“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

«Conselhos à Juventude», de Agostinho

segunda-feira, 30 de março de 2015



I. Se te dedicas aos estudos, mantêm limpos o teu corpo e o teu espírito. Alimenta-te de comida sã, veste-te com simplicidade e não faças gastos desnecessários. 

II. À sobriedade nos costumes, deve corresponder a moderação nas atitudes, a tolerância no trato, a honradez no comportamento e a exigência para contigo mesmo.

III. Tem sempre presente que a obsessão pelo dinheiro mata toda a esperança.

IV. Não ajas com debilidade, nem tampouco com atrevimento.

V. Afasta de ti toda a ira, ou trata de controlá-la, quando corrigires as faltas dos outros.

VI. Sê o sentinela de ti mesmo. Vigia teus pensamentos e teus desejos para que eles não te atraiçoem.

VII. Reconhece os teus defeitos e procura corrigi-los.

VIII. Não sejas excessivo no castigo, nem tampouco generoso no perdão.

IX. Não insistas nem molestes aos que não querem corrigir-se.

X. Evita as inimizades, suporta-as serenamente, termina-as o quanto antes.

XI. Não busques lugares de comando se não estás disposto a servir.

XII. Procura progredir sempre, não importa a idade e as circunstâncias em que te encontre.

XIII. Durante toda a vida, em todo o tempo e lugar, tem amigos de verdade ou procura-os.

XIV. Honra a quem merece a honra, ainda que ele não a deseje.

XV. Vive com dignidade e em harmonia com tudo e com todos.

XVI. Busca a Deus. Que o Seu conhecimento encha a tua existência, e o Seu amor preencha o seu coração.

XVII. Deseja a tranquilidade e a ordem para que tu e os teus companheiros possam estudar.

XVIII. Pede para ti e para todos, uma mente sã, um espírito sossegado e uma vida cheia de paz.

Agostinho de Hipona (354-430). Conselhos à Juventude do século IV
Adaptação do livro "Da Ordem" (II, 8, 25). Real Centro Universitário Escorial - María Cristina. Minha tradução. Disponível em Augustinus

* Vitral: Tiffany Window of St. Augustine - Lightner Museum.

Entrevista com Eric H. Cline, autor de «1177 a.C.»

domingo, 29 de março de 2015



O final da Idade do Bronze no Mediterrâneo é um dos acontecimentos mais enigmáticos de nossa História. A irrupção dos Povos do Mar, somada a outra série de acontecimentos, provocou o colapso daqueles que até então eram os centros de poder mais importantes da civilização. Procuramos conhecer o problema com mais profundidade das mãos de Eric H. Cline, professor de História Antiga e Arqueologia da Universidade George Washington, autor de 1177 a.C. - O ano em que a civilização desabou, publicado em espanhol pela editora Crítica. 

Pergunta - Após séculos de esplendor, o mundo civilizado se submergiu numa profunda crise que afetou todos os âmbitos da vida cotidiana. Parece improvável que tenha sido desencadeada unicamente pelos Povos do Mar. Quantas causas concorreram para este cataclismo?

Eric H. Cline - Há pelo menos cinco, talvez seis, que eu ordenaria seguindo esta ordem de importância: mudança climática, seca, fome, terremotos, invasores e rebeliões internas. Alguém poderia optar por combinar mudança climática com fome; neste caso, seriam cinco as causas. 

(...)


Pergunta - Qual foi o legado dos Povos do Mar?

Eric H. Cline - Seu principal legado foram os filisteus e sua cultura. O grupo entre os Povos do Mar que os egípcios chamaram de Peleset é, provavelmente, o grupo que nós conhecemos como os filisteus da Bíblia. Parece que se assentaram na região de Canaã e talvez deixaram se assimilar pelos habitantes locais, antes do auge de Israel. 


Leia a entrevista completa (em espanhol) no blog Mediterráneo Antiguo

Foro de São Paulo

quinta-feira, 26 de março de 2015


Confira, no vídeo acima, uma palestra sobre o Foro de São Paulo.

Informe-se mais com um Dossiê.

Acesse as Atas do Foro de São Paulo. 

O ofício do historiador

quarta-feira, 25 de março de 2015



Recomendo a entrevista acima para todos aqueles que se interessam pela pesquisa histórica.

A Prof.ª Dr.ª Maria Helena Rolim Capelato é professora no Departamento de História da Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

Confira o seu currículo Lattes.

O Código de Hamurabi e o perigo da dor coletiva

domingo, 22 de março de 2015

Amplie a imagem com um clique.

