“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

As Máscaras dos Democratas nos EUA

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

 

Nos Estados Unidos, os membros originais da organização racista Ku Klux Klan, criada logo após a Guerra de Secessão (1861-1865), tinham ligações com o Partido Democrata, o mesmo que se opôs à abolição da escravatura no país. Militantes do mesmo partido estão agora atacando eleitores republicanos, além de promover o vandalismo indiscriminado contra propriedades públicas e privadas.

Que os responsáveis por qualquer tipo de violência sejam desmascarados, investigados e punidos com rigor, na forma da lei.

«O Medo dos Bárbaros», de T. Todorov

domingo, 30 de agosto de 2020

 

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«O Choque de Civilizações»

sábado, 29 de agosto de 2020

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«As Muitas Faces da História»

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

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O Poder dos Jesuítas

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Silêncio, filme de 2016 realizado por Martin Scorcese.

A Companhia de Jesus, criada por Inácio de Loyola (1491-1556) em 1534, logo alcançou todos os continentes. Não havia língua conhecida que os jesuítas não falassem ou estudassem; nenhuma cultura que não penetrassem; nenhum ramo de conhecimento e ciência que não explorassem; nenhum trabalho em humanismo, nas artes, na educação popular, que eles não realizassem e fizessem melhor do que qualquer outra pessoa; nenhuma forma de violência que não tivessem sofrido (foram estripados na Etiópia e até mesmo comidos vivos pelos iroqueses, no Canadá!). Nos primeiros quatrocentos anos de sua história, eles deram à Igreja Romana 38 santos canonizados.

Os jesuítas ficaram conhecidos como os "homens do papa". Os eternos inimigos do papado nunca poderiam perdoar Inácio de Loyola e seus jesuítas enquanto estivessem em missão do papa, cumprindo o sagrado voto de obediência. Ora, os jesuítas realmente eram homens do papa. Seus primeiros alvos principais: as novas igrejas protestantes que pululavam pela Europa.

Os jesuítas levaram a batalha aos próprios territórios daqueles inimigos papais. Faziam debates públicos, pregavam em encruzilhadas e em mercados. Infiltravam-se em territórios hostis, e se deslocavam às escondidas. Mas, embora a investida dos jesuítas contra os inimigos de Roma fosse vigorosa, a penetrante influência deles sobre o próprio catolicismo romano nunca foi igualada. Eles detiveram o monopólio da educação da Europa durante mais de duzentos anos, e entre os seus alunos estiveram Voltaire, Luis Bunuel e Fidel Castro. Sozinhos, literalmente remodelaram o ensino da teologia e da filosofia católica romana. Proporcionavam novos meios para a prática da devoção popular, promoveram o estudo do ascetismo, do misticismo e da missiologia. Os jesuítas eram gigantes, mas com um propósito: a defesa e a propagação da autoridade papal e do ensinamento papal. 

Adaptado de MARTIN, Malachi. Os Jesuítas - a Companhia de Jesus e a Traição à Igreja Católica. Tradução de Luiz Carlos do N. Silva. Rio de Janeiro: Record, 1989, p. 23-25.  

«Alexandre VI - Bórgia, o Papa Sinistro»

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

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«Os Jesuítas», de Malachi Martin

domingo, 23 de agosto de 2020

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«Quem Manda no Mundo?»

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

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Perfil do Imperador Carlos Magno

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Carlos Magno (à esquerda) e Pepino, o Corcunda, seu filho (à direita). Cópia do século X de um original perdido, produzido entre 829 e 836 em Fulda, por Everardo de Friuli (810-866). Localização: Museo della Cattredale, Módena, Itália.

Carlos é, em suma, o próprio tipo do bom rei franco, cavaleiro infatigável, grande caçador, bom nadador, apreciador de todos os exercícios físicos. Ele tem um comportamento bastante adequado à mesa, preferindo aos grandes banquetes os jantares com pouca gente, onde se conversa, toca-se música e se recitam poemas. É também o momento de descontração em que o rei ouve a leitura dos livros mais diversos, desde relatos históricos a textos teológicos. Assim, Santo Agostinho e sua Cidade de Deus acompanham muitas refeições. Nesse jantar, que se faz aí pelo meio da tarde, servem-lhe cinco pratos, um dos quais é caça assada no espeto. Para encerrar, ele come frutas. Isso significa dizer que, ainda que observe escrupulosamente os jejuns prescritos pela Igreja, eles não agradam a esse grande amante da comida. Mas bebe com uma sobriedade - imposta também aos que o rodeiam - que contrasta fortemente com os hábitos da aristocracia. Carlos se cuida. Todos os dias faz a sesta, para a qual se despe e se descalça como o faz à noite, o que parece ter espantado seus contemporâneos.

