“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

«Democracia antiga e moderna», de M. I. Finley

domingo, 26 de julho de 2015




O historiador Moses I. Finley (1912-1986), uma das maiores autoridades sobre economia do mundo greco-romano, revolucionou o estudo do mundo antigo graças às contribuições da antropologia e do marxismo. Lecionou na Universidade de Rutgers, em New Brunswick (EUA), entre 1948 e 1952, onde deu uma série de conferências que, vinte anos depois, daria origem ao livro Democracia antiga e moderna


A grande questão desta obra é: será que a experiência política da Grécia antiga tem algo a nos ensinar? A partir de uma série de comparações, num texto erudito e acessível, Sir Moses Finley prova que sim. Com as breves notas abaixo, espero aguçar a curiosidade para esse estudo original, um dos melhores livros que li no ano passado.

No primeiro dos cinco estudos do livro, "Líderes e liderados", começa analisando a indiferença e ignorância da maioria do eleitorado nas modernas democracias ocidentais. Em muitos países, inclusive, uma boa proporção dos eleitores sequer se dão ao trabalho de votar. Nesse sentido, Finley compara autores antigos e modernos que destacam a importância da apatia dos cidadãos. O mesmo paralelo, entre escritores antigos e modernos, é feito quando é explicada a delegação da política a especialistas.

Na Antiguidade a maioria esmagadora dos intelectuais desaprovava o governo popular; atualmente, a mesma cifra dos estudiosos defende que a democracia é a melhor forma de governo. 

A seguir, nesse estudo, Finley apresenta as definições gregas para política e democracia, e explica como os atenienses lograram manter seu sistema democrático em funcionamento. "Os gregos (...) foram os primeiros a pensar sistematicamente sobre política, a observar, descrever e, finalmente formular teorias políticas" (p. 27). Apesar disso, "os próprios gregos não desenvolveram uma teoria da democracia" (p. 39). 

"Para Aristóteles, o homem, por natureza, não era apenas um ser destinado a viver em uma cidade-Estado, mas também um ser da família e um ser da comunidade" (p. 41). Nesse sentido, seria fundamental que esse homem tivesse uma boa formação acadêmica e cívica. Por isso, Protágoras e Platão, ainda que extremamente opostos, defendiam a importância da educação.

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