“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

«Martinho Lutero, Um Destino»

domingo, 25 de dezembro de 2016

Baixe essa obra gratuitamente aqui.

Eis o último livro acadêmico que li em 2016. Trata-se do clássico de Lucien Febvre, um dos pais dos pais do Movimento dos Annales. Como sugeriu um de seus próximos, ninguém conhecia mais do universo mental europeu do século XVI do que esse grande historiador. 

Martinho Lutero, Um Destino, publicado originalmente em 1928, foi lançado no Brasil pela editora Três Estrelas, em 2012. Nessa obra, Lucien Febvre reconstituiu pormenorizadamente (mas com grande estilo e leveza) a trajetória do fervoroso monge agostiniano que, no encalço da verdadeira fé cristã, se insurgiu contra o papa e a Igreja Católica, sendo excomungado e, então, levado ao epicentro de sucessivas revoluções - religiosa, social e política. Na abrangente exposição de Febvre, a vida de Lutero se amarra à ao destino de uma época inteira: o século XVI alemão e europeu.

Referência: FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, Um Destino. Tradução de Dorothée de Bruchard. São Paulo: Três Estrelas, 2012.

As Origens Pagãs do Natal

O sincretismo entre Cristo e o deus Sol (Hélio) é claro em representações cristãs como nesse mosaico do séc. III. Abóbada do Mausoléu dos Júlios, Necrópole Vaticana, próximo ao túmulo de Pedro.

A palavra Natal vem do latim nativitas ("nascimento") porque no dia 25 de dezembro se celebrava a festa do nascimento do deus Sol Invicto, coincidindo com o solstício de inverno. Acreditava-se no renascimento do Sol após o solstício. A gradual defasagem no calendário e a passagem dos séculos fez com que, na atualidade, o solstício fosse antecipado para o dia 21 de dezembro.  

Durante a República, o Sol era um deus menor. No ano 10 a.C., Augusto mandou colocar um grande obelisco em honra ao Sol no Circo Máximo - atualmente ele está localizado na Piazza del Popolo -, evidenciando a importância que essa divindade começava a ter. Assim, na Roma imperial se celebrava a 25 de dezembro a festa do nascimento do Sol Invicto. Esse epíteto - "Invicto" - foi dado ao Sol no século II, pelo fato de esse astro ser imortal, uma vez que um dia após o outro enfrenta a morte para renascer no dia seguinte, espalhando assim sua luz ao mundo. Embora o imperador Aureliano tenha oficializado de forma definitiva o culto a esse deus em 274, seu culto possuía escassa importância no império, até que se assimilaram a ele outros deuses, como Elagabalus, Átis, Apolo ou Mitra. 

Foi dessa forma que o Sol Invicto se converteu no deus principal do Panteão romano e, posteriormente, no deus único (os demais deuses eram partes dele). No ano 350, o papa Júlio I estabeleceu o nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro, mostrando que Jesus seria o verdadeiro Sol Invicto. Coincidentemente, nessa mesma data se celebrava o nascimento do deus persa Mitra, muito popular entre os soldados romanos. 

Os adoradores do Sol também tinham uma festividade semanal: o dies solis (o "dia do Sol", o mesmo significado da palavra inglesa sunday). Coube a um conhecido adorador do deus Sol, o imperador Constantino, emitir um decreto dominical em 321. Constantino também presidiria o Concílio de Niceia em 325, quando ficou estabelecido oficialmente o dies solis como o dia de descanso dos cristãos. 

Recomendo também: O que se sabe do Natal, nascimento de Jesus

Lutero, um Reformador?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Quarto de Lutero no castelo de Wartburg, em Eisenach.

"Um reformador? Houve quem negasse esse título ao pai da Reforma, não sem certo fundamento. Um condutor de homens? Ele atendia, sem dúvida, ao chamado de seu Deus. No entanto, o que ele pedia, no íntimo, não era para conduzir, mas para ser conduzido, para ser guiado por Deus aonde Deus quisesse levá-lo, com a cega confiança da criança que caminha de mãos dadas com seu pai e vai sem vã curiosidade. Organizar? Legislar? Edificar? Para quê? Por que dar tanta importância a essas obras vãs? A Igreja, essa comunhão puramente espiritual, a Igreja invisível está presente onde quer que os verdadeiros crentes se encontrem, onde quer que manifestem sua fé. É isso que importa. O resto, recrutamento de ministros, constituição de grupos: questões destituídas de interesse. Por que defini-las para todo o sempre? Regulamentos provisórios são suficientes."

FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, Um Destino. Tradução de Dorothée de Bruchard. São Paulo: Três Estrelas, 2012, p. 192.

As Festas das Luzes

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016


Os dias 25/12 a 01/01 serão especiais para cristãos e judeus, por motivos diversos, naturalmente. Para os cristãos, a noite do dia 24 será especial por ser a noite de Natal, o nascimento de Jesus (nessa ocasião, o céu de Belém teria se iluminado). Os seguidores da primeira religião monoteísta do mundo, por sua vez, comemorarão a partir do pôr do sol desse dia a Chanucá.

"Em Chanucá, trazemos ao presente uma vitória de 2.200 anos contra a intolerância. Esta é uma festa muito alegre, em que comemoramos não apenas o reacendimento da menorá no Templo como também a vitória da liberdade religiosa, valor que continuamos prezando e defendendo com a mesma força de dois milênios atrás",  declarou o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Fernando Lottenberg.

