“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Plano de Estudos - Seminário

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Os seminários da disciplina de História têm o objetivo de promover maior aprofundamento dos temas que são estudados no 9º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Biografias, perseguição anticristã, criacionismo e evolucionismo, grupos sociais da Idade Média, Renascimento, guerras, epidemias, escravidão, racismos e questões atuais estão entre os principais objetos de estudo nesse ciclo de apresentações.

A fim de orientar os alunos na organização desses seminários, apresento a seguir um plano de quatro semanas. Lembro que é concedido um prazo de planejamento de, no mínimo, o dobro desse período. De qualquer forma, segue a minha sugestão:

1ª semana: Leitura prévia do texto indicado para o seminário.

2ª semana: Segunda leitura e fichamento manuscrito do texto.

3ª semana: Elaboração dos slides, relatório ou pôster científico do seminário.

4ª semana: Revisão dos slides ou pôster. Ensaio cronometrado da apresentação.

Afixe o plano acima num local visível de seu quarto, incluindo os prazos do trabalho. Ao longo do processo, sempre que necessário, busque a orientação do professor. Antes, porém, leia atentamente as normas de elaboração do fichamento, relatório, slides ou pôster disponibilizadas pelo professor. 

«As 100 Maiores Invenções da História»

quarta-feira, 28 de abril de 2021

 

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Titus Pullo e Lucius Vorenus

segunda-feira, 26 de abril de 2021

 

Titus Pullo (Ray Stevenson) e Lucius Vorenus (Kevin McKidd) na série Rome (HBO). Ao contrário do que é retratado nessa produção dos anos 2005-2007, ambos os legionários foram centuriões do exército de César.


Livro Quinto - A Sublevação da Gália

A revolta na Bélgica


Estavam nessa legião dois centuriões da maior bravura, que já se encontravam perto de assumir um posto de chefia mais elevado, Titus Pullo e Lucius Vorenus. Havia entre eles uma rivalidade contínua para verem quem seria promovido antes do outro e, todos os anos, disputavam a promoção com muita animosidade. Pullo, no momento em que nos batíamos com maior ardor junto das muralhas, disse: "De que estás à espera, Vorenus? Então que promoção esperas para recompensar o teu valor? Chegou o dia que vai decidir tudo entre nós." Após ter pronunciado estas palavras, avançou para fora do entrincheiramento e, encontrando o sítio em que a linha inimiga era mais densa, corre para lá. Vorenus também não permanece atrás das muralhas e, não querendo ser considerado menos valente, segue de perto o seu rival. Quando já está a pouca distância do inimigo, Pullo lança o seu dardo e trespassa um gaulês que tinha avançado ao seu encontro. Como este fica ferido de morte, os inimigos cobrem-no com os seus escudos, lançam todos ao mesmo tempo as suas armas de arremesso contra Pullo e impedem-no de avançar. O seu escudo é trespassado por um dardo, cujo ferro fica preso no cinturão. O mesmo golpe desvia a bainha e prende a sua mão direita que tentava tirar o gládio. Ao vê-lo assim atrapalhado, os inimigos envolvem-no. O seu rival Vorenus acorre para o ajudar. De imediato, a multidão de inimigos vira-se contra ele e deixa Pullo, que julgam trespassado de lado a lado pelo dardo. Vorenus, de gládio em punho, faz-lhes frente e luta corpo a corpo. Mata um, afasta um pouco os outros, mas deixando-se levar demasiado pelo seu ardor, lança-se para um buraco e cai. Foi a sua vez de ser envolvido mas Pullo vai em seu socorro e os dois, sãos e salvos, após terem morto muitos inimigos e se terem coberto de glória, fazem a sua entrada no acampamento. A fortuna, nesta luta de rivais, quis equilibrar os seus êxitos: cada um ajudou o outro e salvou-lhe a vida, sem que se pudesse decidir qual dos dois tinha sido mais valente.  

JÚLIO CÉSARA Guerra das Gálias. Introdução, biografia, notas e legendas das figuras de Victor Raquel. Tradução de Angelina Pires. Lisboa: Sílabo, 2004, Livro Quinto, XLIV, p. 180-181.

As Origens do Mito de Artur

domingo, 25 de abril de 2021

 

Estátua de Artur no penhasco de Tintagel, na costa atlântica da Cornualha. Inglaterra, Reino Unido.

Nennius, autor de Historia Brittonum, escrita por volta do ano 800, foi o primeiro historiador a falar de Artur. Nessa crônica, Artur aparece como dux bellorum, um chefe guerreiro que teria vencido doze batalhas contra os saxões, sendo a mais famosa a vitória do Monte Badon. Mais tarde, ainda no século VI, os saxões dominaram efetivamente a Bretanha.

Outro texto latino, o Annales Cambriae, datado de 950, confirma as informações de Nennius e apresenta as datas da principal batalha de Artur e de sua morte. Os locais das principais batalhas, ali descritas, no entanto, são imaginários. Os Anais da Câmbria afirmam que no ano de 537 houve a batalha de Camlan, na qual Artur morreu.

De acordo com Nennius, os bretões teriam sido dominados devido ao paganismo, o que levou Deus a puni-los. A culpa recairia principalmente sobre o soberano mítico do período, Vortigen (monarca entre 425 e 450). Ele teria feito um acordo com os saxões para que defendessem a ilha dos outros invasores, mas eles, ao contrário, traíram o soberano e dominaram o território. Em contraponto, São Germano (378-448) tenta levar o monarca ao bom caminho, sem sucesso.

