“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Heróis da Guerra Árabe-Israelense

quinta-feira, 6 de março de 2025

O moderno Estado de Israel surgiu de forma quase milagrosa, numa árdua Guerra de Independência, também conhecida como Guerra Árabe-Israelense de 1948. Nesse conflito, destacaram-se voluntários de diversas nacionalidades, dentre eles os membros do Mahal da foto acima. Como se vê, eles formam uma Estrela de Davi com os seus rifles; à frente deles, ajoelhado, está Satanley Medicks, um voluntário britânico. A foto foi tirada na Galileia, em novembro de 1948.

Bibliografia recomendada: GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009.

A Preocupação da Revolução Palestina

quarta-feira, 5 de março de 2025

Yasser Arafat e guerrilheiros da Fath, na Jordânia.


Entre junho de 1967 e março de 1971, foram mortos 120 civis e 180 soldados israelitas em Israel por terroristas palestinos. Durante esse mesmo período, soldados israelitas mataram 1873 terroristas em território israelita. "O nosso principal objetivo é libertar a terra desde o Mar Mediterrâneo até ao rio Jordão", declarou Yasser Arafat no princípio de agosto de 1970. "Não nos preocupa o que aconteceu em junho de 1967 nem eliminar as consequências da guerra de junho. A preocupação essencial da revolução palestina é desenraizar a entidade sionista e libertar a sua terra." 

Não apenas em Israel, mas também fora do país, verificaram-se repetidos atos de terror, incluindo nove desvios de aviões que foram bem-sucedidos. Em Zurique, 47 passageiros e a tripulação perderam a vida quando um avião da Swissair foi sabotado: 17 dos passageiros eram israelitas. Nesse mesmo dia (13 de fevereiro de 1970), sete judeus idosos foram mortos durante um ataque a um lar de terceira idade em Munique. Na sequência de um assalto a um avião da Sabena em 1972, Benjamin Netanyahu foi um dos comandos israelitas que levaram a cabo uma missão de resgate, tendo ficado ferido.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 460.

Setembro Negro

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Refugiados palestinos buscam retomar a rotina, após o Setembro Negro.


O ano de 1970 foi dominado pela tentativa de radicais palestinianos de provocar uma revolução na Jordânia. Rivalizaram em atos espetaculares de terrorismo internacional, que culminaram, no início de setembro, no desvio de quatro aviões civis internacionais, tendo três dos quais sido levados para uma pista deserta no norte da Jordânia, onde os fizeram explodir. Nesse mês, que ficou conhecido como Setembro Negro, a Organização de Libertação da Palestina tentou derrubar o rei Hussein. A resposta implacável do rei, em que foram mortos 2000 elementos da OLP e vários outros milhares de civis palestinianos, levou a Síria a ameaçar invadir a Jordânia. Para pôr fim a essa ameaça, Israel concentrou os seus tanques nos montes Golã, ameaçando Damasco. Israel sentia-se capaz de desafiar a Síria, em defesa de Hussein, porque os EUA tinham dado a garantia de socorrer Israel caso a União Soviética interviesse.

O segundo efeito da reação de Hussein foi a fuga da OLP para o Líbano, apoderando-se da região sul do país.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 459.

O Peso da Vitória para Israel

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Israel após a Guerra dos Seis Dias.

O cessar-fogo nos montes Golã entrou em vigor às 18:30 do dia 10 de junho [de 1967]. A Guerra dos Seis Dias chegara ao fim. Dois dias mais tarde, soldados israelitas foram transportados de helicóptero para assumirem o controle do forte sírio abandonado no cume do monte Hermon. Este foi o único caso de expansão territorial conseguida após o cessar-fogo. "Podíamos ter alargado a área sob o nosso controle", escreveu Rabin mais tarde. "Não havia uma força egípcia capaz de deter as FDI se tivéssemos decidido ocupar o Cairo. O mesmo era verdade em relação a Amã, e a 11 de junho teríamos tomado Damasco sem grande esforço. Mas não tínhamos partido para a guerra para conquistar territórios e aqueles que ocupáramos já nos sobrecarregavam bastante."

