sábado, 21 de março de 2020
Até março de 1944, os judeus na Hungria se sentiam relativamente seguros diante da ocupação alemã, embora sofressem crescente discriminação desde da promulgação de leis racistas, em 1941. Essas leis eram equivalentes às Leis de Nuremberg, em vigor na Alemanha a partir de 1935. Apesar dos riscos, o pastor adventista do sétimo dia Lázló Michnay fez um discurso corajoso no maior templo adventista de Budapeste, em 1943. Policiais à paisana estavam entre as centenas de pessoas que ouviram o sacerdote a declarar: "Caríssimos irmãos e irmãs, vocês só podem ser seguidores fiéis e honestos de Cristo se protegerem os judeus, nossos parentes mais próximos."Mesmo sendo intimado pela polícia após o seu discurso, Lázló Michnay não esmoreceu. Em outubro de 1944, o fanático Ferenc Szálasi, líder do partido Cruz de Flecha, de inspiração nazista, depôs o regime de seu país. A seguir, organizou o transporte de milhares de judeus húngaros para os campos de morte alemães. Diante de tal horror, o Pr. Michnay decidiu construir uma rede clandestina para o resgate de judeus. Ele foi apoiado pela esposa, Jolán, pelo filho e por alguns adventistas corajosos.
No centro da sua operação de rota de fuga estava o edifício da Igreja Adventista da rua Székely Bertalan, perto do gueto judeu. Nas pequenas salas, corredores, porão, sótão, debaixo das escadas e atrás da plataforma, o pastor escondeu vários adventistas de ascendência judaica e judeus.
Embora observado secretamente pela Gestapo, a polícia secreta nazista, Michnay foi agraciado com o fato de apenas agentes da polícia húngara terem batido à porta da igreja. Os alemães teriam sido mais rigorosos na busca. Quando Michnay não mais conseguiu esconder nenhum dos cerca de 30 judeus que estavam no templo, ele providenciou novos esconderijos fora de Budapeste. Ao todo, ele ajudou a salvar do Holocausto mais de 50 judeus.
A filha de Michnay, Magda, descreveu a árdua vida subterrânea no templo: o medo diário da descoberta, a sobrevivência no menor dos espaços, o trauma de não poder se mover por muitas horas, a sede e a fome constantes, a preocupação com quem os ajudava arriscando a própria vida e a assustadora incerteza de quanto tempo duraria aquele pesadelo.
Fora de Jerusalém, próximo a Yad Vashem, centro dedicado à memória dos 6 milhões de judeus mortos na Segunda Guerra Mundial, árvores homenageiam os não judeus que salvaram a vida dos que sobreviveram. Nesse hall de "justos entre as nações" figura Lázló Michnay, pastor que foi na contramão de muitos espectadores amedrontados, tanto da igreja quanto de fora.
Adaptado de HEINZ, Daniel. Herói adventista. In: Revista Adventista. Nº 1353, Ano 115. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, janeiro de 2020, p. 28-29.
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