“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O humor contra a opressão

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O escritor israelense Amos Oz (1939-2018) defendia que o bom humor é o melhor antídoto contra o fundamentalismo. Seguindo nessa mesma linha, fiz uma seleção de alguns dos melhores vídeos atuais que satirizam ditadores e ditaduras, declarados ou enrustidos. 

"Curto e grosso", o personagem interpretado por Luiz Fernando Guimarães "descasca" o ditador nazista. O quadro fez parte do programa "Fantástico", da TV Globo, entre janeiro de 2006 e abril de 2010.

Paródia feita pelo Felipe Moura Brasil a partir da música Pais e filhos, de Renato Russo. Denuncia a monstruosidade do comunismo, que ainda impregna a política brasileira.

Paródia feita a partir do mega-sucesso Gangnam Style, do Psy. Seu alvo é o autocrata Kim Jong-un e a monarquia comunista hereditária da Coreia do Norte. 

Paródia feita a partir da música No woman, no cry, do Bob Marley. Trata-se de uma excelente sátira ao absurdo da teocracia saudita, que proíbe as mulheres de dirigirem (o pretexto é que querem proteger os seus ovários). Há muito que os regimes islâmicos recebem afagos da esquerda ocidental: Foucault apoiou a Revolução Iraniana, em 1979; o Lula visitou o Mahmoud Ahmadinejad em Teerã e depois recebeu-o com todas as honras em Brasília.

Música que satiriza as peripécias econômicas do "Socialismo do séculos XXI" da Venezuela de Nicolas Maduro. O dirigismo estatal na Venezuela provocou desabastecimento até de papel higiênico (e isso não é piada). Realização dos "Acadêmicos do Milton Friedman".

Música produzida pelo Luiz Trevisani, para zombar dos absurdos da esquerda brasileira. Em ritmo de carnaval.

Este rock (gravado inicialmente pelo "Jujuba com limão"), segue na mesma linha da música do Trevisani. O título é uma referência ao livro Esquerda Caviar, do Rodrigo Constantino.

VIII. Socialista caviar
A crítica é a mesma da música acima: a hipocrisia dos esquerdistas. A galera que usa GAP para derrubar o capitalismo. Em ritmo de samba. 
Música de Os Reaças (que tem o Trevisani como um dos integrantes). O alvo é o Femen e o movimento feminista.

Realização de Felipe Moura Brasil, e letra do mesmo, em conjunto com Filipe Trielli. O alvo são as manifestações de junho de 2013 e o governo PT. Aliás, o PT aplica no Brasil a cartilha do pior inimigo do nosso país - o Foro de São Paulo.

XI. O Bando
Paródia da música A Banda, de Chico Buarque de Holanda. A letra é de Filipe Trielli e o argumento é do Danilo Gentili. Denuncia a doutrinação de esquerda que escandalosamente ocorre nas universidades e escolas brasileiras. Saiba mais sobre isso através da ONG Escola Sem Partido.

XII. Cofre da Petrobras
Um forró de Germanno Júnior, sobre a Operação Lava-Jato e o Petrolão. Um retrato atual do Brasil do PT: "Estão metendo a mão de novo... / A roubalheira é grande, a coisa está demais / Estão arrombando agora o cofre da Petrobras".

XIII. O Samba mudou ou mudei eu?
Mais uma produção do Canal Chinchila, satiriza os "artistas estatizados", para usar o termo do Luiz Trevisani.

XIV. Adeus em ritmo de lava jato
Esta música do Juca Chaves é a mais recente pérola do Canal Chinchila. O título é uma alusão à Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal, em março de 2014, que investiga um grande esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e políticos.

XV. Chega
Gabriel o pensador já se destaca há anos como um dos músicos mais combativos do Brasil. Nesta música, critica de modo brilhante os principais abusos do nosso país. Seria essa a sua obra-prima? 

XVI. Dilma Rousseff - Impeachment Já
Será que ela cai? Confira nessa paródia da música Triller, do finado Michael Jackson.

XVII. Japonês da Federal
O japonês mais conhecido dos petralhas deu samba. Vencedora do concurso de marchinhas do carnaval 2016 da CBN. Imperdível. 

