terça-feira, 12 de janeiro de 2016
René Rémond (1914-2007) nos brindou com essa obra clara e objetiva, lançada pela paulista Cultrix em 1976. Particularmente, considerei essa leitura extremamente prazerosa, e abaixo faço alguns apontamentos relativos à introdução da obra. Espero que os leitores desse blog sintam-se estimulados, mais uma vez, a seguirem adiante e lerem o livro.
O traço frequente do período em questão (1815-1914), foi a frequência dos choques revolucionários. Quase todas as revoluções desse período foram dirigidas contra a ordem estabelecida, em favor da liberdade, da democracia política ou social, da independência ou unidade nacionais (p. 13).
Essa agitação revolucionária apresentou-se, a princípio, como um contragolpe à revolução de 1789; contudo, essas revoluções não se reduziram a sequelas da Revolução Francesa e outras características se afirmaram à medida que o século se aproximou do fim.
As vagas que se sucederam foram as seguintes:
1ª) A de movimentos liberais, contra "as sobrevivências ou os retornos ofensivos do Antigo Regime". Tal foi o caso da vaga insurrecional de 1830, na Europa ocidental.
2ª) As revoluções propriamente democráticas (p. 14).
[Uma nota sobre a contraposição entre "liberalismo" e "democracia": Diferentemente de hoje, por volta de 1830 ou 1850, a ideologia liberal e a ideologia democrática chegavam a ser grandes inimigas (a primeira era o governo de uma elite, ao passo que a democracia representava o sufrágio universal, o governo do povo)].
3ª) Os movimentos sociais que proporcionaram um programa e uma justificação às escolas socialistas. Antes de 1914, eram minoritários.
4ª) O movimento das nacionalidades, que correu por todo o século XIX. Sua relação com as três correntes anteriores foi complexa, cambiante e ambígua (p. 15).
Análise dessas quatro correntes permeia a narrativa de Rémond. Paralelamente, ele discute as transformações na religião, na sociedade e nos costumes. Por exemplo, ao analisar o avanço da industrialização, ele observa que, "no plano religioso, a continuidade do trabalho, colocando os operários na impossibilidade de praticar e de observar os mandamentos, contribuiu para a descristianização" (p. 106). Por fim, discute as relações entre a Europa e o mundo, num encerramento digno de um livro que se propõe "uma introdução à história do nosso tempo".
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