Frederick Jackson Turner (1861-1932)

terça-feira, 20 de dezembro de 2016


Nascido em Portage, Wisconsin, EUA, Fredick J. Turner ficou famoso por seu ponto de vista de que 

"A história americana foi em grande parte a história da colonização do Oeste. A existência de uma área de terras devolutas, a recessão contínua e o avanço da colonização americana para o Oeste explicam o desenvolvimento americano." 
(The Significance of the Frontier in American History, em Reading Frederick Jackson Turner, p. 31). 

Além disso, ele desafiou os historiadores de sua época a considerar o significado das diferenças regionais na história americana; a se basear em um amplo conjunto de evidências e métodos de pesquisa; a reconhecer que os acontecimentos têm várias causas; e a investigar o passado à luz do presente. Essas ideias tornaram-se a marca de autenticidade da "nova história" de James Harvey Robinson, Carl Becker e Carl Beard e ainda hoje sobrevivem. 

No artigo citado acima, Turner defende que a verdadeira cidadania requer o estudo da história, uma vez que a história pode nos ajudar a compreender os eventos americanos contemporâneos. 

Nas décadas de 1930 e 1940, muitos historiadores descartaram a tese da fronteira como ineficiente para uma explicação global da história americana. Nos anos 1950 e 1960, contudo, ela foi parcialmente recuperada, e rejeitada novamente em meados dos anos 1980. Apesar disso, alguns dos seus mais acérrimos críticos acabaram por reconhecer o pioneirismo de certas afirmações do professor de Harvard.

Aproveito o ensejo para indicar um de seus escritos, O significado da História. Trata-se, nas palavras de Arthur Lima de Avila, "uma verdadeira referência para estudo da historiografia norte-americana dos séculos XIX e XX." 

Saiba mais: HUGHES-WARRINGTON, Marnie. 50 Grandes Pensadores da História. São Paulo: Contexto, 2002, p. 366-373.

O Outro Lado do Genocídio na Síria

domingo, 18 de dezembro de 2016

Pérola de Martin Luther King

sábado, 17 de dezembro de 2016

O Homem que Evitou a Guerra Nuclear

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Uma decisão cautelosa de Stanislav Petrov foi crucial para evitar a Terceira Guerra Mundial.

Responsável por reportar qualquer ataque ou possibilidade de ataque dos Estados Unidos à União Soviética no auge da Guerra Fria, certo dia Petrov recebeu um alerta desesperador. Era o ano de 1983 e o sistema de monitoramento soviético alertava para um ataque de mísseis vindo dos Estados Unidos na direção do país socialista.

Ao ser alertado, Stanislav Petrov deveria informar os seus superiores, que preparariam a retaliação ao ataque; isso provavelmente daria início a uma guerra nuclear mundial. Mas o militar soviético desconfiou e, em poucos minutos, tomou uma decisão que pode ter mudado o rumo da humanidade. Ele reportou o alerta como falso.

"Não acho que fiz algo extraordinário, eu era um homem que estava fazendo apenas seu trabalho da maneira correta. Não acho que fiz nada heroico, eu só estava no lugar certo, na hora certa", disse Stanislav Petrov.

O militar sabia de sua responsabilidade e "não queria ser o responsável pelo início da Terceira Guerra Mundial". Depois que reportou o ataque como falso, ainda viveu momentos de muita tensão até que, 15 minutos depois, veio a confirmação de que o sistema realmente havia falhado.

Depois do ocorrido, Stanislav Petrov não pôde contar a ninguém o que havia se passado em sua sala, uma vez que os militares soviéticos não queriam que ninguém soubesse do erro do sistema de monitoramento do país.

A história tornou-se conhecida pela imprensa, e Stanislav Petrov recebeu inúmeras homenagens pelo seu feito. Ainda assim, ele optou por minimizar o fato, mas admite: "Meus colegas de trabalho eram soldados profissionais. Eles só aprenderam a dar ordem e obedecer. Eles tiveram sorte que era eu quem estava monitorando o sistema naquele momento."

Fonte: BBC Brasil

Uma Palavra aos Professores

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Moça lendo em Itu. Óleo sobre tela de José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1889).

Meses atrás, tive a oportunidade de participar de um seminário de educação que teve o Dr. Leandro Karnal como o principal palestrante. Esse historiador e professor na Unicamp tem se destacado recentemente como escritor, colunista, comentarista e palestrante.

A palestra teve um título prolixo e ambicioso: Conhecimento, trabalho, e tempo no mundo contemporâneo. Logo no início da palestra, Karnal citou o Pe. Antônio Vieira, para o qual o professor é um semeador. Nessa linha, Rubem Alves declarou: "Eu vivo para semear algo que eu não vejo crescer." O professor é um plantador de carvalhos, e não de bambus. O bem ou mal que faz em sala de aula quase sempre não tem resultados imediatos, e isso deveria nos levar a uma séria reflexão.

O professor, que deve ser um indivíduo psicologicamente estável, precisa aprender com os próprios erros. Karnal declarou então algo que todo professor com um mínimo de experiência deveria admitir: "Hoje eu dou aulas melhores porque já dei aulas piores." Assim, a humildade é fundamental. Segundo a noção judaica, o professor é um estudante que nunca sai da escola.