XVIII. Pedaladas carnavalescas
Mais uma marchinha memorável do carnaval 2016. 

XIX. Carioca cria música sobre o sítio de Lula
Márvio Lúcio, o "Carioca", criou uma musiquinha sobre o sítio mais infame do Brasil.

XX. Não é nada meu
O samba da prisão do Lula. Música de Boca Nervosa.

XXI. Aquele 1%
Paródia de uma música de um tal Wesley Safadão. Homenagem mais que merecida à operação Lava Jato e ao juiz que acaba de ser eleito pela Forbes o 13º líder mais importante do mundo.

Os 225 anos de uma Declaração

terça-feira, 26 de agosto de 2014

    Para Péricles (c. 495-429 a.C.), o maior dos estadistas atenienses, aquele que não participava da vida de cidadão era um inútil. Posteriormente, Aristóteles (384-322 a.C.) dizia que o homem é um animal político.
         No entanto, a cidadania na Atenas de Péricles era bastante elitista – calcula-se que pouco mais de 10% de sua população possuía o status de cidadão; assim, era um privilégio, e não um mero direito, fazer parte da espécie de “animal” referida por Aristóteles. De qualquer modo, os gregos criaram dois conceitos fundamentais ao exercício da cidadania – “política”, que é a arte de decidir através da discussão pública, e “democracia”, que é o governo do povo.
            A civilização romana absorveu tanto a cultura helênica quanto (e, sobretudo) a cultura helenística, transmitindo sua síntese ao Ocidente. Os ideais políticos gregos – incluindo os princípios da democracia (como a isonomia) e da cidadania – chegaram até nós pelos latinos. A grande contribuição dos romanos deu-se no âmbito do Direito, o qual desenvolveram mais do que qualquer outro povo antigo. Um sistema jurídico bem elaborado, outro pilar da vida civilizada, legado romano para os que se preocupam com a vida em sociedade, jamais será subestimado.
            A cidadania não acabou com o fim do Mundo Clássico. Analisando por certo prisma, ela se desenvolveu, e ganhou outros matizes. Na Antiguidade Tardia e na Idade Média, o Cristianismo promoveu maior respeito e consideração por pobres, crianças, mulheres, órfãos, viúvas, doentes e deficientes. Na Época Moderna, o Renascimento, o Humanismo, a Reforma Protestante, a Revolução Inglesa e a Revolução Científica do século XVII contribuíram cada uma a seu modo, para a valorização do indivíduo, da cultura e do pensamento crítico. O amadurecimento da ideia de cidadania tal qual a entendemos hoje seu deu no século XVIII, século das Luzes, graças ao Iluminismo. Os intelectuais dessa época acreditavam na felicidade como meta a ser alcançada pela coletividade. Eles herdaram e desenvolveram o pensamento racional do século XVII, pensamento que serviu de base para a idealização de uma sociedade justa e igualitária que teria leis e Direito naturais, isto é, nascidos com o próprio homem.
            Impulsionada pelo Iluminismo, a Revolução Americana (1776) culminou com uma Declaração de Independência. Seus fundamentos foram a concretização de alguns dos ideais do século XVIII, como, por exemplo, o direito à vida, à liberdade, à felicidade e a igualdade entre os homens. Assim, os princípios mais caros à cidadania saíam dos livros dos pensadores e entravam na pauta dos legisladores.
            O clímax desse processo ocorreu durante a Revolução Francesa (1789-1799). Semanas após a queda da Bastilha, símbolo do repressivo Antigo Regime francês, os deputados da recém-criada Assembleia Nacional Constituinte redigiram um documento ousado. Era a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que completa hoje 225 anos. Essa Declaração foi proclamada antes mesmo que uma Constituição fosse elaborada para a França, e se diferenciou da congênere americana por seu caráter universal. Sua pretensão era a de alcançar toda a Humanidade, e não apenas sua Nação. Foi um passo significativo para transformar o indivíduo comum em cidadão.
            Vale a pena refletir sobre alguns detalhes desse documento que, afinal, é de todos nós. Composta por 17 artigos, a Declaração começa por estabelecer que “os homens nascem livres e permanecem livres e iguais em direitos.” Tais direitos são naturais e imprescritíveis, e consistem na liberdade, no direito à propriedade, na segurança e na resistência à opressão.
            Os direitos da Nação devem estar sempre subordinados aos direitos do cidadão, uma vez que o Estado não é um fim em si mesmo; seu objetivo maior é assegurar que os direitos civis sejam usufruídos pelo cidadão. Em um ano eleitoral, esse é um lembrete importante aos que pretendem conduzir os negócios de Estado.
            Como se vê, a cidadania é uma ideia de longa maturação, impulsionada nos últimos séculos pela Revolução Inglesa, pela Revolução Industrial, pela Revolução Americana e pela Revolução Francesa. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que fundamentou a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, inaugurou uma nova época e deve ser lembrada como um dos documentos mais importantes da Humanidade.


