quinta-feira, 21 de novembro de 2019
Cena do clipe da música Another Brick In The Wall (1979), da banda de rock Pink Floyd.
O sistema educacional, aperfeiçoado na Universidade de Chicago e nas faculdades de pedagogia de Columbia, Carnegie-Mellon e Havard, e financiado pelos capitães da indústria, foi projetado para garantir uma mão de obra dócil e maleável, capaz de satisfazer as demandas crescentes e dinâmicas do capitalismo corporativo. Tais "peões" precisam ser física, intelectual e emocionalmente dependentes de instituições corporativas para obter sua renda, autoestima e estímulo. Além disso, tais trabalhadores devem aprender a encontrar sentido social em suas vidas somente pela produção e consumo de bens materiais.
Segundo estatísticas do Ministério do Trabalho dos Estados Unidos, o cargo ocupado pelo maior número de indivíduos, e também o que apresentou o maior crescimento nas últimas três décadas, é o de atendente do Walmart. O segundo e o terceiro lugares é o cargo de montador de lanches no McDonald´s e no Burger King, respectivamente. A seguir está o cargo de professor do Ensino Fundamental. No início do século XX, Henry Ford queria que o salário de seus funcionários lhes garantisse atendimento médico, comida, moradia e a aquisição de carros novos. Atualmente, os capitães da indústria não se importam com isso.
Eles se importam apenas que a educação pública mantenha-se pública. Ou seja, que nós - e não eles - paguemos por ela. A pergunta que fica é: se as escolas são tão claramente bem-sucedidas para o propósito para o qual foram concebidas, por que é tão recorrente o discurso do seu suposto mau desempenho?
A resposta é simples. O publicitário sabe que, para vender um produto ou serviço, deve-se criar uma sensação de necessidade e uma clara ideia de que essa necessidade é satisfeita exclusivamente pela compra do produto ou serviço em oferta. A impressão simplista de que o sistema educacional tem maus resultados gera uma demanda ilimitada por mais recursos para a instituição e aqueles que a sustentam: livros, professores, computadores, imóveis (e, consequentemente, editoras de livros, faculdades, produtores de computadores e construtoras) - e também por mais tempo: ampliação da pré-escola, mais tarefas de casa, anos letivos mais extensos e cursos de férias parcialmente (e logo totalmente) compulsórios.
Referência bibliográfica: GATTO, John Taylor. Emburrecimento programado - o currículo oculto da escolarização obrigatória. Tradução de Leonardo Araujo. Campinas, SP: Kírion, 2019, p. 23-25.
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