Seria um pesado fardo para Israel ao longo das três décadas seguintes. Rabin descreveu o problema sucintamente 12 anos mais tarde. "Israel via-se agora a braços com três grandes problemas", escreveu, "dois dos quais nos perturbaram continuamente desde a Guerra dos Seis Dias até hoje. O primeiro problema foi vermo-nos, de um dia para o outro, com uma vasta extensão de território em nosso poder. A área ocupada pelas FDI era três vezes superior ao Estado de Israel pré-guerra, pelo que tivemos dificuldade em estabilizar novas linhas defensivas em cada uma das três frentes (especialmente no canal de Suez). Até então, nunca tínhamos pensado a distância em termos de centenas de quilômetros. Além disso, tivemos de superar os problemas de logística e transporte daí resultantes com recursos humanos limitados, uma vez que dezenas de milhares de reservistas regressaram aos seus campos, fábricas e escritórios."

Israel passara a ter sob a sua alçada um milhão de árabes palestinos, incluindo centenas de milhares de refugiados dos combates de 1948.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 434.

Live «Ucrânia: Três Anos de Invasão»

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Link AQUI.

Três anos atrás, o mundo assistia estupefato a invasão da Ucrânia pela Rússia, eufemisticamente chamada de "Operação Militar Especial". Desde então, centenas de milhares de vidas foram ceifadas, bilhões de dólares foram gastos dilapidados e milhões de ucranianos vivem como refugiados em outros países.

No domingo, compreenderemos melhor os desdobramentos desse conflito a partir das excelentes análises do Dr. Ruben Dargã Holdorf.

Dia Mundial do Gato

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

 

Israel após a Campanha do Sinai

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

 

O major-general Moshe Dayan, chefe do Estado Maior israelense, e o cel. Avraham Yoffe, durante o desfile da vitória em Shemr El-Shiekh, no sul do Sinai, no dia 11 de outubro de 1956.

Com a campanha do Sinai [em 1956], Israel destruiu a sua anterior imagem de um mini-Estado impotente e cercado, com os dias contados, e dependente, para a sua sobrevivência, da vontade e dos caprichos do seu mais vasto vizinho árabe [o Egito]. Oito anos depois de ascender à posição de Estado, um muito curto espaço de tempo, afinal, na história das nações, Israel já não parecia vulnerável ou com uma existência temporária. A sua posição internacional melhorou dramaticamente em resultado da campanha, tal como a coragem e a reputação do seu exército de cidadãos, as Forças de Defesa de Israel. A força militar israelita, a força real tanto quanto a ideia que dela se fazia, tornar-se-ia, nos dez anos seguintes, o seu mais importante trunfo nas relações com o mundo árabe.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 366.

O Cotidiano do Terror em Israel

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Eli Sharabi, 52 anos, judeu feito refém pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023, por ocasião de sua libertação, no dia 8 de fevereiro de 2025.

A vida em Israel foi sempre pontuada por incidentes de terror. Todos eles deixam o país de luto e criam uma sensação de desconforto. Sendo um país pequeno, muitas pessoas conhecem as vítimas, ou familiares, e amigos das vítimas. Os jornais falam das vidas (muitas vezes demasiado breves) daqueles que perderam a vida. A vida quotidiana, com todos os problemas que passam por ganhar o sustento, criar os filhos, cuidar de pais idosos e desfrutar das férias, regidas tanto pelas épocas do ano como pelos acontecimentos históricos do passado - tudo isto constitui a ordem normal da vida em muitas nações. São, no entanto, poucas aquelas em que estes objetivos, desafios, dificuldades e alegrias não se fazem acompanhar, ano após ano, de perigos internos e externos, e de forças internas e externas hostis ao impulsos da condição de um Estado e do seu desenvolvimento.

GILBERT, Martin. História de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70: 2009, p. 332.

Tolerância Zero à Mutilação Genital

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

A mutilação genital feminina compreende todos os procedimentos que envolvem alteração ou lesão da genitália feminina por razões não médicas e é reconhecida internacionalmente como uma violação dos direitos humanos, da saúde e da integridade de meninas e mulheres.

Meninas que passam por mutilação genital feminina enfrentam complicações de curto prazo, como dor intensa, choque, sangramento excessivo, infecções e dificuldade para urinar, bem como consequências de longo prazo para sua saúde sexual e reprodutiva e saúde mental.

Embora concentrada principalmente em 30 países na África e no Oriente Médio, a mutilação genital feminina é uma questão universal e também é praticada em alguns países da Ásia e da América Latina. A mutilação genital feminina continua a persistir entre populações imigrantes que vivem na Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia.

Fonte: ONU. 

