“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Doc. 'Os Amantes e o Déspota'

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Um dos documentários mais impressionantes que vi nos últimos tempos é The Lovers & The Despot ("OS Amantes e o Déspota"), de Robert Cannan e Ross Adam. Lançado em 2016, a produção está disponível na Netflix

As histórias de sequestros por parte do regime norte-coreano não constituem nenhuma novidade. O último bastião do stalinismo no mundo contorna os inconvenientes do seu hermetismo com indivíduos raptados dos países livres, principalmente do Japão e da Coreia do Sul. O que chama a atenção nesse documentário, contudo, foram as vítimas e os objetivos do sequestro. 

O tirano Kim Jong-il, um aficionado por cinema, reconhecendo o fracasso do seu regime para produzir bons filmes de propaganda, planejou o sequestro de um proeminente casal de cineastas sul-coreanos. Após quase dez anos no inferno socialista, Choi Eun-hee e Shin Sang-ok conseguiram fugir para a embaixada americana na Áustria. Um enredo para colocar qualquer filme de ficção no chinelo. 

Saiba mais: Estúdio i

«O Homem Medieval», de Le Goff (dir.)

domingo, 26 de fevereiro de 2017


Como o movimento dos Annales, a historiografia se renovou profundamente. Dentre as pesquisas que ganharam notoriedade, estão as relacionadas ao Medievo. Os medievalistas Marc Bloch, Georges Duby e Jacques Le Goff tornaram-se mundialmente conhecidos, e até hoje suas obras constituem uma referência para todos os que se aventuram pela "longa noite de mil anos", como outrora a Idade Média era conhecida. 

O Homem Medieval, lançado pela Presença em 1989, traz dez perfis: os monges, o guerreiro e o cavaleiro, o camponês e o trabalho no campo, o citadino e a vida na cidade, o intelectual, o artista, o mercador, a mulher e a família, o santo e o marginal. 

Essa excelente, esgotadíssima, foi disponibilizada no Portal Conservador

Seminário "Entre a Foice e o Martelo"

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Os alunos do 3º ano do Colégio Adventista de Vitória apresentarão o seminário "Entre a Foice e o Martelo - os horrores do Comunismo". As orientações e normas para o seminário são as seguintes: 

1º) Os alunos deverão assistir aos vídeos selecionados do Acervo Anticomunista. Caso tenha alguma dúvida ou dificuldade em relação ao vídeo que deverá assistir, procure o professor pessoalmente, por e-mail ou através do formulário de contato ao final deste blog.

2º) Baixe o Modelo de Capa e faça as alterações necessárias. Atenção: O aluno só deverá alterar o campo do nome (digitando o seu nome completo) e do título do filme, documentário ou entrevista. Atualize também a data. 

3º) Além da capa, o aluno deverá preparar duas laudas de relatório propriamente dito. O mesmo deverá ser digitado. As normas são as seguintes: fonte Times New Roman, tamanho 12; espaçamento 1,5 entre linhas; 2 cm de margens. 

O texto deverá ser justificado (não pode ser alinhado à esquerda, à direita ou centralizado).

Lembre-se que deverá se concentrar no vídeo assistido. Plágios implicarão em nota zero. Ao final do relatório, indique um livro sobre o tema. 

4º) O relatório deverá ser entregue no dia estipulado pelo professor A apresentação será individual, conforme calendário definido em sala de aula. APÓS O PRAZO, NÃO SERÃO ACEITOS RELATÓRIOS OU APRESENTAÇÕES SEM JUTIFICATIVAS.

5º) Cada aluno terá 5 minutos para expor uma síntese do vídeo assistido. Recomenda-se que sejam feitos ensaios cronometrados para maior segurança e tranquilidade no dia da apresentação.

Um Panorama do Mundo Medieval

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Jardim do Prazer, em cópia do Romance da Rosa, Harley MS 4425 f. 12v., c. 1490 - c. 1500. 
Disponível em The British Library. 

É preciso ter em mente que o mundo medieval se formou a partir da fusão de elementos romanos e elementos bárbaros em transformação. Com o passar do tempo, os germânicos conquistadores tornaram-se católicos (alguns, como os visigodos, já eram cristãos por ocasião da migração para o Império Romano; eram, no entanto, cristãos arianos). Embora não estivesse isento de mudanças, todos os pensamentos e atividades dos homens do Medievo se formavam dentro de uma estrutura de ideias cuja verdade se afigurava absoluta. O dever do homem medieval era permanecer onde Deus o havia colocado.  

"Fossem quais fossem os elementos do pensamento aristotélico, do direito romano e dos costumes pagãos existentes no quadro do mundo medieval, este assentava numa filosofia cristã da vida que todos implicitamente aceitavam." (Green, 1991, p. 16) 

Assim, para o homem medieval, o mundo era um microcosmo do eterno macrocosmo do universo. "Tanto o Imperador [que representava idealmente o poder temporal] como o Papa [que representava o poder moral e espiritual] deviam a sua autoridade diretamente a Deus; e, num certo sentido, o poderio deles eram um espelho do Seu" (Green, 1991, p. 17). O conflito entre essas duas autoridades, desde fins do século XI, exauriu o Sacro Império e provocou a degenerescência moral do Papado. 

O mundo era visto como profundamente marcado pela desobediência de Adão e Eva. O herege era o desobediente contra a Igreja; o rebelde, o desobediente contra o Estado. Apesar disso, entre o ideal e a realidade muitas vezes existia um abismo. Temas permanentes e ordenadores na Idade Média eram a tensão entre a autoridade e a dissensão; entre a noção de comunidade e o individualismo; entre o materialismo e a espiritualidade; entre o erotismo e o ascetismo. 