“Para que o forte não prejudique o mais fraco, a fim de proteger as viúvas e os órfãos” e “para resolver todas as disputas e sanar todos os ferimentos”. As duas frases são muito antigas e mostram, aparentemente, a preocupação de um legislador em ser correto e impedir que uma injustiça traga danos aos mais fracos e, principalmente, sirva como instrumento para reparar a dor de uma eventual perda.
A expressão “sanar todos os ferimentos” é importante para ser analisada em separado. Ela tem uma função de metáfora, pois não se refere, evidentemente, à cicatrização física de uma ferida, mas aos danos emocionais de uma ação negativa contra a pessoa ou alguém de seu vínculo, ou ainda, a alguma coisa de sua propriedade.
Quando alguém perde alguém querido por causa de alguma violência, há uma grande dor, e isso é inquestionável. Quando alguém é violentado em algum de seus direitos (integridade física ou emocional) também sofre muito.
A questão fundamental é: como sanar a dor?
Para o imperador Hamurabi, autor das duas primeiras frases deste texto, o melhor instrumento para cicatrizar feridas era punir autores de violência ou ilegalidades na mesma proporção de seu ato, ou ainda com mais rigor. Não sem razão seu código de leis se tornou conhecido pelo resumo de seu propósito: “Olho por olho, dente por dente.”
Hamurabi viveu há aproximadamente 3.700 anos, na Mesopotâmia (Iraque e terras próximas) e seu conjunto de leis é o mais antigo registro de uma legislação. Todo o código está escrito em uma pedra (monólito) com 2,25 metros e até 1,90 metro de circunferência e que foi encontrado apenas em 1901.
Em muitos de seus artigos, o Código de Hamurabi mostrava realmente princípios de Justiça. Um exemplo é o que determinava que honorários de um médico fossem proporcionais à classe social do doente e que as decisões judiciais fossem tomadas em tribunal, com direito à apelação [Outros exemplos: 1º) Tanto o adúltero quanto a adúltera, se surpreendidos em flagrante, deveriam ser condenados à morte; o marido traído poderia, no entanto, perdoar a esposa infiel; 2º) Se um homem resolvesse tomar uma segunda esposa, esta não teria o mesmo nível de igualdade da sua primeira mulher; 3º) Se um homem engravidasse uma escrava, ela assumiria uma posição de igualdade com a sua esposa; 4º) A escrava que engravidasse do seu patrão não poderia ser mais vendida; 5º) O homem não poderia abandonar a esposa quando ela adoecesse, mas deveria mantê-la e sustentá-la em sua casa; 6º) A mulher era livre para pedir o divórcio, recebendo a restituição do dote que entregara ao marido ao se casar].
O juiz, inclusive, deveria deixar sua decisão por escrito, correndo o risco de punição em caso de erro. Mas era um código muito duro. Caso um construtor fizesse uma casa que desmoronasse matando o filho do proprietário, então o filho do construtor também deveria ser morto. Se alguém matasse uma mulher, a filha do assassino também seria morta.
O objetivo nesses casos era punir o autor de violência com a dor, mesmo que isso significasse a morte de inocentes.
Como já foi mencionado, esse código é dos primórdios da civilização. Mas, mesmo com toda essa idade, determinava que a punição de um agressor deveria ocorrer após julgamento e não por ato da vítima ou grupo, até para impedir novas injustiças.
As sociedades passaram por muitos sofrimentos e as legislações foram sendo aperfeiçoadas ao longo dos milênios, fugindo da vingança pura e simples.
Nos últimos tempos, porém, tudo parece retroceder a tempos pré-hamurábicos. A legislação não funciona adequadamente; a força policial não tem força de verdade que ajude a conter a violência, e muitas pessoas, infelizmente, estão agindo para descontar suas dores de uma maneira incontida nas ruas e cidades, com as regras do “olho por olho, dente por dente”.
          Isso não é sinal de força popular, mas de fraqueza do poder público e de toda uma sociedade... Tempos difíceis esses que fazem Hamurabi parecer atual. Desta maneira, a barbárie e não a civilização é quem prevalece, e o risco se amplia ainda mais quando inocentes podem ser julgados como culpados pelos tribunais de exceção criados no meio das ruas. É um risco... grande risco.

Joel Soprani
Publicado no jornal A Tribuna (05/06/2013).

Pelo fim da apologia a ideologias genocidas!

quinta-feira, 19 de março de 2015


Uma primeira versão do texto abaixo foi publicada no site Charges.uol 

Sobre o vídeo acima, que mostra um rapaz que QUASE foi linchado na manifestação pelo impeachment da Dilma, quero fazer duas considerações:

1º) É um absurdo achar que os opositores do PT são violentos. A esquerda é que é truculenta. Já imaginaram se um militante do PSDB aparecesse, com a camisa do seu partido, numa manifestação do MST? É óbvio que há pessoas violentas em todos os lugares mas, dentre os que estão contra o governo, eles são uma exceção absoluta. Prova disso é que as manifestações do dia 15/03 foram eminentemente pacíficas (ao contrário das ações do MST, por exemplo, marcadas por vandalismo e invasões). 