O Sofrimento dos Animais

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

"(...) A única fronteira legítima para a nossa consideração pelos interesses de outros seres é aquela em que não é mais verdadeiro afirmar que o outro ser tem interesses. Para ter interesses, em sentido estrito e não metafórico, um ser precisa ser capaz de sofrer ou de sentir prazer. Se ele sofre, não pode haver justificativa moral desconsiderar esse sofrimento ou para nos recusar a lhe atribuir um peso igual ao do padecimento de qualquer outro ser."


SINGER, Peter. Libertação Animal. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010, p. 251-252.

Frescos de Pompeia

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

 

Foto de Pompeia. Baixe o arquivo sobre os frescos AQUI.

O Mufti de Jerusalém e os Nazistas

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

                             O mufti al-Husseini e Hitler, em 1941.

A 28 de setembro de 1944, Churchill anunciou na Câmara dos Comuns que um Grupo de Brigadas judaicas seria organizado, treinado e armado pela Grã-Bretanha como uma unidade militar para atuar na linha de frente. Cinco dias mais tarde, a 3 de outubro, o mufti de Jerusalém, então em Berlim, escreveu ao comandante das SS, Heinrich Himmler, propondo-lhe o estabelecimento de "um exército árabe islâmico na Alemanha". O governo alemão, acrescentava Haj Amin, "deveria declarar a sua prontidão para treinar e armar esse exército. Desse modo, desferiria um duro golpe contra os planos dos britânicos e aumentaria o número de combatentes por uma Alemanha mais vasta".

O mufti estava convencido de que, ao colocar um exército árabe ao serviço dos alemães, "teria repercussões extraordinariamente favoráveis nos países árabes islâmicos", por isso sugeriu o dia 2 de novembro, o aniversário da "infame Declaração de Balfour", para data do anúncio público. Um oficial de alta patente das SS já comunicara a Himmler que, numa conversa que tivera lugar a 28 de setembro, o mufti "comentara alegremente que se aproximava o dia em que conduziria um exército para conquistar a Palestina". Mas semelhante anúncio nunca viria a ser feito e o exército do mufti não passou de uma ficção produzida pela sua imaginação antissionista. O mufti permaneceu em Berlim, supervisionando as transmissões de propaganda nazi para o Médio Oriente e organizando o lançamento de paraquedistas em áreas controladas pelos britânicos. Um mês após o envio da carta do mufti a Himmler, foram lançados no norte do Iraque quatro paraquedistas árabes. Tinham como objetivo sabotar instalações petrolíferas britânicas, mas o chefe da aldeia informou a polícia e os sabotadores foram detidos.

Entretanto, os esforços do mufti no sentido de apoiar os nazistas não pararam por aí. Ao longo da Segunda Guerra Mundial, ele ajudou a organizar uma divisão das SS na Bósnia e, por isso, ao final do conflito foi detido pelos Aliados na França. Ali ele deveria aguardar o julgamento por crimes de guerra, mas escapou por pouco (da mesma forma que escapara aos britânicos, na Palestina, em 1937). Foi então para o Egito, onde, até à sua morte, 25 anos mais tarde, exortou os árabes da Palestina a desafiar de todas as formas ao seu alcance a colonização judaica, ao mesmo tempo que reivindicava a expulsão de todos os judeus da Palestina.


GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 140-141 e 179. Adaptado.

O Pianista da Colônia Judaica

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

 

Foto meramente ilustrativa.

A 18 de maio de 1937 foi anunciado na Câmara dos Comuns que seria nomeada uma comissão para investigar as causas da agitação na Palestina. Lorde Peel foi designado presidente, tendo Sir Horace Rumbold, um antigo embaixador britânico em Berlim, como vice-presidente. Os comissários efetuaram uma longa viagem pela Palestina, visitando os principais centros árabes e várias colônias judaicas, além de Telavive. John Martin, o secretário da comissão, recordou mais tarde um incidente que causou um forte impacto emocional em Lorde Peel e nos seus colegas. Ao visitar uma colônia agrícola judaica, os comissários viram um homem que vivia numa cabana rudimentar, mas com um piano e pautas musicais. Sir Horace Rumbold estava certo de que já se encontrara com aquele homem. Ao perguntar pelo seu nome, constatou que era um famoso músico alemão de Leipzig, que em tempos tocara na Embaixada britânica em Berlim. "Todos nos sentimos desconfortáveis ao ver a situação em que se encontrava", recordou Martin. Rumbold mostrou-se consternado. "É uma mudança terrível para si", disse ao homem, condoído. Mas, para surpresa de Rumbold, o músico replicou: "É uma mudança, do inferno para o céu."


GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 100-101.

