segunda-feira, 18 de setembro de 2017
Índios botocudos do Rio Doce. Localização: Barra do Rio Pancas, entre Colatina e Barbados, em 1909. Fotógrafo: Walter Garber.
Créditos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo.
Armas biológicas, como os vírus da varíola e do sarampo, foram utilizadas no Brasil no século XIX para exterminar os índios.
Pelo menos três casos documentados mostram que o contato dos índios com as doenças dos brancos também ocorreu de forma proposital, com o objetivo deliberado de dizimar tribos hostis.
O mais "clássico" deles aconteceu em Caxias, no sul do Maranhão, por volta de 1816. A fim de se livrar dos índios timbira, fazendeiros da região procuraram atraí-los para a vila, então acometida pela epidemia de bexiga (varíola). Uma vez ali, seriam aniquilados pelas bexigas, como descreveu o antropólogo Darcy Ribeiro em Os Índios e a Civilização. Sua fonte foi o detalhado relato de Francisco de Paula Ribeiro, na época comandante militar no sul do Maranhão.
O naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que viajou pelo Brasil entre 1816 e 1822, mencionou a guerra bacteriológica contra os índios botocudos, no vale do Rio Doce. Ele denunciou na Europa as atrocidades cometidas por portugueses e brasileiros, que entregavam aos índios roupas contaminadas por varíola. "Em breve, nada mais restará dos antigos povos indígenas que habitavam nas terras do Brasil", previu o naturalista no livro Viagem à Província de Goiás (1847). A história mostrou que estava certo.
[Leia: Independência, Vida e Morte: os contatos com os botocudos durante o Primeiro Reinado]
A varíola foi também a "arma" dos imigrantes alemães na luta contra os índios xokleng e kaiangang, durante a colonização de Santa Catarina e do Paraná, no final do século XIX. Os bugreiros, caçadores de índios contratados pelas campanhas de colonização, deixavam nas matas roupas com os vírus da varíola e do sarampo. Sem qualquer noção do perigo que representavam, os índios recolhiam as peças e passavam a usá-las.
Fonte: Folha.Uol
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