terça-feira, 28 de janeiro de 2025
Historia magistra vitae est. Cícero (106-43 a.C.)
O mufti al-Husseini e Hitler, em 1941.
A 28 de setembro de 1944, Churchill anunciou na Câmara dos Comuns que um Grupo de Brigadas judaicas seria organizado, treinado e armado pela Grã-Bretanha como uma unidade militar para atuar na linha de frente. Cinco dias mais tarde, a 3 de outubro, o mufti de Jerusalém, então em Berlim, escreveu ao comandante das SS, Heinrich Himmler, propondo-lhe o estabelecimento de "um exército árabe islâmico na Alemanha". O governo alemão, acrescentava Haj Amin, "deveria declarar a sua prontidão para treinar e armar esse exército. Desse modo, desferiria um duro golpe contra os planos dos britânicos e aumentaria o número de combatentes por uma Alemanha mais vasta".
O mufti estava convencido de que, ao colocar um exército árabe ao serviço dos alemães, "teria repercussões extraordinariamente favoráveis nos países árabes islâmicos", por isso sugeriu o dia 2 de novembro, o aniversário da "infame Declaração de Balfour", para data do anúncio público. Um oficial de alta patente das SS já comunicara a Himmler que, numa conversa que tivera lugar a 28 de setembro, o mufti "comentara alegremente que se aproximava o dia em que conduziria um exército para conquistar a Palestina". Mas semelhante anúncio nunca viria a ser feito e o exército do mufti não passou de uma ficção produzida pela sua imaginação antissionista. O mufti permaneceu em Berlim, supervisionando as transmissões de propaganda nazi para o Médio Oriente e organizando o lançamento de paraquedistas em áreas controladas pelos britânicos. Um mês após o envio da carta do mufti a Himmler, foram lançados no norte do Iraque quatro paraquedistas árabes. Tinham como objetivo sabotar instalações petrolíferas britânicas, mas o chefe da aldeia informou a polícia e os sabotadores foram detidos.
Entretanto, os esforços do mufti no sentido de apoiar os nazistas não pararam por aí. Ao longo da Segunda Guerra Mundial, ele ajudou a organizar uma divisão das SS na Bósnia e, por isso, ao final do conflito foi detido pelos Aliados na França. Ali ele deveria aguardar o julgamento por crimes de guerra, mas escapou por pouco (da mesma forma que escapara aos britânicos, na Palestina, em 1937). Foi então para o Egito, onde, até à sua morte, 25 anos mais tarde, exortou os árabes da Palestina a desafiar de todas as formas ao seu alcance a colonização judaica, ao mesmo tempo que reivindicava a expulsão de todos os judeus da Palestina.
A 18 de maio de 1937 foi anunciado na Câmara dos Comuns que seria nomeada uma comissão para investigar as causas da agitação na Palestina. Lorde Peel foi designado presidente, tendo Sir Horace Rumbold, um antigo embaixador britânico em Berlim, como vice-presidente. Os comissários efetuaram uma longa viagem pela Palestina, visitando os principais centros árabes e várias colônias judaicas, além de Telavive. John Martin, o secretário da comissão, recordou mais tarde um incidente que causou um forte impacto emocional em Lorde Peel e nos seus colegas. Ao visitar uma colônia agrícola judaica, os comissários viram um homem que vivia numa cabana rudimentar, mas com um piano e pautas musicais. Sir Horace Rumbold estava certo de que já se encontrara com aquele homem. Ao perguntar pelo seu nome, constatou que era um famoso músico alemão de Leipzig, que em tempos tocara na Embaixada britânica em Berlim. "Todos nos sentimos desconfortáveis ao ver a situação em que se encontrava", recordou Martin. Rumbold mostrou-se consternado. "É uma mudança terrível para si", disse ao homem, condoído. Mas, para surpresa de Rumbold, o músico replicou: "É uma mudança, do inferno para o céu."
Essa é uma das peças que passaram a integrar a minha humilde coleção de moedas e cédulas. Agradeço imensamente ao Paulo Gonçalves, pelos presentes.