2º) Se ostentar a suástica é crime, por que é permitido ostentar a foice e o martelo, símbolos de uma ideologia que exterminou muito mais pessoas do que o nazismo? Qualquer apologia ao comunismo ou ao nazismo, ideologias totalitárias e genocidas, deve ser ferrenhamente condenada. Se respeitamos a memória dos judeus e outras minorias que foram vítimas do Holocausto, por que também não respeitamos as vítimas dos gulags, do Holodomor, do Paredón cubano, do genocídio do Khmer Vermelho?

Ostentar o símbolo de regimes genocidas nada tem a ver com liberdade de expressão. É apologia ao crime e à barbárie, pura e simplesmente.

Para aqueles que não aprenderam na escola sobre os genocídios e atrocidades dos comunistas, eu recomendo que leiam O Livro Negro do Comunismo e que assistam os documentários, filmes e entrevistas que eu selecionei.

«Raízes do Brasil»

quarta-feira, 18 de março de 2015

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. > Disponível aqui

Em meados do século XX, as pessoas aprendiam a refletir e a se interessar pelo Brasil em função de três livros: Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre; Raízes do Brasil, de Sergio Buarque de Holanda, e Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Júnior. Infelizmente, esses livros não são tão conhecidos como o eram décadas atrás. Uma pena, uma vez que, por exemplo, Raízes do Brasil, publicado originalmente em 1936, foi considerado um "clássico de nascença" por Antonio Candido. 

Preparei, abaixo, um fichamento dos dois primeiros capítulos do livro.

***

No cap. 1, "Fronteiras da Europa", Buarque explica como a cultura europeia foi implantada na América portuguesa. O resultado foi que "somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra" (p. 31). A falta de coesão em nossa vida social é um fenômeno antigo, diretamente ligada às origens da nação lusitana. "No fundo, o próprio princípio da hierarquia nunca chegou a importar de modo cabal entre nós" (p. 35). Contudo, tanto a burguesia urbana quanto os próprios labregos contagiavam-se pelo resplendor da existência palaciana (p. 36). A seguir, uma análise bem interessante destaca que espanhóis e portugueses sempre desconfiaram de teorias negadoras do livre-arbítrio, e essa mentalidade foi o maior obstáculo ao "espírito de organização espontânea", característico dos povos protestantes (p. 37). Nas nações ibéricas, "o princípio unificador foi sempre representado pelos governos" (p. 38). Assim, elas rechaçaram toda moral fundada no "culto ao trabalho""Uma digna ociosidade sempre pareceu mais excelente, até mais nobilitante, a um bom português, ou a um espanhol, do que a luta insana pelo pão de cada dia" (idem). Neste ponto, as nações ibéricas alinhavam-se à Antiguidade Clássica, mais do que os demais países europeus. Ainda que rara e difícil, a obediência pontuava, por vezes, a cultura ibérica, "como virtude suprema entre todas" (p. 39).  

