terça-feira, 7 de setembro de 2021
Uriel da Costa (Gabriel da Costa Fiuza)
Porto, 1585 - Amsterdã, 1640
Uriel da Costa ocupou um alto cargo administrativo em Portugal. Em 1616, retornou ao judaísmo em Hamburgo. Mudou-se, a seguir, para Amsterdã, a fim de praticar abertamente a sua religião. Ali, acabou por entrar em colisão com a comunidade judaica, e isso é muito revelador do abismo que separa a insistência da comunidade na estrita observância das normas judaicas e uma geração de marranos que havia crescido fora da tradição.
Da Costa se formara em um ambiente cristão e não tivera nem acesso à educação formal judaica nem a oportunidade de estudar as fontes textuais do judaísmo. Para ele, as interpretações rabínicas e talmúdicas não tinham sentido; seu judaísmo era derivado diretamente da Bíblia. Quando ele confessou isso abertamente, a comunidade o excomungou em uma cerimônia humilhante. Ele teve de se prostrar à porta da sinagoga enquanto os que entravam pisavam sobre o seu corpo. Enquanto a excomunhão era recitada, todas as velas da sinagoga foram apagadas, como se a própria vida do herege estivesse sido extinta.
O contato com outros judeus, quer por motivos particulares, quer por relações comerciais, era proibido aos excomungados. Da Costa se arrependeu e foi readmitido pela comunidade, mas não conseguiu compatibilizar isso com sua consciência e suicidou-se logo depois.
Pouco antes de se matar, Da Costa escreveu um estudo autobiográfico em que reafirmava tudo o que quisera era guardar os mandamentos de Moisés, e declarava novamente sua convicção de que a comunidade havia se afastado do judaísmo bíblico por meio das inovações agregadas à fé original.
Adaptado de BRENNER, Michael. Breve História dos Judeus. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013, p. 119-120.
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