Publicado no jornal A Tribuna (26/08/2014).

«Era dos Extremos», de Eric Hobsbawm

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Baixe gratuitamente esse livro aqui.

HOBSBAWM, E. J. Era dos Extremos - o breve século XX (1914-1991). Tradução: Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 

Não me lembro de como soube desse livro, mas eu me recordo de perguntar sobre ele ao meu professor de História do 3º ano do Ensino Médio. No ano seguinte, estava me preparando para o vestibular e pedi a um primo, que então se graduava na UFES, para que o tomasse emprestado para mim na Biblioteca Central. Li-o "de cabo a rabo". No ano seguinte - o já longínquo 2006 - ingressei no curso de História da UFES e descobri que Era dos Extremos era uma espécie de "Bíblia" dos historiadores da contemporaneidade. Felizmente, o professor de História Contemporânea do DEPHIS não é marxista, e lemos o Hobsbawm en passant. E não faltaram críticas a certas interpretações de Hobsbawm.

Antes disso, porém, no primeiro período, conheci o primeiro crítico do historiador britânico. O Dr. Ricardo da Costa (que depois viria a ser o meu orientador), fez duras críticas ao seu trabalho. Lembro-me de ter-lhe falado que para o Hobsbawm o regime stalinista não era totalitário, algo que despertou profundamente a minha atenção, desde de que o li. O Dr. Ricardo pacientemente conversou comigo sobre a falácia da argumentação de Hobsbawm, e hoje eu vejo claramente como eram pífios os argumentos a favor do autocrata soviético.

Ora, anteontem (10 de junho de 2014), o mesmo Dr. Ricardo publicou um texto, no Facebook, o qual reproduzo abaixo, com exceção da última frase:

O Brasil é estranho. Quando aconteceu o lançamento de Era dos Extremos (início da década de 90), o jornal O Globo (no Rio) convidou o Eric Hobsbam para palestrar. Roberto Marinho queria aproveitar a coincidência para comemorar não sei quantos anos de fundação do Partido Comunista no Brasil. Era só telefonar para o jornal e reservar o lugar (entrada gratuita). Tradução simultânea (com fone de ouvido à disposição).

Pois é, Roberto Marinho comemorando a fundação do PC. E na sede do jornal O Globo! Estavam todos os comunas lá (eu havia acabado de me formar na graduação). Leandro Konder sentou na minha frente. Se jogassem uma bomba, boa parte dos vermelhos brasileiros seriam varridos do mapa. Encontrei uma professora minha. Marxista roxa, havia passado A evolução do capitalismo (Maurice Dobb) na disciplina do semestre - e pasmem: eu fui o ÚNICO aluno da turma dela. O semestre todo! A mulher era grossíssima! Mas consegui sobreviver e ir até o fim do semestre. Li aquela xaropada toda ("feudalismo tardio" na Europa Oriental...). Dobb era "o cara" da análise marxista. Hoje está esquecido (talvez seja muito difícil para a garotada da geração "redes sociais"). Mas tenho o livro até hoje. Talvez seja trauma...

Ela, ao me ver na platéia, veio me dar um beijo! Como o marxismo enternece os rudes... Perguntou se eu iria tentar mesmo o mestrado em História Medieval - havia ficado todo o semestre me perturbando com isso, com o velho chavão da esquerda da minha geração "Brasileiro tem que estudar História do Brasil". Respondi que sim. Ela disse: "Ah, Ricardo, você não tem jeito mesmo!".