Embora aprecie o fausto, que tem a função de afirmar o seu poder, e saiba mostrar-se generoso para com seus inúmeros hóspedes, não busca o luxo na vida pessoal. De resto, permitiu que os autores dos Libri carolini censurassem de tal modo o culto imperial, da forma como se desenvolveu em Bizâncio, que não podia expor-se às mesmas críticas. Passado o momento da prosternação, a proskynèse da noite de Natal de 800, ninguém mais terá que se ajoelhar diante do imperador Carlos. Abordam-no sem maiores cerimônias no palácio, e até quando está se vestindo. Os soldados de sua guarda pessoal banham-se com ele na piscina. Ele se recusa a usar roupas de gala, ao contrário do que fazem tantos príncipes estrangeiros. O manto de ouro, a coroa e o cetro só são tirados dos cofres quando se pretende impressionar os embaixadores. Carlos só teria usado uma vez, em Roma, diante do papa, a longa túnica, a clâmide imperial e os sapatos à moda romana. No dia-a-dia, veste-se como todo mundo: Eginhardo diz que ele usava "o traje nacional dos francos". 

FAVIER, Jean. Carlos Magno. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 138-139.

A Reforma Religiosa no Reino Franco

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Nesta gravura do século XVIII, Bonifácio aparece derrubando o carvalho dedicado a Thor.

A renovação do monacato assumiu, desde o século VII, o caráter de missões. Os fundadores eram monges errantes, que iam de região em região, fundando estabelecimentos antes de seguir adiante. Assim, o irlandês Columbano, depois de ter percorrido a Gália merovíngia, acabou seus dias em Bobbio, Itália. Os prefeitos de palácio estimularam essa ação, que preparava e depois consolidava sua intervenção política nos principados vizinhos do reino franco, ao passo que os monges missionários tinham todo interesse em tirar partido, para suas fundações monásticas, dos avanços territoriais do reino cristão dos francos.

Vários religiosos - de anglos-saxões como Willibrord (morto em 739) e Winfrid, a irlandeses, como Killien (morto em 689) e Pirmino (morto em 730) - participaram desse movimento de expansão do cristianismo. Mas coube a Bonifácio o papel principal como eclesiástico do mundo franco. Foi à reforma da Igreja no reino que ele dedicou os dez últimos anos de sua vida. Como parte das suas iniciativas, estava a elevação dos bispos metropolitanos, que ele desejava que passassem a deter o título de arcebipo.

Os bispos não metropolitanos se mostraram reticentes diante dessa inovação, que reduzia a sua independência. Os príncipes dos francos, por sua vez, desconfiavam de um grau hierárquico que os separaria da maioria dos bispos, aumentando o poder de alguns. Assim, o próprio Bonifácio, que recebeu o pallium em 732, não conseguiu se impor como arcebispo de Colônia, pelo que precisou voltar para Mogúncia. Quando o imperador Carlos Magno morreu, em 814, existiam 21 arcebispos em seu império.

A retomada do controle passava pela reforma moral. Assim, em 742, o arcebispo Bonifácio enviou um relatório contundente ao papa Zacarias: os francos não realizavam um sínodo há mais de oitenta anos; as sedes episcopais estavam entregues a leigos gananciosos, ou ocupadas por clérigos adúlteros e mundanos; os diáconos viviam na devassidão e no adultério, antes de chegar ao sacerdócio e, por fim, ao episcopado. Os príncipes Carlomano e Pepino, o Breve, deram a Bonifácio, então, o apoio político sem o qual seus projetos não passariam de letra morta.

Os reformadores deram uma atenção especial à eleição - quase se poderia dizer nomeação - de bispos e de abades dignos de suas funções. Os beberrões, analfabetos e giróvagos (monges que perambulavam em busca de esmolas) passaram a ser caçados. Os faltosos foram destituídos, quando não terminaram os seus dias na prisão. Na verdade, dois ou três, apenas, foram destituídos, uma vez que o príncipe não ousava descontentar a aristocracia, que se apossou de muitas dioceses.

Chrodegang, bispo de Metz, ocupou a sede episcopal de 742 a 766. Ele veio a ser considerado santo, e desejava ardentemente a reforma, mas não uma reforma vinda de fora: a Igreja franca opunha-se tanto a Roma quanto aos monges insulares. Chrodegang tornou-se o sucessor de Bonifácio no que dizia respeito à reforma. Alguns ritos desconhecidos de Roma foram mantidos, como a adoração da cruz durante o ofício da Sexta-Feira da Paixão, praticada primeiro na catedral de Metz e depois estendida a todas as igrejas do Ocidente. Chrodegang deu aos clérigos seculares de sua diocese uma regra. As novas nomeações (cuidadas pessoalmente pelo rei), passaram a considerar o nível de instrução dos candidatos. Apesar disso, a formação intelectual era considerada um mero instrumento para a regeneração moral, ficando em segundo plano.