O cap. 2, "Trabalho & Aventura", começa com a constatação de que a maior missão histórica dos portugueses foi o seu pioneirismo na conquista do trópico para a civilização. Mas essa exploração dos trópicos não seguiu um plano metódico e racional. Fez-se, antes com desleixo e certo abandono.
O aventureiro enalteceu a recompensa imediata, considerando "estúpido e mesquinho" o ideal do trabalhador. Este, por outro lado, considera "imorais e detestáveis as qualidade próprias do aventureiro" (p. 44). "Na obra da conquista e colonização dos nossos mundos coube ao 'trabalhador', no sentido aqui compreendido, papel muito limitado, quase nulo" (p. 45).
O gosto da aventura teve influência decisiva em nossa vida nacional. Os portugueses, aventureiros por natureza, adaptaram-se mais do que qualquer outro povo, às condições de vida e cultura dos nativos. No processo de ocupação e colonização do território, foram beneficiados com a abundância de terras férteis e ainda mal desbravadas. Com isso a grande propriedade rural tornou-se, aqui, "a verdadeira unidade de produção". Com relação à mão de obra, "a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais" (p. 48). O português procurava riqueza, "mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho" (p. 49). Assim, não foi "uma civilização tipicamente agrícola o que instauraram os portugueses no Brasil com a lavoura açucareira" (idem).
A lavoura no Brasil permaneceu largamente aferrada a concepções rotineiras, sem progressos técnicos que elevassem o nível da produção. Em parte isso ocorreu por conta dos obstáculos do meio tropical, o que explica, por exemplo, o escasso emprego do arado. Ao invés de procurar revigorar os solos gastos pela lavoura, transferiam-se para novas terras, seguindo o modelo da coivara indígena. "Todos queriam extrair do solo excessivos benefícios sem grandes sacrifícios." Ao contrário dos espanhóis, que raramente se identificavam muito com a terra e sua gente, "nossos colonizadores aclimaram-se facilmente", repetindo "o que estava feito ou o que lhes ensinaram a rotina" (p. 52).
Apesar do atraso nas técnicas agrícolas, os portugueses tiveram ao seu favor o fato de não nutrirem qualquer orgulho de raça - já eram um povo mestiço desde a época dos Descobrimentos (p. 53). Portanto, era exíguo o sentimento de distância entre os dominadores lusitanos e a massa trabalhadora negra (p. 54). Aparentemente, o exclusivismo racista nunca chegou a ser "o fator determinante das medidas que visavam reservar a brancos puros o exercício de determinados empregos" (p. 55). A identificação dos indígenas aos tradicionais padrões de vida das classes nobres era forte: tinham em comum a "ociosidade", a aversão a todo esforço disciplinado, a "imprevidência" e "intemperança" e o gosto por atividades predatórias ao invés de produtivas. Assim, o governo português estimulava casamentos mistos de indígenas e brancos (cf. o alvará de 1755). Mas os pretos e seus descendentes continuavam relegados a trabalhos de baixa reputação, degradantes para si e para a sua posteridade (p. 56).
A escravidão e a hipertrofia da lavoura latifundiária de nossa economia colonial provocou a ausência de qualquer esforço sério de cooperação nas demais atividades produtoras (p. 57). "Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e a infixidez que tanto caracterizavam, no Brasil, os trabalhos rurais" (p. 58). Poucos dedicavam-se por toda a vida a um mesmo ofício. Outro empecilho ao trabalho urbano livre eram os "negros de ganho", cujo uso era muito difundido (p. 59). Outros costumes, como o do mutirão, além da expectativa de auxílio recíproco, baseavam-se na excitação das ceias, danças e consumo da cachaça.
A seguir, entre as p. 62-66, Sérgio Buarque se dedica a analisar a experiência holandesa no nordeste.
Em primeiro lugar, "o que faltava em plasticidade aos holandeses sobrava-lhes, sem dúvida, em espírito de empreendimento metódico e coordenado, em capacidade de trabalho e coesão social" (p. 62). O progresso urbano durante o seu domínio era algo inédito na vida brasileira, e em 1640 o primeiro Parlamento do hemisfério ocidental se reunia em Recife (p. 63). 
No entanto, a ausência de descontentamentos na Holanda, um país próspero, tornou impossível a migração em larga escala para o "Brasil Holandês". Portanto, uma população cosmopolita, instável, de caráter urbano, se apinhou no Recife ou na nascente Mauritstad. O Diretório da Companhia das Índias Ocidentais até que apelou a Amsterdã, em 1638, para enviar de mil a 3 mil camponeses para o empreendimento colonial. Foi em vão.
Além da língua neerlandesa, que era incompreensível aos luso-brasileiros, os calvinistas holandeses não possuíam a mesma capacidade de assimilação dos puritanos da América do Norte. Além disso, o catolicismo era muito mais popular do que o rígido e austero protestantismo calvinista. "A essas inestimáveis vantagens acrescente-se ainda, em favor dos portugueses, a já aludida ausência, neles, de qualquer orgulho de raça" (p. 66). 

Nota ao cap. 2 - "Persistência da lavoura de tipo predatório" (p. 66-70)

Cap. 3 - "Herança rural" (p. 71-92)

Cap. 4 - "O semeador e o ladrilhador" (p. 93-138)

Cap. 5 - "O homem cordial" (p. 139-152)

Cap. 6 - "Novos tempos" (p. 153-168)

Cap. 7 - "Nossa revolução" (p. 169-188)

O "Posfácio" (pp. 189-193) é assinado por Evaldo Cabral de Mello. Este menciona que é a História, e não a Sociologia, assegura o interesse perene das obras clássicas de Gilberto Freyre, Sergio Buarque e Caio Prado. Sempre que leio um livro de Sociologia, com as suas constantes generalizações e comparações esdrúxulas, fico a pensar como os cientistas sociais perdem em não se concentrar na História. Felizmente, os intelectuais supracitados identificaram qual deveria ser o foco das suas análises, e não é à toa que seus estudos permanecem como obras basilares da nossa História e identidade.
       

«Apocalipse 13», de Marvin Moore

domingo, 15 de março de 2015

PDF disponível gratuitamente AQUI.