Sentamos para ouvir o messias britânico/egípcio. A mesa estava decorada com uma grande bandeira vermelha do PC. Com rosas. Na sede do jornal O Globo!!! O homem entrou, falou e foi embora. Sem direito a perguntas! Ao falar da Revolução Russa, comparou os bolcheviques aos cavaleiros templários! Impressionante o anacronismo! Mas como o ambiente transpirava admiração, o homem podia falar qualquer coisa...

Porque fui? Tive que ler TUDO de Hobsbawm. Desde a primeira parte de minha graduação - 1981-1983 (mais tarde, comprei e li até sua autobiografia, livro com passagens inacreditáveis)! Ainda hoje é leitura obrigatória nos cursos de História. E o que mais me surpreendente é que sua narrativa não apresenta NENHUMA fonte primária. Mas para que Deus precisa comprovar o que diz?



Assim que li esse post, resolvi citar algumas pérolas do "deus" dos historiadores marxistas. Vejam como um historiador, com pose elegante e venerado mundo afora, torna-se ridículo quando descreve os seus próprio ídolos:

Por toda a América Latina, entusiasmados grupos de jovens lançaram-se em lutas de guerrilha (...). (...) A maioria dessas iniciativas desmoronou quase imediatamente, deixando atrás de si os cadáveres dos famosos - o próprio Che Guevara na Bolívia; o igualmente bonito e carismático padre rebelde Camilo Torres na Colômbia - e dos desconhecidos. (p. 428)

Imagens de Che Guevara eram carregadas como ícones por manifestantes estudantis em Paris e Tóquio, e seu rosto barbudo, inquestionavelmente másculo e de boina fez bater corações mesmo não políticos na contracultura. (p. 430) - destaques acrescentados.

Não para por aí. Na p. 426, o Che Guevara é chamado de "médico argentino altamente talentoso como líder guerrilheiro" (uma mentira). Todos conhecem as história do "El Paredón", e do sadismo do monstro de "La Cabaña" (Che), que escreveu: "Para enviar homens para o esquadrão da morte não são precisas provas judiciais. Estes procedimentos são um pormenor burguês arcaico. Esta é uma revolução. E um revolucionário é uma máquina fria de morte, motivada pelo ódio puro" (leia mais no site do IMB). No entanto, Hobsbawm preferiu pintar a Revolução Cubana como "uma lua-de-mel coletiva" (p. 426).

No capítulo sobre a Guerra Fria, Hobsbawm "soltou" o seguinte:

Como a URSS, os EUA eram uma potência representando uma ideologia, que a maioria dos americanos sinceramente acreditava ser o modelo para o mundo. Ao contrário da URSS, os EUA eram uma democracia. É triste, mas deve-se dizer que estes eram provavelmente mais perigosos.

Pois o governo soviético, embora também demonizasse o antagonista global, não precisava preocupar-se com ganhar votos no congresso, ou com eleições presidenciais e parlamentares. O governo americano precisava. (p. 232)

Por todos os absurdos citados aqui, e muito mais, Era dos Extremos é um livro que só posso recomendar com reservas.

Políticos virtuosos na Antiguidade

sexta-feira, 16 de maio de 2014

 "Pelo seu prestígio, inteligência e conhecida incorruptibilidade em relação a dinheiro, Péricles [c. 495 a.C. - 429 a.C.] pôde liderar o povo como só um homem livre poderia. Péricles liderou o povo, em vez de ser por ele liderado. Ele não teve de bajular o povo em busca de poder; pelo contrário, sua reputação era tamanha que podia contrariar o povo e provocar sua ira."


Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, 2.65.8.

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OS "DEZ BENS" POR EXCELÊNCIA, PARA OS ANTIGOS ROMANOS:

1. Ser um grande soldado;
2. Ser um excelente orador;
3. Ser um valente general;
4. Ter a responsabilidade de grandes empreendimentos;
5. Revestir a magistratura suprema;
6. Possuir a mais alta sabedoria;
7. Ocupar o primeiro lugar entre os senadores;
8. Adquirir uma grande fortuna por meios honestos;
9. Deixar muitos filhos;
10. Tornar-se célebre no Estado.

