“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

R.I.P. Sangar

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

 

O seu nome foi extraído do rol dos heróis bíblicos. Sangar foi um libertadores de Israel, nos tempos dos Juízes, e seu nome significa "espada". Eu, que amo gatos mas que nunca me imaginei com um persa, me encantei com o presente de aniversário que recebi no ano passado. Mais que um presente, o Sangar representou uma benção em minha vida. Hoje, após uma árdua luta, ele sucumbiu para o shunt. 🥀

Jamais nos esqueceremos desse amável felino.

O Ilusório Crescimento Soviético

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

 

Antes de 1928, a maioria dos russos vivia no campo. A tecnologia usada pelos camponeses era primitiva, e havia poucos incentivos para aumentar a produtividade. Na verdade, os últimos vestígios do feudalismo russo só foram erradicados pouco antes da Primeira Guerra Mundial. Sendo assim, havia um imenso potencial econômico não aproveitado para a realocação dessa força de trabalho da agricultura para a indústria. A industrialização stalinista fez um aproveitamento brutal desse potencial. Por decreto, Stálin fez com que esses recursos muito mal utilizados fossem realocados para a indústria, onde podiam ser empregados de maneira mais produtiva, ainda que a indústria em si fosse organizada de maneira pouco eficiente em relação ao que podia ser realizado. Na verdade, entre 1928 e 1960, a renda nacional cresceu 6% ao ano, provavelmente o surto de crescimento mais rápido na história até então. Esse crescimento econômico acelerado não foi propiciado por mudanças tecnológicas, e sim pela realocação de força de trabalho e pelo acúmulo de capital por meio da criação de novas ferramentas e fábricas.

O crescimento foi tão rápido que enganou gerações de ocidentais, não apenas Lincoln Steffens. Enganou a CIA, nos Estados Unidos. Enganou os próprios líderes soviéticos, como Nikita Kruschev, que numa célebre frase, num discurso para diplomatas ocidentais em 1956, se gabou de que "nós vamos enterrar vocês [o Ocidente]". Ainda em 1977, um livro didático acadêmico importante, escrito por um economista inglês, afirmava que as economias de estilo soviético eram superiores às capitalistas em termos de crescimento econômico, oferecendo pleno emprego e estabilidade de preços e até mesmo produzindo pessoas com motivações altruístas. O pobre e velho capitalismo ocidental só era melhor quando se tratava de oferecer liberdade política. (...)

Embora pudessem produzir um rápido crescimento econômico, as políticas de Stálin e dos líderes soviéticos que o sucederam não podiam produzir um crescimento sustentado. Na década de 1970, o crescimento tinha praticamente parado. A lição mais importante é que instituições extrativistas não são capazes de gerar mudanças tecnológicas sustentadas, e isso por dois motivos: a falta de incentivos econômicos e a resistência das elites.      

ACEMOGLU, Daron & ROBINSON, James A. Por que as nações fracassam - as origens do poder, da prosperidade e da pobreza. Tradução de Rogerio W. Galindo e Rosiane C. de Freitas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022, p. 141-143. 

Da Revolução Gloriosa à Industrial

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

 

Em 1689, Guilherme III e Maria II foram coroados rei e rainha da Inglaterra. 

A Inglaterra foi um caso único, fazendo a passagem para um crescimento econômico sustentado ainda no século XVII. As grandes mudanças econômicas foram precedidas por uma revolução que gerou um novo conjunto de instituições econômicas e políticas, muito mais inclusivas do que qualquer uma da sociedade anterior. Essas instituições teriam implicações profundas não apenas para os incentivos econômicos e a prosperidade, mas também na definição de quem colheria os benefícios dessa prosperidade. E não foram criadas por consenso. Na verdade, resultaram de intenso conflito entre os grupos que competiam pelo poder, contestando a autoridade uns dos outros que competiam pelo poder, contestando a autoridade uns dos outros e tentando estruturar instituições que lhes fossem favoráveis. O ápice das disputas institucionais dos séculos XVI e XVII foram dois acontecimentos decisivos: a Guerra Civil Inglesa, entre 1642 e 1651, e, sobretudo, a Revolução Gloriosa de 1688.

A Revolução Gloriosa limitou o poder do rei e do Executivo, realocando para o Parlamento o poder de determinar as instituições econômicas. Ao mesmo tempo, abriu o sistema político para uma ampla parcela da sociedade, que exercia uma influência considerável sobre o modo como o Estado funcionava. A Revolução Gloriosa foi a base para a criação de uma sociedade plural, e não só iniciou, como também acelerou o processo de centralização política. Foi a criação do primeiro conjunto de instituições políticas inclusivas do mundo.