Casa Publicadora Brasileira (CPB) está de parabéns pela publicação desse esplêndido e intrigante livro. O autor, Marvin Moore, também é editor da revista Signs of the Times. Apesar de ter um cunho religioso, o livro apresenta vários fatos históricos sobre os Estados Unidos e o Vaticano, dentre outros. Os capítulos são agrupados em três grandes partes:

1. A Besta do Mar
2. A Besta da terra 
3. A Marca da Besta

No Prólogo é apresentado o cenário profético adventista. Ele mostra que a Igreja Adventista do Sétimo Dia, ao longo dos 150 anos de sua História, foi acusada de sustentar uma interpretação tola e extravagante com relação às profecias sobre o tempo do fim. Mas, como deixa claro, os desdobramentos dos fatos históricos têm confirmado cada detalhe da compreensão profética adventista.

Marvin Moore concentra-se em analisar os Estados Unidos da América e o Vaticano como peças centrais para o tempo do fim. Os Estados Unidos são a besta que emerge da terra, e imporá de forma totalitária as suas interpretações errôneas sobre o 4º dos Dez Mandamentos. Mas, eis que se levanta um problema: como um Estado laico e democrático agiria de forma tão tirânica? Parafraseando o título original da obra, could it really happen? ("isso realmente poderá acontecer?"). Para responder a este questionamento, Moore resgata o passado da América do Norte, lembrando que os puritanos, fundadores das Treze Colônias, desejavam criar uma nação “Pura”. Embora tenham fugido da Europa em busca de liberdade religiosa, os "Pais Peregrinos", arquitetos daquela que se tornaria a mais sólida democracia do mundo, não pretendiam estender essa liberdade aos que não comungassem das suas convicções. Assim, um viajante chamado Burnaby, foi duramente chicoteado por ter beijado em público a sua esposa num dia de domingo, que os puritanos interpretavam como o sábado do 4º mandamento.

Mas, um dos lados mais sombrios do conceito puritano sobre a relação Igreja-Estado ocorreu em Salém, Massachusetts, em 1692 [atenção: no livro a data está errada!]. Dezenove pessoas, acusadas supostamente de envolvimento em atividades satânicas, foram julgadas e executadas, num contexto de histeria por parte da comunidade puritana. 

O impacto desse julgamento foi tão profundo que ajudou a acabar com a influência da fé puritana sobre o governo da Nova Inglaterra. A ideia de que o Estado deveria apoiar a religião, contudo, ainda era influente na Nova Inglaterra no século XVIII. Em 1840, contudo, os estados da já independente nação estadunidense haviam abandonado o apoio à religião. Desde então, prevalece o conceito de separação entre Igreja e Estado, defendido desde os tempos coloniais por Roger Williams (1603-1683).

Apesar disso, o conceito puritano sempre teve o apoio de uma minoria. Atualmente essa minoria está rapidamente ganhando influência no governo e instituições norte-americanos. Embora poucos queiram resgatar a teocracia puritana, uma crescente minoria "deseja mudar o histórico governo laico com sua separação entre Igreja e Estado, que têm caracterizado em grande parte os Estados Unidos desde 1776" (p. 110). Moore explica como este processo está se completando - os boicotes econômicos, as leis dominicais, a perseguição religiosa e os decretos de morte já não são tão improváveis. 

Resta falar do Vaticano, interpretado pelos adventistas como a besta do mar. Moore expõe um resumo da sua História e teoria política, relacionando as profecias do Apocalipse com as do livro de Daniel. A "ferida mortal" que o papado recebeu em 1798 se deu num contexto de renovação do conhecimento, o que levou o Ocidente a questionar até mesmo as autoridades estabelecidas. Alguns desses "questionadores" foram os iluministas Voltaire (1694-1778), Thomas Jefferson (1743-1826) e Benjamin Franklin (1706-1790). Estes dois últimos também estiveram entre os "Pais Fundadores" dos Estados Unidos da América. 

Após essa parte, o autor apresenta a cura da ferida mortal e a situação do papado atual. Após a queda da ateia União Soviética, no início dos anos 1990, os Estados Unidos tornaram-se a única superpotência mundial, e o papado adquiriu grande influência (veja, por exemplo, a participação de João Paulo II na queda do comunismo). De forma estarrecedora, o mundo protestante - e em especial os norte-americanos - têm se achegado a Roma. Quando Moore publicou o seu livro, o carismático papa Francisco ainda não havia sido eleito. Ora, recentemente foi anunciado que o primeiro papa jesuíta e latino-americano da História também será o primeiro a discursar no Congresso americano. Pior: luteranos e católicos comemorarão juntos os quinhentos anos da Reforma, em 2017!

