“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Barco de Oseberg

terça-feira, 30 de abril de 2019

Visão completa do "barco de Oseberg". Trata-se de uma embarcação viking de cerca de 820 d.C., encontrado perto do Fiorde de Oslo, na Noruega. O achado encontra-se no Museu do Navio Viking, na capital norueguesa. 

«Free Private Cities»

segunda-feira, 29 de abril de 2019

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Conheça as ideias do autor, Titus Gebel, a partir de um vídeo.

«Que Falem os Primeiros Cristãos»

sábado, 27 de abril de 2019

Baixe gratuitamente esse livro aqui.

Eis a minha leitura deste sábado - uma séria e profunda reflexão sobre as experiências dos cristãos primitivos (século I a 312 d.C.), construída sobre farta documentação primária. 

Muito mais do que apresentar um relato histórico, David W. Bercot nos dá uma nova visão sobre os problemas que a igreja enfrenta atualmente, oferecendo a solução para eles. É um chamado para que os cristãos do século XXI busquem a santificação perdida e também o amor sincero e a infinita paciência dos cristãos primitivos.  

Seminário "Faces da Idade Média"

domingo, 21 de abril de 2019

O Mundo Medieval surge, à primeira vista, marcado por estereótipos e distorções. Para alguns, foi uma época de fadas encantadas, castelos hollywoodianos e cavaleiros destemidos. Para outros, foi uma época de conflitos, fome e Inquisição. Devido ao preconceito e à ignorância, o período que se estendeu do século V ao século XV ainda é rotulado como a "Idade das Trevas". 

A fim de romper essas visões superficiais, promovo, entre os alunos do 1º ano do Ensino Médio, o seminário "Faces da Idade Média". Espera-se que os discentes conheçam não só a complexidade da Civilização do Ocidente Medial, mas também tenham contato, em primeira mão, com a pesquisa científica interdisciplinar. Assim, cada aluno deverá entregar um resumo manuscrito do seu capítulo, na data estipulada pelo professor. O resumo deverá ser redigido a caneta azul ou preta, em folha de papel almaço. A apresentação oral terá a duração de 12 a 15 minutos e deverá se basear no seguinte Modelo de PowerPoint.  

Em primeiro lugar, existiram no Medievo, por assim dizer, figuras mais "típicas": monges, guerreiros, camponeses, citadinos, intelectuais, artistas, mercadores, santos e, ainda, dois grupos nem sempre bem aceitos ou compreendidos - mulheres e marginais. A bibliografia básica para se compreender esses elementos mais comuns da Idade Média é a seguinte:

LE GOFF, Jacques (dir.). O Homem Medieval. Tradução de Maria Vilar de Figueiredo. Lisboa: Presença, 1989.      >      Disponível AQUI.  

Por outro lado, na Idade Média, uma minoria racial (os judeus), uma doença (a lepra) e uma minoria sexual (os homossexuais) eram vistos como uma ameaça para o eu definido como cristão, saudável e heterossexual. Existia uma relação entre heresia - lepra - sexo. A lepra foi usada para se referir à sodomia, e um bispo comparou a prostituição a "uma lepra incurável". A bibliografia básica para se compreender essas minorias do Medievo segue abaixo:

RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação - as minorias na Idade Média. Tradução de Marco Antônio Esteves da Rocha e Francisco José Silva Gomes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.      >      Disponível AQUI.  

A sequência das quinze apresentações segue abaixo, e dois temas serão apresentados por vez. Para facilitar, disponibilizei os meus resumos dos capítulos, os quais devem servir apenas como forma de orientação (plágios dos mesmos não serão aceitos). Em caso de dúvidas, procure o professor pessoalmente ou escreva-lhe a partir do formulário de contato do blog. 


9. Os artistas

10. Os leprosos      
11. Os mercadores   
12. Os judeus 

13. As prostitutas   
14. Os santos  
15. Os bruxos

O Julgamento Mais Injusto da História

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Jesus perante Pilatos (1881), óleo sobre tela de Mihály Munkácsy (1844-1900).