Como consequência, as instituições econômicas também passaram a se tornar mais inclusivas. Nem a escravidão nem as severas restrições econômicas do período feudal medieval, como a servidão, existiam na Inglaterra em princípios do século XVII. No entanto, havia muitas restrições quanto às atividades econômicas que as pessoas podiam desenvolver. Tanto a economia doméstica quanto a internacional estavam estranguladas por monopólios. O Estado estabelecia taxas arbitrárias e manipulava o sistema legal. A maior parte das terras estava presa a formas arcaicas de direitos de propriedade que impossibilitavam a venda e tornavam arriscado qualquer investimento.

Isso mudou depois da Revolução Gloriosa. O governo adotou um conjunto de instituições econômicas que oferecia incentivos aos investimentos, ao comércio e à inovação. Essas instituições deram garantias quanto ao direito de propriedade, incluindo a concessão de patentes sobre ideias, oferecendo assim um grande estímulo para a inovação. Elas protegiam a lei e a ordem. A aplicação da lei inglesa a todos os cidadãos foi uma inovação histórica sem precedentes. A taxação arbitrária cessou, e os monopólios foram quase completamente extintos. O Estado inglês proporcionou intenso incentivo às atividades mercantis e trabalhou para promover a indústria nacional, não apenas removendo barreiras à expansão da atividade industrial, como também usando todo o poder da Marinha inglesa para defender os interesses mercantis. Ao criar uma lógica racional para os direitos de propriedade, a Inglaterra facilitou a construção de infraestrutura, sobretudo de rodovias, canais e, mais tarde, ferrovias, que se revelariam cruciais para o crescimento industrial.

Esses fundamentos estabeleceram mudanças cruciais nos incentivos para que a população engajasse em atividades econômicas e deram impulso aos motores da prosperidade, pavimentando o caminho para a Revolução Industrial. (...) Não é coincidência que a Revolução Industrial tenha começado na Inglaterra poucas décadas depois da Revolução Gloriosa. Os grandes inventores, como James Watt (que aperfeiçoou o motor a vapor), Richard Trevithick (construtor da primeira locomotiva a vapor), Richard Arkwright (inventor da máquina de fiar) e Islamabad Kingdom Brunel (criador de várias embarcações a vapor revolucionárias), foram capazes de desfrutar as oportunidades econômicas geradas por suas ideias, confiavam que o direito à propriedade seria respeitado e tinham acesso a mercados em que suas inovações podiam ser vendidas e usadas de modo lucrativo.   

ACEMOGLU, Daron & ROBINSON, James A. Por que as nações fracassam - as origens do poder, da prosperidade e da pobreza. Tradução de Rogerio W. Galindo e Rosiane C. de Freitas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022, p. 113-116. 

Mostra «Câmera, Foice e Martelo»

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Os alunos do 3º ano do CAV promoverão uma mostra de filmes e documentários anticomunistas intitulada "Câmera, Foice e Martelo - os crimes do Comunismo". As orientações e normas são as seguintes:

1º) Assista ao vídeo escolhido do Acervo Anticomunista. Caso tenha alguma dúvida ou dificuldade em relação ao vídeo que deverá assistir, procure o professor pessoalmente ou através do formulário de contato ao final deste blog.

2º) Baixe o Modelo de Pôster Científico e faça as alterações necessárias. Atenção: siga cuidadosamente as orientações que constam nesse modelo. Em sala, o professor organizará as equipes responsáveis pela elaboração dos seus respectivos pôsteres.

3º) O pôster deverá ser entregue na data definida pelo professor. A apresentação será individual, conforme calendário definido em sala de aula. NÃO SERÃO ACEITOS PÔSTERES OU APRESENTAÇÕES APÓS O PRAZO ESTIPULADO.

4º) Serão disponibilizados 5 minutos para se expor uma síntese do vídeo assistido, e antes da apresentação o professor dará um visto nas anotações manuscritas do aluno.

Recomenda-se que sejam feitos ensaios cronometrados para maior segurança e tranquilidade no dia da apresentação.

Filme «O Álamo»

domingo, 29 de janeiro de 2023

 

Filme disponível na plataforma Brasil Paralelo.


John ("Duke") Wayne foi o diretor, produtor e astro desse filme, que levou nada menos do que dez anos para ser rodado. Anticomunista virulento, Wayne não separava sua aura pública da particular, e O Álamo não só é um filme, mas uma verdadeira convocação às barricadas em defesa da América. Tal como a maioria dos seus concidadãos, Wayne se deixou fascinar pelo Álamo da lenda, não pelo Álamo da história.

As divergências entre os colonos americanos do Texas e o distante governo do México eram inconciliáveis: diziam respeito a educação, impostos, religião, leis civis e escravidão (os texanos eram favoráveis a ela). A situação ficou ainda pior quando o generalíssimo Antonio López de Santa Anna chegou ao poder, governando de forma despótica e prometendo tratar os rebeldes do Texas como criminosos comuns. De outubro de 1835 a abril de 1836, seriam travados confrontos que ficariam conhecidos como a Revolução do Texas.