É normal que os professores se revoltem contra a triste realidade do nosso país. A situação pode parecer desanimadora, mas nós temos uma grande ferramenta de mudança: "Se você tem ódio da corrupção, ensine - é a maior arma do professor" (Leandro Karnal). Contudo, ao ensinar, é fundamental ter foco, evitando o excesso de dados (no passado, a obtenção de dados era imprescindível; atualmente, importa mais a filtragem de dados válidos). 

A mudança é universal e eu não posso detê-la. Mudar é difícil, mas não mudar é fatal. Se o professor (ou qualquer outro profissional) não está aumentando, ele está diminuindo. O esforço para direcionar a mudança é o mais importante, e deve ser permanente.

Para quem trabalha com o espírito (como o professor), prazer e trabalho não se separam. "O magistério é uma vocação muito específica. O professor é um cruzamento entre um humanista e um especialista" (Karnal). Por isso, todos que se dedicam a ensinar deveriam ser ver no quadro de José Ferraz (acima), apresentado pelo Leandro Karnal em sua palestra. Segundo Francis Bacon, o conhecimento (que é a capacidade de assimilar, analisar e julgar) é poder.

Obama em frangalhos e Trump na Time

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016


Enquanto poucos aceitam enxergar o legado catastrófico de Obama e Hillary, Trump é escolhido como a personalidade do ano para a Revista Time. Ouçam o comentário de Carlos Andreazza na Jovem Pan.

Sobre a Reforma da Previdência

domingo, 11 de dezembro de 2016

Pérola de Ellen G. White

sábado, 10 de dezembro de 2016

Terra de Santa Cruz

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016


O Congresso Brasil Paralelo exibiu ontem o segundo episódio da série, Terra de Santa Cruz. Trata-se de um documentário imperdível, que aborda as nossas origens, nossos desafios e problemas.

Indicadores Sociais Cubanos

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016


 A Falácia dos Indicadores Sociais Cubanos, por Helio Gurovitz

A Revolução Cubana se gaba de ter, em cinco décadas de socialismo, reduzido em 90% a mortalidade e de ter erradicado o analfabetismo. Mas serão mesmo feitos tão notáveis? Em 1955, Cuba já ostentava alguns dos melhores indicadores sociais latino-americanos. Expectativa de vida: 64 anos, ante apenas 50 no continente (e perto dos 69 dos EUA). População adulta alfabetizada: 70%, ante 58% em toda a América Latina. De acordo com dados do Banco Mundial, entre 1963 e 2015, a mortalidade infantil caiu de 42 para 4 nascimentos por mil em Cuba. Pois, no Brasil, também caiu 88%, de 120 para 14,6. O verdadeiro fenômeno da América Latina no período foi o Chile, conhecido pelo capitalismo de orientação liberal. Reduziu a mortalidade infantil de 112 para 7 nascimentos por mil - ou 94%. Desde os anos 80, o Chile também fez o analfabetismo cair em dois terços, de 9% para menos de 3% da população adulta. 

In: Estadão

Pérola de Thomas Sowell

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Perfil de Monteiro Lobato

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016


"Individualidade polimorfa, versátil, vibrante, este me parece um representante do melhor tipo do Homo Americanus, essa variante do Homo sapiens que para si vai reivindicando papéis cada vez maiores na história da espécie. Pioneiro, desbravador, aventureiro, nada tinha ele do esteta contemplativo, do artista puro. Participante de todas as formas da vida moderna, seus livros nasciam como que acessoriamente nos intervalos de uma existência densa. As diretrizes que traçou, os caminhos que abriu estão-se revelando mais importantes do que os livros que escreveu, não obstante a crescente (e justa) popularidade destes últimos."

RÓNAI, Paulo. Encontros com o Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Batel, 2009, p. 203.

As Sórdidas Caricaturas dos Ditadores

domingo, 4 de dezembro de 2016

Clique na imagem para ampliá-la.


Há pouco mais de cinco anos, ouvi um comentário inesquecível do Arnaldo Jabor na CBN: CARAS DE DITADORES MUNDIAIS FAZEM ÁLBUM DE SÓRDIDAS CARICATURAS. Vale a pena voltar a ouvir esse áudio. Abaixo, seguem os nomes dos ditadores citados, e um resumo do que lhes aconteceu. Note que a queda ou morte de vários deles não significou uma melhora para os seus países, muito pelo contrário, infelizmente.

Hosni Mubarak: Foi derrubado em fevereiro de 2011, no contexto da Primavera Árabe. Contudo, a sorte do Egito praticamente não mudou, e uma Junta Militar governa o país. 

Bashar al-Assad: Com apoio da Rússia, resiste com unhas e dentes como ditador da Síria (ou de parte dela), um país mergulhado numa das piores guerras civis da atualidade. A crise é tão terrível que milhares de refugiados se lançam no Mar Mediterrâneo, com o sonho de chegar à Europa.

Hugo Chavez: Falecido em 2013, passou o "cetro" para Nicolás Maduro, que segue a mesma linha autoritária e repressiva do "Socialismo do Século XXI" do seu antecessor. Os venezuelanos sofrem com o desabastecimento, e muitos deles cruzam a fronteira em busca de alimentos no Brasil.