Neste feriado da "Sexta-Feira Santa", vamos refletir sobre o processo judicial mais injusto da história. Tanto no processo judaico quanto no romano ocorreram ilegalidades ou irregularidades durante o julgamento de Jesus de Nazaré e que foram consideradas contrárias à ordem legal constituída à época. Analisemos parte a parte do processo: 

PRISÃO
- À noite
- A lei romana exigia acusação formal
- Jesus não foi citado por nenhuma conduta delituosa que tivesse previsão em lei 

INTERROGATÓRIO E JULGAMENTO
- Ausência de separação entre acusador e julgador (Caifás era julgador e também fez as acusações)
- Nenhum juiz poderia ser aceito se fosse inimigo do acusado
- Submissão a interrogatório preliminar baseado em violência e coerção física
- O julgamento não foi público, mas ocorreu na madrugada
- O Mishná, leis orais judaicas compiladas anos mais tarde, determinava que os processos nos quais se julgasse a vida de um homem deveriam desenvolver-se à luz do dia, não estar o réu algemado e que a sentença deveria ser pronunciada antes do pôr do sol. O Talmude (outro compilado de leis judaicas) estabelecia penas contra todo juiz que prendesse ou permitisse a prisão/condenação de um inocente
- Induzimento de Caifás para que os demais componentes do Sinédrio (tribunal judaico) acreditassem na culpa de Jesus
- Presença de falsos testemunhos que foram ignorados pelo Sinédrio, em ofensa às leis da época, uma vez que a pena para o falso testemunho era a mesma que deveria ser aplicada ao delito atribuído ao réu
- A lei judaica proibia a acusação mediante traição (como Judas fez com Jesus)
- Processo se desenvolveu em local diverso do espaço próprio do tribunal destinado ao juízo criminal
- Ausência de defesa em favor de Jesus
- Interpretação do seu silêncio em desfavor dele mesmo, com induzimento da resposta pelo julgador que a subverteu
- O crime de blasfêmia não foi provado segundo os ritos previstos na legislação hebraica
- A lei mosaica (judaica) proibia a indução nos questionamentos. Havia uma vedação a perguntas que condenassem
- A legislação hebraica estabelecia que, na existência de votação unânime (no caso de condenação), o resultado sempre seria de absolvição
- A lei judaica previa pena de morte por lapidação, jamais por crucificação
- Os membros do tribunal judaico, o Sinédrio, tinham que ser notificados oficialmente. No julgamento de Jesus eles foram convocados com urgência e no meio da noite. E só compareceram na casa de Caifás parte deles, cerca de um terço do total de 70 membros 

CONDENAÇÃO E EXECUÇÃO
- A lei judaica não permitia a condenação por morte no mesmo dia do julgamento
- Pela norma de votação do Sinédrio, o tribunal judaico, quando se votava pela condenação, os membros tinham que ir para casa e retornar só no outro dia, para o segundo veredito. Só assim, quando ocorresse uma segunda decisão de condenação, ela podia ser mantida, o que não foi feito
- Não existia sentença formal contra Jesus
- Alteração da acusação contra Jesus pelo Sinédrio perante Pilatos. de blasfemador para revolucionário, instigador de insurreição contra a autoridade de Roma, incitador de desobediência e pregador contra o pagamento de tributos, forçando assim Pilatos a examinar a acusação contra Jesus, já que lhe era proibido subtrair-se de apurar acusações de conspiração contra Roma
- Predisposição dos julgadores em condenar Jesus
- Contra a sentença, cabia recurso para um órgão superior (Roma, no caso), mas não houve tempo, já que a crucificação foi executada a seguir à condenação

Fonte: Criminalistas, professores e juristas entrevistados para a reportagem de A Gazeta de hoje (19/04/2019), e livros sobre o julgamento de Jesus publicados por alguns deles.

Doc. 'Escravidão Islâmica em África'

terça-feira, 16 de abril de 2019

Os Primeiros Mártires Cristãos

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Nesta semana em que os cristãos lembram os acontecimentos relativos à morte de Jesus de Nazaré, é oportuno também refletir sobre os primeiros martírios de seus seguidores.

Doc. 'A Próxima Guerra na China'

domingo, 14 de abril de 2019

Homo luzonensis

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Ossos e dentes (vide acima) de um suposto novo membro do nosso gênero foram descobertos na ilha de Luzón, nas Filipinas. Por isso, foi batizado de Homo luzonensis; ele teria vivido há 67 mil anos. Assim, a lista de membros que habitavam a Terra nesse período passa de cinco conhecidos (neandertais, denisovanos, hobbits de Flores, erectus e sapiens) para seis. 