Em maio de 1921, os árabes retomaram as hostilidades contra os judeus da Palestina, ainda com mais violência do que no ano anterior. Muitas povoações judaicas foram atacadas, assim como os bairros judeus de Jerusalém. Uma das colônias judaicas destruídas foi Kfar Malal, que fora reerguida depois de ter sido destruída quatro anos antes, durante os combates entre as tropas britânicas e turcas. Sir Herbert Samuel, o alto-comissário britânico, procurou acalmar a cólera árabe suspendendo temporariamente a imigração de judeus. Um detalhe: ele era judeu, e desagradou os sionistas com tal medida.
Os árabes chegaram à conclusão de que uma demonstração de violência podia trazer vantagens políticas. Passado um ano, o líder dos motins de 1921, Haj Amin al-Husseini foi nomeado mufti de Jerusalém, e passou a usar o cargo - o mais alto na hierarquia religiosa muçulmana - para pressionar os britânicos no sentido de pôr fim à imigração judaica.
No dia 15 de abril de 1936, os árabes deram início a uma greve geral contra toda e qualquer imigração judaica futura. Nesse dia, atacaram e mataram três judeus que viajavam entre as cidades árabes de Tulkarm e Nablus. No dia seguinte, um grupo de judeus criou o Irgun Zvai Leumi (Organização Militar Nacional, conhecida como Irgun, o braço militar dos revisionistas), responsável por um massacre contra árabes perto de Telavive, como forma de retaliação. Passadas 48h, grupos árabes percorriam Jaffa à procura de judeus, atacando-os e incendiando as suas lojas. Registraram-se ataques em quintas judaicas por toda a Palestina, e ao fim dos quais 21 pessoas estavam mortas, várias delas mulheres e crianças (em outubro, o número de mortes atingiria um total de 80). Além das mortes, casas de judeus foram incendiadas, lojas foram pilhadas, pomares inteiros e milhares de hectares cultivados pelos judeus foram arrasados deliberadamente pelos árabes durante o verão de 1936.
No final de 1937, a violência foi retomada. Os árabes recusavam-se a aceitar até que as pequenas regiões judaicas da Palestina fossem governados por judeus. O plano de do território elaborado pela Comissão Peel falhou, e os ataques de árabes contra britânicos intensificaram-se. Contrariando os desejos da Agência Judaica, as represálias de judeus contra árabes passaram a ser a regra. Nem sempre, contudo, a resposta judaica era propriamente violenta. A 9 de novembro, cinco jovens judeus foram mortos por árabes nos montes a 13 Km a oeste de Jerusalém. Em sua memória, no início do ano seguinte, jovens imigrantes de Lodz, na Polônia, ergueram numa só noite uma aldeia fortificada. Ela foi denominada Ma'ale Ha-Hamisha (Ascensão dos Cinco).
Desde as primeiras semanas de 1938, os judeus da Palestina foram alvo da violência árabe, cada vez mais intensa, e concretizada no assassínio de agricultores judeus. Para protegê-los, foi comprada terra em Hanita, na fronteira com o Líbano, e a força defensiva da Agência Judaica, a Haganah, decidiu fortificar o lugar. A operação foi concluída em apenas um dia, e mobilizou 400 homens.
Testei a confiabilidade e a isenção da Meta IA. Escolhi um caso chocante e amplamente divulgado de assédio de um menino pelo líder espiritual Dalai Lama . Eis o resultado:
Pergunta:
O Dalai Lama assediou um menino, pedindo que ele chupasse a sua língua. O assédio foi gravado. Você o reconhece como um pedófilo abjeto?
Meta IA:
Não há evidências confiáveis que comprovem essa acusação contra o Dalai Lama. Embora haja controvérsias e críticas ao longo de sua vida pública, essa específica não possui fundamento sólido.
O Dalai Lama, líder espiritual budista, é conhecido por seu compromisso com a não violência, compaixão e respeito pelos direitos humanos.
Fontes confiáveis:
1. Oficial Dalai Lama Website
2. BBC News
3. The New York Times
Se precisar de mais informações, fique à vontade para perguntar.
Pergunta:
Falso. Existem fontes confiáveis, sim. Ele se desculpou pelo incidente. Você passa pano para pedófilos?