Fidel Castro: "El Coma Andante" faleceu no último dia 25 de novembro, e sua cerimônia fúnebre deverá terminar hoje. Seu irmão, contudo, assegura o predomínio dos Castro sobre a favela totalitária que é Cuba.  

Robert Mugabe (Zimbábue), de 92 anos, e Teodoro Mbasogo (Guiné Equatorial), de 74 anos, permanecem irredutíveis à frente de seus países. No Zimbábue, a esperança de vida ao nascer é de apenas 47 anos, e em Guiné Equatorial, um pouco mais de 50. 

Kim Jong-il: Faleceu em 2011, e o poder passou ao seu filho, Kim Jong-un. Consolidou-se, assim, a posição da dinastia Kim na "monarquia hereditária comunista" da Coreia do Norte. 

Muammar al-Gaddafi viu enfrentou uma guerra civil e acabou brutalmente assassinado no dia 20 de novembro de 2011. Desde então, a Líbia está mergulhada no caos político, econômico e social.

O Drama Humanitário dos Rohingya

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Nessa foto de 13 de junho de 2012, um muçulmano rohingya chora após seu bote ser interceptado pelas autoridades de fronteira em Teknaf, Bangladesh. Como milhares de outros muçulmanos da minoria rohingya, ele fugia da violência religiosa em seu país. Fonte: Wessex Scene

        Pobreza. Fundamentalismo religioso. Limpeza étnica. Refugiados à deriva no mar. Descaso internacional. O país? Myanmar. Myanmar ou Birmânia é um país de maioria budista do sul da Ásia. Foi integrante do Império Britânico até 1948 e, atualmente, é palco de abusos contra os direitos humanos que em nada ficam a dever aos que ocorrem na Síria e no Iraque.
      Originários do vizinho Bangladesh, os muçulmanos rohingya chegaram a Myanmar em duas levas, uma no século XVI, e outra no século XIX. Como minoria religiosa, linguística e étnica, passaram a ser marginalizados assim que seu país de adoção conquistou a independência, em 1948, e, principalmente, após o golpe militar de 1962.
     Em 1982, os rohingya perderam a cidadania birmanesa, tornando-se apátridas. Nessa condição, não têm quaisquer direitos civis reconhecidos - nem sequer direito a cuidados médicos ou à educação. Em 2012, uma sequência de surtos de violência sectária com a maioria budista do estado de Rakhine, no noroeste do país, produziu dezenas de mortos e 100 mil desabrigados.
      Desde então, as autoridades limitaram a liberdade de movimentos dos rohingya, confinando milhares em suas aldeias ou em campos de refugiados que mais parecem campos de concentração (atualmente existem 67 desses acampamentos). A segregação foi reforçada com leis para restringirem o número de filhos e os casamentos inter-religiosos. 
     A discriminação e o ódio contra os rohingya são fomentados pelo monge budista radical Ashin Wirathu, do grupo 969. Tal grupo busca a "pureza racial e religiosa" de Myanmar, e acusa os rohingya de serem os responsáveis por todos os problemas econômicos e pela decadência social e cultural do país. Como se nota, a sorte dos rohingya em Myanmar é semelhante à sorte dos judeus na Alemanha nazista.
      Wirathu já foi condenado a 25 anos de prisão por incitamento ao ódio religioso, mas em 2010 foi anistiado e solto pela junta militar que governa o país. Desde então, lidera o movimento 969, pregando abertamente a violência contra os muçulmanos. Com a desculpa de proteger o próprio povo, o monge defende a expulsão dos rohingya de Myanmar, ou mesmo seu extermínio, numa espécie de solução final. Assim, não é de se admirar que a Organização das Nações Unidas (ONU) considere os rohingya a minoria étnica mais reprimida do mundo.
     Longe dos holofotes internacionais, o drama dos rohingya tem se agravado rapidamente. Dias atrás, um alto comissário das Nações Unidas para os refugiados declarou que as forças armadas birmanesas estão atacando pessoas dessa minoria étnica, intensificando a fuga da comunidade para o país de seus antepassados, Bangladesh. Além disso, estupros foram cometidos e, segundo imagens de satélite, 1250 habitações dos rohingya no estado de Rakhine foram destruídas.
      O mais elevado princípio budista é o de não matar seres vivos. Apesar disso, muitos budistas cometem as atrocidades acima descritas contra os muçulmanos birmaneses. A líder do governo do país é a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. Mas ela não só recusou uma investigação isenta por parte de observadores internacionais, como desqualificou as acusações como parte de uma campanha de desinformação perpetrada por "terroristas". 
    Infelizmente, a intolerância, a brutalidade e a hipocrisia constituem um mal universal e atemporal. 

Publicado no jornal A Tribuna de hoje.

Diagnóstico do Ensino Médio Brasileiro

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016


Trata-se de uma excelente série da Tv Cultura, exibida entre as 20h30 e as 21h. Acima está o vídeo do primeiro episódio. Os episódios seguintes podem ser facilmente encontrados no YouTube.

Infância e Juventude de Martinho Lutero

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Retrato de Lutero como um frade agostiniano, c. 1523-24. Obra de Lucas Cranach, o Velho. Germanisches Nationalmuseum, Nuremberg, Alemanha.