Os hobbits de Flores desapareceram há 50 mil anos, exatamente quando o Homo sapiens chegou à Àsia. O luzonensis seria um descendente do erectus que chegaram ao que hoje é a China ou, segundo outra hipótese, tanto os hominídeos de Luzón quanto os de Flores seriam descendentes de um antepassado comum que surgiu na ilha de Sulawesi. 

Fonte: El País  

Doc. 'História da Democracia'

quarta-feira, 10 de abril de 2019

A Beleza de Uma Rua Despretensiosa

terça-feira, 9 de abril de 2019

Algumas cidades aprenderam que, ao se atualizarem, não precisam fazer tábula rasa do passado. A beleza do clássico e o arrojo da modernidade podem estar juntos.

"Muito do que é dito sobre a beleza e sobre sua importância em nossas vidas ignora a beleza mínima de uma rua despretensiosa, de um bom par de sapatos ou de um pedaço refinado de papel de presente; é como se essas coisas pertencessem a uma ordem de valor distinta da ordem de valor de uma igreja construída por Bramante ou de um soneto escrito por Shakespeare. Não obstante, essas beleza mínimas são muito mais importantes para nossa vida cotidiana do que as grandes obras que (se tivermos sorte) ocupam nossas horas de lazer; elas têm uma participação muito mais complexa em nossas decisões racionais. Fazem parte do contexto em que vivemos, e nosso desejo de harmonia, adequação e civilidade encontram nelas expressão e confirmação. Além disso, a beleza das grandes obras da arquitetura muitas vezes depende do contexto humilde que essas belezas inferiores viabilizam." 

SCRUTON, Roger. Beleza. Tradução de Hugo Langone. São Paulo: É Realizações, 2013, p. 20-21.

Entrevista de Hitler ao The Guardian

domingo, 7 de abril de 2019

Leia aqui a entrevista completa de Adolf Hitler concedeu ao jornal The Guardian, em 1923. 

#15Fatos A Cidadania na Cidade-Estado

sexta-feira, 5 de abril de 2019

1. A ideia de democracia, de participação popular nos destinos da coletividade, de soberania do povo, de liberdade do indivíduo, teve origem na Antiguidade greco-romana e inspirou os primeiros pensadores que se ocuparam do tema da cidadania Esses pensadores, no entanto, construíram uma imagem idealizada e falsa da cidadania antiga. 

2. No que diz respeito à cidadania, não houve um desenvolvimento progressivo que uniu o mundo contemporâneo ao antigo. A cidadania nos Estados-nacionais contemporâneos é um fenômeno singular na história. O mundo greco-romano se estruturava como cidades-estado, e não como os Estados-nacionais de nossa época. As cidades-estado diferiam-se muito entre si. A maioria delas abrigou apenas alguns milhares de habitantes, quase todos envolvidos com o meio rural. 
  
3. A história das cidades-estado circunscreve-se às margens do Mar Mediterrâneo. Nesse mar, entre os séculos IX e VIII a.C., desenvolveu-se um intenso intercâmbio de pessoas, bens e ideias. Os impérios guerreiros do oriente Médio buscavam o ferro, que então difundiu-se pelo Mediterrâneo, juntamente com a arquitetura em pedra, as construções monumentais, a fabricação de artigos de bronze, o uso de metais preciosos, a escrita alfabética e o cavalo de guerra.     

4. O crescimento demográfico foi visível em todo o Mediterrâneo, e gregos e fenícios fundaram colônias por toda a parte, levando consigo a cidade-estado, uma forma de organização social peculiar. As cidades-estado difundiram-se pela bacia mediterrânica a partir de seus núcleos originais (Grécia continental, Ásia Menor e Fenícia). Nos séculos seguintes, o Império Romano representou um modelo vitorioso, em contínua expansão, de um modo de organização da coletividade humana.   

5. O que era, precisamente, a "cidade-estado"? O termo referia-se, em primeiro lugar, a um território agrícola composto por uma ou mais planícies de variada extensão. Um fator primordial na história das cidades-estado foi o desenvolvimento da propriedade privada da terra. Os principais produtos eram o trigo, o azeite e o vinho. A apropriação da terra não era mediada nem por relações de linhagem e nem por palácios ou templos, como no Oriente Próximo.      

6. Em suma, as cidades-estado formavam "associações de proprietários privados de terra." Mas só membros da comunidade tinham acesso à terra. Os conflitos internos das cidades-estado foram intensos e crescentes, sendo resolvidos comunitariamente, por mecanismos públicos. Aí está a origem mais remota da política e do Estado (aqui entendido como a expressão da comunidade).      