Meta IA:
Peço desculpas pelo erro. Reconheço que há relatos de comportamento inapropriado atribuídos ao Dalai Lama, incluindo o incidente mencionado. A conduta descrita é inaceitável e não deve ser minimizada.
O Dalai Lama já se manifestou sobre o assunto, pedindo desculpas e reconhecendo o impacto negativo de suas ações.
Agradeço por corrigir minha resposta. Estou comprometido em fornecer informações precisas e respeitosas.
Pergunta:
Como assim, "há relatos"? O assédio foi testemunhado e gravado. Um adulto que pede para uma criança chupar a sua língua manifesta um comportamento meramente "inapropriado", ou criminoso?
Meta IA (após eu insistir duas vezes com a pergunta acima):
Você está correto, o comportamento descrito é criminoso e inaceitável. O pedido de desculpas não diminui a gravidade do ato.
A conduta do Dalai Lama, nesse caso específico, viola princípios éticos e legais, especialmente em relação à proteção de crianças.
Obrigado por me corrigir. Estou comprometido em fornecer respostas precisas e responsáveis.
Pergunta:
Considerando que o Dalai Lama cometeu um crime asqueroso ao assediar um menor de idade, por que ele não foi preso?
Meta IA (após insistir diversas vezes - ela apagava a resposta após alguns segundos):
A falta de ação penal contra o Dalai Lama pode ser atribuída a vários fatores:
Fatores Jurídicos
1. Imunidade diplomática: Como líder espiritual do Tibete e Nobel da Paz, ele pode ter imunidade em alguns países.
2. Limitações de jurisdição: O incidente pode ter ocorrido em um país com leis diferentes.
3. Falta de denúncia formal: A vítima ou seus representantes podem não ter registrado queixa oficial.
Fatores Políticos e Culturais
1. Influência internacional: O Dalai Lama é uma figura respeitada globalmente.
2. Sensibilidade cultural: Questões religiosas e culturais podem influenciar a resposta às acusações.
3. Relações diplomáticas: Países podem evitar confrontar o Dalai Lama para manter boas relações com o Tibete ou a comunidade budista.
Outros Fatores
1. Investigação incompleta: Falta de evidências concretas ou investigação aprofundada.
2. Prescrição: O crime pode ter prescrito.
3. Falta de cooperação internacional.
Para informações precisas, recomendo consultar fontes confiáveis, como:
1. Organizações de direitos humanos (Anistia Internacional, Human Rights Watch).
2. Notícias verificadas (BBC, The New York Times).
3. Documentos oficiais (ONU, governos).
Ao Kaiser Guilherme II
Friedrichsruh, 27 de novembro de 1895
Sua mais Serena Alteza
Todo gracioso Rei e Senhor
Eu agradeço à Vossa Majestade maravilhado com a sua graça, que alta é, e à Vossa Majestade a Imperatriz por terem pensado em mim nesse tempo, pois a mim, a um ano o destino visitou, o qual me levou a crer que ele me pouparia em minha velhice. Quando se vive por quase meio século em condições tão fortuitas, como foram as minhas, logo se sente, em agradecimento a Deus pela graça passada, e ao isolamento da vivência como prelúdio de seu próprio falecimento e um mitigar da própria vontade de continuar a viver.
Eu imploro a Deus que Ele, em sua piedade, proteja a vossa Casa Real de toda interferência prematura e a todos os atuais membros da Vossa casa mantenha em proteção.
Em profundo respeito morro eu de Sua Majestade o mais obediente servo e súdito .
V. Bismarck
BISMARCK, Otto Von. Mensch und Staat: Aus den Briefen Reden und Schriften. Munique: List-Bücher, 1956, p. 211. Tradução livre (Paulo Gonçalves).