"Para começar, o doloroso quadro de uma infância sem amor, alegria ou beleza. Lutero nasceu, provavelmente em 1483, (...) na pequena cidade de Eisleben, na Turíngia, à qual retornaria para morrer, 63 anos mais tarde. Seus pais eram pobres: o pai, mineiro, duro consigo mesmo, rude com os outros; a mãe, dona de casa exausta, como que aniquilada por seu trabalho excessivamente pesado - serviu, quando muito, para encher de preconceitos e superstições medrosas o cérebro de uma criança bastante impressionável." Quanto à educação elementar, consta que o menino foi alfabetizado, aprendeu orações e um pouco de latim "sob a férula de mestres incultos." (p. 28) 

Aos catorze anos, Martinho Lutero buscou escolas mais versadas junto aos Irmãos da Vida Comum, em Magdeburgo. Nesta grande cidade ele foi obrigado a mendigar o pão. Assim, sem opções, retornou à casa paterna transcorrido apenas um ano. 

Em seguida, Lutero rumou para Eisenach, onde tinha alguns parentes. Negligenciado por eles, foi assistido por algumas almas caridosas. Após quatro anos, partiu por ordem do pai para Erfurt, onde havia uma universidade próspera. Lá estudou na Faculdade de Artes, tornando-se bacharel em 1502 e mestre em 1505. Sucederam-se rapidamente, "enfermidades graves, um acidente sangrento, o pavor espalhado por uma peste mortífera, o abalo, enfim, de um relâmpago que por pouco não matou Lutero entre Erfurt e a aldeia de Stotternheim". Tais acontecimentos levaram-no a desistir dos estudos seculares e a bater à porta dos agostinianos de Erfurt. 

Fonte: FEBVRE, Lucien. Martinho Lutero, Um Destino. Tradução de Dorothée de Bruchard. São Paulo: Três Estrelas, 2012, pp. 28-29.

Hiperinflação na Alemanha, 1923

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Siga no Twitter: @HistoryInPix

No início dos anos 1920, o dinheiro em circulação na Alemanha estava tão desvalorizado que uma senhora usa um monte de cédulas para acender um fogão a lenha. Essa profunda crise econômica, associada à deterioração das condições sociais e políticas, minaria a República de Weimar. Esse contexto terrível, portanto, constituiu O Ovo da Serpente (1977) do nazismo.

100 Anos do Samba

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Limpeza Étnica em Myanmar

domingo, 27 de novembro de 2016

Os rohinghya são considerados apátridas em seu próprio país.

Há quase um ano e meio, divulguei aqui que Myanmar, país do sul da Ásia, estava à beira de um genocídio. De lá para cá, infelizmente, as coisas só pioraram. Dias atrás um representante do Alto Comissariado para Refugiados da ONU denunciou que as forças armadas do país estão a matar membros da minoria rohinghya, forçando-os a fugirem para o vizinho Bangladesh (fonte: DN). A perseguição inclui a destruição de casas da minoria étnica - mais de mil delas foram destruídas, sendo o portal português sapo.

Morre Fidel Castro (1926-2016)

sábado, 26 de novembro de 2016


Nessa altura, todos já estão sabendo que morreu "el coma andante" (a expressão é de Rodrigo Constantino). Assim, só nos resta analisar um pouco da repercussão da morte desse ditador sanguinário. O tweet acima é da blogueira Yoani Sánchez, uma das mais ferrenhas opositoras do regime dos irmãos Castro.  

Antes de dois tweets jocosos (dentre muitos outros que pipocaram hoje), é importante lembrar que o próprio Fidel não perdeu o humor negro, mesmo após governar sua favela totalitária por quase meio século. Sim, lembro-me muito bem de que quando, finalmente obrigado a se "aposentar" devido a uma doença, ele alegou não estar mais "apegado" ao poder... Para a maioria esmagadora dos cubanos, que sofre para ter o pão nosso de cada dia, a opressão socialista não tem a menor graça.



A Derrota Moral do Nazismo

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Hitler pretendia usar as Olimpíadas para provar a superioridade ariana. Não contava com o negro Jesse Owens (1913-1980).

A primeira grande derrota de Adolf Hitler ocorreu três anos antes do começo da Segunda Guerra. Um homem, sozinho, foi o herói desse confronto, que deveria ser, para os nazistas, a demonstração cabal da superioridade ariana. Negro, americano do Alabama, sétimo filho de uma família de colhedores de algodão e neto de escravos, Jesse Owens bateu quatro recordes olímpicos. 

Os Jogos Olímpicos de 1936 foram inaugurados, em 1º de agosto, pelo próprio Hitler, em Berlim. E o Führer percebeu seu imenso potencial como arma de propaganda: o evento foi meticulosamente organizado como um meio de mostrar ao mundo as maravilhas da Alemanha. 

Para desgosto de Hitler, Owens venceu nos 100 m, em 3 de agosto, e nos 200 m rasos, no revezamento 4 x 100 m e no salto em distância. Nessa última modalidade, a vitória foi sobre o alemão Lutz Long. 

Ao longo de sua carreira, Jesse Owens bateu oito recordes mundiais em diversas modalidades, mas nunca superou o estigma de negro e pobre, discriminado em seu próprio país. Certa vez, desabafou: "Quando voltei de Berlim, continuei não podendo entrar pela porta da frente dos ônibus e continuei não podendo morar onde eu quisesse. Também não pude fazer publicidade de alcance nacional porque não seria aceito no Sul. Hitler não me cumprimentou, mas também não fui convidado para ir à Casa Branca receber os cumprimentos do presidente do meu país." 

