“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Entrevista - O Integralismo

domingo, 12 de maio de 2013


Aventurei-me por novos mares. Há pouco mais de um mês, aceitei um gentil convite do apresentador Almir Bressan, da TV Ambiental. Qual o tema? O Integralismo brasileiro! 

Confira, abaixo, as três partes da entrevista:








Visitem o site da TV Ambiental.

Protestos do camponês eloquente

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Pintura de parede do túmulo de Sennedjem, um construtor de túmulos de Tebas no séc. XIII a.C (Império Novo). Ele e sua esposa Iyneferet são mostrados na vida após a morte. Estão a semear e a arar os campos do Paraíso. Sennedjem usa um chicote para conduzir as duas vacas malhadas que puxam o arado. Plantas de linho altos crescem atrás Iyneferet, que possui uma cesta de sementes, as quais lança no solo recém-arado. Abaixo, estão as palmeiras e outras árvores. 

Desta forma, fica claro que os egípcios mais favorecidos tinham a vida rural como um ideal para o Além. No entanto, a vida dos felás (camponeses) estava longe de ser perfeita. Eles sofriam com a exploração daqueles que só após a morte seriam vistos trabalhando com um arado.

***

O Primeiro Período Intermediário do Antigo Egito se iniciou em 2185 a.C. e compreendeu as VI, VII, VIII, IX, X e XI dinastias. Nessa época o poder esteve dividido e o país mergulhou na anarquia e na guerra civil. No entanto, no meio do caos os egípcios desenvolveram um conjunto de valores morais que exaltavam o indivíduo. Isso aparece de forma explícita no famoso papiro Protestos do camponês eloquente, da X dinastia. Trata-se da história de um pobre camponês que, despojado de seus bens por um rico latifundiário, reclama os seus direitos:


Não despojes de seu bem um pobre homem, fraco, como tu sabes. O que ele possui é o [próprio ar que respira] um homem sofredor, e aquele que o rouba corta-lhe a respiração. Tu foste designado para presidir audiências, para decidir entre dois homens e punir o bandido [mas], observa, és o defensor do ladrão que tu gostarias de ser. Confiou-se em ti, embora te tenhas tornado um transgressor. Tu foste designado para ser a barragem do sofredor, protegendo-o para que ele não se afogasse [mas], observa, tu és o lago que o engoliu.

Citado em BAKR, A. A. O Egito Faraônico. In: MOKHTAR, G. (coord.). A África Antiga. Tradução de Carlos H. Davidoff et. al. São Paulo: Ática; (Paris): UNESCO, 1983, p. 84. 


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* Crédito da imagem: Mitchell Teachers
* Os Protestos do camponês eloquente estão disponíveis na coletânea Doze textos egípcios do Império Médio, organizada por Telo Ferreira Canhão (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013). Compre-a AQUI.
* O 1º volume da tese de doutorado do Telo Canhão pode ser lido AQUI, e o 2º (fragmentado), AQUI.

Meu artigo na Alumni

sexta-feira, 3 de maio de 2013


Tenho imenso prazer em informar que o primeiro volume do Projeto Editorial Alumni - Relações de Poder: da Antiguidade ao Medievo / Relations of Power: from Antiquity to the Middle Ages está disponível para compra AQUI.


Na seção "História e Literatura Antiga" há um capítulo de minha autoria. Cliquem no título abaixo para baixá-lo:



Há ainda uma segunda parte: "História e a Literatura Medieval".

O empreendimento proporcionará um espaço permanente de divulgação de pesquisas para os pós-graduandos e recém-mestres e recém-doutores em âmbito nacional e internacional. Como puderam ver, a obra dispõe de uma ampla gama de textos em História e Literatura Antiga e Medieval. Neste volume, os autores debateram as relações de poder e o pensamento político em diversos contextos e recortes espaciais/temporais. O projeto é dirigido pelos mestres Carlos Eduardo da Costa Campos (CEHAM/UERJ) e Renan Marques Birro (CEHAM/UERJ), assim como pelas doutorandas Liliane Coelho (UFF) e Mariana Bonat Trevisan (UFF).

Meus parabéns à direção do Projeto Editorial Alumni. Estou feliz por oferecer mais essa singela contribuição à comunidade acadêmica.

Juventude, amizade e riqueza para os gregos

quinta-feira, 2 de maio de 2013

   Os jovens são propensos aos desejos passionais e inclinados a fazer o que desejam; são volúveis e rapidamente se fartam; são impulsivos, irritadiços e deixam-se arrastar pela ira. Deixam-se arrastar pela ira. Deixam-se dominar pela fogosidade, não suportam que os desprezem (...). Têm bom caráter, porque ainda não viram muitas maldades. São confiantes e otimistas. A maior parte deles vive de esperança; são fáceis de enganar, são corajosos, impulsivos (...) Amam seus amigos e companheiros porque gostam de conviver com outros (...) Em tudo pecam por excesso: amam em excesso, odeiam em excesso, acham que sabem tudo e são teimosos. Cometem injustiças por insolência, não por maldade... 

ARISTÓTELES (384-322 a.C.) 
Retórica, 1389a-1389b.

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   A riqueza proporciona, aos homens, amigos e honrarias, e está próxima do trono sublime tirania.
   Diante da riqueza, não mais se conhecem inimigos, e quem o foi, nega ter odiado.
   A riqueza se insinua livremente onde não é lícito e onde é lícito, enquanto o homem pobre sob nenhuma condição consegue alcançar o que deseja, ou sequer o encontra.
   Quem de corpo é feio de se ver e sem graça no falar, este o dinheiro faz sábio e de agradável aspecto.
   Só o rico é livre para adoecer, ou ficar são, e imunizar-se dos males.

SÓFOCLES (c. 497 a.C. - c. 406 a.C.)
Fragmento 85. 
In: Nauck, August. Tragicorum graecorum fragmenta. 2ª ed., Leipzig, 1899, pp. 148-149. Apud Thomson, George. Mercado e democracia na Grécia. In: Pinsky, Jaime. Modos de Produção na Antiguidade. 2ª ed. São Paulo: Global, 1984, pp. 194-195.


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A felicidade não consiste em adquirir coisas, mas na boa disposição da alma. Se uma alma foi bem educada, é semelhante alma e semelhante homem que devem ser chamados de 'felizes', não um homem provido de bens exteriores, mas que não vale nada por si mesmo. 

ARISTÓTELES (384-322 a.C.) 
Protéptico(Exortação, Προτρεπτικός), Prólogo.


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Imagem: Tetradracma de Atenas, séc. V a.C. O anverso traz um retrato de Palas Atena, deusa patrona da pólis.