A vida medieval radicava-se na terra e há muito a Igreja manifestara uma desconfiança profunda dos homens de negócios e, mais particularmente, dos usurários (condenados na Alta Idade Média, sem muitas exceções). O mundo medieval seria um pequeno mundo limitado por mares e continentes inexplorados, que se movia à roda do Mediterrâneo. As cidades eram pouco mais do que grandes aldeias, centros dum mercado local ou feira anual. Por volta do ano 1000, no entanto, tudo mudou. 

Em primeiro lugar, esperava-se que o mundo fosse acabar na passagem do milênio. Houve tempestades violentas e escassez séria de alimentos em 1033; houve sinais e presságios nos céus, além de um movimento maciço de peregrinos em direção a Jerusalém. Além disso, desde o século X o Anticristo era um tema constante dos teólogos e um elemento básico da cultura popular. O apocaliptismo mais generalizado provocou o impulso em direção à penitência, à peregrinação e, em particular, ao ascetismo pessoal. 

Apesar da presença permanente da ideia do apocalipse na mentalité do período, pela primeira vez em séculos, havia paz. A ameaça dos árabes, dos vikings e dos magiares havia retrocedido. Notava-se o crescimento demográfico, a expansão agrícola e a revitalização urbana. As cidades estimularam o desenvolvimento de assembleias representativas, promoveram a ideia de autogestão e promoveram a ideia de recorrer aos tribunais em vez de à violência e à vendeta para resolver disputas. 

A emergência das monarquias nacionais foi o outro grande traço da época (especialmente as monarquias da Inglaterra e da França). O soberano do Sacro Império Romano foi efetivamente reduzido à posição de rei da Alemanha e da Itália setentrional. Algo desse processo foi vivido pelo papado - sem renunciar às suas pretensões de autoridade supranacional, ele se desenvolveu nos séculos XIV e XV como um poder monárquico burocrático e legalista, formando um Estado territorial na Itália central e realizando alianças políticas e militares para implementar sua política externa. 

Continua aqui.  

Bibliografia consultada: 
GREEN, V.H.H. Renascimento e Reforma - A Europa entre 1450 e 1660. Tradução de Cardigos dos Reis. Lisboa: Dom Quixote, 1991, pp. 15-20.
LE GOFF, Jacques (dir.). O Homem Medieval. Tradução de Maria Vilar de Figueiredo. Lisboa: Presença, 1989.
RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação - as minorias na Idade Média. Tradução de Marco Antônio Esteves da Rocha e Francisco José Silva Gomes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.

Pirâmide de Caio Céstio

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Sim, a "cidade eterna" possui uma pirâmide. Trata-se da pirâmide de Caio Céstio Epulão, um magistrado e membro do grupo religioso conhecido como septênviros epulões. A pirâmide foi construída entre 18 e 12 a.C., e inspirava-se nos modelos egípcios (e particularmente dos ptolomeus), muito em voga em Roma após a conquista do Egito no ano 30 a.C. 

Saiba mais no site Quhist

Arqueólogos Encontram Cidade Grega

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Vista aérea da cidade. Destaque para os muros.

Uma equipe internacional ligada a uma universidade sueca descobriu uma cidade grega perdida. Construída há 2.500 anos, os vestígios da cidade foram encontrados perto do vilarejo de Vlochós, a cerca de cinco horas ao norte de Atenas, a capital grega. 

Vestígios de torres, muros e os portões da cidade foram identificados por imagens aéreas, mas quase todas as estruturas estão soterradas. Para evitar os danos decorrentes das escavações, os pesquisadores usaram técnicas não invasivas, como o radar de penetração. 

Além da praça da cidade e de um sistema de ruas, foram encontrados restos de cerâmica e moedas. A cidade parece ter florescido entre os séculos IV-III a.C., antes de, por alguma razão, ser abandonada. 

Fonte: O Globo

O Cosmopolitismo Helenístico

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Demétrio I (c. 205 - c. 170 a.C.), fundador do Reino Greco-Indiano. Ele usa um escalpo de elefante, um símbolo de suas conquistas na Índia.  

"O cosmopolitismo é uma das características marcantes da época, particularmente em Alexandria ou na Delos do século II [a.C.], fazendo conviverem gregos, italianos, fenícios, sírios, judeus, egípcios etc. Os horizontes misturam-se e também recuam, às vezes de modo impressionante. Assim, nos confins do império de Alexandre, o soberano máuria Asoka (ca 269-233 [a.C.]), herdeiro de uma dinastia com a qual no final do século IV [a.C.] Seleuco I mantivera relações interesseiras (elefantes de guerra), não deixa de publicar seus 'editos' em grego e neles mencionar os reis contemporâneos, inclusive Magas de Cirene e Alexandre II do Epiro: isso faz parte de sua propaganda depois de conquistar a região de Calinga, no golfo de Bengala, e de converter-se ao budismo, pouco antes do meio do século III [a.C.]. Duas inscrições dos séculos III e II [a.C.], recentemente publicadas, confirmam o vigor do helenismo até no Tadjiquistão e o alto grau de helenização de algumas elites indianas (lá os Yvana, ou seja, os gregos, têm fama de homens de saber)."

LEFÉVRE, François. História do Mundo Grego Antigo. Tradução de Rosemary Costhek Abilio. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013, p. 344.