Da mesma forma, buscou-se acabar com as igrejas em poder dos leigos, com a acumulação de cargos que tornava ilusória qualquer ação real, com o escândalo causado pelas concubinas - alguns bispos possuíam várias - e com o nepotismo que tornava hereditária a função episcopal. A restauração intelectual iniciada desde o fim do século VII, por limitada que tenha sido, permitiu o retorno dos debates teológicos. Assim, o concílio de Soissons condenou, em 744, a heresia do padre Adalberto.

A reforma atingiu também os fiéis. A crise moral do clero havia se refletido no povo, levando o cristianismo a recuar no século VII nos campos do reino franco. A repressão do paganismo na Germânia foi espetacular. Além do relaxamento moral do clero, a crise foi também causada pela má qualidade da conversão promovida por muitos missionários. O monge Sankt Gallen conta a história do saxão que se fez batizar vinte vezes para receber e guardar as vestes batismais feitas "de um belo linho branco como a neve", e que reclamou quando, apresentando-se para mais um "banho", deram-lhe uma camisa ordinária e mal costurada: "Um saco ordinário desses foi feito para um guerreiro ou para um guardador de porcos?", questionou ele.

Os concílios denunciavam as práticas supersticiosas que perpetuavam o paganismo, a idolatria, o uso de amuletos, os sacrifícios de animais. Mesmo quando o cristianismo parecia solidamente enraizado nas cidades e em algumas zonas rurais, continuava bastante propenso a misturar devoções cristãs com os cultos pagãos. "A firme atitude do rei e de seu episcopado em favor do papel essencial das imagens na pregação deriva, em parte, da necessária concessão aos hábitos pagãos." (p. 122)

A ação conjunta dos bispos reformadores e dos monastérios começou a dar frutos na época de Carlos Magno. Apesar disso, todas as pregações que conseguiram, muito lentamente, fazer com que se abandonassem os cultos e as festas diretamente ligadas a tal ou qual deus do panteão pagão mostraram seus limites quando se estava em questão as forças naturais, ou da necessidade elementar de divertimento. Nem Bonifácio nem Carlos Magno conseguiram nada nesse sentido. Em 789, ainda era necessário punir com rigor aqueles que acendiam tochas nas árvores ou nos rochedos.

A autoridade de Bonifácio, que se tornou "arcebispo das Gálias e da Germânia", lhe permitiu ter um papel decisivo na ascensão do filho de Pepino, em 751. A aliança da nova realeza com a Igreja tornou-se o cimento da unidade cristã no Ocidente. O coroamento imperial, em 800, foi uma mera conclusão desse processo.    

Adaptado de FAVIER, Jean. Carlos Magno. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 116-123. 

Pesquisa com os cursistas do Pré-ENEM

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Essa pesquisa foi elaborada para mapear a realidade dos cursistas do Pré-ENEM 2020 no qual sou um dos colaboradores. Infelizmente, a adesão foi baixa (apenas dez respostas), mas agradeço a todos que participaram.

As primeiras perguntas buscaram estabelecer um perfil dos cursistas. Em relação ao livro didático, 50% declararam que não o possuem, e a mesma proporção admitiu que o possui, mas raramente o consulta. Um terço assiste ocasionalmente a filmes e documentários históricos, e outro terço o faz raramente. Apenas 10% faz consultas regulares (pelo menos uma vez por semana) a sites, blogs e aplicativos de História.

A vasta maioria - 80% - declarou que tem pelo menos uma noção da linha do tempo e dos períodos históricos. Sobre a leitura de livros de História, além dos didáticos e paradidáticos, 60% declararam ler apenas um.

Sobre a Mesopotâmia e o Egito (ver acima), 40% acertaram a resposta (civilizações do Crescente Fértil). Sobre a civilização grega, a proporção de acerto foi bem menor: apenas 10% marcaram que influenciou profundamente a civilização romana. Sobre Roma, haviam apenas duas opções, e 44,4% acertaram que o Direito está entre os seus principais legados ao Ocidente. Sobre o Feudalismo, 11,1% acertaram (vigorou entre os séculos X-XIII, e foi marcado pela cosmovisão teocêntrica).