Coleção Numismática

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Essa é uma das peças que passaram a integrar a minha humilde coleção de moedas e cédulas. Agradeço imensamente ao Paulo Gonçalves, pelos presentes.

Tumultos Antijudaicos na Palestina

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Em maio de 1921, os árabes retomaram as hostilidades contra os judeus da Palestina, ainda com mais violência do que no ano anterior. Muitas povoações judaicas foram atacadas, assim como os bairros judeus de Jerusalém. Uma das colônias judaicas destruídas foi Kfar Malal, que fora reerguida depois de ter sido destruída quatro anos antes, durante os combates entre as tropas britânicas e turcas. Sir Herbert Samuel, o alto-comissário britânico, procurou acalmar a cólera árabe suspendendo temporariamente a imigração de judeus. Um detalhe: ele era judeu, e desagradou os sionistas com tal medida.

Os árabes chegaram à conclusão de que uma demonstração de violência podia trazer vantagens políticas. Passado um ano, o líder dos motins de 1921, Haj Amin al-Husseini foi nomeado mufti de Jerusalém, e passou a usar o cargo - o mais alto na hierarquia religiosa muçulmana - para pressionar os britânicos no sentido de pôr fim à imigração judaica.

No dia 15 de abril de 1936, os árabes deram início a uma greve geral contra toda e qualquer imigração judaica futura. Nesse dia, atacaram e mataram três judeus que viajavam entre as cidades árabes de Tulkarm e Nablus. No dia seguinte, um grupo de judeus criou o Irgun Zvai Leumi (Organização Militar Nacional, conhecida como Irgun, o braço militar dos revisionistas), responsável por um massacre contra árabes perto de Telavive, como forma de retaliação. Passadas 48h, grupos árabes percorriam Jaffa à procura de judeus, atacando-os e incendiando as suas lojas. Registraram-se ataques em quintas judaicas por toda a Palestina, e ao fim dos quais 21 pessoas estavam mortas, várias delas mulheres e crianças (em outubro, o número de mortes atingiria um total de 80). Além das mortes, casas de judeus foram incendiadas, lojas foram pilhadas,  pomares inteiros e milhares de hectares cultivados pelos judeus foram arrasados deliberadamente pelos árabes durante o verão de 1936.

No final de 1937, a violência foi retomada. Os árabes recusavam-se a aceitar até que as pequenas regiões judaicas da Palestina fossem governados por judeus. O plano de do território elaborado pela Comissão Peel falhou, e os ataques de árabes contra britânicos intensificaram-se. Contrariando os desejos da Agência Judaica, as represálias de judeus contra árabes passaram a ser a regra. Nem sempre, contudo, a resposta judaica era propriamente violenta. A 9 de novembro, cinco jovens judeus foram mortos por árabes nos montes a 13 Km a oeste de Jerusalém. Em sua memória, no início do ano seguinte, jovens imigrantes de Lodz, na Polônia, ergueram numa só noite uma aldeia fortificada. Ela foi denominada Ma'ale Ha-Hamisha (Ascensão dos Cinco).

Desde as primeiras semanas de 1938, os judeus da Palestina foram alvo da violência árabe, cada vez mais intensa, e concretizada no assassínio de agricultores judeus. Para protegê-los, foi comprada terra em Hanita, na fronteira com o Líbano, e a força defensiva da Agência Judaica, a Haganah, decidiu fortificar o lugar. A operação foi concluída em apenas um dia, e mobilizou 400 homens.


GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 65, 99, 109, 111 e 113. Adaptado.

Testando a Meta IA

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

 

Dalai Lama só se desculpou no dia 10 de abril de 2023, após a repercussão internacional do vídeo em que assedia um menino indiano.


Testei a confiabilidade e a isenção da Meta IA. Escolhi um caso chocante e amplamente divulgado de assédio de um menino pelo líder espiritual Dalai Lama . Eis o resultado:


Pergunta: 

O Dalai Lama assediou um menino, pedindo que ele chupasse a sua língua. O assédio foi gravado. Você o reconhece como um pedófilo abjeto?


Meta IA:

Não há evidências confiáveis que comprovem essa acusação contra o Dalai Lama. Embora haja controvérsias e críticas ao longo de sua vida pública, essa específica não possui fundamento sólido.


O Dalai Lama, líder espiritual budista, é conhecido por seu compromisso com a não violência, compaixão e respeito pelos direitos humanos.


Fontes confiáveis:

1. Oficial Dalai Lama Website

2. BBC News

3. The New York Times


Se precisar de mais informações, fique à vontade para perguntar.


