“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Ulysses Guimarães (1916-1992)

quinta-feira, 6 de outubro de 2016


Ulysses Silveira Guimarães 
Rio Claro, 1916 - Angra dos Reis, 1992. 

Advogado e um dos políticos mais destacados no desmonte do regime militar (1964-1985), ficou conhecido como Senhor Diretas. 

Ulysses nasceu no interior paulista em 6 de outubro de 1916 (portanto, hoje nós lembramos o centenário do seu nascimento). Ainda nos estudos secundários já demonstrava pendor para a política. Após concluir o curso de ciências jurídicas e sociais, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, especializou-se, em 1940, em direito tributário. Em 1944, tornou-se vice-presidente do Santos Futebol Clube. Tornou-se professor titular de direito municipal na Faculdade de Itu e de direito constitucional na Faculdade de Bauru. Foi eleito deputado estadual em São Paulo em 1947, mas três anos depois trocou a Assembleia Legislativa pela Câmara dos Deputados, reelegendo-se por 11 mandatos consecutivos. 

Durante o primeiro mandato na Câmara dos Deputados (1951-1955) integrou a CPI que ajudou a acirrar a crise político-militar que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas em agosto de 1954. Presidiu a Câmara entre 1956 e 1957, e em 1961 votou a favor da Emenda Constitucional nº 4, que instituiu o parlamentarismo, solução para garantir a posse de João Goulart. Em 1964, num primeiro momento, apoiou o golpe militar que depôs Jango. Pouco depois, contudo, entrou em atrito com os militares. 

Em 1965, participou da criação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o virtual opositor da Aliança Renovadora Nacional (Arena). Incorporou, nos anos de chumbo, a alma e a voz da oposição. Nesse sentido, lançou-se, anticandidato à presidência da República em 1973, num protesto contra a farsa da eleição indireta, em que o general Ernesto Geisel já estava eleito de antemão.

Em abril de 1977, diante da recusa do MDB em aprovar o projeto de reforma do Judiciário enviado pelo governo, o presidente Geisel decretou o recesso do Congresso e editou o chamado "pacote de abril". Dois anos depois, com a posse do general Figueiredo e a volta do pluripartidarismo, Ulysses fundou o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), sendo eleito seu presidente. 

Nos anos finais do regime militar, o avanço oposicionista fez crescer a mobilização em torno da campanha pela volta das eleições diretas para a presidência. Gradualmente, a Campanha pelas Diretas Já tomou conta das ruas, e Ulysses teve uma participação intensa nos comícios que ocorreram pelo país. Após a derrota da emenda das diretas na Câmara em 25 de abril de 1984, articulou a campanha vitoriosa do governador de Minas, Tancredo Neves, na eleição indireta de janeiro de 1985. Entretanto, Tancredo morreu antes de tomar posse.

Voltou a presidir a Câmara entre entre 1985 e 1986. Foi eleito também presidente da Assembleia Nacional Constituinte, além de presidir o seu próprio partido. Em maio de 1987, Ulysses passou a defender o mandato presidencial de cinco anos, o mesmo ponto de vista do presidente da República, José Sarney. Em junho de 1988, a crise partidária culminou numa dissidência que criou o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em 5 de outubro de 1988, Ulysses promulgou a Constituição Cidadã (ver foto acima).

Candidato derrotado no primeiro turno das eleições para a presidência da República em 1989, declarou o seu apoio a Lula no segundo turno. Em 1992, liderou o PMDB e o Congresso no processo de impeachment do presidente Collor.

Ulysses Guimarães desapareceu em 12 de outubro de 1992, em um acidente de helicóptero no litoral do Rio de Janeiro. Após o reconhecimento oficial da sua morte (embora seu corpo nunca tenha sido encontrado), o então presidente da República, Itamar Franco, declarou luto com honras de chefe de estado.  

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Fonte: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012, pp. 596-597.

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