Em relação ao Renascimento, 70% acertaram (antropocentrismo como conceito central). Sobre as Grandes Navegações, 90% lembraram-se de que Espanha e Portugal foram as potências do período. Sobre o Antigo Regime, a maioria (66,7%) marcou a frase correta: o rei concentrava o poder, embora precisasse respeitar os limites da religião e dos costumes.   

O Ocaso da Dinastia Merovíngia

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Nobre merovíngio, século V-VII.

Profundamente marcados pelos costumes que vinham sendo importados havia séculos pelas populações germânicas, os homens do século VIII estão convencidos do valor do gesto. Sensíveis às atitudes, os romanos se satisfaziam com a ordem verbal e com o ato escrito. O mundo franco tomou o hábito do gesto significativo, do gesto que cria o compromisso. A civilização medieval guardará daí toda uma gama de gestos: eles irão desde a entrega de um torrão por aquele que vende um terreno até a homenagem feita pelo vassalo ajoelhado colocando suas mãos sobre as do senhor; do sinal da Cruz, que assume nesse mesmo século VIII sua importância na liturgia e na devoção, à mão colocada sobre os Evangelhos ou sobre as relíquias por aquele que jura. O rei franco, nos primeiros tempos, ficava de pé sobre um escudo, que era levantado, investindo-se assim de poderes de soberano. Era necessário, em 751, encontrar outra coisa, algo que fosse um gesto vigoroso.

Em novembro, em Saint-Denis, os bispos do reino procederam a esse ato litúrgico até então ignorado no reino franco: a unção real. Sem dúvida, o arcebispo Bonifácio estava entre esses bispos. Bonifácio é então o mais proeminente dos bispos do reino franco. É provável que ele próprio tenha vertido os santos óleos. Os grandes só têm que aplaudir, mas eles não deixam de se fazer presentes: preservar-se-á a ficção do rei reconhecido, porque o merovíngio, embora fosse escolhido na família, devia ser reconhecido pelos grandes senhores, como seus predecessores também o eram, quando subiam no escudo e nele eram erguidos, para serem investidos dos poderes de soberano. Quanto ao papa, ele evitará protestar contra a usurpação e contra o gesto temerário dos prelados, que não tinham nenhuma autoridade para perturbar a ordem política estabelecida em 508 pelo imperador bizantino. Aparentemente, ele nada tinha a ver com a história. O gesto dos bispos vai além do propósito pontifical, mas não do seu casamento.

É preciso encontrar uma função para o último dos merovíngios: Childerico III é enviado ao monastério, em Saint-Bertin, próximo a Saint-Omer. Tonsuram-no, o que o torna um clérigo: ele não pode mais reivindicar o trono. Childerico III viria a morrer quatro anos depois sem que ninguém se lembrasse de falar nele. Na verdade, ele nada chegou a empreender. Quanto a seu filho Teodorico, tornaram-no monge em Fontenelle (Saint-Wandrille). Esses merovíngios podiam dar graças a Deus por não terem sido, como acontecia em sua família, simplesmente degolados. 

FAVIER, Jean. Carlos Magno. Tradução de Luciano Machado. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 39-40. 

Pesquisa com os Alunos

domingo, 16 de agosto de 2020

 

Essa foi a primeira pesquisa realizada com os alunos do CAV, via Google Forms. Como primeira experiência, nota-se que houve grande adesão (114 respostas), pelo menos dos alunos que têm assistido à aulas virtuais. Como já imaginava, as Ciências Humanas constituem a área do conhecimento predileta dos alunos, mas com uma estreita margem de vantagem sobre as Ciências da Natureza, o que me surpreendeu.

Nas Humanidades, a História é, de longe, a disciplina preferida, com 62,5% dos votos, seguida pela Geografia (24,1%). Em relação ao tempo dedicado à leitura, por semana, 36% dos alunos confessaram que dedicam 30 minutos ou menos; a mesma proporção respondeu que reserva até uma hora para a atividade. Como a pergunta não especificou o tipo de leitura, os entrevistados poderiam incluir aí a leitura de materiais didáticos e paradidáticos, revistas, jornais, sites, textos religiosos, etc., a situação é alarmante: 72% dos alunos leem, em média, pouco mais de oito minutos por dia. Quanto desse volume de leitura é realmente útil para a sua formação acadêmica e sua vida é uma questão em aberto.

Sobre o interesse por documentários e filmes históricos, 26,3% responderam "muito"; 47,4% responderam "razoável"; 20,2% responderam "pouco", e os demais, "nenhum". Sobre as tarefas do livro ou apostila, 35,1% alegaram realizá-las sempre; 55,3% responderam "quase sempre", e 9,3% assumiram que raramente as realizam. Ninguém respondeu que nunca cumpre as tarefas.