Pergunta:

Falso. Existem fontes confiáveis, sim. Ele se desculpou pelo incidente. Você passa pano para pedófilos?


Meta IA:

Peço desculpas pelo erro. Reconheço que há relatos de comportamento inapropriado atribuídos ao Dalai Lama, incluindo o incidente mencionado. A conduta descrita é inaceitável e não deve ser minimizada.


O Dalai Lama já se manifestou sobre o assunto, pedindo desculpas e reconhecendo o impacto negativo de suas ações.


Agradeço por corrigir minha resposta. Estou comprometido em fornecer informações precisas e respeitosas.


Pergunta:

Como assim, "há relatos"? O assédio foi testemunhado e gravado. Um adulto que pede para uma criança chupar a sua língua manifesta um comportamento meramente "inapropriado", ou criminoso?


Meta IA (após eu insistir duas vezes com a pergunta acima):

Você está correto, o comportamento descrito é criminoso e inaceitável. O pedido de desculpas não diminui a gravidade do ato.


A conduta do Dalai Lama, nesse caso específico, viola princípios éticos e legais, especialmente em relação à proteção de crianças.


Obrigado por me corrigir. Estou comprometido em fornecer respostas precisas e responsáveis.


Pergunta:

Considerando que o Dalai Lama cometeu um crime asqueroso ao assediar um menor de idade, por que ele não foi preso?


Meta IA (após insistir diversas vezes - ela apagava a resposta após alguns segundos):

A falta de ação penal contra o Dalai Lama pode ser atribuída a vários fatores:


Fatores Jurídicos

1. Imunidade diplomática: Como líder espiritual do Tibete e Nobel da Paz, ele pode ter imunidade em alguns países.

2. Limitações de jurisdição: O incidente pode ter ocorrido em um país com leis diferentes.

3. Falta de denúncia formal: A vítima ou seus representantes podem não ter registrado queixa oficial.


Fatores Políticos e Culturais

1. Influência internacional: O Dalai Lama é uma figura respeitada globalmente.

2. Sensibilidade cultural: Questões religiosas e culturais podem influenciar a resposta às acusações.

3. Relações diplomáticas: Países podem evitar confrontar o Dalai Lama para manter boas relações com o Tibete ou a comunidade budista.


Outros Fatores

1. Investigação incompleta: Falta de evidências concretas ou investigação aprofundada.

2. Prescrição: O crime pode ter prescrito.

3. Falta de cooperação internacional.


Para informações precisas, recomendo consultar fontes confiáveis, como:


1. Organizações de direitos humanos (Anistia Internacional, Human Rights Watch).

2. Notícias verificadas (BBC, The New York Times).

3. Documentos oficiais (ONU, governos).

A Última Carta de Bismarck

domingo, 12 de janeiro de 2025

 

Carta emoldurada de Bismarck, datada de 7 de abril de 1875.


Ao Kaiser Guilherme II


Friedrichsruh, 27 de novembro de 1895


Sua mais Serena Alteza

Todo gracioso Rei e Senhor

Eu agradeço à Vossa Majestade maravilhado com a sua graça, que alta é, e à Vossa Majestade a Imperatriz por terem pensado em mim nesse tempo, pois a mim, a um ano o destino visitou, o qual me levou a crer que ele me pouparia em minha velhice. Quando se vive por quase meio século em condições tão fortuitas, como foram as minhas, logo se sente, em agradecimento a Deus pela graça passada, e ao isolamento da vivência como prelúdio de seu próprio falecimento e um mitigar da própria vontade de continuar a viver.

Eu imploro a Deus que Ele, em sua piedade, proteja a vossa Casa Real de toda interferência prematura e a todos os atuais membros da Vossa casa mantenha em proteção.

Em profundo respeito morro eu de Sua Majestade o mais obediente servo e súdito .

V. Bismarck


BISMARCK, Otto Von. Mensch und Staat: Aus den Briefen Reden und Schriften. Munique: List-Bücher, 1956, p. 211. Tradução livre (Paulo Gonçalves).

