“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Poder dos Jesuítas

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Silêncio, filme de 2016 realizado por Martin Scorcese.

A Companhia de Jesus, criada por Inácio de Loyola (1491-1556) em 1534, logo alcançou todos os continentes. Não havia língua conhecida que os jesuítas não falassem ou estudassem; nenhuma cultura que não penetrassem; nenhum ramo de conhecimento e ciência que não explorassem; nenhum trabalho em humanismo, nas artes, na educação popular, que eles não realizassem e fizessem melhor do que qualquer outra pessoa; nenhuma forma de violência que não tivessem sofrido (foram estripados na Etiópia e até mesmo comidos vivos pelos iroqueses, no Canadá!). Nos primeiros quatrocentos anos de sua história, eles deram à Igreja Romana 38 santos canonizados.

Os jesuítas ficaram conhecidos como os "homens do papa". Os eternos inimigos do papado nunca poderiam perdoar Inácio de Loyola e seus jesuítas enquanto estivessem em missão do papa, cumprindo o sagrado voto de obediência. Ora, os jesuítas realmente eram homens do papa. Seus primeiros alvos principais: as novas igrejas protestantes que pululavam pela Europa.

Os jesuítas levaram a batalha aos próprios territórios daqueles inimigos papais. Faziam debates públicos, pregavam em encruzilhadas e em mercados. Infiltravam-se em territórios hostis, e se deslocavam às escondidas. Mas, embora a investida dos jesuítas contra os inimigos de Roma fosse vigorosa, a penetrante influência deles sobre o próprio catolicismo romano nunca foi igualada. Eles detiveram o monopólio da educação da Europa durante mais de duzentos anos, e entre os seus alunos estiveram Voltaire, Luis Bunuel e Fidel Castro. Sozinhos, literalmente remodelaram o ensino da teologia e da filosofia católica romana. Proporcionavam novos meios para a prática da devoção popular, promoveram o estudo do ascetismo, do misticismo e da missiologia. Os jesuítas eram gigantes, mas com um propósito: a defesa e a propagação da autoridade papal e do ensinamento papal. 

Adaptado de MARTIN, Malachi. Os Jesuítas - a Companhia de Jesus e a Traição à Igreja Católica. Tradução de Luiz Carlos do N. Silva. Rio de Janeiro: Record, 1989, p. 23-25.  

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