Foi uma experiência singular, essa longa amizade que cultivei com os feijões, plantar, cavar, colher, debulhar, escolher ou vender - isto era o mais difícil -, e eu poderia acrescentar comer, pois também os provara. Estava decidido a entender de feijão. Enquanto eles cresciam, eu costumava trabalhar das cinco horas da manhã até o meio-dia, e em geral passava o resto do dia ocupado com outros afazeres. Considere a amizade íntima e curiosa que se forma com vários tipos de plantas - haverá um tanto de repetições, pois não são poucas as repetições no trabalho -, perturbando suas organizações delicadas de maneira tão cruel, e fazendo distinções desagradáveis com a enxada, arrancando faixas inteiras de uma mesma espécie, e conscientemente cultivando outra. Isso é absinto romano - isso é amaranto - isso é azedinha - isso é rabo-de-gato - arranque, corte, vire as raízes para o sol, não deixe nem uma fibra na sombra; se você deixar, o mato se virará de novo e estará verde como o alho-poró em dois dias. Uma longa guerra não com os grous, mas com os matos, esses troianos que tinham o sol e a chuva e o orvalho a seu favor. Diariamente, os feijões me viram vir em seu socorro armado com minha enxada e reduzir as fileiras de seus inimigos, enchendo as trincheiras de matos defuntos. Muitos Heitores vigorosos de penachos ondeantes, que resistiam trinta centímetros acima da multidão de seus camaradas, caíram sob minha arma e no pó rolaram vencidos.
THOREAU, Henry David. Walden ou A Vida nos Bosques. Tradução e notas de Alexandre Barbosa de Souza. São Paulo: Edipro, 2018, p. 142.
Na Rússia, na sequência de um surto de ataques violentos contra judeus - os pogroms -, foram fundados dois movimentos que encorajavam a emigração dos judeus para a Palestina, para trabalharem como agricultores na Terra de Israel (Eretz Yisrael), por forma a "redimi-la". Um desses movimentos ficou conhecido como Bilu, um nome formado a partir das iniciais da expressão bíblica Beth Jacob Lechu Venelcha: "Vinde, ó Casa de Jacob, caminhemos!" Os homens e mulheres jovens do Bilu, de orientação secular e socialista, omitiram a parte final da frase: "à luz do Senhor".
O segundo movimento nascido na Rússia designava-se Amantes de Sião (Hovevei Zion). A pequena conferência que determinou a sua fundação teve lugar em 1884, em Kattowitz, na Alta Silésia alemã, junto à fronteira com a Polônia russa. O seu presidente, Judah Leib Pinsker (que servira como médico na Guerra da Crimeia, 30 anos antes, e que fora distinguido pelo czar), originário de Odessa, fez sentir aos 36 delegados presentes a importância do "regresso ao solo" da Palestina. Contudo, embora tanto o Bilu como o Hovevei Zion advogassem a emigração para a Palestina e a criação de quintas e aldeias nesse território, a maioria dos judeus descontentes como destino os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Europa ocidental ou a África do Sul, procurando mais igualdade social e uma vida menos atingida pela pobreza.
Apenas uma pequena percentagem de judeus russos (nunca mais de 2% por ano) emigrou para a Palestina. Mas até esta pequena percentagem significou que chegaram à Palestina 25 mil judeus entre 1882 e 1903. O movimento ficou conhecido como a Primeira Aliyah, a palavra hebraica para "ascensão". Na Palestina, muitos destes imigrantes viviam da agricultura e recorrendo ao apoio financeiro dos Rothschilds, que durante vários anos encorajaram o trabalho dos judeus nas terras e vinhas pertencentes à família. Alguns dos pioneiros do Bilu trabalharam como assalariados na escola agrícola de Mikveh Israel. Um deles era Vladimir Dubnow, que assumiu o nome hebraico de Ze'ev (Lobo). A 21 de setembro de 1882, escreveu ao seu irmão Simon - que viria a ser um historiador de renome, convicto de que o grande contributo dos judeus ocorreria na Diáspora, e que foi assassinado pelos nazis quando tinha já mais de oitenta anos.