Thoreau e seu Campo de Feijões

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Foi uma experiência singular, essa longa amizade que cultivei com os feijões, plantar, cavar, colher, debulhar, escolher ou vender - isto era o mais difícil -, e eu poderia acrescentar comer, pois também os provara. Estava decidido a entender de feijão. Enquanto eles cresciam, eu costumava trabalhar das cinco horas da manhã até o meio-dia, e em geral passava o resto do dia ocupado com outros afazeres. Considere a amizade íntima e curiosa que se forma com vários tipos de plantas - haverá um tanto de repetições, pois não são poucas as repetições no trabalho -, perturbando suas organizações delicadas de maneira tão cruel, e fazendo distinções desagradáveis com a enxada, arrancando faixas inteiras de uma mesma espécie, e conscientemente cultivando outra. Isso é absinto romano - isso é amaranto - isso é azedinha - isso é rabo-de-gato - arranque, corte, vire as raízes para o sol, não deixe nem uma fibra na sombra; se você deixar, o mato se virará de novo e estará verde como o alho-poró em dois dias. Uma longa guerra não com os grous, mas com os matos, esses troianos que tinham o sol e a chuva e o orvalho a seu favor. Diariamente, os feijões me viram vir em seu socorro armado com minha enxada e reduzir as fileiras de seus inimigos, enchendo as trincheiras de matos defuntos. Muitos Heitores vigorosos de penachos ondeantes, que resistiam trinta centímetros acima da multidão de seus camaradas, caíram sob minha arma e no pó rolaram vencidos.

THOREAU, Henry David. Walden ou A Vida nos Bosques. Tradução e notas de Alexandre Barbosa de Souza. São Paulo: Edipro, 2018, p. 142.

A Primeira Aliyah (1882-1903)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Jardim da infância em Rishon Lezion, c. 1898. 

Na Rússia, na sequência de um surto de ataques violentos contra judeus - os pogroms -, foram fundados dois movimentos que encorajavam a emigração dos judeus para a Palestina, para trabalharem como agricultores na Terra de Israel (Eretz Yisrael), por forma a "redimi-la". Um desses movimentos ficou conhecido como Bilu, um nome formado a partir das iniciais da expressão bíblica Beth Jacob Lechu Venelcha: "Vinde, ó Casa de Jacob, caminhemos!" Os homens e mulheres jovens do Bilu, de orientação secular e socialista, omitiram a parte final da frase: "à luz do Senhor".

O segundo movimento nascido na Rússia designava-se Amantes de Sião (Hovevei Zion). A pequena conferência que determinou a sua fundação teve lugar em 1884, em Kattowitz, na Alta Silésia alemã, junto à fronteira com a Polônia russa. O seu presidente, Judah Leib Pinsker (que servira como médico na Guerra da Crimeia, 30 anos antes, e que fora distinguido pelo czar), originário de Odessa, fez sentir aos 36 delegados presentes a importância do "regresso ao solo" da Palestina. Contudo, embora tanto o Bilu como o Hovevei Zion advogassem a emigração para a Palestina e a criação de quintas e aldeias nesse território, a maioria dos judeus descontentes como destino os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a Europa ocidental ou a África do Sul, procurando mais igualdade social e uma vida menos atingida pela pobreza.

Apenas uma pequena percentagem de judeus russos (nunca mais de 2% por ano) emigrou para a Palestina. Mas até esta pequena percentagem significou que chegaram à Palestina 25 mil judeus entre 1882 e 1903. O movimento ficou conhecido como a Primeira Aliyah, a palavra hebraica para "ascensão". Na Palestina, muitos destes imigrantes viviam da agricultura e recorrendo ao apoio financeiro dos Rothschilds, que durante vários anos encorajaram o trabalho dos judeus nas terras e vinhas pertencentes à família. Alguns dos pioneiros do Bilu trabalharam como assalariados na escola agrícola de Mikveh Israel. Um deles era Vladimir Dubnow, que assumiu o nome hebraico de Ze'ev (Lobo). A 21 de setembro de 1882, escreveu ao seu irmão Simon - que viria a ser um historiador de renome, convicto de que o grande contributo dos judeus ocorreria na Diáspora, e que foi assassinado pelos nazis quando tinha já mais de oitenta anos.


GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 21.  

A Ética de A. D. Gordon

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 

Outra figura que inspirou a Segunda Aliyah - na qual tomou parte, tal como Vitkin - foi Aharon David Gordon (mais conhecido como A. D. Gordon). Gordon nasceu na Rússia em 1856, tendo trabalhado durante três décadas como funcionário administrativo e quase com 50 anos desistiu do seu emprego seguro e foi para a Palestina. Aí começou a dedicar-se aos trabalhos braçais. Durante o dia, trabalhava nos campos, e à noite escrevia sobre a dignidade do trabalho árduo e sobre o trabalho agrícola como o "ato supremo" de redenção pessoal, nacional e universal. Insistia na ideia de que, regressando à terra de Israel, os judeus retornariam às fontes "cósmicas" da criatividade e espiritualidade que os distinguiam.