Apocalipse 13 deve ser leitura obrigatória para todos os adventistas. Os apaixonados pela História e interessados nas profecias de modo geral também apreciarão o seu texto fluído e consistente. A sua fé no livro do Apocalipse sairá fortalecida após a leitura desse livro.

MOORE, Marvin. Apocalipse 13. 1ª ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2013. 

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Escrevi esta resenha em parceria com o Diego Ferreira Sátiro, aluno do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Adventista de Vitória. A ele, os meus agradecimentos e reconhecimento.

Sobre os Assírios e o Estado Islâmico

quinta-feira, 12 de março de 2015


Os assírios estiveram entre os povos mais cruéis da Antiguidade. Ironicamente, no final de fevereiro, foi divulgado um vídeo que mostra a destruição de uma coleção de suas estátuas e esculturas, em um museu da cidade iraquiana de Mossul. Nos últimos dias, as cidades de Nimrud e Hatra foram saqueadas e demolidas. Os responsáveis são integrantes do Estado Islâmico, o mais brutal e insano grupo terrorista da História. 

Originários do norte da Mesopotâmia (atual Iraque), os assírios criaram um aparato militar composto por infantaria, cavalaria e carros de combate suplementados por unidades de cerco. Com tal exército profissional, o Império Neoassírio (911 a.C. - 609 a.C.) dominou o Oriente Próximo, a Ásia Menor, o Cáucaso, o Egito e o Mediterrâneo oriental.

Esse expansionismo foi obra do rei Tiglate-Pileser III (744 a.C. - 727 a.C.), que reorganizou o aparelho estatal assírio e reformou o exército. Tal eficiência estava associada a métodos extremamente bárbaros, aplicados contra os inimigos dos assírios. Não é de se estranhar, portanto, que o profeta Jonas tenha relutado em cumprir a ordem de Yahweh para pregar em Nínive, a capital assíria.

O filho de Tiglate-Pileser III, Salmanasar V (726 a.C. - 722 a.C.), foi o responsável pela destruição de Samaria, a capital de Israel, e pela deportação dos israelitas para a Assíria. Anos depois, Senaqueribe (704 a.C. - 681 a.C.) sitiou e saqueou a rebelde Babilônia.

Além de levar as riquezas dos babilônios, Senaqueribe derrubou as estátuas dos seus deuses, destruiu suas casas, palácios e templos, e mandou abrir canais para inundar a cidade. Mas o terror nem sempre funcionava: o último grande rei da Assíria, Assurbanípal (c. 668 a.C. - 627 a.C.), enfrentou uma nova rebelião babilônica. 

Após um longo cerco, a cidade foi controlada. Assurbanípal ordenou então que os rebeldes babilônios sobreviventes fossem esquartejados, e sua carne servida como alimento a cães, porcos, pássaros e peixes. Quando não eram sacrificados, os prisioneiros de guerra dos assírios poderiam ser mutilados, e seus filhos afogados; poderiam ainda ser deportados para trabalhar para o rei, ou instalados em regiões longínquas do império. 

Também era costume assírio decapitar os vencidos e exibir as suas cabeças como troféus, como aconteceu a um rei elamita derrotado. Em 648 a.C. e 647 a.C., os elamitas e as tropas de Assurbanípal retomaram os combates. Desta vez os assírios saquearam a capital elamita, Susa, destruíram os seus templos e levaram os seus deuses. As estátuas dos reis de Elão foram mutiladas, e até os túmulos foram profanados.

Muitas dessas táticas "terroristas" são idênticas às aplicadas atualmente pelos sunitas do Estado Islâmico, cujo califado controla partes do Iraque e da Síria. A fim de impor uma versão ultraconservadora do Islã, perseguem e massacram minorias (como os cristãos e os yazidis), e mesmo muçulmanos "apóstatas". Seus templos e mesquitas são arrasados. Agora os jihadistas se voltam contra o patrimônio histórico assírio. Alegam seguir o exemplo e as ordens do profeta Maomé para destruir "ídolos". 

Como mencionei no início, é irônico que, passados 2700 anos, os assírios estejam a provar do seu próprio veneno. Mas é injusto associá-los unicamente ao militarismo e à crueldade. Em que pese a sua cultura de violência, eles criaram uma civilização. Atestam-no, por exemplo, sua arte, seu correio real (base da admirável rede de comunicação do posterior Império Persa) e, principalmente, a notável biblioteca de Assurbanípal em Nínive, cujos cuneiformes fundamentam nossos conhecimentos da tradição dos escritos mesopotâmicos. Os terroristas do Estado Islâmico, por outro lado, deixarão apenas um legado de selvageria e destruição. 

Publicado no jornal A Tribuna (12/03/2015).