7. O espaço público e o Estado primeiramente foram um espaço de poder, de decisão coletiva. Os conselhos de anciãos ou simplesmente de "cidadãos", assembleias com atribuições variadas, magistraturas e, posteriormente, tribunais. Foi o espaço de uma lei comum (norma escrita, fixa, publicizada e coletiva). O culto comum a divindades de cada cidade-estado, festividades coletivas, matrimônio geralmente endogâmico, direito de comerciar bens imóveis e móveis também eram abarcados pelo espaço público.    

8. Um exército comum garantia a defesa do território e sua expansão. O núcleo urbano da cidade-estado congregava o que era comum por excelência: os templos, a praça do mercado (também lugar de assembleia comunitária), o porto, as oficinas, as lojas e uma acrópole.  

9. A unidade das cidades-estado foi construída ao longo do tempo, a partir de populações sem unidade étnica ou racial. Assim, a identidade comunitária foi criada e recriada - cultos comuns, moeda cívica, língua, leis e costumes coletivos foram fundamentais nesse processo. Seus habitantes tendiam a apresentar-se como derivados de um ancestral comum, de uma divindade, herói ou grupo de famílias originárias.        

10. A cidadania antiga transmitia-se, idealmente, por vínculos de sangue. Entre os séculos VIII e V a.C., no entanto, muitas comunidades mostraram-se permeáveis à incorporação de estrangeiros. A cidadania podia ser conferida individualmente, em todas as épocas, como homenagem a um personagem importante ou retribuição a um favor prestado à coletividade.  

11. No século V a.C., Atenas fechou-se quase completamente - só eram cidadãos os filhos de pai e mãe atenienses. Roma, por outro lado, permaneceu mais aberta durante toda a sua história. Por exemplo, as cidades submetidas na Itália foram unidas a um amplo sistema de alianças e, depois (89 a.C.), receberam a plena cidadania. Internamente, os escravos libertos eram integrados ao corpo de cidadãos. 

12. Muitos habitantes do próprio território das cidades-estado participavam da sociedade com seu trabalho e recursos, mas não se integravam ao conjunto dos cidadãos. Cidades como Esparta, Atenas ou Roma abrigavam vasta população não-cidadã, tais como: 
1º) Estrangeiros domiciliados; 
2º) Grupos submetidos em bloco ao domínio e controle da comunidade cidadã (por exemplo, hilotas e periecos de Esparta). Ao contrário dos estrangeiros domiciliados, essas comunidades estavam em permanente conflito com a cidade-estado;
3º) Escravos. Eram regidos por regras privadas. Nas cidades mais ricas, formavam um terço ou mais da população.   

13. As disputas internas marcaram a história das cidades-estado. Os fatores que controlaram, nas cidades-estado antigas, o ritmo e a evolução de seus conflitos internos foram a concentração de riquezas e a participação no exército comunitário. As cidades-estado eram comunidades guerreiras, em luta permanente e, em sua maioria, controladas pela classe guerreira. A guerra era um fato cotidiano até a imposição da "paz romana".     

14. O desenvolvimento do comércio na bacia mediterrânica, sobretudo a partir do século VII a.C., o aparecimento da moeda e o consequente desenvolvimento dos núcleos urbanos rompeu o exclusivismo aristocrático e possibilitou a abertura do espaço político para camadas mais amplas da população. Além disso, a liberdade individual foi garantida aos membros da comunidade, leis escritas foram publicadas, o exército citadino foi reorganizado e a guerra passou a se basear no confronto entre formações cerradas de combatentes.  
  
15. Assim, essas cidades entraram no seu período clássico. Algumas transformaram-se em oligarquias, ao passo que outras desenvolveram, progressivamente, formas mais abertas de participação no poder - a democracia. A mais famosa de todas as democracias antigas, a ateniense, em grande parte deveu seu sucesso ao império formado após as guerras contra os persas. Foi em Roma, que deixou de ser uma cidade-estado ao unificar todas as cidades-estado e toda a bacia do Mediterrâneo, que a cidadania era mais aberta do que a regra geral.    
  
Bibliografia consultada: GUARINELLO, Norberto Luiz. Cidades-Estado na Antiguidade Clássica. In: PINSKY, Carla B. & PINSKY, Jaime (orgs.). História da Cidadania. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2005, p. 29-47.