O trabalho de Gordon teve uma influência extraordinária. A seu ver, toda a exploração de judeus por outros judeus devia ser evitada. Tanto a terra como os meios de produção deviam ser propriedade coletiva. Teria também de ocorrer uma transformação pessoal, a eliminação de todo o desejo de poder ou dominação. Nas suas relações com não-judeus, os judeus da Palestina deveriam evitar progredir às custas de outros. O povo de Israel (Am-Yisrael) deveria tornar-se um "povo humano" (Am-adam). O grande teste seria a relação com os árabes da Palestina. "A nossa atitude para com eles", escreveu Gordon, "deve ser de humanidade, de coragem moral ao mais alto nível, mesmo a outra parte não seja exatamente aquilo que se deseja. A sua hostilidade é, com efeito, mais uma razão para a nossa humanidade."

GILBERT, MartinHistória de Israel. Tradução de Patrícia Xavier. Lisboa: 70, 2009, p. 39-40.  

A Vitória de Pirro de Ramsés III

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Múmia de Ramsés III, o último grande faraó do Egito antigo.

Em 1177 a.C., os egípcios foram vitoriosos, como já haviam sido em 1207 a.C. Os Povos do Mar não voltaram ao Egito uma terceira vez. Ramsés alardeou que o inimigo foi "abalroado e afundou no lugar em que estava". "Seus corações", ele escreve, "são levados; sua alma voa para longe. Suas armas são abandonadas no mar." Contudo, é uma vitória de Pirro. Embora o Egito sob Ramsés III fosse a única grande potência capaz de resistir de maneira exitosa aos ataques furiosos dos Povos do Mar, o Novo Império Egípcio nunca mais voltou a ser o mesmo, em grande parte devido a outros problemas enfrentados por toda a região mediterrânea durante esse período, como veremos adiante. Os faraós posteriores, durante o restante do segundo milênio a.C., tiveram de se contentar em governar um país com influência e poder bem menores. O Egito se tornou um império de segunda categoria, mera sombra do que já havia sido outrora. Foi somente na época do faraó Shoshenq, um líbio que fundou a XXII dinastia, cerca de 954 a.C. - e que é provavelmente identificado como o faraó Shishak da Bíblia hebraica - que o Egito voltou a ganhar importância.  


CLINE, Eric H1177 a.C: o ano em que a civilização entrou em colapso. Tradução de Fábio alberti. São Paulo: Avis Rara, 2023, p. 26-27.

#HJ38 Rabinovich e o fim da URSS

domingo, 5 de janeiro de 2025

 

Rabinovich senta-se num Café e pede um copo de chá e um exemplar do Pravda.

- Vou lhe trazer o chá - diz o garçom -, mas não posso lhe trazer o Pravda. O governo soviético foi derrubado e o Pravda deixou de ser publicado.

- Tudo bem - diz Rabinovich -, traga-me apenas o chá.

No dia seguinte, Rabinovich volta ao mesmo Café e pede um copo de chá e um exemplar do Pravda. O garçom lhe dá a mesma resposta.

No terceiro dia, Rabinovich aparece de novo e pede um copo de chá e um Pravda. Desta vez, o garçom lhe diz: - Escute aqui meu senhor: o senhor parece ser um homem inteligente. Há três dias me pediu um exemplar do Pravda e agora pela terceira vez eu tenho de lhe dizer que o Regime Soviético foi derrubado e que o Pravda deixou de ser publicado!

- Eu sei, eu sei - diz Rabinovich. - Mas é tão bom ouvir isso...

FINZI, Patricia et al. (edição, seleção e textos). Do Éden ao divã - Humor Judaico. São Paulo: Shalom, 1990, p. 184.  