Texto completo em: Acervo de O Globo.  

O Sistema Eleitoral Americano

quarta-feira, 23 de novembro de 2016


Como se sabe, nos Estados Unidos as eleições não são diretas. Assim, vence a disputa o candidato que conquista pelo menos 270 delegados no Colégio Eleitoral. Isso explica por que, nas eleições deste ano, Hillary Clinton, embora tenha vencido no voto popular, não foi eleita presidente do país (clique na imagem acima). 

Entenda melhor o sistema eleitoral estadunidense no site da BBC Brasil.

Congresso Brasil Paralelo

terça-feira, 22 de novembro de 2016


O Congresso Brasil Paralelo será 100% online e começará no dia 07 de dezembro. 

O evento contará com mais de sessenta participantes. Até hoje, mais de 45 mil se inscreveram para assisti-lo.

Bruno Garschagen, Ives Gandra, Luiz Felipe Pondé, Miguel Nagib, Paulo Eduardo Martins, Rodrigo Constantino estão entre os influenciadores entrevistados.

A inscrição é gratuita e pode ser feita aqui

A Segunda Fundação do Império Persa

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A linha vermelha mostra a extensão máxima do Império Persa.

"Ciro II foi morto numa tentativa de conquistar os masságetas, uma horda de pastores nômades de língua iraniana a leste do Mar Cáspio, mas esse revés não fez terminar o empreendimento de construção de império pelos persas. Em 525 a.C., Cambises, filho e sucessor de Ciro II, conquistou e anexou o Egito. 

Cambises morreu então misteriosamente e foi sucedido por um imperador que afirmava ser Smerdis (Bardiya), irmão de Cambises. Smerdis, genuíno ou falso, foi então assassinado por Dario I, representante de um ramo diferente da Casa dos Aquemênidas. Esse extermínio do último imperador que pretendia ser filho de Ciro II foi os sinal para uma revolta amplamente difundida nas províncias a leste do Rio Eufrates (tanto o Egito como a Lídia não tomaram parte). Os rebeldes mais resolutos foram os babilônios, medas, armênios (ocupantes recentes da parte ocidental do antigo Reino de Uratu) e, surpreendentemente, também os clãs do próprio povo persa, localizados na parte mais oriental. 

Dario, em sua inscrição gravada na rocha no Beistão, na estrada da Babilônia para o nordeste, afirma haver suprimido todas essas insurreições num único ano (522 a.C.). (...) A notável vitória de Dario (...) deveu-se, em grande parte, a um desejo quase universal de paz e segurança entre os povos que haviam sido afligidos pelos assírios e nômades. 

Dario I foi o segundo fundador do Primeiro Império Persa e também o expandiu. No nordeste, subjugou os nômades masságetas, que haviam derrotado e morto Ciro II. A leste, conquistou e anexou abacia do Indo. A noroeste, conquistou e anexou uma ampla cabeça-de-ponte no lado europeu do Dardanelos. Esta se estendia da margem sul do curso inferior do Rio Danúbio para o sudoeste, até o Monte Olimpo.

Estas aquisições europeias foram o subproduto incidental de uma arrojada campanha contra os nômades citas, na estepe a norte do Mar Negro (aqui, Dario I escapou por pouco ao destino de Ciro II). Em 490 a.C., uma força expedicionária enviada por Dario, por mar, à Grécia europeia, sofreu um revés significativo. No todo, porém, Dario I foi um construtor de império tão bem sucedido quanto o fora Ciro II. Quando da morte de Dario I, em 486 a.C., o Primeiro Império Persa estendia-se, de leste a oeste, do Beas, tributário do Indo, ao sopé oriental do Monte Pindo; de norte a sul, estendia-se do sopé meridional das Montanhas do Cáucaso à base setentrional da Primeira Catarata do Rio Nilo. Foi esse o maior de todos os impérios que já haviam sido reunidos, e também o menos opressivo." 

TOYNBEE, Arnold. A Humanidade e a Mãe-Terra - Uma História Narrativa do Mundo. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987, pp. 215-216.

Pérola do Leandro Karnal

domingo, 20 de novembro de 2016

Reflexão de Fim de Ano

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Medo da Globalização

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Obama durante a entrevista coletiva em Atenas, Grécia.

Na Grécia, em sua última visita oficial à Europa, o presidente norte-americano Barack Obama aconselhou os líderes mundiais a se preocuparem mais com o medo das pessoas em relação à desigualdade e ao deslocamento econômico dentro do contexto da globalização. Em uma entrevista coletiva concedida na capital grega, Atenas, Obama afirmou que a importância desse debate foi uma das lições que aprendeu com a disputa eleitoral americana deste ano. Segundo ele, esse temor também estaria relacionado ao 'Brexit'. 

In: G1

«A Formação da Cristandade»

segunda-feira, 14 de novembro de 2016


O historiador galês Christopher Dawson (1889-1970) dedicou sua longa e aclamada carreira principalmente ao estudo da história da religião. Suas pesquisas são marcadas por um diálogo interdisciplinar com a antropologia, a sociologia, a filosofia, a teologia e a literatura. 