Os primeiros articuladores da revolução eram americanos que haviam emigrado para o sul para tirar vantagens das generosas ofertas de terras do governo mexicano. Um dos primeiros colonos foi Stephen F. Austin, que chegou em 1822. Seguiram-se milhares de outros pioneiros, de quem se exigiam a cidadania mexicana e a conversão ao catolicismo. Mas a sua lealdade estava mesmo ao norte da fronteira, o que suscitou a agitação para se separarem do México e anexar o Texas aos Estados Unidos. 

No início de 1836, Santa Anna marchou com seu homens rumo ao norte. A maior cidade do Texas, San Antonio, ficava na rota (aliás, ela não fica no rio Grande, e sim cerca de 200 km ao norte; este é um dos muitos erros geográficos que infestam o filme). O ditador havia jurado matar todo texano que lhe resistisse. Havia 184 deles em San Antonio, dentro do Álamo, protegidos pelas barricadas. É o seu martírio que há quase dois séculos atrai a imaginação das pessoas.

No filme, é apresentado o cel. James Bowie, outra lenda viva do Texas. Na definição do comando de San Antonio, ele foi preterido por Sam Houston, o comandante do exército texano, que destinou a função ao cel. William Travis. A animosidade entre eles é um tema que se repete ao longo de todo o filme, e é historicamente fiel. Só que a verdadeira divergência era em torno de comando, e não de estratégia: ambos estavam de acordo que o Álamo precisava ser defendido.

Logo chegam Davy Crockett (interpretado por John Wayne) e seus voluntários do Tenesse, aparentemente para caçar e fazer algazarra. Ele dá a entender a Travis (Lawrence Harvey) que compreende de fato o problema (o que era verdade): a maioria dos voluntários sabe perfeitamente o que foi fazer no Texas. Stephen F. Austin havia retornado aos Estados Unidos em dezembro, para obter apoio, e seus calorosos apelas, invocando a Revolução Americana, encontraram grande receptividade. E, claro, tudo era azeitado com uma ótima promessa de terras: 640 acres para cada alistado. 

Após se estabelecer o cerco de Santa Anna, um salvo-conduto é oferecido aos civis (embora, na realidade, eles nunca estivessem em Álamo, com exceção de Suzannah e Angelina Dickinson, esposa e filha do ajudante de Travis, o tenente Almaron Dickinson). Após sua saída, ocorre o primeiro ataque mexicano, que é rechaçado (na verdade, os ataques de infantaria, num total de três, ocorreram todos na manhã final).

Um ponto historicamente positivo dessa parte final do filme coube ao roteirista, James Edward Grant. Convencido de que a história famosa da "linha na areia", supostamente traçada por Travis, só era conhecida no Texas, decidiu deixá-la de lado. No lugar, deu a Lawrence Harvey o melhor discurso do filme, exaltando a bravura das tropas prestes a partir do forte. A começar por Bowie, todos os que estavam prestes a desistir do combate final mudam de ideia e permanecem por lá. Quanto aos reforços de James Walker Fannin (que, na verdade, não passariam de 400 homens), massacrados antes de chegar ao Álamo (segundo o filme), foram aniquilados, na realidade, três semanas após a queda do Álamo.

Daí para a frente, quase tudo está errado. Santa Anna não dispunha da artilharia que aparece no filme, Bowie passou todo o tempo do cerco de cama, com febre tifoide, e Travis morreu no início do ataque, caindo do muro com uma bala na cabeça. E Crockett, segundo os relatos mexicanos, se rendeu. Como Santa Anna havia jurado não poupar nenhum prisioneiro, ordenou sua execução sumária, junto com os demais sobreviventes. 

Bibliografia consultada: CARNES, Mark C. (org.). Passado Imperfeito - a história no cinema. Tradução de José Guilherme Correa. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 116-119.

A Medição da Temperatura Global

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

 

Balde utilizado durante a Segunda Guerra Mundial para medir a temperatura da superfície do mar. Clique na imagem para ampliá-la.

