“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel

“Quem não é capaz de sonhar com a história diante dos documentos não é historiador.” F. Braudel
Villa Borghese, Roma, Itália.

Por que não derrotamos o Aedes?

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Foi justamente quando o Brasil passou a adotar o princípio da precaução em relação aos agroquímicos que o país passou a perder a guerra contra o Aedes aegypti. O mosquito, que já havia sido erradicado do território brasileiro em duas oportunidades - a primeira, em uma campanha liderada pelo próprio Oswaldo Cruz, em 1909, e a segunda em 1973 -, voltou com força total no final dos anos 1980, período que coincide com a proibição do DDT.

Dessa vez, no entanto, o combate tem sido muito menos eficiente. Diante da patrulha ambientalista, as autoridades já não querem mais expor a população aos inseticidas químicos. Politicamente, não é um bom negócio. A consequência disso é que a saúde pública deixa de ser a prioridade e as pessoas acabam cada vez mais expostas aos insetos transmissores de doenças. A atual epidemia de dengue no Brasil já dura mais de trinta anos, com milhares de mortes registradas nesse período. De acordo com dados do Ministério da Saúde, somente em 2015 foram pelo menos 1,5 milhão de casos de zika, febre chikungunya ou dengue no país. "Hoje em dia não podemos usar os defensivos de antigamente porque se mostraram tóxicos. O DDT não se usa mais. Existem outros, menos tóxicos, mas talvez não tão eficazes", afirma Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan.

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Desde a proibição do DDT, o combate ao mosquito da dengue é feito com produtos menos agressivos (malathion ou piretroides) e que têm se mostrado pouco eficazes. A pulverização aérea desses inseticidas também se tornou alvo de críticas e acabou proibida em várias regiões do país. Hoje em dia, até mesmo os fumacês são mavistos por parte da população. Tudo isso em nome de uma ideologia. Pois é. No que depender da vontade dos ecologistas, os brasileiros ainda vão conviver com o Aedes aegypti por muito tempo.

VITAL, Nicholas. Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 2017, Cap. 5.

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