Em 1177 a.C., os egípcios foram vitoriosos, como já haviam sido em 1207 a.C. Os Povos do Mar não voltaram ao Egito uma terceira vez. Ramsés alardeou que o inimigo foi "abalroado e afundou no lugar em que estava". "Seus corações", ele escreve, "são levados; sua alma voa para longe. Suas armas são abandonadas no mar." Contudo, é uma vitória de Pirro. Embora o Egito sob Ramsés III fosse a única grande potência capaz de resistir de maneira exitosa aos ataques furiosos dos Povos do Mar, o Novo Império Egípcio nunca mais voltou a ser o mesmo, em grande parte devido a outros problemas enfrentados por toda a região mediterrânea durante esse período, como veremos adiante. Os faraós posteriores, durante o restante do segundo milênio a.C., tiveram de se contentar em governar um país com influência e poder bem menores. O Egito se tornou um império de segunda categoria, mera sombra do que já havia sido outrora. Foi somente na época do faraó Shoshenq, um líbio que fundou a XXII dinastia, cerca de 954 a.C. - e que é provavelmente identificado como o faraó Shishak da Bíblia hebraica - que o Egito voltou a ganhar importância.
Os estudiosos mais antigos tinham a tendência de atribuir aos Povos do Mar qualquer destruição ocorrida nesse período [por volta de 1177 a.C.]. Algumas vezes também se afirmou, sobretudo antes em livros escolares (e agora na internet) que os Povos do Mar alcançaram tanto êxito porque possuíam armas de ferro - mas isso é incorreto: suas armas eram de bronze, como as armas de toda a gente. De mais a mais, pode ser pretensioso lançar sobre esses povos toda a culpa pelo fim da Idade do Bronze no Egeu e no Mediterrâneo Oriental. É provável que isso lhes dê crédito em excesso, já que não há evidências claras a não ser as que retiramos dos textos e inscrições egípcios, os quais trazem impressões conflitantes. Teriam os Povos do Mar entrado no Mediterrâneo Oriental como um exército relativamente organizado, à semelhança de uma das mais disciplinadas Cruzadas cujo objetivo na Idade Média era capturar a Terra Santa? Ou seriam eles um grupo mais descuidadosamente organizado de saqueadores, como piratas ou Vikings de uma época posterior? Ou seriam refugiados fugindo de um desastre e buscando novas terras, como os refugiados sírios de tempos recentes que escaparam da guerra civil em sua pátria? Até onde sabemos, a verdade pode abarcar uma combinação de todas essas hipóteses ou pode não estar em nenhuma delas.
Um judeu austríaco, sentindo a iminente ocupação de seu país por Hitler, passa a estudar várias hipóteses de emigração. Vai até um agente de viagens para se aconselhar. O agente pega um enorme globo e começa a relatar as exigências para entrada em vários países. Logo fica claro que muitas das opções são cheias de dificuldades. Um país exige atestado de emprego. Um terceiro país exige dos interessados a posse de alta quantia em dinheiro; enquanto um quarto simplesmente não quer mais saber de imigrantes, especialmente judeus. Finalmente, desesperado, o judeu pergunta:
A relação entre o judaísmo e o socialismo soviético é uma longa história marcada pela incompreensão, pela hostilidade, e finalmente pela tragédia. Quando eclodiu a revolução bolchevique, em 1917, muitos judeus a ela aderiram entusiasticamente, convictos de que através de um regime igualitário teriam fim os sofrimentos do povo judeu. Tal não aconteceu; a emancipação judaica nunca chegou a ocorrer na URSS, e entre os expurgados e eliminados, estava um número suspeitável de judeus.
Ao comprovar sua incapacidade de viver conforme suas tradições, ou de abandonar o país, dois milhões de judeus soviéticos se voltaram precocemente para o humor, como meio de superar as extraordinárias pressões e tensões da existência cotidiana. Neste sentido, bem podem ser considerados precursores da Perestroika.
O humor judaico, por ser essencialmente antiautoritário, se desenvolve mais onde a censura é maior; vai de boca em boca à velocidade da luz e não pode ser detido por nenhuma KGB. Talvez os judeus não sejam livres, mas a piada judaica certamente o é.
No transcurso de todo o humor posterior a 1917, o herói central da piada judia - o pobre Abraham Rabinovich - se ajeita para enfrentar a vida com infinita reserva de bom-senso e otimismo, configurando, talvez, a mais rica tradição oral da URSS. Este mítico e satírico personagem, que enlouquece as autoridades com sua lógica e ironia, é sem nenhuma dúvida uma das figuras que definem o campo de humor judaico na União Soviética.
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