Luís Alves de Lima e Silva
Porto de Estrela, 1803 - Desengano, 1880.
Nascido em 25 de agosto (atualmente, o Dia do Soldado) de 1803, na Fazenda São Paulo (hoje, município de Duque de Caxias), Rio de Janeiro, foi militar e político. Era o segundo filho do marechal-de-campo Francisco de Lima e Silva e Mariana Cândida de Oliveira Bello.
Sentou praça como cadete aos cinco anos de idade, como era costume dos filhos de militares. Isso ocorreu no regimento do avô, o brigadeiro (depois marechal) José Joaquim de Lima e Silva. Aos 15 anos, matriculou-se na Real Academia Militar, na Praia Vermelha. Foi promovido a tenente em 1820. Participou da campanha da Bahia em 1823, servindo no Batalhão do Imperador, que combateu as forças do brigadeiro Madeira de Melo, tendo recebido a medalha da Guerra da Independência na Bahia.
Em 1825, foi promovido a capitão. No mesmo ano, seguiu para a campanha da Cisplatina, de onde retornou em 1829. Promovido a major, foi-lhe entregue o segundo comando do Batalhão do Imperador.
Com a abdicação de D. Pedro I, em 7 de abril de 1831, participou do esforço pela manutenção da ordem. Dissolveu os sublevados no Campo de Santana, permitindo que o major Miguel de Frias e Vasconcelos se refugiasse nos Estados Unidos. Assim que as circunstâncias permitiram, ele retornou e foi reincorporado à tropa sob o comando do próprio Caxias.
Casou-se com Anna Luiza de Loreto Carneiro Viana em 6 de janeiro de 1833, com quem três filhos. Um deles, Luiz, faleceu com 15 anos.
Em 1837, dois anos após a eclosão da Farroupilha, Sebastião do Rego Barros, ministro da guerra, decidiu partir para o teatro de operações, no Sul do Brasil. Levou consigo Luís Alves de Lima e Silva, para acompanhar-lhe na qualidade de auxiliar e consultor. Seus corretos conselhos ao ministro, por vezes contrários aos de oficiais superiores, trouxe-lhe prestígio junto à cúpula do governo, que viu nele a pessoa certa para combater a Balaiada, revolta popular ocorrida no interior do Maranhão, iniciada em 1838.
Caxias foi promovido a coronel, presidente (governador) e comandante geral das forças no Maranhão, em 1839. Tomou posse em 7 de fevereiro de 1840. O contingente dos rebeldes era maior do que o número de soldados imperiais. Eles também não tinham acampamento fixo, e lutavam seguindo estratégias de guerrilhas.
O comandante e presidente promoveu profundas reformas administrativas na província e comandou pessoalmente suas tropas nos embates com os rebeldes. Decidiu anistiá-los, assim que se renderam. A seu próprio pedido, em maio de 1841, deixou o governo provincial, regressando à corte. Em julho de 1841, foi promovido a brigadeiro e recebeu o título de barão de Caxias. Foi eleito representante do Maranhão à Câmara dos Deputados (5ª legislatura, 1842-1844).
Demonstrou grande capacidade ao combater a Revolta Liberal, comandada pelo brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, em São Paulo, em 1842. Os revoltosos então migraram para Minas Gerais, onde venceram o combate de Lagoa Santa, liderados por Teófilo Otoni. Em Santa Luzia, contudo, Caxias terminou por derrotá-los, graças ao reforço da coluna liderada pelo seu irmão, José Joaquim de Lima e Silva.
A seguir, Caxias foi promovido a marechal-de-campo graduado, e enviado para o Rio Grande do Sul, onde atuou como comandante em chefe do Exército em operação contra os rebeldes farrapos. Finalmente, em 1º de março de 1845, terminou a conflagração que já durava quase uma década e havia dizimado quase 50 mil vidas. Os militares rebeldes foram anistiados.
Recebeu o título de conde, foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul, província da qual se exonerou da presidência em março de 1846. Liderou as tropas na intervenção no Uruguai, onde forçou Oribe a se render sem luta, em 19 de outubro de 1851. Rosas, governador de Buenos Aires, Argentina, apoiava Oribe e também foi derrotado, pelas tropas brasileiras de Manuel M. de Sousa e Manuel Luís Osório, e pelas tropas de Justo José Urquiza, governador de Entre Rios, Argentina.
Entre 14 de julho de 1855 a 4 de maio de 1857, o agora Marquês de Caxias foi ministro da Guerra. Dirigiu o gabinete conservador em dois períodos, entre 1856-57 e 1861-62. Em 1864, eclodiu a Guerra do Paraguai, e em princípio o já sexagenário Caxias atuou apenas como conselheiro. Após a derrota fragorosa em Curupaiti, em 22 de setembro de 1866, contudo, o governo imperial voltou a lançar mão de seu militar mais bem-sucedido para liderar as forças brasileiras.
Chegando em Tuiuti, a primeira missão de Caxias foi a de reestruturar o Exército. Manteve o confronto em nível mínimo e organizou um Corpo de Saúde. Com a retomada da ofensiva pelos aliados, sucederam-se as vitórias. Uma das heroicas passagens de Caxias se deu na tomada da ponte de Itororó, quando montado a cavalo com a espada em punho conclamou os soldados com a oração "sigam-me os que forem brasileiros", partindo em seguida em direção ao inimigo, expondo-se perigosamente.
Os sucessivos triunfos permitiu a tomada de Asunción em 1º de janeiro de 1869 pelo coronel Hermes Ernesto da Fonseca. Em 19 de janeiro, Caxias retornou ao Brasil. Em março, recebeu o único título de duque concedido no Império. Retomou seu assento no Senado, no Conselho Supremo Militar de Justiça e assumiu a nova função de conselheiro extraordinário de Estado.
Novamente, assumiu o gabinete de 25 de junho de 1875 a 5 de janeiro de 1878, acumulando o cargo de ministro da Guerra. Nessa gestão, lidou com a Questão Religiosa, com o afastamento do imperador e a segunda regência da princesa Isabel. Recolheu-se à Fazenda Santa Mônica, em Desengano (atual município de Juparanã), Rio de Janeiro, onde faleceu em 7 de maio de 1880. Por decreto federal de 1962, Caxias passou a ser o patrono do Exército Brasileiro.
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Fonte: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012, p. 443-445.