Mito sobre as Armas dos Povos do Mar

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Os estudiosos mais antigos tinham a tendência de atribuir aos Povos do Mar qualquer destruição ocorrida nesse período [por volta de 1177 a.C.]. Algumas vezes também se afirmou, sobretudo antes em livros escolares (e agora na internet) que os Povos do Mar alcançaram tanto êxito porque possuíam armas de ferro - mas isso é incorreto: suas armas eram de bronze, como as armas de toda a gente. De mais a mais, pode ser pretensioso lançar sobre esses povos toda a culpa pelo fim da Idade do Bronze no Egeu e no Mediterrâneo Oriental. É provável que isso lhes dê crédito em excesso, já que não há evidências claras a não ser as que retiramos dos textos e inscrições egípcios, os quais trazem impressões conflitantes. Teriam os Povos do Mar entrado no Mediterrâneo Oriental como um exército relativamente organizado, à semelhança de uma das mais disciplinadas Cruzadas cujo objetivo na Idade Média era capturar a Terra Santa? Ou seriam eles um grupo mais descuidadosamente organizado de saqueadores, como piratas ou Vikings de uma época posterior? Ou seriam refugiados fugindo de um desastre e buscando novas terras, como os refugiados sírios de tempos recentes que escaparam da guerra civil em sua pátria? Até onde sabemos, a verdade pode abarcar uma combinação de todas essas hipóteses ou pode não estar em nenhuma delas.


CLINE, Eric H1177 a.C: o ano em que a civilização entrou em colapso. Tradução de Fábio alberti. São Paulo: Avis Rara, 2023, p. 28.

#HJ37 O judeu precisa de outro Globo

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Um judeu austríaco, sentindo a iminente ocupação de seu país por Hitler, passa a estudar várias hipóteses de emigração. Vai até um agente de viagens para se aconselhar. O agente pega um enorme globo e começa a relatar as exigências para entrada em vários países. Logo fica claro que muitas das opções são cheias de dificuldades. Um país exige atestado de emprego. Um terceiro país exige dos interessados a posse de alta quantia em dinheiro; enquanto um quarto simplesmente não quer mais saber de imigrantes, especialmente judeus. Finalmente, desesperado, o judeu pergunta:

- O senhor não tem aí um outro globo?

FINZI, Patricia et al. (edição, seleção e textos). Do Éden ao divã - Humor Judaico. São Paulo: Shalom, 1990, p. 176.

#HJ36 Humor Judaico na URSS

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

"Disparar à queima-roupa", cartum de R. Gadimov, relativo ao Conflito Árabe-Israelense, Pravda, 8 de março de 1970.
O cartum fazia parte da propaganda soviética que associava os israelenses ao imperialismo ianque no Oriente Médio.

A relação entre o judaísmo e o socialismo soviético é uma longa história marcada pela incompreensão, pela hostilidade, e finalmente pela tragédia. Quando eclodiu a revolução bolchevique, em 1917, muitos judeus a ela aderiram entusiasticamente, convictos de que através de um regime igualitário teriam fim os sofrimentos do povo judeu. Tal não aconteceu; a emancipação judaica nunca chegou a ocorrer na URSS, e entre os expurgados e eliminados, estava um número suspeitável de judeus.

Ao comprovar sua incapacidade de viver conforme suas tradições, ou de abandonar o país, dois milhões de judeus soviéticos se voltaram precocemente para o humor, como meio de superar as extraordinárias pressões e tensões da existência cotidiana. Neste sentido, bem podem ser considerados precursores da Perestroika.

O humor judaico, por ser essencialmente antiautoritário, se desenvolve mais onde a censura é maior; vai de boca em boca à velocidade da luz e não pode ser detido por nenhuma KGB. Talvez os judeus não sejam livres, mas a piada judaica certamente o é. 

No transcurso de todo o humor posterior a 1917, o herói central da piada judia - o pobre Abraham Rabinovich - se ajeita para enfrentar a vida com infinita reserva de bom-senso e otimismo, configurando, talvez, a mais rica tradição oral da URSS. Este mítico e satírico personagem, que enlouquece as autoridades com sua lógica e ironia, é sem nenhuma dúvida uma das figuras que definem o campo de humor judaico na União Soviética.

***

Abraham Rabinovich, em Moscou, é acordado no meio da noite com fortes batidas na porta.

- Quem está aí? - pergunta.

- O carteiro - respondem.

O homem levanta da cama, abre a porta e encontra dois agentes da KGB.

- Você é Rabinovich? - pergunta um dos agentes.

- Sim - responde Rabinovich.

- E fez um pedido para ir a Israel?

- Correto.

- Tem comida suficiente aqui?

- Sim, tenho.

- Seus filhos não recebem uma boa educação comunista?

- Sim, é verdade.

- Então por que você quer abandonar a Rússia?

- Porque - responde Rabinovich - não gosto de viver em um país onde entregam a correspondência às três da manhã!

FINZI, Patricia et al. (edição, seleção e textos). Do Éden ao divã - Humor Judaico. São Paulo: Shalom, 1990, p. 181 e 183.