quinta-feira, 21 de abril de 2016
Tiradentes esquartejado, Pedro Américo, 2,70 x 1,65 m, 1893. Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora, MG. Recomendo uma leitura crítica desta obra.
Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier)
Fazenda do Pombal, 1746 - Rio de Janeiro, 1792.
Nascido na fazenda do Pombal, pertencente atualmente ao município de Ritápolis (MG), tais terras foram antes disputadas por São João Del Rei e São José do Rio das Mortes.
Foi batizado em 12 de novembro de 1746. Era filho do português Domingos da Silva Xavier, proprietário rural, e da brasileira Maria Paula da Encarnação Xavier. Sua mãe o ensinou a ler e a escrever antes mesmo de começar a frequentar a escola. Após a morte prematura da mãe, mudou-se junto ao pai e os irmãos para a sede da Vila de São Antônio. Aos 11 anos perdeu também o pai e permaneceu sob a tutela de um primo até atingir a maioridade. Atuou como mascate e minerador, dedicando-se às práticas farmacêuticas e ao exercício da profissão de dentista, valendo-se a alcunha, depreciativa, de Tiradentes. Em 1780 integrou-se a tropa da capitania de Minas Gerais, sendo nomeado um ano depois, comandante do destacamento dos Dragões, na patrulha da ferrovia que servia como rota para o escoamento da produção aurífera até os portos da capital da colônia. Após perder o posto de marechal da patrulha, pediu licença da cavalaria em 1787. Embora nunca tenha se casado, teve uma filha com Antónia Maria do Espírito Santo.
Passou a viver no Rio de Janeiro, onde idealizou projetos importantes, como a canalização dos rios Maracanã e Andaraí, além de melhorias no abastecimento de água na cidade. Entretanto, não recebeu autorização para empreender as obras, o que o levou a retornar a Minas Gerais. A partir de então passou a defender a independência dessa província, unindo-se aos integrantes do clero e da elite local. O movimento inspirava-se no Iluminismo e na independência dos Estados Unidos, ocorrida anos antes. Seus principais objetivos eram: a busca pela autonomia da província; formar um governo republicano com mandato de Tomás Antônio Gonzaga; tornar São João Del Rei a capital; libertar os escravos nascidos no Brasil; dar início à implantação da primeira universidade na região; dentre outros. Após a decisão da Coroa portuguesa de aplicar a derrama, um novo imposto cobrado para complementar os débitos que os mineradores acumulavam junto à Coroa portuguesa, a conspiração da qual Tiradentes fazia parte ganhou força. Entretanto, Joaquim Silvério dos Reis, em troca do perdão das suas dívidas, delatou o movimento, ocasionando a prisão imediata de todos os envolvidos. Dentre os inconfidentes, destacaram-se padres (como Manuel Rodrigues da Costa), militares (como Francisco de Paula Freire de Andrade, comandante dos Dragões) e poetas (como Cláudio Manuel da Costa).
Tiradentes, a princípio, negou participação na conjura. Depois, no entanto, assumiu integralmente a culpa, inocentando seus companheiros. Apesar disso, todos permaneceram presos por três anos, até o fim da devassa (o processo contra os inconfidentes). Após ser proferida a sentença, os condenados à morte tiveram suas penas alteradas para degredo pela rainha D. Maria I, com exceção de Tiradentes, cuja execução foi mantida. Na manhã do dia 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu as ruas do Centro do Rio de Janeiro, numa autêntica encenação do poder da monarquia portuguesa. A leitura da sentença estendeu-se por 18 horas. Após ser enforcado, Tiradentes foi esquartejado e seu sangue foi utilizado para lavrar a certidão de cumprimento da sentença. Sua cabeça foi levada para Vila Rica (atual Ouro Preto) e exposta num poste. As demais partes do corpo foram espalhadas em vilas do caminho. Sua residência foi arrasada e o terreno foi salgado a fim de que se tornasse estéril.
Após a proclamação da República, Tiradentes foi reabilitado e elevado ao status de herói nacional. Nesse sentido, várias obras idealizadas foram pintadas (como a que abre esse post) e diversos logradouros foram rebatizados com o seu nome.
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Fonte: ERMAKOFF, George (org.). Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2012, pp. 1240-1241.
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