quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Eis o meu primeiro livro. Como li certa vez em um livro do Eduardo Galeano (ah, tristes anos de leituras esquerdistas...), escrever um livro é como lançar uma garrafa com uma mensagem ao mar. As probabilidades de que alguém os leia é sempre remota.
Para início de conversa, eis a referência da obra:
TEIXEIRA, R. L. A guerra no Império Romano Tardio. Prefácio de Ricardo da Costa e orelhas de Rogério Rosa. Vitória: DLL-UFES, 2012.
O texto-base foi o da monografia que apresentei ao Departamento de História da UFES quando concluí a licenciatura e o bacharelado, em 2009. Naquela altura tive a honra de ser orientado pelo Prof. Dr. Ricardo da Costa, que também é o autor do prefácio. A propósito, o prefácio está disponível em seu SITE.
Já o autor das orelhas do livro, o Prof. Dr. Rogério Rosa, foi o meu professor de História do Brasil Colônia, Teoria e Metodologia da História. Atualmente é professor adjunto de Teoria e Metodologia da História na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). São dele as palavras que se seguem (volto a seguir):
O texto que Raphael apresenta ao leitor permite acompanhar o processo de fabricação do trabalho do historiador com todo o rigor acadêmico exigido àqueles que se dedicam ao ofício. Para narrar sua história o autor escolheu como guia um personagem, Vegécio, e uma obra, Epitoma rei Militaris. Na oficina do historiador a escolha da fonte marca profundamente o desenvolvimento do produto final. O contexto de sua produção, a linguagem, os valores individuais e coletivos do sujeito, bem como as forças motrizes da época deixam marcas indeléveis no documento. Identificá-las é o desafio. Diante das escassas informações sobre o sujeito objeto de sua pesquisa, Raphael recorreu a uma estratégia cara ao historiador, qual seja a de estabelecer relações do texto de Vegécio com outras fontes da época, comparar a proposta apresentada no Epitoma com experiências militares de outros períodos históricos, além de evocar uma miríade de autoridades em história romana para sustentar seus argumentos. Para além desse procedimento que poderíamos nominar de científico há que ressaltar os subjetivos: a evocação afetuosa feita ao pai, militar da reserva, a inquietação diante da banalização da violência e da guerra na atualidade e a confissão de que por um momento desejou ingressar nas Forças Armadas. Ao fim, a pesquisa de Raphael nos abre uma janela para o passado e outra para o presente, e na interseção desses tempos, a oportunidade de observar as memórias, concepções e estratégias de um historiador em formação.
A esses dois mestres devo muitíssimo do meu aprendizado inicial de historiador. Mais uma vez, meu muito obrigado a ambos.
Apesar do título (ah, os interesses editoriais...), o livro trata apenas da guerra romana no século IV d.C., com rápida contextualização dos séculos precedentes. No século em questão produziram-se mudanças cruciais na estratégia, na tática e na organização do exército romano. Foram reflexos das mudanças na governação do Império, que desde o século III era cada vez mais acossado pelas invasões bárbaras e pelas guerras civis e golpes de Estado. No livro eu procuro explicar esse processo, tendo como principal fonte o Epitoma rei militaris, tratado escrito por Flávio Vegécio, no fim do séc. IV.
No mestrado, como era de se esperar, eu procurei pesquisar um tema mais delimitado: a cristianização do exército romano e as relações do processo com a política imperial. A dissertação já está pronta e devo defendê-la brevemente. Pretendo publicá-la também, e vocês podem conferir na internet a CAPA e DISSERTAÇÃO. Ainda mais interessante, será, de facto, uma "part two" da obra que agora lanço. Estou muito contente pelos frutos dessa pesquisa sobre a qual tenho me debruçado já há alguns anos.
Quem sabe se a tese de doutorado não forma uma trilogia... veremos.
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Imagens: representações modernas de soldados romanos do século IV.
Atenção: o livro está disponível para compra no AGBOOK.
4 comentários:
Vou querer ler a trilogia inteira. E espero ter a oportunidade de um dia me sentar contigo para conversar sobre seu trabalho.
Oh, prezado, será um grande prazer! Espero retornar em breve. Até lá poderíamos tentar pelo menos uma «Conexão Lisboa».
Excelente dissertaçao, ajuda a derrrubar vários mitos a respeito do fim do imperio ocidental, principalmente o de que a cristianizaçao da sociedade estragou o exercito romano. Muito bom ver como cristianismo evoluiu de perseguido a perseguidor e o papel REAL de Cosntatinus I nisto tudo. Especialmente no "dar a Cesar o que era de Deus".
Excelente dissertaçao, ajuda a derrrubar vários mitos a respeito do fim do imperio ocidental, principalmente o de que a cristianizaçao da sociedade estragou o exercito romano. Muito bom ver como cristianismo evoluiu de perseguido a perseguidor e o papel REAL de Cosntatinus I nisto tudo. Especialmente no "dar a Cesar o que era de Deus".assinado Klaus Provenzano klausprovenzano@hotmail.com
18 de Janeiro de 2014 às 12:56 Eliminar
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