“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

O Humor na Pesquisa Histórica

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Segundo o grande frasista Millôr Fernandes, "o homem é o único animal que ri, e é rindo que ele mostra o animal que realmente é." Assim, das comédias gregas, passando pelos grafites de Pompeia e até os atuais memes virais da internet, o historiador possui à sua disposição um manancial de fontes históricas da seara do humor. 

Dentre as fontes dessa natureza, destacam-se as charges. A charge é um desenho de humor que estrutura sua linguagem como reflexão e crítica social. Trata-se de um instrumento de intervenção política, uma arma poderosa a serviço da manifestação de uma "opinião pública", canalizando sua agressividade latente contra quem se evidencia na atividade pública, na prática controversa da política. A proposta da charge não é registrar o real, mas significá-lo. Nesse sentido, ela é um documento atípico, porque produz verdade através de personagens que carecem de veracidade, e porque registra a história a partir do que a história, objetivamente, não registra. 

A magia da charge é que ela muda seu observador, transformando-o num cúmplice de significações que só têm sentido no interior dessa relação de mútuo consentimento e plena aceitação. Gerada pelo dramático da fantasia e pelo delírio, a charge desarruma o tempo e o espaço. Ao lado da caricatura e do cartum, forma discursos sem razão. O humor em si, na realidade, é um discurso sem razão, uma vez que não necessita dela para produzir verdade. 

Particularmente, sempre fui um apreciador de charges, sátiras, paródias e piadas de alto nível. É por isso que aqui no blog existe uma categoria específica para o Humor. Nesse sentido, acrescento a essa lista o vídeo Lula Condenado (inscreva-se no canal deles, é ótimo!). Além disso, graças à indicação do André Lourenço, aluno do 3º ano do CAV, eu recomendo também a entrevista com esquerdistas do PSOL.

Bibliografia consultada: TEIXEIRA, Luiz G. S. Sentidos do humor, trapaças da razão - a charge. Rio de Janeiro: FCRB, 2005, p. 11-24.  

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