Sobre a frequência a museus de arte e de história, 14,9% disseram que já os visitaram várias vezes; 30,7% responderam "algumas vezes", 28,1% responderam "poucas vezes" e 26,3% nunca visitaram um espaço dessa natureza.

Nas aulas de História, 39,5% preferem o Kahoot!; 21,1% apreciam mais as indicações de livros, filmes e documentários; 17,5% preferem as aulas expositivas; 12,3% as visitas técnicas e, finalmente, 4,4% optaram pelos seminários da disciplina.

Essa foi um primeiro levantamento de informações, tendo por objetivo reforçar a avaliação diagnóstica. As próxima pesquisas serão direcionadas a cada turma. Desde já, agradeço pela participação, e especialmente pelas críticas, sugestões e elogios, que em muito contribuem para o meu trabalho.

«A Natureza Mística do Marxismo»

sábado, 15 de agosto de 2020

 

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A Guerra Árabe-Israelense de 1948

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

                                    

Hasteamento da bandeira de Israel, ao final da Primeira Guerra Árabe-Israelense, 10 de março de 1949. Créditos: Micah Perry / Government Press Office (GPO).

No dia 14 de maio de 1948, o Mandato Britânico na Palestina chegou ao fim. Onze minutos depois, os Estados Unidos reconheceram o novo Estado de Israel. O mesmo fez a União Soviética. Em contrapartida, os Estados árabes que tinham fronteiras com o novo país lançaram um ataque imediato. Aviões egípcios bombardearam Tel Aviv, e os soldados egípcios avançaram pelo sudoeste, mas foram detidos no povoado de Yad Mordechai. A Legião Árabe da Transjordânia e o Exército Árabe de Libertação, com base na Síria, entraram no território atribuído aos judeus pelas Nações Unidas. No centro do país, tropas iraquianas atacaram posições israelitas. A artilharia da Legião Árabe bombardeou o bairro judaico da Cidade Velha de Jerusalém, que caiu nas mãos dos tranjordanianos. Um cessar-fogo foi assinado em 11 de junho de 1948, e a trégua seria usada pelos dois lados para ganhar terreno.

Em 9 de julho, os árabes romperam a trégua, reiniciando a guerra. Em dez dias, as forças israelenses, reforçadas, mantiveram a contra-ofensiva e conquistaram novas posições. Uma nova proposta da ONU foi rejeitada, desta vez pela rejeição de países árabes e da URSS. Enquanto isso, as Forças de Defesa de Israel (FDI) ocupavam o Negev. Em dezembro, as FDI lançaram uma ofensiva no sul, ocupando a Faixa de Gaza e o Sinais, mas retiraram-se pouco depois, por pressão estadunidense. Em 7 de janeiro de 1949, Israel e os países árabes aceitaram iniciar as negociações para um armistício. Em 11 de maio, Israel foi admitido na ONU.

A guerra durou nove meses e as linhas do seu cessar-fogo temporário mantiveram-se durante quase 20 anos como fronteiras de Israel. Ao contrário da versão que predomina na historiografia oficial israelense, o conflito não foi uma luta de Davi contra Golias. A vitória final dos israelenses refletiu o equilíbrio militar no campo de batalha. os soldados judeus estavam muito bem treinados e motivados, tanto que os efetivos da Haganá triplicaram até o final dos conflitos, atingindo 94 mil homens em armas em dezembro de 1948. Do lado árabe, havia inicialmente uma superioridade numérica, mas escasso treinamento militar. As tropas mais bem preparadas eram as da Síria e do Egito.

As cidades árabes da Palestina da margem ocidental do Jordão foram ocupadas e anexadas pela Transjordânia, que também ocupou e demoliu o bairro judaico da Cidade Velha. O Egito ocupou a Faixa de Gaza. Pelas armas, Israel tinha expandido o seu território de 55% da Palestina que lhe tinham sido atribuídos pelo plano de partilha da ONU, para 79% do território. A Guerra de Independência de Israel, todavia, custou 6 mil vidas aos judeus, 1% da população judaica do novo Estado. No rescaldo do conflito, chegaram ao país mais de um milhão de judeus da Europa e de países muçulmanos, em especial do Norte da África e do Iraque. As baixas árabes foram provavelmente maiores do que as dos judeus, mas seus números nunca foram divulgados.