Oração fúnebre pronunciada por Q. Cecílio Metelo Macedônico, em 221 a.C., por ocasião dos funerais do seu pai (ou avô) Lúcio. 
Citada por Plínio o Antigo, História Natural, 8, 139-140.

As Guerras Mundiais

quarta-feira, 19 de março de 2014

Artilharia de campo do exército britânico, na Batalha do Marne (1914).
Foto extraída do site Great War.

Em pleno centenário do início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a comunidade internacional assiste, atônita, à interminável guerra civil da Síria, aos arroubos belicistas da Rússia e à barbárie do EI, no Iraque. Há várias outras situações de tensão e de violência mundo afora, o que mais uma vez sustenta a declaração do filósofo alemão Friedrich Hegel (1770-1831): "O que a História ensina é que os governos e as pessoas nunca aprendem com a História."

Ora, como dizia Eric Hobsbawm, a função do historiador é lembrar o que os outros esquecem. Nesse sentido, para facilitar o estudo dos mais devastadores conflitos da humanidade, recomendo:

I. Série Conflitos 'escondidos' da Primeira Guerra Mundial, da BBC:


II. Sobre a Segunda Guerra, assista ao documentário O Último Ano de Hitler. Conheça também o bombardeio mais mortífero da História, aquele que ceifou as vidas de 100 mil japoneses, em Tóquio, no dia 9 de março de 1945. Assista também: Segredos Revelados da Segunda Guerra.

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Bibliografia consultada:
ARARIPE, L. de A. "Primeira Guerra Mundial", in: MAGNOLI, D. (org.). História das Guerras. São Paulo: Contexto: 2006, p. 319-353. 
FURET, F. O passado de uma ilusão - Ensaios sobre a ideia comunista no século XX. São Paulo: Siciliano, 1995, p. 47-77.
GILBERT, M. História do Século XX. Alfragide, Portugal: 2014.
TOTA, P. "Segunda Guerra Mundial", in: MAGNOLI, D. (org.). Op. Cit., p. 355-389.

A educação platônica

terça-feira, 4 de março de 2014

Segundo H.-I. MARROU (História da Educação na Antiguidade, 1969: pp. 115 e ss.), o cursus de estudos imposto por Platão (427 a.C. - 347 a.C.) contava com as seguintes etapas:

- 03-06 anos (completos): "Kindergarten" - jogos educativos, praticados em jardins de crianças (de ambos os sexos);

- 06-10 anos: Escola "primária" (quando começava a educação propriamente dita). As crianças aprenderiam a ler e a escrever, e seriam exercitadas pela ginástica (para o corpo) e pela "música" (cultura espiritual, para a alma).

- 10-17/18 anos: Estudos "secundários", subdivididos em três ciclos - estudos literários (dos 10 aos 13 anos); estudos musicais (dos 13 aos 16 anos) e estudo das matemáticas (entre os 17 e 18 anos) (estas, em especial, seriam um "elemento essencial" da educação preparatória de Platão).

Ao fim desses estudos, a vida intelectual seria interrompida por dois ou três anos, devido à "efebia" (serviço militar). Nesse interregno, os jovens levariam adiante a formação e a prova do caráter.

- 20-30 anos: "Altos Estudos" (ensino superior) - estudo das ciências.

- 30-35 anos: Estudo da dialética (arte fecunda, mas bastante "perigosa"), único instrumento que conduz à "verdade total".

- 35-50 anos: Vida ativa na Pólis (o suplemento da experiência - formação moral).

Assim, aos 50 anos, o indivíduo finalmente alcançaria a contemplação do Bem em si.

Esse programa parecia um desafio ao espírito prático dos atenienses. De qualquer forma, o plano de Platão buscava selecionar e formar apenas um homem ou, quando muito, um pequeno grupo de governantes-filósofos. Contudo, a efetiva tomada do poder exigiria uma conjunção do poder e do espírito quase milagrosa, razão pela qual o filósofo acabaria por renunciar à inútil ambição do poder e se voltaria à "cidade interior". O filósofo, portanto, seria sempre um "fracassado entre os homens". Tudo isso levou à formação de uma "seita fechada" (a Academia) no interior de uma "sociedade podre".

