“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O trabalho na Roma Antiga

terça-feira, 30 de abril de 2013

Há algum tempo eu tive a satisfação de publicar o texto "Melhor é ser escriba", fonte a partir da qual é possível ter uma ideia razoável das profissões no Egito antigo. Hoje eu apresento-lhes um documento republicano sobre o valor das profissões na antiga Roma. Trata-se de um excelente exemplo do que pensavam os romanos a respeito do trabalho:


Quanto às profissões que devem ser consideradas dignas de um homem livre e as que não o devem, eis o ponto de vista geralmente aceito. Em primeiro lugar, são consideradas as profissões que suscitam a antipatia dos outros, como as de cobrador das taxas portuárias e as de prestamista. Também não liberais e inferiores são as profissões de todos que trabalham por salário, a quem pagamos o trabalho e não a arte, porque no seu caso o próprio salário é um atestado de escravidão. Temos também que considerar inferiores aqueles que compram a comerciantes para revender imediatamente, pois não conseguiriam obter lucros se não mentissem descaradamente. E todos os artífices que se dedicam a negócios inferiores porque nenhuma oficina pode possuir qualidades apropriadas a um homem livre. As atividades de menor valor são aquelas que se relacionam com os prazeres sensuais: 'peixeiros, carniceiros, cozinheiros, negociantes de galinhas e pescadores', como diz Terêncio, aos quais se pode acrescentar os perfumistas, os dançarinos e todos aqueles que apresentam espetáculos musicais de baixa categoria. Mas as ocupações que requerem um maior grau de inteligência ou das quais a sociedade extrai um não pequeno benefício - tais como a medicina, a arquitetura, ou o ensino - são respeitáveis para aqueles cuja situação convém. O comércio, se praticado em pequena escala, deve ser considerado inferior; mas, se em larga escala e extensivo, importando muito de todo lado e distribuindo a muitos sem falsa sobrevalorização, não deve ser grandemente censurado. Efetivamente parece mesmo ser digno do maior respeito se estes que se ocupam daquele comércio, saciados, ou melhor dizendo, satisfeitos com os seus proventos, se encaminharem do porto para uma propriedade tal como muitas vezes se transferiram do mar para o porto. Mas de todas as coisas que podem dar lucros a um homem, não há nada melhor do que a agricultura, nada mais produtivo, mais doce, nada que melhor convenha a um homem livre.
Cícero, De Officiis, I, XLII.


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Imagem: Escravos trabalhando numa cozinha romana.

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