lhe comida. O judeu agradeceu, mas disse que não poderia fazê-lo, porque a comida não era kasher. Surpreso, o camponês perguntou se esta obrigação existia sempre.

- Sim - disse o judeu. - A menos que a vida esteja em perigo.

O camponês ofereceu-lhe então um copo de vinho. O judeu de novo recusou, alegando a mesma coisa: não era kasher. O homem, furioso, sacou o punhal:

- Recusas o meu vinho? Toma este copo, senão te mato!

Tremendo, o judeu emborcou o vinho. O camponês sorriu:

- Eu estava brincando contigo. Só queria ver se aquela coisa de não respeitar o kasher quando a vida está em perigo é verdade.

- É verdade - disse o judeu. - E só lamento que não me ameaçaste antes. Pois assim eu teria comido umas três ou quatro daquelas codornas que me ofereceste...

FINZI, Patricia et al. (edição, seleção e textos). Do Éden ao divã - Humor Judaico. São Paulo: Shalom, 1990, p. 153.