Três quartos de milhão de refugiados árabes tinham fugido dos combates ou sido incentivados por Israel a partir. Alguns foram expulsos à força das suas aldeias, que a seguir foram demolidas. Mais de um milhão foram internados em campos de refugiados no Líbano, Síria, Egito e Jordânia (como a Transjordânia passou a ficar conhecida). Vários milhares de casas de árabes em Jerusalém foram ocupadas pelos judeus recém-chegados, muitos dos quais tinham por sua vez sido expulsos das suas casas em territórios árabes.

Em Israel, 160 mil árabes ficaram ou regressaram poucos meses depois da guerra. Tornaram-se cidadãos israelenses, vindo mais tarde a votar em eleições e a ter representação parlamentar. Cinquenta anos depois de declarado o Estado de Israel, estes árabes israelenses já eram mais de meio milhão (cerca de 20% da população do país). Nunca deixaram de se sentir cidadãos de segunda classe.

Bibliografia consultada:

GILBERT, Martin. História do Século XX. Tradução de Francisco Agarez. 3ª edição. Alfragide, Portugal: Dom Quixote, 2014, p. 313-314.

CAMARGO, Cláudio. Guerras Árabe-Israelenses. In: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 432-4.

Sobre a Perseguição aos Cristãos

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Willy Menezes, graduado em Recursos Humanos e Teologia, é coordenador de voluntários da Portas Abertas, e conversará conosco sobre a perseguição aos cristãos no mundo atual.

Marque na sua agenda: AMANHÃ, 22 de agosto, às 16h, via Zoom. Para ter acesso ao evento, clique AQUI.

«Estado Islâmico: Máquina do Terror»

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Documentário disponível aqui.

#15Fatos A Argentina de Perón

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Eva e Juan Perón.

1. Até a crise de 1929, a Argentina havia experimentado grande prosperidade econômica, com seus principais produtos (cereais e carne) abastecendo os mercados europeus, em especial o britânico. Mas o modelo agroexportador argentino sofreu um grande abalo com a Depressão Econômica dos anos 1930.

2. Em 1930, o cenário político foi marcado pelo golpe do general J. F. Uriburu, que derrubou o presidente Hipólito Yrigoyen, da União Cívica Radical (UCR). A UCR surgiu em 1891, e congregava oposicionistas ao grupo fechado que dominou a política argentina desde a década de 1860. Defendia a bandeira da democracia, um vago nacionalismo e nutria algumas preocupações sociais. Havia chegado ao poder em 1916, com Hipólito Yrigoyen. 

3. A década de 1930 entrou para a história como a "década infame". Após o referido golpe, que representou a volta ao poder dos tradicionais interesses exportadores, as eleições que se seguiram foram marcadas por fraudes, num arremedo de legalidade constitucional. A repressão também foi intensa, com prisões e torturas de opositores, dentre os quais comunistas, anarquistas e membros do Partido Radical.

4. No dia 4 de junho de 1943 houve outro golpe militar que pôs um ponto final ao período supracitado, mas sem uma mudança substancial nas diretrizes políticas do país. Apesar da declaração pública em favor da democracia, secretamente os chefes militares se afirmaram como antiliberais, nacionalistas e defensores da hegemonia argentina na América do Sul.

5. Os líderes do golpe pertenciam ao Grupo de Oficiales Unidos (GOU), surgiu em 1942. O GOU se caracterizava pelo nacionalismo e pela simpatia ao nazifascismo. Ao final de 1943, o regime ditatorial dissolveu todos os partidos políticos e tornou obrigatório o ensino religioso nas escolas, em função do apoio da Igreja Católica. O coronel Juan Domingo Perón, integrante do GOU, atuava como eminência parda do regime de 1943. Após o rompimento diplomático com o Eixo em janeiro de 1944, houve uma mudança palaciana e o general E. J. Farrell assumiu o governo. Perón, ligado a Farrell, passou a acumular o cargo da recém-criada Secretaria de Trabalho e Previdência com os de vice-presidente e ministro da Guerra. 

6. Na Secretaria, Perón elegeu os trabalhadores como interlocutores políticos e começou a implementar medidas que os beneficiavam. Concedeu aumentos salariais reais, instituiu uma espécie de 13º salário, criou tribunais de trabalho e unificou o sistema de previdência. No campo, foi concretizado o Estatuto do Peão. Com relação aos sindicatos mais combativos, Perón exerceu uma política que oscilou entre a cooptação e a repressão. Aqueles que resistiam acabavam desarticulados.

7. Devido a essa aproximação com os trabalhadores, uma reação conservadora ligada aos golpistas culminou na prisão de Perón, no dia 12 de outubro de 1945. Cinco dias depois, os trabalhadores tomaram a Praça de Maio, exigindo a libertação de Perón. Assim, este foi solto e, às 23h do mesmo dia, falou para a multidão concentrada na praça. Já era então candidato à presidência da República para as eleições que ocorreriam em seguida. 

