sábado, 23 de setembro de 2023
Historia magistra vitae est. Cícero (106-43 a.C.)
Quando examinadas em detalhe, as datas históricas ou arqueológicas não conseguem sustentar a ideia de que a irrigação foi a força motriz da formação do Estado. Na Mesopotâmia, na China setentrional, no México e em Madagascar, os sistemas de irrigação em pequena escala já existiam antes do surgimento dos Estados. A construção dos grandes sistemas de irrigação não acompanhou o surgimento dos Estados, e só muito mais tarde eles apareceram em cada uma dessas áreas. Na maioria dos Estados formados na região dos maias na Mesoamérica e nos Andes, os sistemas de irrigação sempre foram pequenos, num tamanho que as comunidades locais podiam construir e manter. Assim, mesmo nas áreas onde os sistemas complexos de controle hidráulico surgiram, eles eram uma consequência secundária dos Estados, que devem ter-se formado por outras razões.
DIAMOND, Jared. Armas, Germes e Aço - os destinos das sociedades humanas. Tradução de Cynthia Cortes [et. al.]. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 283-284.
O Pantheon de Agripa foi construído em 126 d.C., durante o principado de Adriano. Recebe esse nome porque substitui o Panteão erigido no ano 27 a.C., por Agripa, amigo do imperador Otávio Augusto. Esse primeiro Panteão foi destruído num incêndio, no ano 80 d.C. No início do século VII, o edifício foi entregue ao Papa Bonifácio IV, que o transformou em igreja, razão pela qual, até hoje, o Panteão é considerado a obra arquitetônica mais bem preservada da Roma antiga.
Bibliografia indicada: QUENEMOEN, Caroline K. & ULRICH, Roger B. (ed.). A Companion to Roman Architecture. Chichester: Blackwell Publishing, 2014.
A Tabela 5.1 sintetiza, para essas e outras áreas de domesticação local, alguns dos animais e culturas mais conhecidos e as datas iniciais da domesticação. Entre as nove áreas prováveis de produção independente de alimentos no início da evolução dessa prática, o sudoeste da Ásia tem as datas precisas mais antigas, tanto para a domesticação das plantas (por volta de 8500 a.C.), quanto de animais (por volta de 8000 a.C.); e também tem, de longe, o maior número de datas obtidas por radiocarbono relativas ao início da produção de alimentos. As datas da China são quase tão antigas, enquanto no leste dos Estados Unidos a atividade só apareceu cerca de 6000 anos depois. Nas outras seis áreas, a mais antiga não compete com as do sudoeste da Ásia, mas muito poucos sítios foram datados com precisão nessas seis áreas para que pudéssemos ter certeza de que realmente começaram antes e, neste caso, quanto tempo antes.
DIAMOND, Jared. Armas, Germes e Aço - os destinos das sociedades humanas. Tradução de Cynthia Cortes [et. al.]. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 97.
Alguns dos últimos representantes do povo moriori. Foto de 1910.
Nas Ilhas Chatam, 800 quilômetros a leste da Nova Zelândia, séculos de independência resultaram num fim brutal para o povo moriori, em dezembro de 1835. Em 19 de dezembro desse ano, um navio que levava 500 maoris carregados de armas, porretes e machados chegou, seguido por outro, em 5 de dezembro, com mais 400 maoris. Grupos de maoris começaram a percorrer as colônias morioris, anunciando que estes passavam a ser seus escravos e que matariam os que se opusessem. Uma resistência organizada dos morioris poderia então ter derrotado os maoris, pois tinham pelo menos o dobro do número de homens. Entretanto, os morioris tradicionalmente resolviam suas brigas de forma pacífica e decidiram, reunidos em conselho, que não lutariam, preferindo propor paz, amizade e divisão de recursos.
Antes que os morioris pudessem apresentar essa proposta, os maoris atacaram em massa. Ao longo dos dias seguintes, mataram centenas de morioris, cozinharam e comeram muitos de seus corpos, escravizando os demais, matando a maioria deles nos anos seguintes, de acordo com seu capricho. Um sobrevivente moriori recorda: "[Os maoris] começaram a nos matar como ovelhas... [Nós] ficamos em qualquer outro lugar para escapar do inimigo. Pouco adiantou; fomos descobertos e mortos - homens, mulheres e crianças, indiscriminadamente." Um conquistador maori explicou: "Tomamos posse... de acordo com nosso costume e pegamos todo o mundo. Ninguém escapou. Alguns fugiram e foram mortos, outros foram mortos - mas o que tem isso? Foi tudo de acordo com nossos costumes."
O resultado brutal desse choque entre moriori e maori poderia ser facilmente previsto. Os morioris constituíam um grupo pequeno de caçadores-coletores que viviam isolados, dispondo apenas das mais rudimentares tecnologias e armas, totalmente inexperientes em matéria de guerra e sem qualquer tipo de liderança ou organização. Os invasores maoris (procedentes do norte da ilha de Nova Zelândia) faziam parte de uma população de numerosos agricultores cronicamente envolvidos em guerras ferozes, equipados com tecnologia e armas mais avançadas, e que agiam sob o comando de uma liderança forte. É claro que, quando os dois grupos finalmente entraram em contato, foram os maoris que chacinaram os morioris, e não o contrário.
DIAMOND, Jared. Armas, Germes e Aço - os destinos das sociedades humanas. Tradução de Cynthia Cortes [et. al.]. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 53-54.