domingo, 6 de março de 2016
Veja, edição de 24 de dezembro de 2014.
Como conservador, eu bem que gostaria que as anticristãs ideologias de esquerda se desidratassem e desaparecessem. Mas, pelo contrário: elas seguem mais poderosas do que nunca. Sua influência alcança indivíduos, instituições, governos e até mesmo a ONU. Assim, surpreendi-me ao ler um artigo recém-publicado que apregoa o "fim das esquerdas". A fim de esclarecer os leitores, muitos dos quais sem formação em História ou em outras áreas das Ciências Humanas, preparei uma refutação a esse artigo.
Ressalto que me baseio na interpretação bíblica aceita pelos adventistas e me dirijo especialmente a eles. Assim, eis porque a tese do Vanderlei Dorneles não se sustenta:
1. Do ponto de vista das profecias bíblicas, a América do Sul é inexpressiva. A Europa, os Estados Unidos, o papado e até o Islã têm o seu lugar nas profecias de Daniel e do Apocalipse, mas não as nações sul-americanas. Portanto, o primeiro equívoco do artigo é dar-lhes um certo destaque.
2. O autor se atrapalha ao relacionar o recuo da esquerda sul-americana, fenômeno ainda em curso, ao fim do Socialismo Real, ocorrido entre 1989 e 1991. Ao ligar esses dois episódios tão distantes no tempo e no espaço, ele não explica como, no início dos anos 2000, ocorreu as ascensão de vários governos de esquerda na América do Sul. Um furo.
3. Talvez o ponto mais grave seja a desconsideração (ou ignorância) com relação ao avanço do marxismo cultural mundo afora. Vale lembrar que o movimento revolucionário já existia antes da formação da União Soviética, e continua a existir, apesar do desaparecimento desse país. Ao contrário do que defende o autor, as ideologias de esquerda estão longe de um "esgotamento quase final". Várias de suas frentes (teologia da libertação, feminismo, ideologia de gênero, movimento gay, ambientalismo, etc.) coexistem perfeitamente com a economia de mercado. Existem até ditaduras comunistas que abriram as suas economias para o livre mercado, como é o caso da chinesa. O esquerdismo é camaleônico por natureza, enganando facilmente os desinformados.
Saiba mais sobre isso assistindo ao documentário Agenda: Triturando a América.
4. O ateísmo e o materialismo não são exclusividades de "Estados socialistas". Democracias como o Japão, a Suécia, a República Tcheca, a Holanda, o Reino Unido, Israel e Alemanha estão entre os países menos religiosos do mundo. Além disso, nos últimos anos a distinção entre "direita" e "esquerda" perdeu o sentido. Governos em tese conservadores tomam medidas esquerdizantes (alguns exemplos: o premiê britânico, David Cameron, apoiou o casamento gay; a chanceler alemã Angela Merkel tem defendido o multiculturalismo). Governos de esquerda existem tanto no "Norte" (veja o exemplo de Barack Obama, nos Estados Unidos) quanto no "Sul" . O mundo é mais complexo na realidade do que na esquematização de Dorneles.
5. Não foram "os poderes políticos capitalistas" aliados ao papado que derrubaram o Socialismo Real. Em primeiríssimo lugar, foram as reformas liberalizantes promovidas a partir de 1985 pelo líder soviético, Mikhail Gorbachev, que "abriram as comportas" para que movimentos nacionalistas, separatistas e pró-democracia varressem o socialismo da União Soviética e do Leste europeu. A CIA e o papa João Paulo II tiveram um papel secundário, no máximo, e agiram mais como catalisadores de um processo em curso.
6. As ideologias de esquerda não só não perderam força, como também não se enfraquecerão até que Jesus volte e ponha um fim ao drama deste mundo. Sobre o papel escatológico que os esquerdistas terão, atesta-o Ellen G. White, que profetizou sobre o poder dos sindicatos na perseguição final. Segundo a mensageira do Senhor, "os sindicatos serão um dos instrumentos que trarão sobre a Terra um tempo de angústia tal como nunca houve desde o princípio do mundo." Leiam mais em Eventos Finais, p. 116-117.
Recomendo o meu artigo sobre A Subversão dos Valores Cristãos
7. Com todas essas evidências, devemos acreditar que as ideologias de esquerda terão forte influência nos Estados Unidos, no papado e no mundo durante a crise final. O papa Francisco, de modo especial, é considerado por muitos como um papa político, populista de esquerda e até foi eleito como personalidade do ano de 2013 por uma revista gay. E quanto à orientação marxista do atual governo norte-americano? Basta conferir a capa da revista Veja no início deste post para se ter uma ideia... Para mobilizar tantas forças mundiais, o engano final será mais agregador e ecumênico do que supõe Vanderlei Dorneles - de esquerdistas ateus a fanáticos católicos, passando por protestantes e espíritas, toda a Terra se maravilhará "seguindo a besta" (Apocalipse 13:3).
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