quarta-feira, 18 de março de 2020
Num momento crítico da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando a Alemanha nazista já havia subjugado diversos países, dentre eles a França, e preparava-se para invadir a Grã-Bretanha, Winston Churchill disse: "Há um número enorme de pessoas, não apenas na Grã-Bretanha, mas em todos os países, que combaterão lealmente nessa guerra, mas cujos nomes nunca serão conhecidos, cujos feitos nunca serão lembrados. Essa é uma guerra do Soldado Desconhecido..." (Apud Gilbert, 2014: p. 147).Pensando nisso, resolvi iniciar esse "Diário da Guerra". Recolhendo algumas das histórias citadas por Gilbert (2014), pretendo realçar o lado humano do conflito, dando rosto a vítimas desconhecidas. Procurarei citar dois ou três exemplos de cada momento da parte inicial da guerra, resumindo brevemente o contexto histórico.
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Na manhã de 30 de novembro de 1939, o Exército Vermelho lançou uma ofensiva militar maciça através da fronteira soviético-finlandesa. Tal ataque ocupou momentaneamente a primeira página dos jornais em todo o mundo. Em 12 de dezembro, as tropas finlandesas, a leste da vila de Suomussalmi, combateram um contingente soviético muito mais numeroso. Sem artilharia nem armas antitanque, os finlandeses conseguiram, ainda assim, manter sua posição durante cinco dias. Os reforços soviéticos comandados pelo general Vinogradov, engarrafados numa estrada ladeada por um arvoredo denso, foram atacados, num duro combate, num duro combate corpo a corpo, por tropas finlandesas decididas a não se deixarem combater. Esse não foi o único ponto do front em que os tanques soviéticos não puderam avançar frente às minas e aos coquetéis Molotov finlandeses. (p. 44-49)
Em Varsóvia, no dia 18 de janeiro de 1939, a Gestapo prendeu 255 judeus ao acaso, levou-os aos bosques de Palmiry e fuzilou-os. Quatro dias depois, o papa discursou no rádio contra "o horror e os excessos imperdoáveis" cometidos pelos alemães; no mesmo dia da denúncia do papa, o general Friedrich Mieth, comandante do 1º exército alemão, queixou-se perante seus oficiais de que as execuções da SS "manchavam" a honra do exército alemão. Mieth foi demitido por Hitler, assim que o Führer soube de suas palavras (p.57)
Ernst Heilmann, membro eminente do Partido Social-Democrata alemão e de ascendência judaica, foi preso em 1933. Transferido entre vários campos de concentração, foi continuamente submetido a maus-tratos. Certa vez, foi atacado por cães que lhe mutilaram os braços e as mãos. Morreu aos 59 anos, em 3 de abril de 1939, em Buchenwald. (p. 71)
Na Polônia, torturas e mortes prosseguiam sem cessar. Em Stutthof, na noite de 23 de abril, às primeiras horas da Páscoa judaica, todos os judeus do campo foram obrigados a correr, deitar-se no chão, levantar-se outra vez e recomeçar a correr, sem interrupção. Os mais lentos eram espancados até a morte. Segundo uma testemunha, os SS atrelaram um escultor judeu a um carro cheio de areia e obrigaram-no a correr, puxando o carro, enquanto o chicoteavam. Quando ele sucumbiu à dor e ao cansaço, viraram o carro sobre ele, sepultando-o sob a areia. Ele conseguiu libertar-se, mas os alemães, às gargalhadas, atiraram-no na água e enforcaram-no. A corda era muito fina e partiu-se. Trouxeram, então, uma jovem judia grávida e, escarnecendo de suas vítimas, enforcaram os dois com a mesma corda. (p. 78-79)
15 de maio de 1939. Sem condições de quebrar a neutralidade americana com o envio à Grã-Bretanha de aviões prontos para voar, o presidente Roosevelt sugeriu, na noite desse dia, uma forma para contornar o próprio Ato de Neutralidade. Aviões seguiram até o lado americano da fronteira com o Canadá, e a seguir seriam "empurrados" para o lado canadense. Depois, seriam pilotados até a Terra Nova, onde, enfim, poderiam ser embarcados rumo à Grã-Bretanha. (p. 93)
No dia 20 de maio, um dos militares alemães mortos foi o príncipe Wilhelm von Hohenzollern, neto do ex-Kaiser e herdeiro do trono imperial alemão. Ele foi vítima dos ferimentos sofridos em combate. O próprio ex-Kaiser, exilado na Holanda desde 1918, recusou a oferta de Churchill para refugiar-se na Grã-Bretanha. Seu local de exílio, na Holanda, foi devastado. (p. 97)
Bibliografia consultada: GILBERT, Martin. A Segunda Guerra Mundial - os 2174 dias que mudaram o mundo. Tradução de Ana Luísa Faria e Miguel Serras Pereira. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
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