Didáticos, paradidáticos e outros

segunda-feira, 3 de março de 2014

A fim de estimular o aprofundamento dos alunos nos diversos conteúdos de História, indico abaixo alguns livros. Os quatro primeiros possibilitam uma visão mais abrangente da História geral e do Brasil, e por isso são os mais indicados, sobretudo para os que se preparam para o ENEM e para os vestibulares.

Com relação aos livros didáticos para o Ensino Médio, indico: História Global - Brasil e Geral, 9ª edição do famoso livro didático de Gilberto Cotrim, ou História - das cavernas ao Terceiro Milênio, de Myriam B. Mota e Patrícia R. Braick. Foi com este último livro que eu me preparei para o vestibular.

Para os que puderem, vale a pena ler História do Século XX, do historiador Martin Gilbert, e História do Brasil e História Concisa do Brasil, do historiador Boris Fausto.  Esses livros dão uma visão ampla do conteúdo de História do 3º ano do Ensino Médio. 

Para os que preferirem estudos mais específicos, eis uma primeira relação: 

* Paradidáticos para o 6º, 7º e 8º anos do Ensino Fundamental

Autor: Spacca
Coleção Quadrinhos na Cia.

Autores: Spacca e Lilia Moritz Schwarcz 
Coleção Quadrinhos na Cia.

Autores: Spacca e Lilia Moritz Schwarcz 

Autor: Spacca

Autor: Homero (recontada por Silvana Salerno)

Autor: Jacqueline Morley

Autor: Marian Borba

Autor: Eni P. Orlandi

Autor: Carmen L. Campos e Cláudio Figueiredo

Autor: Ruth Brocklehurst

Autor: Ana Maria Machado (FTD, 2012)

Autor: Fiona MacDonald (Scipione, 1996).

Autor: Janaína Amado (Atual, 1999).

* Paradidáticos para o 9º ano do Ensino Fundamental e o 3º ano do Ensino Médio

Autor: Antonio Pedro
Coleção Discutindo a História

II. A Busca
Autores: Eric Heuvel, Lies Schippers e Ruud Van der Rol
Coleção Quadrinhos na Cia.

Autor: Edgard Luiz de Barros 
Coleção Discutindo a História

Autor: Clóvis Rossi

Autora: Letícia Bicalho Canedo
Coleção Discutindo a História

Autor: Jorge Luiz Ferreira
Coleção Discutindo a História

VIII. Novo Mundo nos Trópicos
Autor: Gilberto Freyre 

Coleção Textos e Documentos (Editora Contexto):

I. 100 Textos de História Antiga
Organizador: Jaime Pinsky

II. Do Feudalismo ao Capitalismo
Organizador: Theo Santiago

III. História Moderna através de textos
Organizadores: Adhemar M. Marques et. al.

IV. História Contemporânea através de textos
Organizador: Adhemar M. Marques et. al.

V. História da América através de textos
Organizador: Jaime Pinsky

VI. História do Tempo Presente
Organizadores: Adhemar M. Marques et. al.

Há ainda obras literárias que muito ajudam na compreensão do mundo moderno e pós-moderno. Por exemplo, Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley (no qual "profetizou" o egoísmo e a dissolução social da pós-modernidade), e 1984, de George Orwell (um verdadeiro "retrato" dos regimes totalitários que espionam até a vida íntima de seus cidadãos). Uma breve análise dessas distopias pode ser lida aqui. Mas, ATENÇÃO: é sempre preferível que o aluno se concentre no estudo das obras literárias que costumam ser cobradas no ENEM ou vestibular específico que ele pretende tentar. Os livros clássicos da literatura brasileira estão entre as leituras indispensáveis para as provas (dentre os mais cotados, cito Dom Casmurro, de Machado de Assis; Iracema, de José de Alencar; O Cortiço, de Aluísio de Azevedo e O tempo e o vento, de Érico Veríssimo.