A realização de medidas referentes à temperatura global apresenta dificuldades inextricáveis. Para avaliar corretamente a temperatura média do planeta são necessárias diversas aferições, efetuadas diariamente sobre toda a superfície. As principais dificuldades encontradas nessa atividade aparentemente simples, segundo o próprio Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), são as seguintes:

1. Uma cobertura de espaço incompleta, que varia consideravelmente;

2. As modificações advindas dos diferentes horários e modos de aferição;

3. As alterações nos termômetros advindas de suas exposições;

4. Os deslocamentos das estações meteorológicas;

5. As modificações nos meios ambientes das estações, em especial o desenvolvimento urbano.

Para se ter uma ideia, citamos as grandes dificuldades de medição de temperatura da superfície do oceano. Os oceanos do Hemisfério Sul só são acessados em suas rotas marítimas. Suas temperaturas, que até pouco só eram aferidas por navios comerciais, são pouco conhecidas. Inicialmente, as medições eram realizadas com a ajuda de baldes destinados a extrair a água do mar. Diversos materiais foram utilizados em sua fabricação (madeira, metal, tecido e borracha). Isso certamente influenciou na aferição, gerando distorções. Posteriormente, a medição foi realizada nos tubos condutores de água do mar dos navios, o que introduzia um erro considerável. As variações de velocidade e altura dos navios - e, consequentemente, do vento aparente - são outra fonte de erros. As mudanças ocorridas no modo de aferição da temperatura da água, segundo as estimativas, já respondem por um erro da ordem de 0,3 a 0,7ºC. Algumas correções são aplicadas na tentativa de corrigir esses fatores, e elas se dão, frequentemente, por meio de decisões subjetivas que dão margem a todo tipo de contestação e manipulação.

Porém, o principal problema referente à medição da temperatura global é a influência da urbanização, que introduz um erro sistemático na alta. A contaminação dos dados pelas ilhas de calor urbanas é incontestável. Assim, em grande parte dos Estados Unidos, as aferições realizadas nas estações rurais revelam uma queda nas temperaturas entre 1920 e 1984. A influência das ilhas urbanas de calor sobre os dados, portanto, é considerável, e poderia falsear enormemente a medição do aumento da temperatura do planeta. O "aquecimento global" detectado pelo IPCC estaria entre 0,3 e 0,6ºC. Os números precedentes, comparáveis e por vezes até mesmo superiores, dão a entender que isso seria em grande parte ou totalmente devido ao aquecimento urbano.

Adaptado de BERNARDIN, Pascal. O Império Ecológico, ou A Subversão da Ecologia pelo Globalismo. Tradução de Diogo Chiuso e Felipe Lesage. Campinas, SP: Vide Editorial, 2015, p. 194-196. 

A População do Admirável Mundo Novo

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

  

O Selvagem suspirou profundamente.

- A população está ótima - disse Mustafá Mond - obedece ao modelo do iceberg: oito nonas partes abaixo da linha de flutuação e uma nona parte acima dela.

- E são felizes os que estão abaixo da linha de flutuação?

- Mais felizes do que os que estão acima dela. Mais felizes do que os seus dois amigos aqui, por exemplo - e apontou para eles.

- Apesar daquele trabalho horrível?

- Horrível? Eles não acham. Pelo contrário, até gostam. É leve, de uma simplicidade infantil. Nenhum esforço excessivo da mente nem dos músculos. Sete horas e meia de trabalho leve, de modo algum exaustivo, e depois a ração de soma, os esportes, a cópula sem restrições e o cinema sensível. Que mais poderiam pedir? É verdade - acrescentou - que poderiam pedir uma jornada de trabalho mais curta. E, por certo, nós poderíamos concedê-la. Do ponto de vista técnico, seria perfeitamente possível reduzir a três ou quatro horas a jornada de trabalho das castas inferiores. Mas isso as faria mais felizes? Não, de modo algum. A experiência foi tentada, há mais de século e meio. Toda a Irlanda foi submetida ao regime de quatro horas de trabalho diário. Qual o resultado? Perturbações e um acréscimo considerável do consumo de soma, nada mais. Essas três horas e meia de folga suplementar estavam tão longe de ser uma fonte de felicidade, que as pessoas se viam obrigadas a gastá-las em fugas pelo soma. O Departamento de Invenções está cheio de planos destinados a economizar mão de obra. Milhares de planos - Mustafá Mond fez um gesto largo. - E por que não os executamos? Para o bem dos trabalhadores; seria pura crueldade infligir-lhes folgas excessivas. O mesmo ocorre na agricultura. Poderíamos sintetizar cada um dos nossos alimentos, se quiséssemos. Mas não o fazemos. Preferimos conservar um terço da população trabalhando na terra. Para seu próprio bem, porque é preciso mais tempo para obter alimentos tirados da terra do que para fabricá-los numa usina. Além disso, temos de pensar na nossa estabilidade. Não queremos mudar. Toda mudança é uma ameaça à estabilidade. Essa é outra razão que nos torna pouco propensos a utilizar invenções novas. Toda descoberta da ciência pura é potencialmente subversiva: até a ciência deve, às vezes, ser tratada como um inimigo possível. Sim, a própria ciência.    

HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. Tradução de Vidal de Oliveira. São Paulo: Globo, 2014, p. 268-269.