A Formação da Cristandade foi lançada em 1967, dois anos após A Divisão da Cristandade. Essas obras são o legado das aulas que o autor ministrou entre 1958 e 1962, na Universidade de Havard, nos Estados Unidos. Sem negligenciar os aspectos políticos e econômicos, Christopher Dawson abordou a história a partir de um prisma cultural. Como em todos os demais trabalhos do autor, a religião é vista nesses livros como o elemento dinâmico da cultura. Na sua ótica, o mundo é dividido em duas esferas religiosas: três grandes religiões predominam no Oriente (confucionismo, bramanismo e budismo), e três no Ocidente (judaísmo, cristianismo e islamismo).

A Formação da Cristandade delineia as origens do mundo cristão desde as raízes judaicas e helenísticas até o colapso da cristandade medieval. A obra é dividida em três partes. Os objetivos e os fundamentos teóricos do estudo são apresentados na primeira. A segunda narra os primórdios da cultura cristã na Antiguidade. "No caso do catolicismo, todavia, cada sucessiva era da Igreja manifesta um aspecto diferente da catolicidade e, poderíamos dizer, uma forma diferente de cultura católica" (p. 97). O ponto alto do livro está na parte final, que trata da formação, desenvolvimento e declínio da cristandade na Idade Média. No epílogo, o autor discute o ideal de sociedade espiritual universal defendido pela cristandade, apontando questões de grande importância histórica para todos os que desejam entender os primeiros séculos do cristianismo.

A edição da É Realizações tem prós e contras. O principal aspecto negativo, ao meu ver, são os longos prolegômenos: o leitor precisa romper mais de 80 páginas de apresentações, notas e prefácio antes de ter contato com o texto do próprio Dawson. Por outro lado, foi realizado um trabalho sério e deveras completo de tradução e notas. 

Embora Dawson seja aclamado pela erudição, clareza e moderação, eu tenho as minhas ressalvas com relação à intencionalidade que subjaz o seu texto, qual seja, um declarado comprometimento com o ecumenismo. Isso transparece já no início da obra, e fica claro no posfácio, escrito por Alex Catharino (que se esforça para matizar o engajamento ecumênico de Dawson... debalde). Nesse encerramento do livro, são citados dois trechos de uma entrevista concedida pelo historiador em 1961. Na primeira citação, Dawson destaca que os católicos devem aprender com os protestantes a terem uma maior familiaridade com a Bíblia e um maior senso de responsabilidade social. Por outro lado, os protestantes "podem" aprender com os católicos "que a verdadeira Igreja deve necessariamente ser universal e internacional" (p. 423). 

Obviamente, isso não desqualifica a obra, que é rica em informações históricas, e muito bem escrita. Contudo, é de se lamentar que um historiador de tamanha envergadura abra mão da objetividade em seus escritos.

Fugindo das Leis Trabalhistas

domingo, 13 de novembro de 2016

O governo oferece a carteira de trabalho, mas o sonho de muitos assalariados é o green card...

Uma das maiores preocupações com Donald Trump é que ele barre a imigração de estrangeiros e deporte os imigrantes ilegais que trabalham nos Estados Unidos. 

Curiosamente, poucos questionam por que imigrantes latinos preferem arriscar a vida emigrando para os EUA, onde trabalham ilegalmente sem nenhum direito, a permanecerem em seus países, nos quais são agraciados com leis trabalhistas amorosas criadas por políticos protetores. 

Por que, afinal, países com "melhores" leis trabalhistas exportam trabalhadores? 

Saiba a resposta no site de Veja ou baixe-a aqui.  

A Importância do Preparo

sábado, 12 de novembro de 2016

Espantalho Evolucionista há 60 Anos

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Uma mentira sessentona...

A representação artística da suposta macroevolução humana tem sido divulgada à exaustão há várias décadas. Assim, para muitos ela é uma verdade absoluta e inquestionável (a semelhança de um dogma religioso). 

É justamente por isso que são tão importantes as revelações do paleantropólogo Tim White. Segundo ele, "a representação unilinear da evolução humana popularizada pela iconografia familiar de uma 'marcha evolutiva para o homem moderno' foi provada errada há mais de 60 anos. No entanto, o desenho continua a fornecer um espantalho popular igualmente para cientistas, escritores e editores" (Tim White, “Paleoanthropology: Five’s a Crowd in Our Family Tree”, in: Current Biology, feb. 2013; citado em Desafiando a Nomenklatura Científica).

Outro estudioso que questiona as convicções sobre a evolução humana é Ronny Nalin, Ph.D. em Ciências da Terra pela Universidade de Pádua, na Itália. Por exemplo, segundo ele "a evidência fóssil utilizada como argumento em favor de uma relação evolutiva entre o gênero Homo e outras formas extintas de hominídeos está longe de ser convincente e continua sem solução, especialmente à luz de um registro fóssil ainda incompleto do hominídeo do Plioceno". Saiba mais ao ler o artigo De onde vêm os seres humanos?.

Brexit, 'No' e Trump

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Trump é o mais novo integrante do grupo dos republicanos que governaram a nação mais poderosa do planeta. 

É surpreendente como importantes resultados eleitorais deste ano destroçaram as sondagens e as expectativas da grande mídia. Refiro-me ao "sim" da população britânica ao Brexit, ao "não" da população colombiana ao acordo de paz com as FARC e, finalmente, a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos (assista a um de seus discursos aqui). 