Quanto a Artur, ele é um guerreiro citado em dois capítulos da narrativa. O capítulo 56 relata as doze batalhas vencidas por Artur, sendo a mais importante a do Monte Badon. Se ele consegue sair vencedor, segundo Nennius, é porque é um guerreiro cristão, fiel a Deus e à Virgem Maria, ao contrário do rei pagão Vortigen. Está sempre claro, no relato de Nennius, que Artur não era um rei, mas um chefe guerreiro que se destacou nos combates. No capítulo 73, é descrito o túmulo de Anir, filho de Artur e morto pelo próprio pai. Esse capítulo está na parte referente às mirabilia da Bretanha e também se relaciona a fontes célticas, pois menciona a marca do cão de Artur durante a caçada ao porcus Troynt.

A obra de Nennius teve importância fundamental no desenvolvimento do mito arturiano. Foi ele que, retomando fontes célticas, apresentou ao Ocidente a figura de Artur. No século XII, o herói seria utilizado não mais como um guerreiro cristão, mas como um rei invencível, pois tal conceito servia diretamente ao fortalecimento da dinastia anglo-normanda, que passara a governar a Inglaterra em 1066 e cujos reis eram vassalos do rei da França. Os normandos estavam interessados na legitimação do seu poder também com relação às ideias, daí o interesse pelas histórias sobre Artur.

Adaptado de PAES FILHO, Orlando & ZIERER, Adriana. Artur. São Paulo: Planeta, 2004, p. 13-16.

Doenças explicam a queda dos Astecas?

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Não há números precisos sobre a contagem final dos astecas mortos de doença durante os anos de 1519-21. Durante a maior parte do século XVI, o México foi atingido por uma sucessão de doenças europeias - varíola, gripe, peste, caxumba, coqueluche e sarampo - que reduziram sua população nativa de 75 a 95% em relação a seu total antes da invasão. Assim, de 20 a 25 milhões de habitantes antes da invasão europeia, a população indígena caiu para apenas um ou dois milhões de nativos um século depois.

Estudos estimam que algo entre 20 e 40% de toda a população do México central - tanto astecas quanto seus inimigos - sucumbiram à primeira vaga de varíola, em 1520.  Apesar disso, não está claro que a varíola tenha tido muito a ver com a destruição final de Tenochtitlán, a capital da Confederação Asteca. Isso porque, após o primeiro impacto da doença, ela quase desapareceu no momento do grande cerco (de abril a agosto de 1521). Quando Cortés se aproximou da cidade para sua segunda campanha, em abril de 1521, ela estava livre da doença por quase seis meses. A varíola também matou milhares de aliados de Crotés em números ainda maiores do que os astecas, já que os totonacas, os chalcatecas e os tlaxcaltecas estavam em contato mais estreito com a sucessão de desembarques europeus em Vera Cruz, onde a epidemia originou. Além disso, a doença parece ter sido mais virulenta na costa. Em um grau limitado, o isolamento insular de Tenochtitlán, sua altitude e a terra de ninguém do campo de batalha proporcionavam uma barreira inicial contra focos diretos de infecção.

O argumento da doença tem um outro lado: havia uma variedade de doenças tropicais com as quais os europeus não tinham quase nenhuma experiência e contra as quais praticamente não tinham imunidade. Os relatos mencionam males constantes nos brônquios e febres que enfraqueciam seriamente, e algumas vezes matavam, os soldados de Cortés. As malárias e disenterias do Novo Mundo eram muito virulentas. Alguns também sofriam de úlceras do tipo sifilítico. Devido ao pequeno número de homens em seu exército, até mesmo poucas dúzias de espanhóis com a doença poderiam ter tido um efeito tão grande na eficácia militar relativa dos conquistadores quanto os milhares de índios infectados em um império asteca de mais de um milhão de pessoas. Além disso, a varíola, embora mencionada, nunca é caracterizada como um fator predominante em qualquer dos dois lados do combate.

Como consequência do legado de Hipócrates e Galeno, os espanhóis se deram conta de que o contato próximo com os doentes espalhava a infecção. Assim, além de enfatizarem uma quarentena adequada, eles seguiam dietas medicinais, sono e incineração cuidadosa dos mortos. Os nativos, por outro lado, acreditavam que as doenças internas eram obra de deuses ou adversários maus, e poderiam ser vencidas por feitiços e sortilégios. A ideia de dormir e tomar banho em grupo, frequentar saunas públicas, comer no chão, vestir peles humanas, praticar o canibalismo ou não enterrar e eliminar imediatamente os mortos tinha algo a ver com a disseminação da doença entre os indígenas.

Qual foi a importância da varíola para a conquista espanhola? Como os espanhóis não morriam com a mesma frequência que os indígenas, difundiu-se a ideia - em grande parte esquecida durante algum tempo depois da Noche Triste - de que os europeus eram mais do que mortais. À medida que a varíola se espalhava pela população mesoamericana e dizimava sua elite, os castelhanos tomavam cuidado para apoiar e ajudar apenas os novos líderes que fossem favoráveis à sua causa. A varíola aumentou a reputação de força sobre-humana dos espanhóis e solidificou seu apoio entre os aliados indígenas, apesar de a doença ter vitimado tanto aliados quanto inimigos.      

Adaptado de HANSON, Victor Davis. Por que o Ocidente Venceu - Massacre e cultura, da Grécia antiga ao Vietnã. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 306-310.

Pérola de A. Casona (1903-65)

quarta-feira, 14 de abril de 2021

 

«O Genocídio Ocultado»

domingo, 11 de abril de 2021

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