8. Para apoiar a sua candidatura, surgiu então o Partido Laborista, com uma robusta base de trabalhadores. Seu programa propunha, dentre outras coisas, combater os latifúndios e ampliar as melhorias previdenciárias. Os inimigos dos laboristas eram banqueiros e rentistas, latifundiários e industriais. Nas eleições de 24 de fevereiro de 1946, Perón e seu candidato a vice, J. H. Quijano, foram apoiados pela Igreja Católica, pelo Exército e por grupos conservadores nacionalistas. Venceram por uma pequena margem de votos sobre a recém-formada União Democrática. A posse ocorreu no dia 4 de junho de 1946.

9. O primeiro período presidencial de Perón (1946-1952) foi favorecido pela situação econômica argentina, favorável graças às divisas acumuladas no exterior durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, o governo pôde oferecer aos trabalhadores aumentos de salários e outros benefícios sociais. Em fins de 1946, Perón anunciou o Primeiro Plano Quinquenal. A indústria argentina de alimentos, têxteis e metalurgia leve cresceu muito nesses anos, mas não houve a criação de uma indústria de base como aconteceu no Brasil, poucos anos antes.

10. Logo após a sua posse, Perón dissolveu o Partido Laborista e criou o Partido Peronista (PP), dividido em ala masculina, ala feminina (sob inspiração de Eva Perón) e a ala sindical, a Confederação Geral do Trabalho (CGT). Os sindicatos integravam a estrutura partidária. O número de sindicalizados cresceu muito, e em 1951 a CGT já contava com 3 milhões de filiados. Além disso, empresas elétricas, de telefonia e de estradas de ferro (em sua maioria inglesas) foram nacionalizadas mediante pagamento de indenizações. Foi criada a Aerolíneas Argentinas, uma frota aérea do Estado, mas o petróleo não foi nacionalizado.

11. O autoritarismo do regime peronista mostrou-se claramente em suas relações com a Corte Suprema, a universidade e a imprensa. A radiodifusão privada foi sendo silenciada, não havendo mais espaço para vozes dissonantes. Jornais e revistas de oposição foram fechados ou restringidos em suas quotas de papel de impressão (caso do La Prensa e do La Nación). Ao lado da repressão, Perón montou um impressionante sistema de propaganda política que alcançava todos os meios de comunicação. Foram impostas às escolas cartilhas "peronistas" e a produção cinematográfica foi controlada. 

12. Maria Eva Duarte, a Evita, a esposa de Perón, atuava como intermediária entre o líder e as massas. Criou a Fundação Eva Perón, responsável pelas obras assistenciais direcionadas principalmente a escolas, orfanatos e asilos. Além disso, abriu importante espaço político de atuação, graças ao seu carisma. Graças a Evita, o voto foi estendido às mulheres nas eleições de 1952. Nesse mesmo ano, a primeira-dama adoeceu, falecendo no dia 26 de julho. Seu corpo foi embalsamado e exposto à visitação pública.

13. Uma reformulação constitucional em 1949 passou a permitir a reeleição presidencial. Em setembro de 1951, houve um levante militar que acabou frustrado. Consequentemente, o Congresso decretou o "estado de guerra interno". Apesar da tensão, em novembro Perón e Quijano foram reeleitos. Nesses primórdios da Guerra Fria, Perón defendia a posição "terceirista", isto é, nem capitalista nem socialista. Com essa visão, ele pretendia combater o "imperialismo", bem como a "oligarquia". Pretendia instaurar a justiça social para os trabalhadores (daí o termo justicialismo); estes, por sua vez, deveriam aceitar a função tuteladora do Estado.

14. As reservas acumuladas durante a guerra terminaram, e os capitais externos passaram a se distanciar da Argentina, temendo o nacionalismo peronista. Assim, tornou-se muito difícil atender a novas reivindicações populares e manter as subvenções ao consumo. A CGT, fiel ao governo, buscava evitar as greves. Perón não demonstrou habilidade para lidar com a oposição de um pequeno grupo democrata-cristão, acirrando os ânimos dos católicos. Em 22 de setembro de 1955, Perón finalmente renunciou, após descartar qualquer resistência armada contra o levante militar do general Eduardo Lonardi. Após passar pelo Paraguai e pela República Dominicana, terminou os seus dias na Espanha do fascista Francisco Franco.