Refletindo sobre o significado dessas votações, anteontem Marcelo Faria fez o seguinte post no Facebook:

Vocês esqueceram de fazer jornalismo para fazer campanha declarada em prol do Reino Unido se manter atrelado ao monstro burocrático que se tornou a União Europeia. Chamaram milhões de trabalhadores e pobres de xenófobos, disseram que era um absurdo o interior decidir algo tão importante, avisaram que seria o apocalipse na terra se o Brexit vencesse.
Perderam. O Reino Unido – se o establishment deixar – sairá da União Europeia. E está melhor do que nunca com isso.

Vocês esqueceram de fazer jornalismo para fazer campanha declarada em prol de um acordo do estado da Colômbia com as FARC, um grupo marxista terrorista que sequestrou e matou milhares de pessoas, acordo este que incluía cotas para terroristas na Câmara e no Senado colombianos, e taxaram aqueles contrários a esse acordo de intolerantes e contrários a paz.
Perderam. A Colômbia não quer terroristas no Congresso.

Vocês esqueceram de fazer jornalismo para fazer uma campanha ainda mais declarada e totalmente tendenciosa em prol de Hillary Clinton, apostando todas as fichas na eleição de uma das políticas mais corruptas da história dos Estados Unidos. Chamaram milhões de trabalhadores de brancos ignorantes, caipiras, burros, xenófobos, racistas, homofóbicos, machistas e toda sorte de invenção possível para elevar Hillary Clinton a um pedestal de santa enquanto Donald Trump era o demônio.
Perderam. Trump será o presidente, os republicanos terão a Câmara e o Senado. E elegerão a nova Suprema Corte.

Deixa eu contar algo pra vocês: a grande maioria das pessoas está pouco se lixando pra esse mimimi politicamente correto que vocês estampam a cada mínima coisa que alguém – que não seja de esquerda – faz que seja politicamente “incorreta”. As pessoas querem trabalhar, ter sua casa, seu carro, viajar, ver os filhos vivendo bem, envelhecer bem, enfim, ter uma boa vida. Mas fica difícil enxergar isso quando vocês só estão preocupados em procurar racismo, machismo, homofobia, xenofobia e similares em qualquer mínima coisa do dia a dia.

O resultado disso? Jornais fechando ou com queda nas tiragens por todo o mundo, mídia sendo cada vez mais contestada – graças às redes sociais, que vocês não controlam – e o povo fazendo nas urnas exatamente o contrário do que vocês passam meses defendendo de forma tão acintosa que chega a ser ridícula. Como disse um comentarista da americana NBC, fazendo um mea culpa ao vivo, vocês não estão ouvindo o que as pessoas estão falando, vocês estão tentando impor a elas o que elas devem falar.

A era da grande mídia como quarto poder está chegando ao fim. E se vocês não mudarem, jogando no lixo esse esquerdismo militante e entendendo que há liberais, conservadores e diversos outros pontos de vista na sociedade que devem ser ouvidos, serão extintos juntos com essa era.

THE NEWS WILL BE GREAT AGAIN. E cada vez dependerão menos de vocês.

Coruja Sherlock 2016

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Pérola de Reagan

terça-feira, 8 de novembro de 2016

As Origens da Inquisição

domingo, 6 de novembro de 2016

Gregório IX, pontífice romano entre 1227 e 1241. 

O movimento cátaro, nos séculos XII e XIII, tornou-se uma séria ameaça ao catolicismo. Os cátaros viam o Deus dos católicos como uma força do mal e a própria Igreja como a criação de Satanás. 

Até a ascensão do catarismo na Europa Ocidental, a Igreja via a repressão da heresia como parte do dever do Estado. Contudo, ela mesma se mostrava avessa a medidas extremas. Ainda que governantes ou bispos, isoladamente, tenham executado hereges desde o século XI (mesmo antes, na verdade), a Igreja não concedeu sanção oficial à aplicação da pena capital. No entanto, assim que a Igreja conclamou uma cruzada contra os infiéis estrangeiros, em fins do século XI, pareceu incoerente condenar o uso da espada contra hereges domésticos, sobretudo diante de uma heresia tão radicalmente subversiva quanto a cátara. Deste modo, a cruzada contra os albigenses foi declarada em 1208.

O papa Inocêncio III (1160-1216), influenciado pelo direito romano, equiparou a heresia ao crime de alta traição (laesae majestatis), para o qual a pena era de morte. Todavia, repentinamente suspendeu tal pena e decretou somente o exílio e o confisco de bens. Mas, se a Igreja procurava resistir a medidas mais drásticas, o mesmo não se poder dizer do poder civil: Frederico II da Germânia (1194-1250) tornou a heresia punível de incineração em 1224. 

O papa Gregório IX (1160-1241), que não estava disposto a deixar com o poder civil a questão dos hereges, designou delegados especiais para tal propósito em 1231. Esta decisão assinala a criação oficial da Inquisição. Com o tempo, os inquisidores iriam "refinar" seus procedimentos, sob a influência do direito romano. Assim, em 1251, adotaram o uso da tortura.

Bibliografia consultada: DAWSON, Christopher. A Formação da Cristandade - Das Origens na Tradição Judaico-Cristã à Ascensão e Queda da Unidade Medieval. São Paulo: É Realizações, 2014, pp. 323-326.