Os Gigantes da Era do Gelo

quarta-feira, 11 de março de 2015



Adultos e crianças poderão visitar a exposição Gigantes da Era do Gelo. A mostra é inédita na cidade e conta com réplicas de animais que habitaram a Terra no período glacial. A visitação poderá ser feita a partir desta terça-feira, 10, até 10 de abril. A mostra vem direto da Colômbia e já foi vista por mais de 15 milhões de pessoas.

Criada por uma equipe de paleontólogos da República Tcheca, a exposição demorou cerca de dois anos para ficar pronta, com todo um trabalho que envolveu desde o desenho dos animais em réplicas de três dimensões, baseados em métodos científicos de reconstrução em paleontologia, até uma pesquisa de campo, já que os criadores do projeto chegaram a viajaram para a Sibéria para conferir os restos mortais de mamutes. São reproduções fidedignas, com descrições científicas de cada espécie feitas em resina, poliuretano, couro e fibras naturais, que reproduzem detalhes reais de cada espécie.


A mostra

Serão 11 reproduções de grandes animais que viveram no período também conhecido como Era Glacial, resultado da expansão de mantos de gelo por vários continentes do planeta.

Por serem peças muito grandes, a exposição estará distribuída em várias partes do shopping, ao invés de ficar concentrada em apenas um local. As espécies que farão parte da mostra pertenceram ao período Paleolítico e estão todas extintas. Os visitantes poderão saber mais sobre cada uma das criaturas, como seus habitats e principais características com as placas informativas e também a ajuda de monitores capacitados para explicar sobre cada um dos animais aos visitantes.


SERVIÇO

Exposição “Os Gigantes da Era do Gelo”
Data: 10/03 a 10/04
Local: Boulevard Shopping (Rodovia do Sol, 5.000, Vila Velha)
Horário: De segunda a sábado das 10h às 22h e domingos e feriados das 11h às 22h
Sobre: Onze reproduções de grandes animais que caminharam sobre a Terra no período também conhecido como Era Glacial, como como o mamute, o rinoceronte-lanudo, o alce-gigante, o urso-das-cavernas, o tigre-dentes-de-sabre, o castor-gigante, o gliptodonte e o moa. 
Entrada gratuita

Palestras sobre o Criacionismo Bíblico

segunda-feira, 9 de março de 2015

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No próximo fim de semana (dias 13, 14 e 15/03), o cientista criacionista Adauto Lourenço fará uma série de palestras na 1ª Igreja Presbiteriana do Brasil em Campo Grande, Cariacica. Desta vez ele tratará dos primeiros capítulos do livro de Gênesis à luz dos estudos criacionistas.

Eu já tive a oportunidade de assistir algumas palestras do Prof. Adauto. Muitas delas estão disponíveis no YouTube, tais como:














De Onde Veio Toda a Água

Para Onde Foi Toda a Água


Adauto J. B. Lourenço é formado em Física pela Bob Jones University (1990), Carolina do Sul, EUA. Possui mestrado em Física, obtido na Clemson University (1994), Carolina do Sul, EUA, onde defendeu a tese intitulada “Inelastic Scattering of Helium from Rhodium”. Realizou pesquisas no Max Planck Institut für Strömungsfurchung, em Göttingen, Alemanha, em conjunto com Dr. J. R. Manson e Dr. J. P. Toenies (1992), no Oak Ridge National Laboratory (1990-1993), em conjunto com Dr. R. J. Warmack e Dr. T. L. Ferrell e também coordenou, em conjunto com o engenheiro Ary Biazotto Corte Jr., a pesquisa do equipamento OX-FREE, de anticorrosão, financiada pela FAPESP, durante os anos de 2003-2005. É autor de vários escritos, dentre eles Como tudo começou.

Mausoléu é encontrado em Luxor

sexta-feira, 6 de março de 2015


A descoberta foi feita por arqueólogos norte-americanos na zona de Al-Qarna, em Luxor, a cerca de 600 quilómetros ao sul do Cairo.


O mausoléu do chamado “guardião da porta do deus Amon”, que data da XVIII dinastia faraónica (1554-1304 a.C.), foi descoberto na cidade de Luxor, anunciou hoje o ministro egípcio das Antiguidades, Mamduh al-Dmati.

A descoberta foi feita por arqueólogos norte-americanos que realizavam escavações na zona de Al-Qarna, em Luxor, a cerca de 600 quilómetros ao sul do Cairo.

O túmulo, que pertence a uma pessoa identificada como Amenhoteb, tem a forma da letra T e as paredes internas da cripta estão ornamentadas com relevos policromados que representam o falecido e a sua esposa em frente de uma mesa de oferendas.