15. Mesmo após a queda de Perón e de sua morte, em 1973, o peronismo manteve-se como sólida corrente político-ideológica, abrigando um amplo leque de seguidores à direita e à esquerda, aí incluídos católicos, nacionalistas e sindicalistas. A manifestação mais radical do peronismo foi a do Montoneros, guerrilheiros armados que combateram as ditaduras militares durante a década de 1970.

Bibliografia consultada: PELLEGRINO, Gabriela & PRADO, Maria Ligia. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2016, p. 142-149.

«O Livro das Religiões»

terça-feira, 4 de agosto de 2020

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Do Império Romano do Oriente ao Império Bizantino

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Soldados bizantinos do século VII d.C.

No século VII, o Império Bizantino estava reduzido ao sul e a leste, e assumiu então uma nova face, em virtude das reformas militares e políticas a que os soberanos tinham sido forçados para salvar o que restava do Império. O sistema administrativo herdado do Baixo Império já não convinha à nova situação. Sem suprimir as províncias, Heráclio e os seus sucessores reuniram nas mãos de uma mesma pessoa (estratega) os poderes civis e militares e estabeleceram uma nova circunscrição, o "tema". Houve assim sete grandes governos militares, que partilharam entre si a responsabilidade da defesa do império. O estratega era um vice-imperador na sua província e ocupava-se tanto de fazer receber os impostos pelos seus agentes como de organizar a defesa.

Neste império em transformação, a Igreja tornou-se uma das forças essenciais. A guerra que Heráclio empreendeu contra os persas tomou o aspecto de uma guerra santa, coroada pela restauração da cruz em Jerusalém. O mesmo se passou nas lutas que os sucessores de Heráclio empreenderam contra os árabes. Justiniano II, imperador entre 685 e 695, fez gravar no anverso das suas moedas a efígie de Cristo. Os imperadores dotaram os mosteiros de bens prediais e isentaram-nos de direitos fiscais. No século VII os grandes mosteiros bizantinos tornaram-se potências econômicas, além de religiosas. 

A estreita associação entre o Império e a Igreja fez desta última uma organização nacional, que via o papado cada vez mais como uma potência estrangeira. Por outro lado, as relações entre o Ocidente e o Império Bizantino no século VII tornaram-se cada vez mais distantes. A única região que ainda interessava aos bizantino era a Itália, mas esta passou a estar solidamente ocupada pelos lombardos. Estes passaram a ser os senhores, desde o fim do século VI, da Itália do Norte, do ducado de Spoleto, do ducado de Benavento.

O representante do imperador, o exarca de Ravena, não reunia força suficiente para reconquistar os territórios italianos supracitados. Além disso, não podia apoiar-se nas populações italianas. Com efeito, alienaram-lhe os papas e os católicos de Itália. Em meados do século VII, um violento conflito estourou entre o papado e o Império Bizantino. O papa Martinho I, sagrado sem a aprovação do imperador, condenou o monotelismo pelo Sínodo de Latrão de 649. Foi preso em 653, condenado em Constantinopla, e a seguir enviado ao exílio, onde morreu.

Para dirigir pessoalmente a luta contra os lombardos e submeter definitivamente o papado, o imperador Constante II instalou-se no Ocidente em 663. Pela última vez, um imperador "romano" demorou-se algumas semanas em Roma. Mas, não podendo afastar os lombardos do sul da Itália, o imperador decidiu estabelecer-se em Siracusa, onde foi assassinado pouco depois (668). A partir deste momento, todos os esforços dos bizantinos para retomar a Itália foram por água abaixo.

O exarca de Ravena, pressionado pelas populações italianas, tentou tornar-se independente de Constantinopla por meio das sublevações de 695, 702, 710 e 712. Uma reconciliação entre o papado e o império e a condenação do monotelismo (681) não conduziram no entanto à submissão do patriarca de Constantinopla, que se considerava igual ao papa.

O Ocidente e o Oriente começaram a ignorar-se. No Ocidente, e mesmo na Itália, o grego já não era estudado. No Oriente, o latim foi esquecido. A helenização do império, no século VII, tornou-se um fato adquirido. Em 629, o imperador passou a se chamar Basileus, e já não Imperator ou Augustus. Em 711 morreram os últimos descendentes da família de Heráclio e o império tomou a face do Império Greco-Bizantino. Os imperadores entregaram-se então a uma nova missão: suster o mais possível o avanço dos árabes.     

Adaptado de RICHÉ, Pierre. Grandes Invasões e Impérios - Séculos V a X. Tradução de Manuel J. Palmeirim. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1980, p. 124-127.

Arte Romântica Russa

domingo, 2 de agosto de 2020


Caravana no Oásis, 1871, óleo sobre tela de Ivan Aivazóvski (1817-1900).