Por sua parte, o diretor-geral de Antiguidades do Alto Egito, Sultan Aid, disse que a tumba foi danificada premeditadamente, durante a revolução religiosa que aconteceu durante o período do faraó Akenaton, concluiu o responsável egípcio.

Akenaton, conhecido também como Amenófis IV, foi um dos faraós mais importantes do Novo Império (1539-1075 a.C.), por ter sido o primeiro monarca a instituir o monoteísmo com o deus Aton.

O humano mais antigo do mundo (será?)



Uma equipa internacional de arqueólogos acredita ter encontrado o humano mais antigo do Mundo. As duas mandíbulas encontradas na Etiópia, no este de África, datam de há cerca de 2,8 milhões de anos, meio milhão de anos antes do que se supunha ser a origem do género Homo ao qual pertencemos. Esta descoberta pode alterar as hipóteses sobre o local e momento da origem dos humanos, referem os autores do estudo publicado na revista científica Science.

Foi Chalachew Seyoum, um estudante etíope da Universidade Estatal do Arizona, que descobriu o primeiro dente no sítio Ledi-Geraru, na Etiópia, e depois disso a mandíbula que se confirmou ter cerca de 2,8 milhões de anos. O mais surpreendente é a proximidade com o Australopithecus afarensis, da mesma espécie que a conhecida Lucy.


Uma proximidade que é geográfica, temporal e até morfológica. Lucy foi encontrada em 1974, a umas dezenas de quilómetros deste novo achado. Embora tivesse cerca de 3,4 milhões, o Australopithecus afarensis mais recente terá vivido há três milhões de anos, refere o National Geographic. A possibilidade desta espécie de australopiteco e de hominídeo se terem cruzado não é descartável e coloca-se mesmo a hipóteses que Homo agora encontrado seja uma espécie de transição.

“Este espécime combina traços primitivos dos primeiros Australopithecus com características morfológicas derivadas observadas em Homo posteriores”, referem os autores no artigo, confirmando que a evolução da mandíbula e dentes se deu no início da linhagem do género Homo. “É uma forma de transição, como seria expectável naquela altura. O queixo parece mais antigo no tempo, mas os dentes parecem mais modernos”, explica William Kimbel, investigador da Universidade Estatal do Arizona.

O sítio onde foram encontradas as mandíbulas está a umas dezenas de quilómetros de Gona, onde apareceram as ferramentas de pedra mais antigas que se conhecem, refere o El Pais. Pensava-se que Homo habilis teria sido o primeiro manusear ferramentas, mas “até agora não havia nenhum fóssil que correspondesse a essas ferramentas [de Gona]”, referiu Carlos Lorenzo, arqueólogo na equipa de Atapuerca e que não esteve envolvido neste estudo. “Não sabíamos quem as tinha feito, mas agora pode atribuir-se a este novo Homo.”

A espécie de Homo mais antiga conhecida tinha 2,3 milhões de anos e tinha sido encontrada na mesma região, mas os fósseis humanos do período entre dois a três milhões de anos são bastante raros. Assim, esta nova espécie descoberta volta a agitar a árvore filogenética humana como se conhece. Uma descoberta reforçada pelo estudo publicado esta semana na Nature, que mostrou que a estrutura de mandíbula e dentes do Homo habilis, quando comparada com australopitecos e hominídeos mais modernos, implicava a existência de uma espécie mais antiga de Homo ou uma evolução de Homo habilis que se tivesse iniciado muito tempo antes.


Nota: Os evolucionistas já consideram um pedaço de mandíbula e alguns dentes um ancestral humano, um possível elo entre a espécie Australopithecus afarensis (representada pela famosa fêmea Lucy) e o Homo habilis, considerado o primeiro hominídeo a fabricar ferramentas de pedra. O escritor criacionista Michelson Borges denunciou que a notícia da descoberta desse fóssil trata-se de mais um exemplo típico de "divulgação científica ufanista". Um exemplo disso é a reportagem de anteontem da Folha.

A cátedra e a política

quarta-feira, 4 de março de 2015

Max Weber (1864-1920)


"Numa sala de aula (...) o professor tem a palavra, mas os estudantes estão condenados ao silêncio. As circunstâncias pedem que os alunos sejam obrigados a seguir os cursos de um professor, tendo em vista a futura carreira e que nenhum dos presentes a uma sala de aula possa criticar o mestre. A um professor é imperdoável valer-se dessa situação para buscar incutir, em seus discípulos, as suas próprias concepções políticas, em vez de lhes ser útil, como é de seu dever, através da transmissão de conhecimento e de experiência científica."


WEBER, M. Ciência e política - duas vocações. Berlim: Dunker & Hunblot, 1967/1968, pp. 39-40.



Viste o site Escola Sem Partido